Publicações de hoje
Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
31/03/2014
Evangelho diário e comentário
Tempo de Quaresma Semana IV |
31 «Se dou testemunho de Mim mesmo, o Meu
testemunho não é verdadeiro. 32 Outro é o que dá testemunho de Mim; e sei que é
verdadeiro o testemunho que dá de Mim. 33 Vós enviastes mensageiros a João e
ele deu testemunho da verdade. 34 Eu, porém, não recebo o testemunho dum homem,
mas digo-vos estas coisas a fim de que sejais salvos. 35 João era uma lâmpada
ardente e luminosa. E vós, por uns momentos, quisestes alegrar-vos com a sua
luz. 36 «Mas tenho um testemunho maior que o de João: as obras que o Pai Me deu
que cumprisse, estas mesmas obras que Eu faço dão testemunho de Mim, de que o
Pai Me enviou. 37 E o Pai que Me enviou, Esse mesmo deu testemunho de Mim. Vós
nunca ouvistes a Sua voz nem vistes a Sua face 38 e não tendes em vós, de modo
permanente, a Sua palavra, porque não acreditais n'Aquele que Ele enviou. 39
«Examinai as Escrituras, visto que julgais ter nelas a vida eterna: elas são as
que dão testemunho de Mim. 40 E não quereis vir a Mim, para terdes vida. 41 A
glória, não a recebo dos homens, 42 mas sei que não tendes em vós o amor de
Deus. 43 Vim em nome de Meu Pai e vós não Me recebeis; se vier outro em seu
próprio nome, recebê-lo-eis. 44 Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns
dos outros e não buscais a glória que só de Deus vem.
Comentário:
O
caminho da Fé faz-se por etapas. A Fé total, completa, incondicional só se
alcança quando bem informada porque ninguém pode acreditar no que não conhece.
Como,
pois, acreditar em Cristo se não se O conhece ou, o que se sabe dele, é
superficial e incompleto.
Para
conhecer Cristo, há, em primeiríssimo lugar, que ler e meditar o Evangelho que
é a Sua palavra.
Como
agora, neste trecho de São João, Ele esclarece iniludivelmente Quem é e qual a
Sua missão e, as Suas palavras, que são palavras de vida eterna, são, de facto
o Caminho que devemos seguir, a Verdade que importa conhecer, a Vida que nos
convém viver.
(ama, comentário sobre Jo 5, 31-47, 2013.03.14)
Leitura espiritual para Mar 31
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
1 Disse também a
Seus discípulos: «Um homem rico tinha um feitor, que foi acusado diante dele de
ter dissipado os seus bens. 2 Chamou-o, e disse-lhe: Que é isto que
eu oiço dizer de ti? Dá conta da tua administração; não mais poderás ser meu
feitor. 3 Então o feitor disse consigo: Que farei, visto que o meu
senhor me tira a administração? Cavar não posso, de mendigar tenho vergonha. 4
Já sei o que hei-de fazer, para que, quando for removido da administração, haja
quem me receba em sua casa. 5 E, chamando cada um dos devedores do
seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor? 6 Ele
respondeu: Cem medidas de azeite. Então disse-lhe: Toma o teu recibo, senta-te
e escreve depressa cinquenta. 7 Depois disse a outro: Tu quanto
deves? Ele respondeu: Cem medidas de trigo. Disse-lhe o feitor: Toma o teu
recibo e escreve oitenta. 8 E o senhor louvou o feitor desonesto,
por ter procedido sagazmente. Porque os filhos deste mundo são mais hábeis no
trato com os seus semelhantes que os filhos da luz». 9 «Portanto, Eu
vos digo: Fazei amigos com as riquezas da iniquidade, para que, quando vierdes
a precisar, vos recebam nos tabernáculos eternos. 10 Quem é fiel no
pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no
muito. 11 Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas iníquas, quem vos
confiará as verdadeiras? 12 E se não fostes fiéis no alheio, quem
vos dará o que é vosso? 13 Nenhum servo pode servir a dois senhores,
porque, ou odiará um e amará o outro, ou se afeiçoará a um e desprezará o
outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro». 14 Ora os fariseus,
que eram amigos do dinheiro, ouviam todas estas coisas e troçavam d'Ele. 15
Jesus disse-lhes: «Vós sois aqueles que pretendeis passar por justos diante dos
homens, mas Deus conhece os vossos corações; o que é excelente segundo os
homens é abominação diante de Deus.16 A Lei e os Profetas duraram
até João; desde então é anunciado o reino de Deus e todos se esforçam por
entrar nele com energia. 17 Ora é mais fácil passar o céu e a terra,
do que perder-se uma vírgula da Lei. 18 Todo aquele que repudia a
sua mulher, e toma outra, comete adultério; e quem casa com a que foi repudiada
por seu marido comete adultério». 19 «Havia um homem rico que se
vestia de púrpura e de linho fino e todos os dias se banqueteava esplêndidamente.
20 Havia também um mendigo, chamado Lázaro, que, coberto de chagas,
estava deitado à sua porta, 21 desejando saciar-se com as migalhas
que caíam da mesa do rico, e até os cães vinham lamber-lhe as chagas.22
«Sucedeu morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu
também o rico, e foi sepultado.23 Quando estava nos tormentos do
inferno, levantando os olhos, viu ao longe Abraão e Lázaro no seu seio. 24
Então exclamou: Pai Abraão, compadece-te de mim, e manda Lázaro que molhe em
água a ponta do seu dedo para refrescar a minha língua, pois sou atormentado
nestas chamas. 25 Abraão disse-lhe: Filho, lembra-te que recebeste
os teus bens em vida, e Lázaro, ao contrário, recebeu males; por isso ele é
agora consolado e tu és atormentado. 26 Além disso, há entre nós e
vós um grande abismo; de maneira que os que querem passar daqui para vós não podem,
nem os daí podem passar para nós. 27 O rico disse: Rogo-te, pois, ó
pai, que o mandes à minha casa paterna, 28 pois tenho cinco irmãos,
para que os advirta disto, e não suceda virem também eles parar a este lugar de
tormentos. 29 Abraão disse-lhe: Têm Moisés e os profetas; oiçam-nos.
30 Ele, porém, disse: Não basta isso, pai Abraão, mas, se alguém do
reino dos mortos for ter com eles, farão penitência. 31 Ele
disse-lhe: Se não ouvem Moisés e os profetas, também não acreditarão, ainda que
ressuscite alguém dentre os mortos».
CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA
LUMEN GENTIUM
SOBRE A IGREJA
CAPÍTULO
VIII
A BEM-AVENTURADA VIRGEM
MARIA MÃE DE DEUS NO MISTÉRIO DE CRISTO E DA IGREJA
III. A VIRGEM SANTÍSSIMA E
A IGREJA
O
influxo salutar de Maria e a mediação de Cristo
60.
O nosso mediador é só um, segundo a palavra do Apóstolo: «não há senão um Deus
e um mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que Se entregou a
Si mesmo para redenção de todos (1 Tim. 2, 5-6). Mas a função maternal de Maria
em relação aos homens de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de
Cristo, manifesta antes a sua eficácia. Com efeito, todo o influxo salvador da
Virgem Santíssima sobre os homens se deve ao beneplácito divino e não a qualquer
necessidade, deriva da abundância dos méritos de Cristo, funda-se na Sua
mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda a sua eficácia, de modo
nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a favorece.
A
maternidade espiritual
61.
A Virgem Santíssima, predestinada para Mãe de Deus desde toda a eternidade simultaneamente
com a encarnação do Verbo, por disposição da divina Providência foi na terra a
nobre Mãe do divino Redentor, a Sua mais generosa cooperadora e a escrava
humilde do Senhor. Concebendo, gerando e alimentando a Cristo, apresentando-O
ao Pai no templo, padecendo com Ele quando agonizava na cruz, cooperou de modo
singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para
restaurar nas almas a vida sobrenatural. É por esta razão nossa mãe na ordem da
graça.
A
natureza da sua mediação
62.
Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura sem interrupção, desde o
consentimento, que fielmente deu na anunciação e que manteve inabalável junto à
cruz, até à consumação eterna de todos os eleitos. De facto, depois de elevada
ao céu, não abandonou esta missão salvadora, mas, com a sua multiforme
intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna (185).
Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos e angústias,
caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada. Por isso, a
Virgem é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, socorro,
medianeira (186). Mas isto entende-se de maneira que nada tire nem
acrescente à dignidade e eficácia do único mediador, que é Cristo (187).
