15/05/2012

Leitura espiritual para 15 Mai 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.




Para ver, clicar SFF.

Evangelho: Jo 11, 21-37




21 Marta disse então a Jesus: «Senhor, se estivesses cá, meu irmão não teria morrido. 22 Mas também sei agora que tudo o que pedires a Deus, Deus To concederá». 23 Jesus disse-lhe: «Teu irmão há de ressuscitar». 24 Marta disse-Lhe: «Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição do último dia». 25 Jesus disse-lhe: «Eu sou a ressurreição e a vida; aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá; 26 e todo aquele que vive e crê em Mim, não morrerá eternamente. Crês isto?». 27 Ela respondeu: «Sim, Senhor, eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que vieste a este mundo». 28 Dito isto, retirou-se, e foi chamar em segredo sua irmã Maria, dizendo: «O Mestre está cá e chama-te». 29 Ela, logo que ouviu isto, levantou-se rapidamente, e foi ter com Ele.30 Jesus ainda não tinha entrado na aldeia, mas estava ainda naquele lugar onde Marta saíra ao Seu encontro. 31 Então os judeus, que estavam com ela em casa e a consolavam, vendo que Maria se tinha levantado tão depressa e tinha saído, seguiram-na, julgando que ia chorar ao sepulcro. 32 Maria, porém, tendo chegado onde Jesus estava, logo que O viu, lançou-se aos Seus pés e disse-Lhe: «Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido». 33 Jesus, vendo-a chorar, a ela e aos judeus que tinham ido com ela, comoveu-Se profundamente e emocionou-Se; 34 depois perguntou: «Onde o pusestes?». Eles responderam: «Senhor, vem ver». 35 Jesus chorou. 36 Os judeus, por isso, disseram: «Vede como Ele o amava». 37 Porém, alguns deles disseram: «Este, que abriu os olhos ao que era cego de nascença, não podia fazer que este não morresse?».







Ioannes Paulus PP. II
Dominum et vivificantem
sobre o Espírito Santo
na Vida da Igreja e do Mundo

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20. A teofania do Jordão ilumina somente de modo fugaz o mistério de Jesus de Nazaré, cuja actividade será toda ela desenvolvida com a presença do Espírito Santo 70. Este mistério viria a ser gradualmente desvendado e confirmado por Jesus, mediante tudo o que «fez e ensinou» 71. Atendo-nos à linha deste ensino e dos sinais messiânicos realizados pelo mesmo Jesus, antes do discurso de despedida no Cenáculo, encontramos acontecimentos e palavras que constituem momentos particularmente importantes dessa revelação progressiva. Assim o evangelista São Lucas, que já tinha apresentado Jesus «cheio de Espírito Santo» e «conduzido pelo Espírito ao deserto» 72. faz-nos cientes de que, após o regresso dos setenta e dois discípulos da missão que lhes fora confiada pelo Mestre 73, enquanto eles cheios de alegria lhe relatavam os frutos do seu trabalho, nesse mesmo «momento Jesus exultou de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse: «Eu te dou graças, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque isto foi do Teu agrado» 74. Jesus exulta pela paternidade divina: exulta porque lhe foi dado revelar esta paternidade; exulta, por fim, por uma como que irradiação especial da mesma paternidade divina sobre os «pequeninos». E o Evangelista qualifica tudo isto como uma «exultação no Espírito Santo».

Esta «exultação» impele Jesus, em certo sentido, a dizer ainda algo mais. Ouçamos: «Todas as coisas me foram entregues por meu Pai e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar» 75.

