02/06/2013

Leitura espiritual para 02 Jun



Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.


Evangelho: Mt 2, 1-23

1 Tendo nascido Jesus em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que uns Magos vieram do Oriente a Jerusalém, 2 dizendo: «Onde está o rei dos Judeus, que acaba de nascer? Porque nós vimos a Sua estrela no Oriente e viemos adorá-l'O». 3 Ao ouvir isto, o rei Herodes turbou-se, e toda a Jerusalém com ele. 4 E, convocando todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Messias. 5 Eles disseram-lhe: «Em Belém de Judá, porque assim foi escrito pelo profeta: 7 “E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um chefe que apascentará Israel, Meu povo”». 6 Então Herodes, tendo chamado secretamente os Magos, inquiriu deles cuidadosamente acerca do tempo em que lhes tinha aparecido a estrela; 8 depois, enviando-os a Belém, disse: «Ide, informai-vos bem acerca do Menino, e, quando O encontrardes, comunicai-mo, a fim de que também eu O vá adorar». 9 Tendo ouvido as palavras do rei, eles partiram; e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando sobre o lugar onde estava o Menino, parou. 10 Vendo novamente a estrela, ficaram possuídos de grandíssima alegria. 11 Entraram na casa, viram o Menino com Maria, Sua mãe, e, prostrando-se, O adoraram; e, abrindo os seus tesouros ofereceram-Lhe presentes de ouro, incenso e mirra. 12 Em seguida, avisados em sonhos por Deus para não tornarem a Herodes, voltaram para a sua terra por outro caminho. 13 Tendo eles partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e lhe disse: «Levanta-te, toma o Menino e Sua mãe, foge para o Egipto, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para O matar». 14 Ele, levantando-se de noite, tomou o Menino e Sua mãe, e retirou-se para o Egipto. 15 Lá esteve até à morte de Herodes, cumprindo-se deste modo o que tinha sido dito pelo Senhor por meio do profeta: “Do Egipto chamei o Meu filho”. 16 Então Herodes, percebendo que tinha sido enganado pelos Magos, irou-se em extremo, e mandou matar, em Belém e em todos os seus arredores, todos os meninos de idade de dois anos para baixo, segundo a data que tinha averiguado dos Magos. 17 Cumpriu-se então o que estava anunciado pelo profeta Jeremias: 18 “Uma voz se ouviu em Ramá, pranto e grande lamentação; Raquel chorando os seus filhos, sem admitir consolação, porque já não existem”. 19 Morto Herodes, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, no Egipto, 20 e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e Sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque morreram os que procuravam tirar a vida ao Menino». 21 Ele levantou-se, tomou o Menino e Sua mãe, e voltou para a terra de Israel. 22 Mas, ouvindo dizer que Arquelau reinava na Judeia em lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá; e, avisado por Deus em sonhos, retirou-se para a região da Galileia, 23 e foi habitar numa cidade chamada Nazaré, cumprindo-se deste modo o que tinha sido anunciado pelos profetas: “Será chamado nazareno”.


CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO QUATRO

CAPÍTULO I

Dos dezanove aos vinte e oito anos

Durante esse período de nove anos – dos dezanove até aos vinte e oito anos – fui seduzido e sedutor, enganado e enganador, conforme as minhas muitas paixões, publicamente, com aquelas doutrinas que se chamam liberais, ocultamente, com o falso nome de religião, mostrando-me aqui soberbo, ali supersticioso, e em toda parte vaidoso.

Ora perseguindo a aura da glória popular até os aplausos do teatro, os certames poéticos, os torneios de coroas de feno, as bagatelas de espetáculos e a intemperança da luxúria, ora, desejando muito purificar-me dessas imundícies, levando alimento aos chamados “eleitos” e “santos”, para que na oficina do seu estômago fabricasse anjos e deuses que me libertassem. Tais coisas, seguia eu e praticava com os meus amigos, iludidos comigo e por mim.

Riam-se de mim os arrogantes, e os que ainda não foram prostrados e salutarmente esmagados por ti, meu Deus, mas eu, pelo contrário, hei-de confessar diante de ti minhas torpezas para teu louvor. Permite-me, te suplico, e concede-me que me lembre fielmente dos desvios passados de meu erro, e que eu te sacrifique uma vítima de louvor.

De facto, sem ti, que sou eu para mim mesmo senão um guia que conduz ao abismo?
Ou que sou eu, quando tudo me corre bem, senão uma criança que suga o leite, e que se alimenta de ti, alimento incorruptível? E que é o homem, seja ele quem for, se é homem?

Riam-se de nós os fortes e poderosos, que nós, débeis e pobres, confessaremos teu santo nome.

CAPÍTULO II

Professor de retórica

Naqueles anos eu ensinava retórica e, movido pela cobiça, vendia a arte de vencer pela loquacidade. Contudo, bem sabes, Senhor, que preferia ter bons discípulos, dos que se chamam “bons”, aos quais ensinava sem rodeios a arte de enganar, não para que usassem dela contra a vida de um inocente, mas para algum dia defender algum culpado.