Efectivamente,
nenhuma criatura se pode equiparar ao Verbo encarnado e Redentor, mas, assim
como o sacerdócio de Cristo é participado de diversos modos pelos ministros e
pelo povo fiel, e assim como a bondade de Deus, sendo uma só, se difunde diversamente
pelos seres criados, assim também a mediação única do Redentor não exclui,
antes suscita nas criaturas cooperações diversas, que participam dessa única
fonte.
Esta
função subordinada de Maria, não hesita a Igreja em proclamá-la, sente-a
constantemente e inculca-a aos fiéis, para mais intimamente aderirem, com esta
ajuda materna, ao seu mediador e salvador.
Maria
tipo da Igreja como Virgem e Mãe
63.
Pelo dom e missão da maternidade divina, que a une a seu Filho Redentor, e
pelas suas singulares graças e funções, está também a Virgem intimamente
ligada, à Igreja: a Mãe de Deus é o tipo e a figura da Igreja, na ordem da fé,
da caridade e da perfeita união com Cristo, como já ensinava S. Ambrósio (188).
Com efeito, no mistério da Igreja, a qual é também com razão chamada mãe e
virgem, a bem-aventurada Virgem Maria foi adiante, como modelo eminente e único
de virgem e de mãe (189). Porque, acreditando e obedecendo, gerou na
terra, sem ter conhecido varão, por obra e graça do Espírito Santo, o Filho do
eterno Pai, nova Eva, que acreditou sem a mais leve sombra de dúvida, não na
serpente antiga, mas no mensageiro celeste. E deu à luz um Filho, que Deus
estabeleceu primogénito de muitos irmãos (Rom. 8,29), isto é, dos fiéis, para
cuja geração e educação Ela coopera com amor de mãe.
A
fecundidade virginal da Igreja
64.
Por sua vez, a Igreja que contempla a sua santidade misteriosa e imita a sua
caridade, cumprindo fielmente a vontade do Pai, toma-se também, ela própria,
mãe, pela fiel recepção da palavra de Deus: efectivamente, pela pregação e pelo
Baptismo, gera, para vida nova e imortal, os filhos concebidos por acção do
Espírito Santo e nascidos de Deus. E também ela é virgem, pois guarda
fidelidade total e pura ao seu Esposo e conserva virginalmente, à imitação da
Mãe do seu Senhor e por virtude do Espírito Santo, uma fé íntegra, uma sólida
esperança e uma verdadeira caridade (190).
Virtudes
de Maria
65.
Mas, ao passo que, na Santíssima Virgem, a Igreja alcançou já aquela perfeição
sem mancha nem ruga que lhe é própria (cfr. Ef. 5,27), os fiéis ainda têm de
trabalhar por vencer o pecado e crescer na santidade, e por isso levantam os
olhos para Maria, que brilha como modelo de virtudes sobre toda a família dos
eleitos. A Igreja, meditando piedosamente na Virgem, e contemplando-a à luz do
Verbo feito homem, penetra mais profundamente, cheia de respeito, no insondável
mistério da Encarnação, e mais e mais se conforma com o seu Esposo. Pois Maria,
que entrou intimamente na história da salvação, e, por assim dizer, reúne em si
e reflecte os imperativos mais altos da nossa fé, ao ser exaltada e venerada,
atrai os fiéis ao Filho, ao Seu sacrifício e ao amor do Pai. Por sua parte, a
Igreja, procurando a glória de Cristo, torna-se mais semelhante àquela que é
seu tipo e sublime figura, progredindo continuamente na fé, na esperança e na
caridade, e buscando e fazendo em tudo a vontade divina. Daqui vem igualmente
que, na sua acção apostólica, a Igreja olha com razão para aquela que gerou a
Cristo, o qual foi concebido por acção do Espírito Santo e nasceu da Virgem
precisamente para nascer e crescer também no coração dos fiéis, por meio da
Igreja. E, na sua vida, deu a Virgem exemplo daquele afecto maternal de que
devem estar animados todos quantos cooperam na missão apostólica que a Igreja
tem de regenerar os homens.
IV. O CULTO DA
BEM-AVENTURADA VIRGEM NA IGREJA
Natureza
e fundamento do culto
66.
Exaltada por graça do Senhor e colocada, logo a seguir a seu Filho, acima de
todos os anjos e homens, Maria que, como mãe santíssima de Deus, tomou parte
nos mistérios de Cristo, é com razão venerada pela Igreja com culto especial.
E, na verdade, a Santíssima Virgem é, desde os tempos mais antigos, honrada com
o título de «Mãe de Deus», e sob a sua protecção se acolhem os fiéis, em todos
os perigos e necessidades (191). Foi sobretudo a partir do Concílio
do Éfeso que o culto do Povo de Deus para com Maria cresceu admiravelmente, na
veneração e no amor, na invocação e na imitação, segundo as suas proféticas
palavras: «Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada, porque realizou em
mim grandes coisas Aquele que é poderoso» (Lc.1,48). Este culto, tal como
sempre existiu na Igreja, embora inteiramente singular, difere essencialmente
do culto de adoração, que se presta por igual ao Verbo encarnado, ao Pai e ao
Espírito Santo, e favorece-o poderosamente. Na verdade, as várias formas de
piedade para com a Mãe de Deus, aprovadas pela Igreja, dentro dos limites de sã
e recta doutrina, segundo os diversos tempos e lugares e de acordo com a índole
e modo de ser dos fiéis, têm a virtude de fazer com que, honrando a mãe, melhor
se conheça, ame e gloria fique o Filho, por quem tudo existe (cfr. Col. 1,
15-16) e no qual «aprouve a Deus que residisse toda a plenitude» (Col. 1,19), e
também melhor se cumpram os seus mandamentos.
Espírito
da pregação e do culto
67.
Muito de caso pensado ensina o sagrado Concílio esta doutrina católica, e ao
mesmo tempo recomenda a todas os filhos da Igreja que fomentem generosamente o
culto da Santíssima Virgem, sobretudo o culto litúrgico, que tenham em grande
estima as práticas e exercícios de piedade para com Ela, aprovados no decorrer
dos séculos pelo magistério, e que mantenham fielmente tudo aquilo que no
passado foi decretado acerca do culto das imagens de Cristo, da Virgem e dos
santos (192). Aos teólogos e pregadores da palavra de Deus,
exorta-os instantemente a evitarem com cuidado, tanto um falso exagero como uma
demasiada estreiteza na consideração da dignidade singular da Mãe de Deus (193).
Estudando, sob a orientação do magistério, a Sagrada Escritura, os santos
Padres e Doutores, e as liturgias das Igrejas, expliquem como convém as funções
e os privilégios da Santíssima Virgem, os quais dizem todos respeito a Cristo,
origem de toda a verdade, santidade e piedade. Evitem com cuidado, nas palavras
e atitudes, tudo o que possa induzir em erro acerca da autêntica doutrina da
Igreja os irmãos separados ou quaisquer outros. E os fiéis lembrem-se de que a
verdadeira devoção não consiste numa emoção estéril e passageira, mas nasce da
fé, que nos faz reconhecer a grandeza da Mãe de Deus e nos incita a amar
filialmente a nossa mãe e a imitar as suas virtudes.
V. MARIA, SINAL DE SEGURA
ESPERANÇA E DE CONSOLAÇÃO PARA O POVO DE
DEUS PEREGRINANTE
Sinal
de Esperança e de consolação
68.
Entretanto, a Mãe de Jesus, assim como, glorificada já em corpo e alma, é
imagem e início da Igreja que se há-de consumar no século futuro, assim também,
na terra, brilha como sinal de esperança segura e de consolação, para o Povo de
Deus ainda peregrinante, até que chegue o dia do Senhor (cfr. 2 Ped. 3,10).
Medianeira
para a unidade da Igreja
69.
E é uma grande alegria e consolação para este sagrado Concílio o facto de não
faltar entre os irmãos separados quem preste à Mãe do Senhor e Salvador o
devido culto, sobretudo entre os Orientais, que acorrem com fervor e devoção a
render culto à sempre Virgem Mãe de Deus (194). Dirijam todos os
fiéis instantes súplicas à Mãe de Deus e mãe dos homens, para que Ela, que
assistiu com suas orações aos começos da Igreja, também agora, exaltada sobre
todos os anjos e bem-aventurados, interceda, junto de seu Filho, na comunhão de
todos os santos, até que todos os povos, tanto os que ostentam o nome cristão,
como os que ainda ignoram o Salvador, se reunam felizmente, em paz e harmonia,
no único Povo de Deus, para glória da santíssima e indivisa Trindade.
