Caminho e Luz |
Princípio de substância (I)
A estrutura do juízo
Ponhamos outro exemplo. Eu posso afirmar «Deus existe. Deus é uma realidade». Neste caso sei perfeitamente o que é a essência de Deus (ser criador, infinito, etc.). O que me falta é saber se o que conhecemos com o nome de Deus é ou não uma realidade. Quando afirmo que Deus existe, o que então faço é dizer que o que conhecemos por Deus (essência de Deus) é uma realidade. Proclamo de novo uma realidade de uma essência.
Em nenhum dos juízos referidos cometemos qualquer tautologia, uma vez que o que fazemos é proclamar não uma realidade de uma realidade, mas uma essência de uma realidade ou uma realidade de uma essência. Mas vejamos outro exemplo mais difícil. Como entendemos o juízo existencial «Pedro existe»? O que é que fazemos neste juízo?
Indubitavelmente, no juízo «Pedro existe» afirmamos a existência de Pedro, ou, o que é o mesmo, dizemos que Pedro é uma realidade. Mas, o que é Pedro como sujeito do juízo? Quando respondemos a isto, dizemos que Pedro é um homem, que tem portanto a essência de homem, incluso que tem a essência de homem determinada por algumas notas ulteriores como as de alto, interessante, etc. É dizer, conheço algumas das notas determinantes deste homem, mas todavia não sei se existe. Imaginemos que vi a pintura de um homem, debaixo da qual estava escrito: «retrato de Pedro». Todavia posso perguntar-me: mas, este Pedro da pintura é uma realidade ou uma ficção do pintor? O mesmo ocorre se ouvi falar de Pedro ou escutei descrições dele. Posso então perguntar-me: o tal Pedro existe ou não na realidade? é um personagem lendário? Portanto, também no juízo «Pedro existe». «Pedro é uma realidade». Atribuo uma realidade a uma essência, neste caso particularizada por certas notas ulteriores. Estamos, por consequência, num caso particular do juízo «o homem existe».
[i] Sacerdote, doutor em teologia pela Universidade Gregoriana e professor de Teologia fundamental na Faculdade de Teologia do Norte de Espanha.
Escreveu mais de quarenta obras de teologia e filosofia e é um dos Teólogos vivos mais importantes da Igreja Católica. Destacou-se pelas suas prolíferas conferências, a publicação de livros quase anualmente e pelos seus artigos incisivos em defesa da fé verdadeira.
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