21. Aquilo que durante a teofania do Jordão veio, por assim dizer, «do exterior», do Alto, aqui provém «do interior», isto é, do mais íntimo do ser que é Jesus. É uma outra revelação do Pai e do Filho, unidos no Espírito Santo. Jesus fala só da paternidade de Deus e da própria filiação; não fala directamente do Espírito que é Amor e, por isso, união do Pai e do Filho. Não obstante, aquilo que ele diz do Pai e de Seu Filho brota daquela plenitude do Espírito que está nele mesmo e se derrama no seu coração, impregna o seu próprio «Eu», inspira e vivifica, a partir da profundeza do que Ele é, a sua acção. Daqui esse seu «exultar no Espírito Santo». A união de Cristo com o Espírito Santo, da qual Ele tem uma consciência perfeita, exprime-se nessa «exultação», que torna «perceptível», de certa maneira, a sua fonte recôndita. Dá-se assim uma especial manifestação e exaltação próprias do Filho do Homem, de Cristo-Messias, cuja humanidade pertence à Pessoa do Filho de Deus, substancialmente uno com o Espírito Santo na divindade.

Na magnífica confissão da paternidade de Deus, Jesus de Nazaré manifesta-se também a si mesmo, o seu «Eu» divino: Ele é efectivamente, o Filho «da mesma substância» (consubstancial); e, por isso, «ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, aquele Filho que «por nós, homens, e para nossa salvação» se fez homem, «por obra do Espírito Santo» e nasceu de uma virgem, cujo nome era Maria.

6. Cristo: Ressuscitado disse: «Recebei o Espírito Santo»

22. É São Lucas que, graças à sua narração, nos leva a aproximar-nos, o máximo que é possível, da verdade contida no discurso do Cenáculo. Jesus de Nazaré, «elevado» no Espírito Santo, ao longo desse discurso e colóquio, manifesta-se como Aquele que é «portador» do Espírito, como Aquele que o deve trazer e «dar» aos Apóstolos e à Igreja à custa da sua «partida» mediante a Cruz.

Com o verbo «trazer», aqui, quer dizer-se, primeiro que tudo, «revelar». No Antigo Testamento, desde o Livro do Génesis, o Espírito de Deus foi dado a conhecer, de alguma maneira, antes de mais como «sopro» de Deus que dá a vida, como «um sopro vital» sobrenatural. No Livro de Isaías é apresentado como um «dom» para a pessoa do Messias, como Aquele que repousa sobre ele, para ser, de dentro, o guia de toda a sua actividade salvífica. Junto do Jordão, o anúncio de Isaías revestiu-se de uma forma concreta: Jesus de Nazaré é aquele que vem com o Espírito Santo e o «traz» como dom peculiar da sua própria Pessoa, para fundi-lo através da sua humanidade: «Ele vos baptizará no Espírito Santo». 76 No Evangelho de São Lucas é confirmada e enriquecida esta revelação do Espírito Santo, como fonte íntima da vida e da acção messiânica de Jesus Cristo.

À luz daquilo que o mesmo Jesus diz no discurso do Cenáculo, o Espírito Santo é revelado de um modo novo e mais amplo. Ele é não só o dom à Pessoa (à Pessoa do Messias), mas é também uma Pessoa-Dom! Jesus anuncia a sua vinda como a de «um outro Consolador», o qual, sendo o Espírito da verdade, guiará os Apóstolos e a Igreja «a toda a verdade». 77 Isto realizar-se-á em virtude da particular comunhão entre o Espírito Santo e Cristo: «há-de receber do que é meu para vo-lo anunciar». 78 Esta comunhão tem a sua fonte primária no Pai: «Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso eu vos disse que Ele há-de receber do que é meu para vo-lo anunciar». 79 Provindo do Pai, o Espírito Santo é enviado de junto do Pai. 80 O Espírito Santo foi enviado, primeiro, como dom para o Filho que se fez homem, para se cumprirem as profecias messiânicas. Depois da «partida» de Cristo, do Filho, segundo o texto joanino, o Espírito Santo «virá» directamente — é a sua nova missão — para consumar a obra do Filho. Deste modo, será Ele quem levará à realização plena a nova era da história da salvação.