Roma,
21 de Novembro de 1964.
PAPA
PAULO VI
NOTIFICAÇÕES
FEITAS PELO EX.MO SECRETÁRIO-GERAL DO SAGRADO CONCÍLIO, NA CONGREGAÇÃO GERAL
CXXIII, NO DIA 16 DE NOVEMBRO DE 1964
Notificações:
valor teológico das proposições
Foi
perguntado qual deve ser a qualificação teológica da doutrina exposta no
esquema De Ecclesia que se propõe à votação. A Comissão Doutrinal respondeu à
pergunta ao examinar os Modos referentes ao capítulo terceiro do esquema De
Ecclesia, com estas palavras:
«Como
é evidente, o texto conciliar deve sempre ser interpretado segundo as regras
gerais, de todos conhecidas». A Comissão Doutrinal, nesta ocasião, remete para
a sua Declaração do dia 6 de Março de 1964, cujo texto se transcreve aqui:
«Tendo
em conta a praxe conciliar e o fim pastoral do presente Concilio, este sagrado
Concilio só define aquelas coisas relativas à fé e aos costumes que abertamente
declarar como de fé.
Tudo
o mais que o sagrado Concílio propõe, como doutrina do supremo Magistério da
Igreja, devem-no os fiéis receber e abraçar segundo a mente do mesmo sagrado
Concílio, a qual se deduz quer do assunto em questão, quer do modo de dizer,
segundo as normas da interpretação teológica».
Por
autoridade superior comunica-se aos Padres uma nota prévia explicativa dos
«Modos» referentes ao capítulo terceiro do esquema De Ecclesia, é segundo o
espírito e o sentido desta nota que se deve explicar e entender a doutrina
exposta nesse capítulo terceiro.
NOTA
EXPLICATIVA PRÉVIA
«A
Comissão decidiu fazer preceder das seguintes observações gerais o exame dos
Modos:
1°
Colégio não se entende em sentido jurídico estrito, ou seja, de um grupo de
iguais, que delegam o seu poder ao que preside, mas no sentido de um grupo
estável, cuja estrutura e autoridade se devem deduzir da Revelação. Por isso,
na resposta ao Modo 12, se diz expressamente, acerca dos Doze, que o Senhor
constituiu-os em Colégio ou grupo estável. Cfr. também o Modo 53, c. - Pelo
mesmo motivo, ao tratar-se do Colégio dos Bispos, são também empregados a cada
passo os termos Ordem ou Corpo. O paralelismo entre Pedro e os restantes
Apóstolos por um lado, e o Sumo Pontífice e os Bispos pelo outro, não implica a
transmissão do poder extraordinário dos Apóstolos aos seus sucessores, nem,
como é evidente, a igualdade entre a Cabeça e os membros do Colégio, mas apenas
uma proporcionalidade entre a primeira relação (Pedro-Apóstolos) e a segunda
(Papa-Bispos). Daí ter a Comissão resolvido escrever no inicio do n.° 22 «pari
ratione» e não « eadem ratione». Cfr. Modo 57.
2.°
Uma pessoa torna-se membro do Colégio em virtude da sagração episcopal e pela
comunhão hierárquica com a Cabeça e com os membros do Colégio. Cfr. n.° 22, no
fim da primeira alínea.
Na
sagração é conferida a participação ontológica nos ofícios sagrados, como
indubitàvelmente consta da Tradição, mesmo litúrgica. Intencionalmente se
emprega a palavra munerum e não potestatum, porque esta última palavra poderia
entender-se como poder apto para o exercício. Ora, para que tal poder exista,
deve sobrevir a determinação canónica ou jurídica, por parte da autoridade
hierárquica. Esta determinação do poder pode consistir na concessão de um
ofício particular ou na atribuição de súbditos, e é dada segundo as normas
aprovadas pela autoridade suprema. Essa norma ulterior é exigida pela própria
natureza das coisas, visto tratar-se de poderes que devem ser exercidos por
diversas pessoas que, segundo a vontade de Cristo, cooperam hierarquicamente. E
evidente que esta «comunhão» sé foi exercendo na vida da Igreja, segundo as
circunstâncias dos tempos, mesmo antes de, por assim dizer, ser codificada no
direito.
Por
isso mesmo se diz expressamente que se requer a comunhão hierárquica com a
Cabeça e membros da Igreja. A comunhão é um conceito tido em grande veneração
na antiga Igreja (e ainda hoje, sobretudo no Oriente). Não se trata, porém, de
um sentimento vago, mas de uma realidade orgânica, que exige uma forma jurídica
e é ao mesmo tempo animada pela caridade. Por isso a Comissão resolveu, quase
por unanimidade, que se devia escrever: «pela comunhão hierárquica». Cfr. Modo
40 e também o que se diz acerca da missão canónica, no n. 24.
Os documentos dos últimos Sumos Pontífices
acerca da jurisdição dos Bispos, devem ser interpretados segundo esta
determinação necessária dos poderes.
3.°
Diz-se que o Colégio, que não pode existir sem cabeça, «é também sujeito do
supremo e pleno poder sobre toda a Igreja». Isto tem de se admitir necessariamente,
para que a plenitude do poder do Romano Pontífice não seja posta em questão. O
Colégio, com efeito, entende-se sempre e necessariamente com a sua Cabeça, a
qual, no Colégio, conserva integralmente o seu cargo de Vigário de Cristo e Pastor
da Igreja Universal. Por outras palavras, a distinção não se faz entre o Romano
Pontífice e os Bispos, tomados colectivamente, mas entre o Romano Pontífice só,
e o Romano Pontífice juntamente com os Bispos. E uma vez que o Sumo Pontífice é
a Cabeça do Colégio, só ele pode executar certos actos, que de modo nenhum
competem aos Bispos como, por exemplo, convocar e dirigir o Colégio, aprovar normas
de acção, etc. Cfr. Modo 81.
Ao
juízo do Sumo Pontífice, a quem foi entregue o cuidado de todo o rebanho de
Cristo, compete, segundo as necessidades da Igreja, que variam no decurso dos
tempos, determinar o modo mais conveniente de actuar esse cuidado, quer essa
actuação se faça de modo pessoal quer de modo colegial. Quanto a ordenar,
promover e aprovar o exercício colegial, procede o Romano Pontífice segundo a
sua própria discrição.
4.°
O Sumo Pontífice, visto ser o Pastor supremo da Igreja, pode exercer, como lhe
aprouver, o seu poder ern todo o tempo, exige-o o próprio cargo. O Colégio,
porém, embora exista sempre, nem por isso age permanentemente com uma acção
estritamente colegial, conforme consta da Tradição da Igreja.
Por
outras palavras, não está sempre «em exercício pleno». Mais ainda: sòmente por
intervalos age de uma maneira estritamente colegial e nunca sem o consentimento
da Cabeça. Diz-se, porém, «com o consentimento da Cabeça» para que não se pense
numa dependência de pessoa por assim dizer estranha, o termo «consentimento»
evoca, pelo contrário, a comunhão entre a Cabeça. e os membros e implica a
necessidade do acto que é próprio da Cabeça. Isto é afirmado explicitamente no
número 22 e explicado no mesmo lugar. A fórmula negativa «a não ser» compreende
todos os casos, e assim é evidente que as normas aprovadas pela Autoridade
suprema devem ser sempre observadas. Cfr. Modo 84.
Em
tudo isto, é também evidente que se trata da união dos Bispos com a sua Cabeça
e nunca de uma acção dos Bispos independentemente do Papa. Neste caso, faltando
a acção da Cabeça, os Bispos não podem agir colegial mente, como se depreende
da mesma noção de «Colégio». Esta Comunhão hierárquica de todos os Bispos com o
Sumo Pontífice é certamente habitual na Tradição.
N.
B. Sem a comunhão hierárquica, o cargo sacramental-ontológico, que se deve
distinguir do aspecto canónico-jurídico, não pode ser exercido. A Comissão,
porém, julgou que não devia entrar nas questões de liceidade e validade, que se
deixam à discussão dos teólogos, em especial no referente ao poder que de facto
se exerce entre os Orientais separados e para cuja explicação existem várias
sentenças».
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
________________________________________
Notas:
185.
Cfr. Kleugten, texto reformado De mysterio Verbi incarnati, cap. IV: Mansi 53,
290. Cfr. S. André Cret., In nat. Mariae serm. 4: PG 97, 865 A. S. Germano de
Constantin., In ann. Deiparae: PG 98, 321 BC, In dorm, Deiparae, III: col. 361
D.-S. João Damasceno, In dorm. B. V. Mariae, Hom. 1, 8: PG 96, 712 BC-713 A.
