O
hábito do estudo, que ordena o desejo de chegar a metas nobres, costuma
relacionar-se com a temperança. Santo Tomás caracteriza a virtude da studiositas como um «certo entusiasmante
interesse por adquirir o conhecimento das coisas» [i],
que implica a superação da comodidade e da preguiça. Quanto mais intensamente a
mente se aplicar em algo pelo facto de o ter conhecido, tanto mais se
desenvolve regularmente o seu desejo de aprender e de saber.
O
desejo de saber é enriquecedor quando se põe ao serviço dos outros e contribui
para fomentar um reto amor ao mundo, que nos impulsiona a seguir a evolução das
realidades culturais e sociais em que nos movemos e que queremos levar para
Deus. Mas isto é diferente de viver para o exterior, dominado por uma
curiosidade que se manifestaria, por exemplo, na ânsia de estar informados de
tudo ou de não querer perder nada. Essa atitude desordenada acabaria por
conduzir à superficialidade, à dispersão intelectual, à dificuldade para
cultivar o convívio com Deus, à perda do interesse apostólico.
As
novas tecnologias, ao ampliarem as fontes de informação disponíveis, são uma
ajuda valiosa no estudo de assuntos tão variados como um projeto académico de
investigação, a escolha de um local para as férias familiares, etc. No entanto,
existem também várias formas de desordem do apetite ou desejo de conhecimento:
uma pessoa pode abandonar um determinado estudo que constitui para ela uma
obrigação e começar «outra investigação menos proveitosa» [ii].
Por exemplo, quando a atenção se centra na resposta a uma mensagem ou à última
actualização, em vez de se concentrar no estudo ou no trabalho.
A
curiosidade desmedida, que São Tomás caracterizava como uma «inquietação
errante do espírito» [iii],
pode conduzir à acídia: uma tristeza do coração, um peso da alma que não
consegue responder à sua vocação que exige pôr atenção e esforço no convívio
com o próximo e com Deus. A acídia é compatível com uma certa agitação da mente
e do corpo, mas que só reflecte a instabilidade interior. Por outro lado, o
hábito do estudo mantém o vigor à hora de trabalhar e de se relacionar com os
outros, dá eficácia ao tempo que gasto e, ainda, ajuda a poder apreciar as actividades
que exigem um esforço mental.
j.c. vásconez
‒ r. valdés
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