23. Encontramo-nos no limiar dos acontecimentos pascais. Vai completar-se a nova e definitiva revelação do Espírito Santo como Pessoa que é o Dom, precisamente neste momento. Os eventos pascais — a paixão, a morte e a ressurreição de Cristo — são também o tempo da nova vinda do Espírito Santo, como Paráclito e Espírito da verdade. Eles constituem o tempo do «novo princípio» da comunicação de Si mesmo da parte de Deus uno e trino à humanidade, no Espírito Santo por obra de Cristo Redentor. Este novo princípio é a Redenção do mundo: «Com efeito, Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho unigénito». 81 Ao «dar» o Filho, no dom do Filho, já se exprime a essência mais profunda de Deus, o qual, sendo Amor, é a fonte inexaurível da dádiva. No dom concedido pelo Filho completam-se a revelação e a dádiva do Amor eterno: o Espírito Santo, que nas profundezas imperscrutáveis da divindade é uma Pessoa-Dom, por obra do Filho, isto é, mediante o mistério pascal de Cristo, é dado de uma maneira nova aos Apóstolos e à Igreja e, por intermédio deles, à humanidade e ao mundo inteiro.

24. A expressão definitiva deste mistério dá-se no dia da Ressurreição. Neste dia, Jesus de Nazaré, «nascido da descendência de David segundo a carne» — como escreve o apóstolo São Paulo — é «constituído Filho de Deus com todo o poder, segundo o Espírito de santificação, mediante a ressurreição dos mortos». 82 Pode dizer-se, assim, que a «elevação» messiânica de Cristo no Espírito Santo atingiu o seu auge na Ressurreição, quando ele se revelou como Filho de Deus, «cheio de poder». E este poder, cujas fontes jorram da imperscrutável comunhão trinitária, manifesta-se, antes de mais nada, pelo duplo feito de Cristo Ressuscitado: realizar, por um lado, a promessa de Deus já expressa pela boca do Profeta: «Dar-vos-ei um coração novo... porei dentro de vós um espírito novo, o meu espírito»; 83 e cumprir, por outro lado, a sua própria promessa, feita aos Apóstolos com estas palavras: «Quando eu for, vo-lo enviarei». 84 É Ele: o Espírito da verdade, o Paráclito enviado por Cristo Ressuscitado para nos transformar e fazer de nós a sua própria imagem de Ressuscitado. 85

Sucedeu que «na tarde desse dia, que era o primeiro da semana, depois do sábado, estando fechadas as portas do lugar onde se encontravam os discípulos, por medo dos judeus, veio Jesus, colocou-se no meio deles e disse-lhes: "A paz seja convosco". Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. E os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: "A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós". Dito isso, soprou sobre eles e disse-lhes: " Recebei o Espírito Santo"». 86

Todos os pormenores deste texto chave do Evangelho de São João têm o seu significado, especialmente se os relermos em conexão com as palavras pronunciadas por Cristo no mesmo Cenáculo, no início dos acontecimentos pascais. Estes eventos — o triduum sacrum de Jesus, que o «Pai consagrou com a unção e enviou ao mundo» — tiveram a sua consumação. Cristo, que «tinha entregado o espírito» sobre a Cruz, 87 como Filho do homem e Cordeiro de Deus, uma vez ressuscitado, vai ter com os Apóstolos para «soprar sobre eles» com aquele poder de que fala a Carta aos Romanos. 88 A vinda do Senhor enche de alegria os presentes: «A sua tristeza converte-se em alegria», 89 como Ele já lhes tinha prometido antes da sua paixão. E sobretudo verifica-se o anúncio principal do discurso de despedida: Cristo ressuscitado, como que dando início a uma nova criação, «traz» aos Apóstolos o Espírito Santo. Trá-lo à custa da sua «partida»; dá-lhes o Espírito como que através das feridas da sua crucifixão: «mostrou-lhes as mãos e o lado». É em virtude da mesma crucifixão que Ele lhes diz: «Recebei o Espírito Santo».