186.
Cfr. Leão XIII, Encícl. Adiutricem populi, 5 set. 1895: ASS 15 (1896-96) p.
303. -S. Pio X Enciel. Ad diem illum, 2 fev. 1904: Acta, 1, p. 154, Denz. 1978
a (3370). - Piq XI, Encícl. Miserentissimus, 8 maio 1928: AAS 20 (1928) p. 178.
Pio XII, Radiomensagem 13 maio 1946: AAS 38 (1946) p. 266.
187.
S. Ambrósio, Epist. 63: PL 16, 1218.
188. S. Ambrósio, Expos. U. II, 7: PL 15, 1555.
189.
Cfr. Ps. - Pedro Dam., Serm. 63: PL 144, 861 AB.-Godofredo de S. Victor. In nat. B. M., Ms. Paris, Mazarine, 1002, fol. 109 r.
- Gerhohus Reich, De gloria et honore Filii hominis, 10: PL 194, 1105 AB.
190.
S. Ambrósio, Expos. Lc. II, 7 e X, 24-25: PL 15, 1555 e 1810. S. Agostinho, In
Io. Tr. 13, 12: PL 35, 1499. Cfr. Serm. 191, 2, 3: PL 38, 1010, etc. Cfr.
também Ven. Beda, In Lc. Expos. I, cap. 2: PL 92, 330. - Isaac de Stella, Serm.
31: PL 194, 1863 A.
191.
Cfr. Breviarium Romanum, anta «Sub tuum praesidium», das primeiras Vésperas do
Oficio menor de Nossa Senhora.
192.
Cfr. Conc. Niceno II, em 787: Mansi 13, 378-379: Denz. 302 (600-601) , Conc. Trident.,
sess. 25: Mansi 33, 171-172.
193.
Cfr. Pio XII, Radiomensagem, 24, out. 1954: AAS 46 (1954) p. 679. Encícl. Ad
coeli Reginam, 11 out. 1954: AAS 46 (1954) p. 637.
194.
Cfr. Pio XI, Encícl. Ecclesiam Dei, 12 nov. 1923: AAS 15 (1923) p. 581. - Pio
XII, Encícl. Fulgens corona, 8 set. 1953: AAS 45 (1953) pp. 590-591.
Tratado dos vícios e pecados 45
Em
seguida devemos tratar das causas exteriores do pecado. E primeiro por parte de
Deus. Segundo, por parte do diabo. Terceiro, por parte do homem.
Sobre
a primeira questão, discutem-se quatro artigos:
Art.
1 — Se Deus é causa do pecado.
Art.
2 — Se Deus é causa do acto pecaminoso.
Art.
3 — Se Deus é causa da obcecação e do endurecimento.
Art.
4 — Se a obcecação e o endurecimento se ordenam sempre à salvação do obcecado e
endurecido
Art. 1 — Se Deus é causa
do pecado.
(I, q. 48, a. 6; q. 49, a. 2;
IIª IIae, q, a, 2, ad 2; II Sent., dist. XXXIV, a. 3; dist. XXXVII, q. 2, a. 1;
III Cont. Gent., cap. CLXII; De Malo, q. 3, a. 1; Ad Rom., cap.
1, lect. VII).
O
primeiro discute-se assim. — Deus parece ser causa do pecado.
1.
— Pois, diz o Apóstolo (Rm 1): entregou-os Deus a um sentimento depravado, para
que fizessem coisas que não convêm. E a Glosa a a propósito: Deus obra nos
corações dos homens, inclinando-lhes a vontade para o que quer, seja para o
bem, seja para o mal. Ora, fazer o que não convém e inclinar a vontade para o
mal é pecado. Logo, Deus é causa de pecado do homem.
2.
Demais. — A Escritura diz (Sb 14): as criaturas de Deus transformaram-se em
objecto de abominação, e em motivo de tentação para as almas dos homens. Ora,
costuma chamar-se à tentação provocação ao pecado. E como as criaturas foram
feitas por Deus, como se demonstrou na Primeira Parte, parece ser Deus causa do
pecado, provocando o homem a pecar.
3.
Demais. — Toda causa da causa o é também do efeito. Ora, Deus é a causa do
livre arbítrio, causa do pecado. Logo, é também a causa deste último.
4.
Demais. — Todo mal se opõe ao bem. Ora, não repugna à bondade divina que seja
Deus a causa do mal da pena. Pois, deste mal diz a Escritura (Is 45), que Deus
é quem cria o mal; e ainda pergunta (Am 3): Se acontecerá algum mal na cidade,
que Deus não fizesse. Logo, também à bondade divina não repugna que Deus seja causa
da culpa.
Mas,
em contrário. — A Escritura diz (Sb 11): não aborreces nada de quanto fizeste.
Ora, Deus odeia o pecado segundo a mesma Escritura. E Deus igualmente aborrece
ao ímpio e à sua impiedade. Logo, Deus não é causa do pecado.
O homem é causa do pecado de dois modos, seu ou de outrem. Directamente,
inclinando a pecar a sua vontade ou a de outrem. Indirectamente, não impedindo
outros de pecarem. Por isso na Escritura se diz ao Profeta (Ez 3): Se não
disseres ao ímpio, morrerás na tua iniquidade, eu requererei da tua mão o seu
sangue.
Deus,
porém não pode ser directamente causa do pecado, nem seu nem de outrem. Pois
todo pecado implica afastamento da ordem existente em Deus como no fim. Ora,
Deus inclina todas as coisas e fá-las convergir para si, como para o último
fim, no dizer de Dionísio. Portanto, é impossível seja, para si ou para outrem,
causa de afastamento da ordem, dele próprio dependente. Logo, não pode ser directamente
causa do pecado.
Mas
e do mesmo modo, nem indirectamente. Pois, pode não conceder a alguns o auxílio
para evitarem o pecado, que não cometeriam se o concedesse. Mas tudo isso o faz
segundo a ordem da sua sabedoria e justiça, pois, ele próprio é justiça e
sabedoria. Donde, não se lhe pode imputar a causalidade do pecado de outrem,
assim como não atribuímos a um piloto ser a causa da submersão do navio, por
não o ter dirigido, salvo se lhe abandonou a direcção, podendo e devendo
dirigi-lo.
Portanto
é claro, que Deus não é de nenhum modo causa do pecado.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — O próprio texto do Apóstolo resolve a objecção.
Porque, se Deus abandona alguns ao seu senso réprobo, é por já eles o terem,
esse tal senso, para fazer o que não devem. Ora, dizemos que Deus assim os
abandona, para não osimpedir de seguirem o seu senso réprobo, como dizemos que
expomos os que não defendemos. E o sentido da expressão de Agostinho, donde foi
tirada a Glosa — Deus inclina as vontades dos homens para o bem e para o mal —
é que ele inclina a vontade directamente para o bem, e para o mal, enquanto não
o impede, como já se disse. Contudo isto não se dá em razão do pecado
precedente.
RESPOSTA
À SEGUNDA. — Na frase — As criaturas de Deus transformaram-se em objecto de
abominação, e em motivo de tentação para as almas dos homens — a preposição em
não é usada causal, mas consecutivamente. Pois Deus não fez as criaturas para o
mal dos homens, mas, pela insipiência deles é que tal se deu. E por isso se
acrescenta: e em laço para os pés dos insensatos, isto é, dos que incipientemente
usam das criaturas para um fim diferente daquele para que foram feitas.
RESPOSTA
À TERCEIRA. — O efeito procedente da causa média, enquanto sujeita à influência
da causa primeira, também depende desta. Mas se proceder da causa média,
enquanto esta escapa à ordem da causa primeira, não depende da última. Assim, o
acto de um ministro, contra a ordem do chefe, não se imputa a este, como à causa.
E semelhantemente, o pecado que livremente cometemos contra o preceito de Deus
não se atribui a Deus como à causa.
RESPOSTA
À QUARTA. — A pena opõe-se ao bem do punido, privando-o assim de algum bem. Ao
passo que a culpa opõe-se ao bem da ordem, que é Deus, e portanto vai directamente
contra a bondade divina. E por isso culpa e pena não têm o mesmo fundamento.
Revisão da tradução portuguesa por ama
Temas para meditar 59
Pequena agenda do Cristão
Segunda-Feira
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Sorrir; ser amável; prestar serviço.
Senhor que eu faça ‘boa cara’, que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.
Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.
Lembrar-me: Papa, Bispos, Sacerdotes.