Mas, ó Deus, tu me viste de longe vacilar sobre um caminho escorregadio, viste brilhar, entre espesso fumo, os fulgores da boa-fé que eu demonstrava ao ensinar àqueles amantes da vaidade, àqueles pesquisadores de mentiras, eu, seu irmão e semelhante.

Por essa mesma época tive na minha companhia uma mulher, não reconhecida pelo chamado matrimónio legítimo, mas procurada pelo inquieto ardor de minha paixão imprudente, mas era só uma, e eu era-lhe fiel.

E assim experimentei pessoalmente a distância que há entre o amor conjugal contraído com o fim de ter filhos, e o amor lascivo, no qual a prole também nasce, mas contra o desejo dos pais, embora, uma vez nascida, os obrigue a amá-la.

Lembro-me também de que, querendo participar de um certame de poesia, um arúspice me mandou indagar que dádiva lhe daria para eu sair vencedor. Mas eu, que abominava aqueles nefandos sortilégios, respondi-lhe que não consentiria que se matasse uma mosca para obter a vitória, mesmo que o prémio fosse uma coroa de ouro incorruptível, sabia eu que ele teria de matar animais em seus sacrifícios, julgando com tais honras assegurar para mim os votos do demónio.

Mas, confesso, Deus de meu coração, que se repudiei tal crime, não o fiz por amor da tua pureza. Pois ainda não sabia amar-te, eu, que sabia conceder apenas esplendores corpóreos.
Não é pois verdade que a alma que suspira por semelhantes fábulas não se aniquila longe de ti, e se apoia na falsidade, e se apascenta de vento?
Mas eis que, não querendo que se oferecessem sacrifícios aos demónios, eu mesmo me sacrificava a eles com aquela superstição. Com efeito, que significa apascentar ventos, senão apascentar os espíritos diabólicos, isto é, tornarmo-nos, por nossos erros, objecto do seu riso e escárnio?

CAPÍTULO III

A atração da astrologia

Por isso, não cessava de consultar os impostores chamados matemáticos, já que estes não usavam nas suas adivinhações de quase nenhum sacrifício, nem dirigiam preces a nenhum espírito o que, consequentemente, é condenado e repelido com razão pela piedade cristã e verdadeira.
Porque o bom é confessar-te, Senhor, e dizer-te: Tem misericórdia de mim, e cura minha alma, porque pecou contra ti, e não abusar da tua indulgência para pecar mais livremente, mas ter sempre presente a sentença do Senhor:
Eis-te curado: não peques mais, para que te não suceda algo pior – Estas palavras, cujo efeito salutar os astrólogos querem destruir, dizendo:
“O impulso de pecar vem dos céus, foi Vénus, Saturno ou Marte que fizeram isto” – e tudo para que o homem, que é carne, e sangue, e soberba podridão, se sinta sem culpa, e atribua esta ao criador e ordenador do céu e das estrelas. E quem é este, senão tu, nosso Deus, suavidade e fonte de justiça, que dás a cada um de acordo com as suas obras, e não desprezas ao coração contrito e humilhado?

Havia então um varão muito sábio, peritíssimo na arte médica, na qual era célebre, sendo procônsul, pôs com as suas próprias mãos sobre minha cabeça insana a coroa da vitória do concurso, foi como procônsul, e não como médico, porque daquela minha enfermidade só tu me podias sarar, pois resistes aos soberbos e dás tua graça aos humildes.

Contudo, deixaste acaso de cuidar de mim também por meio daquele ancião?
Ou talvez desistisse de curar a minha alma?

Tendo-me familiarizado muito com ele, passei a ser assistente assíduo e frequente das suas conversas, que eram agradáveis e graves, não pela elegância da linguagem, mas pela vivacidade das sentenças. Assim que ficou sabendo, por conversa, que eu me dedicava à leitura dos livros dos astrólogos, admoestou-me benigna e paternalmente a que os deixasse, e a que não gastasse inutilmente nessas quimeras os meus cuidados e trabalho, que melhor empregaria em coisas úteis. Acrescentou que também ele havia cultivado aquela arte, a ponto de querer adotá-la, na sua juventude, como profissão para ganhar a vida, pois, se havia entendido Hipócrates, podia também entender aqueles livros, por fim, deixara aqueles estudos pelos da medicina, por causa da sua falsidade, não querendo, como homem sério, ganhar o pão enganando os outros.

