A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A.
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
13 Enviaram-Lhe alguns dos fariseus e dos
herodianos, para que O apanhassem em alguma palavra. 14 Chegando
eles, disseram-Lhe: «Mestre, sabemos que és verdadeiro, que não atendes a
respeitos humanos; porque não consideras o exterior dos homens, mas ensinas o
caminho de Deus segundo a verdade: É lícito pagar o tributo a César, ou não?
Devemos pagar ou não?». 15 Jesus, reconhecendo a sua hipocrisia,
disse-lhes: «Porque Me tentais? Trazei-Me um denário para Eu ver». 16
Eles o trouxeram. Então disse-lhes: «De quem é esta imagem e esta inscrição?».
Responderam-Lhe: «De César». 17 Então Jesus disse-lhes: «Dai, pois,
a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus». E admiravam-n'O. 18
Foram ter com Ele os saduceus, que negam a ressurreição, e interrogaram-n'O,
dizendo: 19 «Mestre, Moisés deixou-nos escrito que, se morrer o
irmão de alguém e deixar a mulher sem filhos, seu irmão tome a mulher dele e dê
descendência a seu irmão. 20 Ora havia sete irmãos. O primeiro casou
e morreu sem deixar filhos. 21 O segundo casou com a viúva e morreu
também sem deixar filhos. Do mesmo modo o terceiro. 22 Nenhum dos
sete deixou filhos. Depois deles todos, morreu também a mulher. 23
Na ressurreição, pois, quando tornarem a viver, de qual deles será ela mulher?
Porque os sete a tiveram por mulher». 24 Jesus respondeu-lhes: «Não
andareis vós em erro, porque não compreendeis as Escrituras, nem o poder de
Deus? 25 Quando ressuscitarem de entre os mortos, nem os homens
tomarão mulheres, nem as mulheres maridos, mas todos serão como anjos do céu. 26
Relativamente à ressurreição dos mortos, não lestes no livro de Moisés, como
Deus lhe falou sobre a sarça, dizendo: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de
Isaac e o Deus de Jacob”? 27 Ele não é Deus dos mortos, mas dos
vivos. Logo vós estais num grande erro». 28 Então aproximou-se um
dos escribas, que os tinha ouvido discutir. Vendo que Jesus lhes tinha
respondido bem, perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». 29
Jesus respondeu-lhe: «O primeiro de todos os mandamentos é este: “Ouve, Israel!
O Senhor nosso Deus é o único Senhor. 30 Amarás o Senhor teu Deus
com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com
todas as tuas forças”. 31 O segundo é este: “Amarás o teu próximo
como a ti mesmo”. Não há outro mandamento maior do que estes». 32
Então o escriba disse-Lhe: «Mestre, disseste bem e com verdade que Deus é um
só, e que não há outro fora d'Ele; 33 e que amá-l'O com todo o
coração, com todo o entendimento, com toda a alma, e com todas as forças, e
amar o próximo como a si mesmo, vale mais que todos os holocaustos e
sacrifícios». 34 Vendo Jesus que tinha respondido sabiamente,
disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». Desde então ninguém mais ousava
interrogá-l'O.
JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR
Iniciação à Cristologia
4. A afectividade humana de Cristo
A afectividade humana, ponto de união entre
o sensível e o intelectual no homem, compreende os sentimentos, afectos,
emoções e paixões. Ainda que cada um desses termos tenha conotações diferentes,
aqui falaremos dos sentimentos e das paixões de uma forma genérica para ganhar
em clareza e simplicidade.
a) Os sentimentos e as paixões de Jesus Cristo
Os sentimentos ou paixões são os actos ou
movimentos reactivos naturais da nossa sensibilidade produzidos pelos objectos
percebidos pelos sentidos.
E Cristo teve aqueles sentimentos e paixões
próprios da natureza humana compatíveis com a sua plenitude de graça e que
serviam para a nossa redenção. Assim os Evangelhos testemunham que Cristo teve alegria pelas obras de seu Pai (cf. Lc 10 ,21) e de saber-se amado
pelo pai (cf. Jo 15,10-11); ou que teve desejos
ardentes da nossa redenção (cf. Lc
12 ,50) e de ficar-se na Eucaristia (cf. Lc 22 ,15), etc.
A Escritura mostra-nos igualmente que em
Cristo houve tristeza ao contemplar os sofrimentos da sua Paixão e o pecado dos
seus (cf. Mt 26,38); ou que teve dor de
alma até chorar pela morte de Lázaro ou pela ruína do seu povo (cf. Jo
11,33-35; Lc 19 ,41);
ou que teve a ira ante a hipocrisia
de alguns (cf. Mc 3,5), etc.