Que o Senhor assista o Papa e vivifique santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.
Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Tua Igreja na Tua fortaleza.
Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.
Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?
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Diálogos apostólicos 9
Reservando a privacidade e sob este título genérico de ‘Diálogos apostólicos’ publicam-se alguns diálogos, recados e excertos de conversas a respeito da Melhoria Pessoal e da Vida Interior.
Que possam ter utilidade na reflexão sobre situações talvez bastante comuns a quem envereda por estes caminhos.
Amamos apaixonadamente este mundo
O mundo espera-nos. Sim! Amamos
apaixonadamente este mundo, porque Deus assim no-lo ensinou: "sic Deus
dilexit mundum...", Deus amou assim o mundo; e porque é o lugar do nosso
campo de batalha – uma formosíssima guerra de caridade – para que todos
alcancemos a paz que Cristo veio instaurar. (Sulco, 290)
Tenho ensinado constantemente com palavras da
Sagrada Escritura: o mundo não é mau porque saiu das mãos de Deus, porque é uma
criatura Sua, porque Iavé olhou para ele e viu que era bom [Cfr. Gen. 1, 7 e
ss.]. Nós, os homens, é que o tornamos mau e feio, com os nossos pecados e as
nossas infidelidades. Não duvideis, meus filhos: qualquer forma de evasão das
honestas realidades diárias é, para vós, homens e mulheres do mundo, coisa
oposta à vontade de Deus.
Pelo contrário, deveis compreender agora – com
uma nova clareza – que Deus vos chama a servi-Lo em e a partir das ocupações
civis, materiais, seculares da vida humana: Deus espera-nos todos os dias no
laboratório, no bloco operatório, no quartel, na cátedra universitária, na
fábrica, na oficina, no campo, no lar e em todo o imenso panorama do trabalho.
Ficai a saber: escondido nas situações mais comuns há um quê de santo, de
divino, que toca a cada um de vós descobrir.
Eu costumava dizer àqueles universitários e
àqueles operários que vinham ter comigo por volta de 1930 que tinham que saber
materializar a vida espiritual. Queria afastá-los assim da tentação, tão frequente
então como agora, de viver uma vida dupla: a vida interior, a vida de relação
com Deus, por um lado; e por outro, diferente e separada, a vida familiar,
profissional e social, cheia de pequenas realidades terrenas. (Temas Actuais do Cristianismo, n. 114).
30/03/2014
Evangelho diário e comentário
Tempo de Quaresma Semana IV |
1 Passando Jesus, viu um homem cego de
nascença. 2 Os Seus discípulos perguntaram-Lhe: «Mestre, quem pecou, este ou os
seus pais, para que nascesse cego?». 3 Jesus respondeu: «Nem ele nem seus pais
pecaram; mas foi para se manifestarem nele as obras de Deus. 4 Importa que Eu
faça as obras d'Aquele que Me enviou enquanto é dia; vem a noite, quando
ninguém pode trabalhar. 5 Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo». 6 Dito
isto, cuspiu no chão, fez lodo com a saliva, e ungiu com o lodo os olhos do
cego. 7 Depois disse-lhe: «Vai, lava-te na piscina de Siloé!», que quer dizer
“Enviado”. Foi, lavou-se e voltou com vista. 8 Então os seus vizinhos e os que
o tinham visto antes a mendigar diziam: «Não é este aquele que estava sentado e
pedia esmola?». Uns diziam: «É este!». 9 Outros, porém: «Não é, mas é outro,
que se parece com ele!». Porém ele dizia: «Sou eu mesmo!». 10 Perguntaram-lhe:
«Como se abriram os teus olhos?». 11 Ele respondeu: «Aquele homem, que se chama
Jesus, fez lodo, ungiu os meus olhos e disse-me: Vai à piscina de Siloé e
lava-te. Fui, lavei-me e vejo». 12 Perguntaram-lhe: «Onde está Ele?».
Respondeu: «Não sei». 13 Levaram aos fariseus o que tinha sido cego. 14 Ora era
dia de sábado quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos. 15 Perguntaram-lhe,
pois, também os fariseus de que modo tinha adquirido a vista. Respondeu-lhes:
«Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me e vejo». 16 Então, alguns fariseus
diziam: «Este homem, que não guarda o sábado, não é de Deus». Porém, outros
diziam: «Como pode um homem pecador fazer tais prodígios?». E havia desacordo
entre eles. 17 Disseram, por isso, novamente ao cego: «Tu que dizes d'Aquele
que te abriu os olhos?». Ele respondeu: «Que é um profeta!». 18 Mas os judeus
não acreditaram que ele tivesse sido cego e recuperado a vista, enquanto não
chamaram os pais. 19 Interrogaram-nos: «É este o vosso filho, que dizeis que nasceu
cego? Como vê, pois, agora?». 20 Seus pais responderam: «Sabemos que este é
nosso filho e que nasceu cego; 21 mas não sabemos como ele agora vê e também
não sabemos quem lhe abriu os olhos; perguntai-o a ele mesmo. Tem idade; ele
próprio fale de si!». 22 Seus pais falaram assim porque tinham medo dos judeus;
porque estes tinham combinado que, se alguém confessasse que Jesus era o
Messias, fosse expulso da sinagoga. 23 Por isso é que os pais disseram: «Ele
tem idade, interrogai-o a ele!». 24 Tornaram, pois, a chamar o homem que tinha
sido cego e disseram-lhe: «Dá glória a Deus! Nós sabemos que esse homem é um
pecador». 25 Então disse-lhes ele: «Se é pecador, não sei; o que sei é que eu
era cego, e agora vejo». 26 Disseram-lhe pois: «Que é que Ele te fez? Como te
abriu os olhos?». 27 Respondeu-lhes: «Eu já vo-lo disse e vós não me destes
atenção; porque o quereis ouvir novamente? Quereis, porventura, fazer-vos
também Seus discípulos?». 28 Então, injuriaram-no e disseram: «Discípulo d'Ele
sejas tu; nós somos discípulos de Moisés. 29 Sabemos que Deus falou a Moisés;
mas Este não sabemos donde é».30 O homem respondeu-lhes: «É de admirar que vós
não saibais donde Ele é, e que me tenha aberto os olhos. 31 Nós sabemos que Deus
não ouve os pecadores; mas quem honra a Deus e faz a Sua vontade, esse é ouvido
por Deus. 32 Desde que existe o mundo, nunca se ouviu dizer que alguém abrisse
os olhos a um cego de nascença. 33 Se Este não fosse de Deus, não podia fazer
nada». 34 Responderam-lhe: «Tu nasceste coberto de pecados e queres
ensinar-nos?». E lançaram-no fora. 35 Jesus ouviu dizer que o tinham lançado
fora e, tendo-o encontrado, disse-lhe: «Tu crês no Filho de Deus?». 36 Ele
respondeu: «Quem é, Senhor, para eu acreditar n'Ele?». 37 Jesus disse-lhe:
«Estás a vê-l'O; é Aquele mesmo que fala contigo». 38 Então ele disse: «Creio,
Senhor!». E O adorou. 39 Jesus disse: «Eu vim a este mundo para exercer um
justo juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos».
40 Ouviram isto alguns dos fariseus que estavam com Ele, e disseram-Lhe:
«Porventura também nós somos cegos?». 41 Jesus disse-lhes: «Se vós fosseis
cegos, não teríeis culpa; mas, pelo contrário, vós dizeis: Nós vemos! E
permanece o vosso pecado».
Comentário:
Parece um pouco enigmática esta frase de Jesus
Cristo: «Eu
vim a este mundo para exercer um justo juízo, a fim de que os que não veem
vejam, e os que veem se tornem cegos»!
Atente-se porém, que o Senhor se dirigia
expressamente ao cego de nascença, agora curado, e aos fariseus.
O primeiro, de facto não via e passou a ver
porque acreditou;
Os segundos pretendiam ver mas não podiam porque
os preconceitos e falta de critério os impediam.
Ou seja:
Quem quer ver tem, forçosamente, de acreditar
quando não continua nas trevas.