Estabelece-se assim uma íntima ligação entre o envio do Filho e o do Espírito Santo. Não existe envio do Espírito Santo (depois do pecado original) sem a Cruz e a Ressurreição: «Se eu não for, não virá a vós o Consolador». 90 Estabelece-se também uma íntima ligação entre a missão do Espírito Santo e a missão do Filho na Redenção. Esta missão do Filho, num certo sentido, tem o seu «cumprimento» na Redenção. A missão do Espírito Santo «vai aurir» algo da Redenção: «Ele receberá do que é meu para vo-lo anunciar». 91 A Redenção é totalmente operada pelo Filho, como o Ungido, que veio e agiu com o poder do Espírito Santo, oferecendo-se por fim em sacrifício supremo no madeiro da Cruz. E esta Redenção, ao mesmo tempo, é constantemente operada nos corações e nas consciências humanas — na história do mundo — pelo Espírito Santo, que é o «outro Consolador».

7. O Espírito Santo e o tempo da Igreja

25. «Consumada a obra que o Pai tinha confiado ao Filho sobre a terra» (cf. Jo 17, 4), no dia do Pentecostes foi enviado o Espírito Santo para santificar continuamente a Igreja, e, assim, os que viessem a acreditar tivessem, mediante Cristo, acesso ao Pai num só Espírito» (cf. Ef 2, 18). Este é o Espírito da vida, a fonte de água que jorra para a vida eterna (cf. Jo 4, 14; 7, 38-39); é Aquele por meio do qual o Pai dá novamente a vida aos homens, mortos pelo pecado, até que um dia ressuscite em Cristo os seus corpos mortais (cf.Rom 8, 10-11)». 92

É deste modo que o Concílio Vaticano II fala do nascimento da Igreja no dia de Pentecostes. Este acontecimento constitui a manifestação definitiva daquilo que já se tinha realizado no mesmo Cenáculo no Domingo da Páscoa. Cristo Ressuscitado veio e foi «portador» do Espírito Santo para os Apóstolos. Deu-lho dizendo: «Recebei o Espírito Santo». Isso que aconteceu então no interior do Cenáculo, «estando as portas fechadas», mais tarde, no dia do Pentecostes, viria a manifestar-se publicamente diante dos homens. Abrem-se as portas do Cenáculo e os Apóstolos dirigem-se aos habitantes e peregrinos, que tinham vindo a Jerusalém por ocasião da festa, para dar testemunho de Cristo com o poder do Espírito Santo. E assim se realiza o anúncio de Jesus: «Ele dará testemunho de mim: e também vós dareis testemunho de mim, porque estivestes comigo desde o princípio». 93

Num outro documento do Concílio Vaticano II lemos: «Sem dúvida que o Espírito Santo estava já a operar no mundo, antes ainda que Cristo fosse glorificado. Contudo, foi no dia de Pentecostes que ele desceu sobre os discípulos, para permanecer com eles eternamente (cf. Jo 14, 16); e a Igreja apareceu publicamente diante da multidão e teve o seu início a difusão do Evangelho entre os pagãos, através da pregação». 94