Mas n’Ele esses sentimentos e paixões, que
em si mesmos são parte da natureza humana e são bons, deram-se de modo
diferente que em nós, pois em nós normalmente antecedem o juízo da razão,
frequentemente tendem para o ilícito, e por vezes arrastam a razão. Em Cristo,
ao invés, a razão regia e controlava perfeitamente toda a sua afectividade
ainda que deixasse que cada uma das tendências sensíveis regesse com o seu
próprio movimento para o bem e do modo mais conveniente: esses sentimentos
jamais antecederam o juízo da razão, nem se dirigiram ao que não fosse
conveniente mas antes estavam ordenados ao bem, nem lhe impediram a serenidade
dos seus juízos, nem o arrastaram na sua actuação[1].
b) O amor de Cristo. O sagrado Coração de Jesus
Em Jesus não faltou o sentimento principal,
do qual derivam todos os outros, que é o amor e que é sobre naturalizado pela
caridade. Mais, este foi o motor da sua vida, e a chave da harmonia e unidade
de todo o seu ser: o seu amor e entrega ao pai e a nós.
O amor a seu Pai nasce de saber-se o Filho
muito amado (cf. Mt 3,17). O seu amor filial ressoa em todas as suas palavras e
resplandece em todos os seus actos. Vivia do amor e da entrega à vontade de seu
Pai: «Faço sempre o que lhe agrada» (Jo 8,29).
O amor por nós foi o prolongamento desse
amor a seu Pai. Assim nos dizem os Evangelhos, que quis aos seus (cf. Lc12,4;
Jo 11,11); e que «Jesus amava Marta, a sua irmã e a Lázaro» (Jo 11,5); ou que
mostrou afecto e compaixão para com muitos. Esse amor manifestava-se
exteriormente com facilidade, de modo que era patente e notório para todos (cf.
Jo 11,3-35).
E esse amor de Jesus não se estendia só aos
mais próximos, mas também abarcava a todos e cada um.
O Novo
Testamento certifica-o: «amou-nos e entregou-se por nós» (Ef 5,2; cf. Rom
8,37); com um amor até ao extremo: «ninguém tem maior amor que o que dá a vida
pelos seus amigos» (Jo 15,13). «Jesus, durante a sua vida, a sua agonia e a sua
Paixão conheceu-nos e amou-nos a todos e a cada um de nós e entregou-se por
cada um de nós: ‘O Filho de Deus amou-me e entregou-se a si mesmo por mim’ (Gal
2,20).[2]
O
Sagrado Coração de Jesus.
Jesus
Cristo amou-nos e ama-nos com o seu infinito amor divino, que tem em comum com
o Pai e o Espírito Santo, e também com o seu amor humano que o levou a
entregar-se por nós: ama-nos com o seu coração humano cheio da imensa caridade
infundida na sua alma e o seu afecto carinhoso[3].
«Amou-nos a todos com um coração humano.
Por esta
razão, o Sagrado Coração de Jesus, trespassado pelos nossos pecados e para
nossa salvação (cf. Jo 19,34), ‘é considerado como o principal indicador e
símbolo (…) o amor com que o divino Redentor ama continuamente o eterno Pai e
todos os homens’ (Pio XII, Auretis aquas,
DES, 3924)»[4].
5. Fisionomia de Jesus
No que respeita ao rosto e ao aspecto
físico de Jesus, os Evangelhos não nos transmitiram nenhuma descrição directa
sobre a sua estatura, os seus traços físicos, sobre a cor dos seus olhos ou do
cabelo, etc.
Ainda que
neste ponto indubitavelmente os Apóstolos devem ter satisfeito a legítima
curiosidade dos primeiros cristãos, logo se perdeu a memória daquelas notícias.
Por isso
ao longo da história têm-se dado múltiplas opiniões sobre a fisionomia de Jesus
e a arte representou-o inúmeras vezes, mas trata-se de imagens muito diferentes
que procedem só da imaginação dos, cristãos.
Todavia, de modo indirecto a Sagrada
Escritura sugere-nos alguns dados que nos servem para fazermos uma ideia, ainda
que vaga e geral, do aspecto físico do Senhor.
Assim,
podemos dizer devia ter uma presença agradável, amável e atraente, para que
muitos acudissem a Ele com facilidade, ou para que o chamassem «bom mestre» (Mc
10,17), ou lhe levassem crianças para que lhes impusesse as mãos, etc.
Devia ter um porte e uns modos dignos que
inspiravam o respeito e o afecto de pessoas de todas as condições, tanto da
gente simples das aldeias, como pessoas de categoria social ou intelectual
elevada, tais como José de Arimateia, Nicodemos, etc.
Tinha no seu interior transparecia no seu
rosto uma profunda paz e alegria, das quais desejava que participassem os seus
(cf. Jo 14,27; 15,11).
Com
efeito vemo-lo sempre sereno, dono das suas palavras e dos seus actos.
E
habitualmente ao seu rosto devia assomar um sorriso sincero, inclusive vemo-lo
manifestamente feliz, em ocasiões, com o bem espiritual das almas (cf. Lc 10 ,21), e compara a sua vida
com umas bodas nas quais ninguém pode estar triste (cf. Mt 9,15).
O olhar de Jesus normalmente era alegre,
carinhoso e profundo, de modo que chegava ao fundo das almas.