(ama, comentário sobre Jo 4, 1-11, 2014.012.24)
Leitura espiritual para Mar 30
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
1 Aproximavam-se d'Ele os publicanos e
os pecadores para O ouvir. 2 Os fariseus e os escribas murmuravam,
dizendo: «Este recebe os pecadores e come com eles». 3 Então
propôs-lhes esta parábola: 4 «Qual de vós, tendo cem ovelhas, se
perde uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, para ir procurar a que
se tinha perdido, até que a encontre? 5 E, tendo-a encontrado, a põe
sobre os ombros todo contente 6 e, indo para casa, chama os seus
amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha
ovelha que se tinha perdido. 7 Digo-vos que, do mesmo modo, haverá
maior alegria no céu por um pecador que fizer penitência que por noventa e nove
justos que não têm necessidade de penitência». 8 «Ou qual é a mulher
que, tendo dez dracmas, e perdendo uma, não acende a candeia, não varre a casa,
e não procura diligentemente até que a encontre? 9 E que, depois de
a achar, não convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque
encontrei a dracma que tinha perdido. 10 Assim vos digo Eu que
haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que faça penitência». 11
Disse mais: «Um homem tinha dois filhos. 12 O mais novo disse ao
pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. O pai repartiu entre eles os
bens. 13 Passados poucos dias, juntando tudo o que era seu, o filho
mais novo partiu para uma terra distante e lá dissipou os seus bens vivendo
dissolutamente. 14 Depois de ter consumido tudo, houve naquele país
uma grande fome e ele começou a passar necessidade. 15 Foi pôr-se ao
serviço de um habitante daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar
porcos. 16 «Desejava encher o seu ventre das alfarrobas que os
porcos comiam, mas ninguém lhas dava. 17 Tendo entrado em si, disse:
Quantos jornaleiros há em casa de meu pai que têm pão em abundância e eu aqui
morro de fome! 18 Levantar-me-ei, irei ter com meu pai, e
dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e contra ti, 19 já não sou
digno de ser chamado teu filho, trata-me como um dos teus jornaleiros. 20
«Levantou-se e foi ter com o pai. Quando ele estava ainda longe, o pai viu-o,
ficou movido de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e beijou-o. 21
O filho disse-lhe: Pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de
ser chamado teu filho. 22 Porém, o pai disse aos servos: Trazei
depressa o vestido mais precioso, vesti-lho, metei-lhe um anel no dedo e os
sapatos nos pés. 23 Trazei também um vitelo gordo e matai-o. Comamos
e façamos festa, 24 porque este meu filho estava morto, e reviveu;
tinha-se perdido, e foi encontrado. E começaram a festa. 25 «Ora o
filho mais velho estava no campo. Quando voltou, ao aproximar-se de casa, ouviu
a música e os coros. 26 Chamou um dos servos, e perguntou-lhe que
era aquilo. 27 Este disse-lhe: Teu irmão voltou e teu pai mandou
matar o vitelo gordo, porque o recuperou com saúde. 28 Ele
indignou-se, e não queria entrar. Mas o pai, saindo, começou a pedir-lhe. 29
Ele, porém, respondeu ao pai: Há tantos anos que te sirvo, nunca transgredi
nenhuma ordem tua e nunca me deste um cabrito para eu me banquetear com os meus
amigos, 30 mas logo que veio esse teu filho, que devorou os seus
bens com meretrizes, mandaste-lhe matar o vitelo gordo. 31 Seu pai
disse-lhe: Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. 32
Era, porém, justo que houvesse banquete e festa, porque este teu irmão estava
morto e reviveu; tinha-se perdido e foi encontrado».
CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA
LUMEN GENTIUM
SOBRE A IGREJA
CAPÍTULO
VII
A ÍNDOLE ESCATOLÓGICA DA
IGREJA PEREGRINA E A SUA UNIÃO COM A IGREJA CELESTE
Expressões
dessa união:
Orações
pelos defuntos, culto dos santos
50.
Reconhecendo claramente esta comunicação de todo o Corpo místico de Cristo, a
Igreja dos que ainda peregrinam, cultivou com muita piedade desde os primeiros
tempos do Cristianismo a memória dos defuntos (151) e, «porque é
coisa santa e salutar rezar pelos mortos, para que sejam absolvidos de seus
pecados» (2 Mac. 12,46), por eles ofereceu também sufrágios. Mas, os apóstolos
e mártires de Cristo que, derramando o próprio sangue, deram o supremo
testemunho de fé e de caridade, sempre a Igreja acreditou estarem mais ligados
connosco em Cristo, os venerou com particular afecto, juntamente com a
Bem-aventurada Virgem Maria e os santos Anjos (152) e implorou o
auxílio da sua intercessão. Aos quais bem depressa foram associados outros, que
mais de perto imitaram a virgindade e pobreza de Cristo (153) e,
finalmente, outros, cuja perfeição nas virtudes cristãs (154) e os
carismas divinos recomendavam à piedosa devoção dos fiéis (155).
Com
efeito, a vida daqueles que fielmente seguiram a Cristo, é um novo motivo que
nos entusiasma a buscar a cidade futura (cfr. Hebr. 14,14, 11,10) e, ao mesmo tempo,
nos ensina um caminho seguro, pelo qual, por entre as efémeras realidades deste
mundo e segundo o estado e condição próprios de cada um, podemos chegar à união
perfeita com Cristo, na qual consiste a santidade (156). É sobretudo
na vida daqueles que, participando connosco da natureza humana, se transformam,
porém, mais perfeitamente à imagem de Cristo, (cfr. 2 Cor. 3,18) que Deus
revela aos homens, de maneira mais viva, a Sua presença e a Sua face. Neles nos
fala, e nos dá um sinal do Seu reino (157), para o qual, rodeados de
uma tão grande nuvem de testemunhas (cfr. Hebr. 12,1) e tendo uma tal afirmação
da verdade do Evangelho, somos fortemente atraídos.
Porém,
não é só por causa de seu exemplo que veneramos a memória dos bem-aventurados,
mas ainda mais para que a união de toda a Igreja aumente com o exercício da
caridade fraterna (cfr. Ef. 4, 1-6). Pois, assim como a comunhão cristã entre
os peregrinos nos aproxima mais de Cristo, assim a comunhão com os santos nos
une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e cabeça, toda a graça e ã
própria vida do Povo de Deus (158).
É,
portanto, muito justo que amemos estes amigos e co-herdeiros de Jesus Cristo,
nossos irmãos e grandes benfeitores, que dêmos a Deus, por eles, as devidas
graças (159), «lhes dirijamos as nossas súplicas e recorramos às
suas orações, ajuda e patrocínio, para obter de Deus os benefícios, por Seu
Filho Jesus Cristo, Nosso Senhor e Redentor e Salvador único» (160)
Porque todo o genuíno testemunho de veneração que prestamos aos santos, tende e
leva, por sua mesma natureza, a Cristo, que é a «coroa de todos os santos» (161)
e, por Ele, a Deus, que é admirável nos seus santos e neles é glorificado (162).
Mas
a nossa união com a Igreja celeste realiza-se de modo mais sublime quando, sobretudo
na sagrada Liturgia, na qual a virtude do Espírito Santo actua sobre nós
através dos sinais sacramentais, concelebramos em comum exultação os louvores
da divina Majestade (163) e, todos de todas as tribos, línguas e
povos, remidos no sangue de Cristo (cfr. Apoc. 5,9) e reunidos numa única
Igreja, engrandecemos com um único canto de louvor o Deus uno e trino. Assim,
ao celebrar o sacrifício eucarístico, unimo-nos no mais alto grau ao culto da
Igreja celeste, comungando e venerando a memória, primeiramente da gloriosa
sempre Virgem Maria, de S. José, dos santos Apóstolos e mártires e de todos os
santos (164).
Unidade
no amor e na Liturgia
51.
Esta venerável fé dos nossos maiores acerca da nossa união vital com os irmãos
que já estão na glória celeste ou que, após a morte, estão ainda em
purificação, aceita-a este sagrado Concílio com muita piedade e de novo propõe
os decretos dos sagrados Concílios Niceno II (165), Florentino (166)
e Tridentino (167). Ao mesmo tempo, com solicitude pastoral, exorta
todos aqueles a quem isto diz respeito a esforçarem-se por desterrar ou
corrigir os abusos, excessos ou defeitos que porventura tenham surgido aqui ou
além, e tudo restaurem para maior glória de Cristo e de Deus. Ensinem,
portanto, aos fiéis que o verdadeiro culto dos santos não consiste tanto na
multiplicação dos actos externos quanto na intensidade do nosso amor efectivo,
pelo qual, para maior bem nosso e da Igreja, procuramos «na vida dos santos um
exemplo, na comunhão com eles uma participação, e na sua intercessão uma ajuda»
(168). Por outro lado, mostrem aos fiéis que as nossas relações com
os bem-aventurados, quando concebidas à luz da fé, de modo algum diminuem o
culto de adoração prestado a Deus pai por Cristo, no Espírito, mas pelo
contrário o enriquecem ainda mais (169).