“Mas tu, disse-me ele – que tens para manter entre os homens as tuas aulas de retórica, segues essas mentiras não por necessidade, mas por mera curiosidade, mais um motivo para que acredites no que te digo, pois cuidei de aprendê-la tão perfeitamente que quis viver apenas de seu exercício”.
Indaguei-lhe então por que muitas das coisas prognosticadas pela tal ciência se revelavam verdadeiras, respondeu-me, como pôde, que a força do acaso está espalhada por toda a natureza.
“Se alguém – dizia ele – consultando às vezes as páginas de um poeta qualquer, encontra um verso que, apesar do poeta pensar em coisas muito diversas quando o compôs, adapta-se admiravelmente ao assunto que o preocupa, assim pois nada tem de estranho que a alma humana, movida por instinto superior, inconsciente do que se passa no seu íntimo, diga, não por arte, mas por sorte, algo que corresponda aos atos e gestos do consulente”.

E isto, Senhor, me ensinou ele, ou melhor, me ensinaste por seu intermédio, e delineaste na minha memória o que eu mesmo mais tarde devia procurar.
Mas então, nem ele, nem meu caríssimo Nebrídio, jovem muito bom e casto, que zombava de toda aquela arte divinatória, puderam convencer-me a abandoná-la, porque ainda me impressionava mais a autoridade daqueles autores.

Não tinha eu encontrado ainda o argumento evidente que procurava, que me demonstrasse sem ambiguidade que os presságios acertados dos astrólogos são obra da sorte ou casualidade, e não da arte de observar os astros.

CAPÍTULO IV

A morte do amigo

Por aqueles anos, quando comecei a ensinar na minha cidade natal, conheci um amigo, a quem amei em demasia por ser meu companheiro de estudos, de minha idade, e por estarmos ambos na flor da juventude. Juntos fomos criados quando crianças, juntos íamos à escola, juntos havíamos brincado.
Mas nessa época não era amigo tão íntimo como o foi depois, embora
também não o fosse tanto quanto o exige a verdadeira amizade, uma vez que esta só existe entre os que unes por meio da caridade, derramada nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

Contudo, aquela amizade, aquecida ao calor de estudos semelhantes era-me sumamente grata. Consegui até afastá-lo da verdadeira fé, pouco profunda e arraigada na sua adolescência, arrastando-o para as fábulas supersticiosas e prejudiciais, razão das lágrimas de minha mãe.
Esse homem já errava em espírito comigo, e a minha alma não podia viver sem ele.

Mas eis que, seguindo de perto no encalço dos teus servos fugitivos, ó Deus das vinganças, que és a um tempo fonte de misericórdia, e nos convertes a ti por estranhos caminhos, eis que tu o arrebataste desta vida, quando eu apenas havia gozado um ano de sua amizade, mais doce para mim que todas as doçuras da minha vida.

Quem poderá enumerar os teus louvores, mesmo limitando-se ao que experimentou em si mesmo?
Que fizeste então, meu Deus!
E quão impenetrável é o abismo de teus juízos!

Lutando o meu amigo contra a febre, ficou por muito tempo sem sentidos, banhado no suor da morte, e, como temessem pela sua vida, baptizaram-no sem que ele o soubesse, com o que não me importei, convencido que estava de que o seu espírito reteria melhor aquilo que eu lhe havia inculcado do que o sinal que recebera sobre o corpo inconsciente.

A realidade, contudo, foi muito outra.
Melhorando, e estando fora de perigo, logo que lhe pude falar – e o fiz logo que ele o pôde, e como dependíamos mutuamente um do outro eu não me afastava do seu lado – tentei rir-me na sua presença do baptismo, julgando que também ele zombaria comigo de um baptismo recebido sem conhecimento nem sentidos, mas ele já sabia que
o havia recebido.

Olhando-me então com horror, como a um inimigo, admoestou-me com admirável e repentina franqueza, dizendo-me que se queria continuar a ser seu amigo me deixasse de tais palavras.
Admirado e perturbado, reprimi toda minha emoção, esperando que convalescesse primeiro, para, recobradas as forças, estar disposto a discutir comigo o que quisesse.

Mas tu, Senhor, livraste-o de minha louca amizade, guardando-o em ti para o meu consolo, pois, poucos dias depois, na minha ausência, voltaram-lhe as febres e morreu.

Que dor fez anoitecer o meu coração!
Tudo o que via era morte para mim. a pátria era-me um suplício, e a casa paterna tormento insuportável, e tudo o que o lembrava transformava-se para mim em crudelíssimo martírio. Buscavam-no por toda parte os meus olhos, e o mundo não mo devolvia. Cheguei a odiar todas as coisas, porque nada o continha, e ninguém mais me podia dizer como antes, quando chegava depois de alguma ausência: “Ali vem ele”.

Transformara-me mesmo num grande problema. Perguntava à minha alma porque andava triste, e se perturbava tanto, e ela não sabia o que responder-me. E se eu dizia-lhe:

“Espera em Deus” – minha alma não me obedecia, e com razão, porque para mim, era mais real e melhor o amigo querido que perdera, que o fantasma em que mandava tivesse esperança. Só o pranto me era doce. Ocupava o lugar do meu amigo nas delícias do meu coração.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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