Esse
olhar manifesta-se afectuoso com o jovem rico (cf. Mc 10,21), compassivo coma
viúva de Naim (cf. Lc 7 ,13),
com pena para com Pedro depois das negações (cf. Lc 22 ,61). Que teria o seu olhar,
que removeu e arrastou Pedro, Mateus, e tantos outros a que o seguissem,
deixando todas as coisas!
Todavia, o atractivo de Jesus provinha
sobretudo do seu interior: da sua bondade, das suas palavras, e dos seus
milagres.
Talvez
Deus tenha permitido que não nos ficasse um retrato de Jesus, e que a sua
presença física entre nós finalizasse com a Ascensão, para que não fossemos
atraídos a Ele por motivos meramente humanos mas para que nos fixássemos
principalmente na sua alma, e o procurássemos como nosso salvador e nosso Deus.
Ao terminar estas páginas que pretendiam
dar a conhecer um pouco mais a figura de Jesus, fica-nos a pena de não ter
reflectido em absoluto «a insondável riqueza de Cristo» (Ef 3,38), de não ter
mostrado apenas como era.
Seria
preciso percorrer uma a uma todas as virtudes e citar a maior parte dos
Evangelhos se quiséssemos contemplar todas as qualidades do Salvador; e sempre
ficaríamos muito longe da plenitude e perfeição que n’Ele existem e do conjunto
maravilhosamente harmonioso e completo que todas elas constituem em Jesus.
Só no céu nos será dado ver e conhecer a
amável figura de Jesus face a face. Na terra resta-nos a tarefa pessoal de ir
descobrindo mais e mais como era e como é, mediante a leitura meditada dos
Evangelhos e do trato pessoal e imediato de cada um com Jesus na oração e na
santíssima Eucaristia.
SEGUNDA PARTE
A OBRA
REDENTORA DE JESUS CRISTO
A cristologia estuda o mistério de Cristo:
o mistério da sua pessoa e da sua obra redentora numa unidade indissolúvel.
Jesus é o
Filho de Deus feito homem e, ao mesmo tempo, Salvador esperado.
Já dissemos que não se podem separar esses
dois aspectos, em primeiro lugar, porque a finalidade da sua vinda ao mundo, a
razão de ser de toda a sua vida, é precisamente a salvação dos homens. Assim o
ensina a Escritura: «o Pai enviou o seu Filho para ser Salvador do mundo» (Jo
4,10); assim o confessamos no símbolo da fé: o Filho de Deus «por nós, os
homens, e por nossa salvação baixou do céu».
E, em segundo lugar, porque a função e a
obra de Cristo como Salvador dos homens não se pode separar do seu ser de Verbo
encarnado mas sim, pelo contrário, está em dependência da sua pessoa.
Unicamente
o Filho de Deus pode realizar uma autêntica redenção do pecado no mundo: «Quem
pode perdoar os pecados, senão só Deus?» (Mc 2,7). Somente o Filho de Deus pode
livrar o género humano da morte eterna e pode dar-nos a vida eterna porque Ele
é a Vida (cf. Jo 14,6).
Assim pois, depois de, na primeira parte,
ter estudado o mistério de Jesus Cristo em si mesmo, vamos abordar nesta
segunda parte a sua acção redentora, tendo presente o que vimos anteriormente
acerca da sua pessoa.
Como a obra da Salvação realizada por
Cristo se designa comummente por redenção, nós empregaremos indistintamente
esses termos, assim como os de Salvador e Redentor, ainda que teoricamente se
possam distinguir.
Capítulo VII
O MISTÉRIO DA REDENÇÃO
1, A condição humana e a libertação do mal
Todos os seres humanos experimentam a
rotura entre os desejos de vida e de felicidade, e a experiência e insatisfação
do sofrimento.
Por isso
a humanidade procura superar esses elementos negativos e alberga uma esperança
profunda em libertar-se do mal, assim como também um anelo de conseguir a
plenitude da felicidade.
Daí que em todas as épocas os homens tenham
tentado diversas soluções para se libertar do mal que os aflige Entre esses
intentos humanos de salvação encontram-se as diversas religiões mundiais (p.
Ex. O hinduísmo, o budismo, etc.) que pretenderam dar uma explicação do mal que
existe no homem e propuseram vários caminhos para se livrar dele.
Pensaram
que a origem do mal estava na ignorância espiritual, ou nos desejos humanos que
não se podem satisfazer, etc.
E
propuseram fórmulas para o superar através de boas obras, da contemplação
espiritual, do domínio de si, do intento de apagar todo o desejo e libertar-se
deste mundo, etc.
De modo semelhante o pensamento
racionalista dominante nestes últimos séculos, e que afirma a independência do
homem em relação a Deus, imagina que o ser humano pode conseguir por si mesmo a
sua plenitude, e põe a esperança de libertação de todo o mal na cultura, na
ciência, na técnica ou no progresso social.
(cont.)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.