Pois,
com efeito, todos os que somos filhos de Deus, e formamos em Cristo uma família
(cfr. Hebr. 3,6), ao comunicarmos na caridade mútua e no comum louvor da
Trindade Santíssima, correspondemos à íntima vocação da Igreja e participamos,
prelibando-a, na liturgia da glória (170), Com efeito, quando Cristo
aparecer e se der a gloriosa ressurreição dos mortos, a luz de Deus iluminará a
cidade celeste e o seu candelabro será o Cordeiro (cfr. Apoc. 21,24). Então,
toda a Igreja dos santos, na suprema felicidade da caridade, adorará a Deus e
ao «Cordeiro que foi imolado» (Apoc. 5,12), proclamando numa só voz: «louvor,
honra, glória e poderio, pelos séculos dos séculos, Aquele que está sentado no
trono, e ao Cordeiro» (Apoc. 5, 13-14).
CAPÍTULO
VIII
A BEM-AVENTURADA VIRGEM
MARIA MÃE DE DEUS NO MISTÉRIO DE CRISTO E DA IGREJA
I. PROÉMIO
A
Virgem mãe de Cristo
52.
Querendo Deus, na Sua infinita benignidade e sabedoria, levar a cabo a redenção
do mundo, «ao chegar a plenitude dos tempos, enviou Seu Filho, nascido de
mulher,... a fim de recebermos a filiação adoptiva» (Gál. 4, 4-5). «Por amor de
nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus e encarnou na Virgem Maria,
por obra e graça do Espírito Santo» (171). Este divino mistério da
salvação é-nos relevado e continua na Igreja, instituída pelo Senhor como Seu
corpo, nela, os fiéis, aderindo à cabeça que é Cristo, e em comunhão com todos
os santos, devem também venerar a memória «em primeiro lugar da gloriosa sempre
Virgem Maria Mãe do nosso Deus e Senhor Jesus Cristo» (172).
A
Virgem e a Igreja
53.
Efectivamente, a Virgem Maria, que na anunciação do Anjo recebeu o Verbo no coração
e no seio, e deu ao mundo a Vida, é reconhecida e honrada como verdadeira Mãe
de Deus Redentor. Remida dum modo mais sublime, em atenção aos méritos de seu
Filho, e unida a Ele por um vínculo estreito e indissolúvel, foi enriquecida
com a excelsa missão e dignidade de Mãe de Deus Filho, é, por isso, filha
predilecta do Pai e templo do Espírito Santo, e, por este insigne dom da graça,
leva vantagem á todas as demais criaturas do céu e da terra. Está, porém,
associada, na descendência de Adão, a todos os homens necessitados de salvação,
melhor, «é verdadeiramente Mãe dos membros (de Cristo)..., porque cooperou com
o seu amor para que na Igreja nascessem os fiéis, membros daquela cabeça» (173).
É, por esta razão, saudada como membro eminente e inteiramente singular da
Igreja, seu tipo e exemplar perfeitíssimo na fé e na caridade, e a Igreja
católica, ensinada pelo Espírito Santo, consagra-lhe, como a mãe amantíssima,
filial afecto de piedade.
Intenção
do Concílio
54.
Por isso, o sagrado Concílio, ao expor a doutrina acerca da Igreja, na qual o
divino Redentor realiza a salvação, pretende esclarecer cuidadosamente não só o
papel da Virgem Santíssima no mistério do Verbo encarnado e do Corpo místico,
mas também os deveres dos homens resgatados para com a Mãe de Deus, Mãe de
Cristo e Mãe dos homens, sobretudo dos fiéis. Não tem, contudo, intenção de
propor toda a doutrina acerca de Maria, nem de dirimir as questões ainda não
totalmente esclarecidas pelos teólogos. Conservam, por isso, os seus direitos
as opiniões que nas escolas católicas livremente se propõem acerca daquela que
na santa Igreja ocupa depois de Cristo o lugar mais elevado e também o mais
próximo de nós (174).
II. A VIRGEM SANTÍSSIMA NA
ECONOMIA DA SALVAÇÃO
A
mãe do Redentor no Antigo Testamento
55.
A Sagrada Escritura do Antigo e Novo Testamento e a venerável Tradição mostram
de modo progressivamente mais claro e como que nos põem diante dos olhos o
papel da Mãe do Salvador na economia da salvação. Os livros do Antigo
Testamento descrevem a história da salvação na qual se vai preparando
lentamente a vinda de Cristo ao mundo. Esses antigos documentos, tais como são
lidos na Igreja e interpretados à luz da plena revelação ulterior, vão pondo
cada vez mais em evidência a figura duma mulher, a Mãe do Redentor. A esta luz,
Maria encontra-se já profeticamente delineada na promessa da vitória sobre a
serpente (cfr. Gén. 3,15), feita aos primeiros pais caídos no pecado. Ela é,
igualmente, a Virgem que conceberá e dará à luz um Filho, cujo nome será
Emmanuel (cfr. Is. 7,14, cfr. Miq. 5, 2-3, Mt. 1, 22-23). É a primeira entre os
humildes e pobres do Senhor, que confiadamente esperam e recebem a salvação de
Deus. Com ela, enfim, excelsa Filha de Sião, passada a longa espera da
promessa, se cumprem os tempos e se inaugura a nova economia da salvação,
quando o Filho de Deus dela recebeu a natureza humana, para libertar o homem do
pecado com os mistérios da Sua vida terrena.
Maria
na Anunciação
56.
Mas o Pai das misericórdias quis que a aceitação, por parte da que Ele
predestinara para mãe, precedesse a encarnação, para que, assim como uma mulher
contribuiu para a morte, também outra mulher contribuísse para a vida. É o que
se verifica de modo sublime na Mãe de Jesus, dando à luz do mundo a própria Vida,
que tudo renova. Deus adornou-a com dons dignos de uma tão grande missão, e,
por isso, não é de admirar que os santos Padres chamem com frequência à Mãe de
Deus «toda santa» e «imune de toda a mancha de pecado», visto que o próprio
Espírito Santo a modelou e d'Ela fez uma nova criatura (175).
Enriquecida, desde o primeiro instante da sua conceição, com os esplendores
duma santidade singular, a Virgem de Nazaré é saudada pelo Anjo, da parte de
Deus, como «cheia de graça» (cfr. Lc. 1,28), e responde ao mensageiro celeste:
«eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc. 1,38).
Deste modo, Maria, filha de Adão, dando o seu consentimento à palavra divina,
tornou-se Mãe de Jesus e, não retida por qualquer pecado, abraçou de todo o
coração o desígnio salvador de Deus, consagrou-se totalmente, como escrava do
Senhor, à pessoa e à obra de seu Filho, subordinada a Ele e juntamente com Ele,
servindo pela graça de Deus omnipotente o mistério da Redenção. por isso,
consideram com razão os santos Padres que Maria não foi utilizada por Deus como
instrumento meramente passivo, mas que cooperou livremente, pela sua fé e
obediência, na salvação dos homens. Como diz S. Ireneu, «obedecendo, ela
tornou-se causa de salvação, para si e para todo o género humano» (176).
Eis porque não poucos, Padres afirmam com ele, nas suas pregações, que «o no da
desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria, e aquilo que a
virgem Eva atou, com a sua incredulidade, desatou-o a virgem Maria com a sua
fé» (177), e, por comparação com Eva, chamam Maria a «mãe dos vivos»
(178) e afirmam muitas vezes: «a morte veio por Eva, a vida veio por
Maria» (179).
Maria
na infância de Jesus
57.
Esta associação da mãe com o Filho na obra da salvação, manifesta-se desde a
conceição virginal de Cristo até à Sua morte. Primeiro, quando Maria, tendo
partido solicitamente para visitar Isabel, foi por ela chamada bem-aventurada,
por causa da fé com que acreditara na salvação prometida, e o precursor exultou
no seio de sua mãe (cfr. Luc. 1, 41-45), depois, no nascimento, quando a Mãe de
Deus, cheia de alegria, apresentou aos pastores e aos magos o seu Filho
primogénito, o qual não só não lesou a sua integridade, mas antes a consagrou (180).
E quando O apresentou no templo ao Senhor, com a oferta dos pobres, ouviu
Simeão profetizar que o Filho viria a ser sinal de contradição e que uma espada
trespassaria o coração da mãe, a fim de se revelarem os pensamentos de muitos
(cfr. Luc. 2, 34-35). Ao Menino Jesus, perdido e buscado com aflição,
encontraram-n'O os pais no templo, ocupado nas coisas de Seu Pai, e não
compreenderam o que lhes disse. Mas sua mãe conservava todas estas coisas no
coração e nelas meditava (cfr. Luc. 2, 41-51).