O tempo da Igreja teve início com a «vinda», isto é, com a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, reunidos no Cenáculo de Jerusalém juntamente com Maria, a Mãe do Senhor. 95 O tempo da Igreja teve início no momento em que as promessas e os anúncios, que tão explicitamente se referiam ao Consolador, ao Espírito da verdade, começaram a verificar-se sobre os Apóstolos, com potência e com toda a evidência, determinando assim o nascimento da Igreja. Disto falam em muitas passagens e amplamente os Actos dos Apóstolos, dos quais nos resulta que, segundo a consciência da primitiva comunidade — da qual São Lucas refere as certezas — o Espírito Santo assumiu a orientação invisível — mas de algum modo «perceptível» — daqueles que, depois da partida do Senhor Jesus, sentiam profundamente o terem ficado órfãos. Com a vinda do Espírito eles sentiram-se capazes de cumprir a missão que lhes fora confiada. Sentiram-se cheios de fortaleza. Foi isto precisamente que o Espírito Santo operou neles; e é isto que Ele continua a operar na Igreja, mediante os seus sucessores. Com efeito, a graça do Espírito Santo, que os Apóstolos, pela imposição das mãos, transmitiram aos seus colaboradores, continua a ser transmitida na Ordenação episcopal. Os Bispos, por sua vez, depois tornam participantes desse dom espiritual os ministros sagrados, pelo sacramento da Ordem; e providenciam ainda para que, mediante o sacramento da Confirmação, sejam fortalecidos com ele todos os que tiverem renascido pela água e pelo Espírito Santo. E assim se perpetua na Igreja de certo modo, a graça do Pentecostes.

Como escreve o Concílio, «o Espírito Santo habita na Igreja e nos corações dos fiéis como num templo (cf. 1 Cor 3, 16; 6, 19); e neles ora e dá testemunho da sua adopção filial (cf. Gal 4, 6; Rom 8, 15-16. 26). Ele introduz a Igreja no conhecimento de toda a verdade (cf. Jo 16, 13), unifica-a na comunhão e no ministério, edifica-a e dirige-a com os diversos dons hierárquicos e carismáticos e enriquece-a com os seus frutos (cf. Et 4, 11-12; 1 Cor 12, 4; Gál 5, 22). Faz ainda com que a Igreja se mantenha sempre jovem, com a força do Evangelho, renova-a continuamente e leva-a à perfeita união com o seu Esposo». 96

26. As passagens que acabamos de recordar, da Constituição Conciliar Lumen Gentium, dizem-nos que, com a vinda do Espírito Santo, começou o tempo da Igreja. Dizem-nos ainda que este tempo, o tempo da Igreja, continua. Perdura através dos séculos e das gerações. No nosso século, neste período em que a humanidade se tem vindo a aproximar do termo do segundo Milénio depois de Cristo, este «tempo da Igreja» teve uma sua particular expressão no Concílio Vaticano II, como Concílio do nosso século. Sabe-se, com efeito, que ele foi, de maneira especial, um Concílio «eclesiológico»: um Concílio sobre o tema da Igreja. Ao mesmo tempo, porém, o ensino deste Concílio é essencialmente «pneumatológico»: impregnando da verdade sobre o Espírito Santo, como alma da Igreja. Podemos dizer que no seu rico magistério o Concílio Vaticano II contém praticamente tudo o «que o Espírito diz às Igrejas» 97 em função da presente fase da história da salvação.

Seguindo como guia ao Espírito da verdade e dando testemunho juntamente com Ele, o Concílio ofereceu uma especial confirmação da presença do Espírito Santo Consolador. Tornou-o, em certo sentido, novamente «presente» na nossa época difícil. A luz desta convicção, compreende-se melhor a grande importância de todas as iniciativas que têm em vista a actuação do Concílio Vaticano II, do seu magistério e da sua linha pastoral e ecuménica. É neste sentido que devem ser bem consideradas e avaliadas as Assembleias do Sínodo dos Bispos que se foram sucedendo e que tiveram em vista fazer com que os frutos da Verdade e do Amor — os frutos autênticos do Espírito Santo — se tornem um bem duradouro do Povo de Deus na sua peregrinação terrena ao longo dos séculos. É indispensável este trabalho da Igreja, visando a avaliação e a consolidação dos frutos salvíficos do Espírito, doados generosamente no Concílio. Para alcançar este objectivo é necessário saber «discerni-los» com atenção de tudo aquilo que, contrariamente, possa provir sobretudo do «príncipe deste mundo». 98 Este discernimento é tanto mais necessário, na realização da obra do Concílio, quanto é um facto que este se abriu de modo muito amplo ao mundo contemporâneo, como o demonstram claramente as importantes Constituições conciliares Gaudium et spes e Lumen gentium.

