Não me refiro a nenhum fenómeno atmosférico actual ou
passado. Muito menos estou a falar de um eventual 4º segredo comunicado por
Nossa Senhora aos Pastorinhos. Refiro-me a umas declarações do Comandante da
GNR de Santarém, já no rescaldo da Operação Fénix 2012, montada para a
peregrinação do 12 e 13 de Maio em Fátima. Disse que foi um êxito, quer na
segurança rodoviária quer na prevenção criminal. E em relação a este último
tema acrescentou que nada de significativo há a registar, a não ser "a
entrega de dinheiro na GNR que foi encontrado por um grupo de peregrinos",
Ora aí está o grande milagre. Em época de crise, as
pessoas a entregar dinheiro! E não é em nenhuma caixa registadora de nenhuma
grande superfície em dias de descontos. É, espante-se, simplesmente entregar
dinheiro encontrado e que não nos pertence. Uma situação que, continuando a
citar o comandante militar "atesta a seriedade das pessoas que visitam
Fátima". Para usar a expressão do C
ardeal Gianfranco Ravasi, na sua homilia, é preciso
“sujar as mãos” não para no apropriarmos do que não é nosso ou para participar
em negócios pouco transparentes, mas para ajudar os que mais necessitam. Os
peregrinos de Fátima escutaram a lição e souberam tirar consequências.
Talvez seja bom lembrar as afirmações de Bento XVI hà 2
anos no avião que o trouxe a Fátima, ao falar da “crise económica, com a sua
componente moral, que ninguém pode deixar de ver” e que parte de “um falso
dualismo, ou seja de um positivismo económico que julga poder funcionar sem a
componente ética... Por isso agora é o momento de ver que a ética não é uma
coisa externa, mas interna à racionalidade e ao pragmatismo económico”.
Que não seja preciso haver um milagre dos autênticos
para que todos (governantes, políticos, investidores e cidadãos comuns) levemos
a sério estas palavras como o fizeram aqueles peregrinos anónimos que hoje são
notícia.
Pe.
Jorge Margarido Correia
Engº
Mecânico. Doutor em Teologia
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