Maria
na vida pública e na paixão de Cristo
58.
Na vida pública de Jesus, Sua mãe aparece duma maneira bem marcada logo no
princípio, quando, nas bodas de Caná, movida de compaixão, levou Jesus Messias
a dar início aos Seus milagres. Durante a pregação de Seu Filho, acolheu as
palavras com que Ele, pondo o reino acima de todas as relações de parentesco,
proclamou bem-aventurados todos os que ouvem a palavra de Deus e a põem em
prática (cfr. Mc. 3,35 e paral., Lc. 11, 27-28), coisa que ela fazia fielmente
(cfr. Luc. 2, 19 e 51). Assim avançou a Virgem pelo caminho da fé, mantendo
fielmente a união com seu Filho até à cruz. Junto desta esteve, não sem
desígnio de Deus (cfr. Jo.19,25), padecendo acerbamente com o seu Filho único,
e associando-se com coração de mãe ao Seu sacrifício, consentindo com amor na
imolação da vítima que d'Ela nascera, finalmente, Jesus Cristo, agonizante na
cruz, deu-a por mãe ao discípulo, com estas palavras: mulher, eis aí o teu
filho (cfr. Jo. 19, 26-27) (181).
Maria
depois da Ascensão
59.
Tendo sido do agrado de Deus não manifestar solenemente o mistério da salvação
humana antes que viesse o Espírito prometido por Cristo, vemos que, antes do
dia de Pentecostes, os Apóstolos «perseveravam unanimemente em oração, com as
mulheres, Maria Mãe de Jesus e Seus irmãos» (Act. 1,14), implorando Maria, com
as suas orações, o dom daquele Espírito, que já sobre si descera na anunciação.
Finalmente, a Virgem Imaculada, preservada imune de toda a mancha da culpa
original, terminado o curso da vida terrena, foi elevada ao céu em corpo e alma
(183) e exaltada por Deus como rainha, para assim se conformar mais
plenamente com seu Filho, Senhor dos senhores (cfr. Apoc. 19,16) e vencedor do
pecado e da morte (184).
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
_________________________
Notas:
151.
Cfr. muitas inscrições nas catacumbas romanas.
152.
Cfr. Gelásio I, Decretal De libris recipendis, 3: PL 59, 160, Denz. 165 (353).
153.
Cfr. S. Método, Symposion, VII, 3: GCS (Bonwetsch), 74.
154.
Cfr. Bento XV, Decretum approbationis virtutum in Causa beatificationis e
canonizationis Servi Dei Ioannis Nepomuceni Neumann: AAS 14 (1922) p. 23,
Várias alocuções de Pio XI sobre os Santos: Inviti All'eroismo, em Discorsi e
Radiomessaggi t. I-III, Roma, 1941-1942, passim, Pio XII, Discorsi e Radiomessaggi,
t. 10, 1949, pp. 37-43.
155.
Cfr. Pio XII, Encícl. Mediator Dei: AAS 39 (1947) p. 581.
156.
Cfr. Hebr. 13,7, Eccli. 44-50, Hebd. 11, 3-40. Cfr. também Pio XII, Encícl.
Mediator Dei: AAS 39 (1947) pp. 582-583.
157.
Cfr. Conc. Vaticino I, Const. De fide catholica, cap. 3: Denz. 1794 (3013).
158.
Cfr. Pio XII, Encícl. Mystici Corporis: AAS 35 (1943) p. 216.
159.
"Quanto à gratidão para com os próprios Santos, cfr. E. Diehl,
Inscriptiones latinae christianae veteres, I, Berlim, 1925, nn. 2008, 2382, etc.
etc.
160.
Conc. Tridentino, Decr. De invocatione... Sanctorum: Denz. 984 (1821).
161.
Breviarium Romanum, Invitatorium in festo Sanctorum Omnium.
162. Cfr. v. g. 2 Tess. 1, 10.
163. Conc. Vaticano
II, Const. De Sacra Liturgia, Sacrosanctum Concilium, cap. 5, n. 104: AAS 56
(1964) p. 125-126.
164.
Cfr. Missale Romanum, cânon da missa.
165. Conc. Niceno II, Act. VII:
Denz. 302 (600).
166.
Conc. Florentino, Decretum pro Graecis: Denz. 693 (1304).
167. Conc. Tridentino, Decr. De invocatione,
veneratione et reliquiis Sanctorum et sacris imaginibus: Denz. 983 (1820),
Decretum de iustificatione, can. 30: Denz. 840 (1580).
168.
Missale Romanum, Prefácio dos Santos concedido a algumas dioceses de França.
169.
Cfr. S. Pedro Canisio, Catechismus Maior seu Summa Doctrinae christianae, cap.
III (ed. crit. F. Streicher) parte I, pp. 15-16, n. 44 e pp. 100-101, n. 49.
170.
Cfr. Conc. Vaticano II, Const. De Sacra Liturgia, Sacrosanctum Concilium, cap.
1, n. 8: AAS 56 (1964), p. 401.
171.
Símbolo Constantinopolitano: Mansi 3, 566. Cfr. Conc. Efesino, 1b. 4, 1130 (íb.
2, 665 e 4, 1071), Conc. Calcedonense, ib. 7, 111-116, Conc.
Constantinopolitano II, ib. 9, 375-396 Missale Romanum, Credo.
172.
Missale Romanum, cânon.
173.
S. Agostinho, De S. Virginitate, 6: PL 40, 399.
174..
Cfr. Paulo VI, Alocução no Concílio, no dia 4 dez. 1963: AAS 56 (1964) p. 37.
175. Cfr. S. Germano Const.,
Hom in Annunt. Deiparae: PG 98, 328 A, In Dorm. 2: col. 357.-Anastácio Antioq.,
Serm. 2 de Annunt., 2: PG 89, 1377 AB, Serm. 3, 2: col. 1388: C. - S. André
Cret., Can. in B. V. Nat. 4: PG 97, 1321 B. In B. V. Nat., 1: col. 812 A. Hom.
in dorm. 1: col. 1086 C. - S. Sofrónio, Or. 2 in Annunt., 18: PG' 87 (3), 3237
BD.
176. S. Ireneu, Adv. Haer. III,
22, 4: PG 7, 959 A, Harvey, 2, 123.
177. S. Ireneu, ib., Harvey, 2,
124.
178. S. Epináfio, Haer. 78, 18:
PG 42, 728 CD - 729 AB.
179.
S. Jerónimo, Epist. 22, 21: PL, 22, 408. Cfr. S. Agostinho, Serm. 51, 2, 3: PL
38, 335, Serm. 232, 2: col. 1108. -S. Cirilo de Jerusalém, Catech. 12, 15: PG
33, 741 AB. - S. João Crisóstomo, In Ps. 44, 7: PG 55, 193. - S. João
Damasceno, Hom. 2 in dorm. B. M. V., 3: PG 96, 728.
180.
Cfr. Conc. Lateranense em 649, can. 3: Mansi 10, 1151. S. Leão M., Epist. ad. Flav.: PL 54, 759. -
Conc. Calcedonense: Mansi 7, 462. - S. Ambrósio, De instit. virg.: PL 16, 320.
181.
Cfr. Pio XII, Encícl. Mystici
Corporis, 29 jun. 1943: AAS 35 (1943) pp. 247-248.
182.
Cfr. Pio IX, Bula Ineffabilis, 8 dez. 1854: Acta Pii IX, 1, I. p. 616, Denz.
1641 (2803).
183.
Cfr. Pio XII, Const. Apost. Munificentissimus, 1 nov. 1950: AAS 42 (1950),
Denz. 2333 (3903). Cfr. S. João Damasceno, Enc. in dorm. Dei genetricis, Hom. 2
e 3: PG 96, 721-761, sobretudo col. 728 B. -S. Germano Constantinop., In S. Dei
gen. dorm. Serm. 1: PG 98 (6) , 340-348, Serm. 3: cola 361. -S. Modesto de
Jerus. In dorm. SS. Deiparae: PG 86 (2), 3277-3312.
184.
Cfr. Pio XII, Encicl. Ad coeli Reginam, 11 out. 1954: AAS 46 (1954), pp.
633-636, Denz. Denz. 3913 ss. S. André Cret., Hom. 3 in dorm. SS. Deiparae: PG
97, 1089-1109. -S. João Damasceno, De lide orth., IV, 14: PG 94, 1153-1161.
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