Lemos, com efeito, na Constituição pastoral: «Eles (os discípulos de Cristo) são uma comunidade de homens, congregados em Cristo e que são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação para o Reino do Pai; e são portadores de uma mensagem de salvação, que devem comunicar a todos. É por isso que a mesma comunidade dos cristãos se sente real e intimamente solidária com o género humano e com a sua história». 99 «A Igreja sabe muito bem que só Deus, a quem ela serve, satisfaz os desejos mais profundos do coração humano, o qual nunca se sacia plenamente só com os bens terrestres». 100 «O Espírito de Deus... dirige com admirável providência, o curso dos tempos e renova a face da terra». 101

(Nota: Revisão da tradução para português por ama)
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Notas:
70 Cf. S. BASÍLIO, De Spiritu Sancto, XVI, 39: PG 32, 139.
71 Act 1, 1.
72 Cf. Lc 4, 1.
73 Cf. Lc 10, 17-20.
74 Lc 10, 21; cf. Mt 11, 25 s.
75 Lc 10, 22; cf. Mt 11, 27.
76 Mt 3, 11; Lc 3, 16.
77 Jo 16, 13.
78 Jo 16, 14.
79 Jo 16, 15.
80 Cf. Jo 14, 26; 15, 26.
81 Jo 3, 16.
82 Rom 1, 3 s.
83 Ez 36, 26 s.; Cf. Jo 7, 37-39; 19, 34.
84 Jo 16, 7.
85 Cf. S. CIRILO DE ALEXANDRIA, In Joannis Evangelium, lib. V, cap. II: PG 73, 755.
86 Jo 20, 19-22.
87 Cf. Jo 19, 30.
88 Cf. Rom 1, 4.
89 Cf Jo 16, 20.
90 Jo 16, 7.
91 Jo 16, 15.
92 CONC. ECUM. VAT. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 4.
93 Jo 15, 26 s.
94 Decreto sobre a actividade missionária da Igreja Ad Gentes, 4.
95 Cf. Act 1, 14.
96 Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 4. Há toda uma tradição patrística e teológica quanto à união íntima entre o Espírito Santo e a Igreja; esta união é apresentada algumas vezes sob a analogia da relação existente entre a alma e o corpo do homem: cf. S. IRENEU, Adversus haereses, III, 24, 1. SC 221, pp. 470-474; S. AGOSTINHO, Sermo 267, 4, 4: PL 38, 1231; Sermo 268, 2: PL 38, 1232; In Johannis evangelium tractatus, XXV, 13; XXVII, 6: CCL 36, 266, 272 s.; S. GREGÓRIO MAGNO, In septem psalmos poenitentiales expositio, psal. V, 1: PL 79, 602; DIDIMO DE ALEXANDRIA, De Trinitate, II, 1: PG 39, 449 s.; S. ATANÁSIO, Oratio III contra Arianos, 22, 23, 24: PG 39, 368 s., 372 s.; S. JOÃO CRISÓSTOMO, In Epistolam ad Ephesios, Homil. IX, 3: PG 62, 72 s. SANTO TOMÁS DE AQUINO sintetizou a tradição patrística e teológica precedente, apresentando o Espírito Santo como o «coração» e a «alma» da Igreja: cf. Summa Theol. III, q. 8, a. 1, ad 3; In symbolum Apostolorum Expositio, a. IX; In Tertium Librum Sententiarum, Dist. XIII, q. 2, a. 2, quaestiuncula 3.
97 Cf. Apoc 2, 29; 3, 6. 13. 22.
98 Cf. Jo 12, 31; 14, 30; 16, 11.
99 Gaudium et spes, 1.
100 Ibid., 41.
101 Ibid., 26.

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