A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A.
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
Evangelho:
Mt 24, 42-43; 25, 1-13
42 «Vigiai,
pois, porque não sabeis a que hora virá o vosso Senhor. 43 Sabei
que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria,
sem dúvida, e não deixaria arrombar a sua casa. 44 Por isso estai
vós também preparados, porque virá o Filho do Homem na hora em que menos
pensais. 45 «Quem é, pois, o servo fiel e prudente, a quem o seu
senhor colocou à frente da sua família para lhe distribuir de comer a seu
tempo? 46 Bem-aventurado aquele servo, a quem o seu senhor, quando
vier, achar a proceder assim. 47 Na verdade vos digo que lhe
confiará o governo de todos os seus bens. 48 Mas, se aquele servo
mau disser no seu coração: “O meu senhor tarda em vir”, 49 e começar
a bater nos seus companheiros, a comer e beber com os ébrios, 50
virá o senhor daquele servo no dia em que não o espera, e na hora que não sabe,
51 e mandará açoitá-lo e dar-lhe-á a sorte dos hipócritas; ali
haverá choro e ranger de dentes.
1 «Então, o Reino dos Céus será semelhante a dez
virgens, que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. 2
Cinco delas eram néscias, e cinco prudentes. 3 As cinco néscias,
tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo; 4 as prudentes,
porém, levaram azeite nas vasilhas juntamente com as lâmpadas. 5
Tardando o esposo, começaram todas a cabecear e adormeceram. 6 À
meia-noite, ouviu-se um grito: “Eis que vem o esposo! Saí ao seu encontro”. 7
Então levantaram-se todas aquelas virgens, e prepararam as suas lâmpadas. 8
As néscias disseram às prudentes: “Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas
lâmpadas apagam-se”. 9 As prudentes responderam: “Para que não
suceda que nos falte a nós e a vós, ide antes aos vendedores, e comprai para
vós”. 10 Mas, enquanto elas foram comprá-lo, chegou o esposo, e as
que estavam preparadas entraram com ele a celebrar as bodas, e foi fechada a
porta. 11 Mais tarde, chegaram também as outras virgens, dizendo:
“Senhor, Senhor, abre-nos”. 12 Ele, porém, respondeu: “Em verdade
vos digo que não vos conheço”. 13 Vigiai, pois, porque não sabeis
nem o dia nem a hora.
CARTA ENCÍCLICA
SUMMI MAERORIS
DO SUMO PONTÍFICE
PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS
IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS E BISPOS
E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM
A SÉ APOSTÓLICA
NOVO PEDIDO DE
ORAÇÕES PARA A PAZ
E A CONCÓRDIA DOS
POVOS
1.
Não nos faltam motivos para dor intensíssima e ao mesmo tempo para imensa
alegria. Por um lado oferece-se-nos o espetáculo das multidões que, neste ano
jubilar, de todos os pontos da terra acorrem a Roma tão numerosos como esta
nobre cidade, acostumada a acontecimentos celebérrimos, nunca viu no correr dos
séculos, e aqui dão um testemunho insigne de fé concorde, de união fraterna, de
piedade ardente. E nós acolhemos com solicitude amorosa estas multidões imensas
confortando-as com exortações paternas, e propondo-lhes novos e luminosos
exemplos de santidade as endereçamos, não sem frutos copiosos, ao caminho da
renovação dos costumes e à perfeição da vida cristã.
2.
Por outro lado as actuais condições sociais dos povos se apresentam aos nosso
olhos, de forma tal a provocar em nós as preocupações e ansiedades mais
sentidas. Muitos discutem, escrevem e falam sobre como chegar finalmente à paz
tão desejada. Porém são descuidados ou abertamente recusados aqueles princípios
que devem constituir a sua base firme. Com efeito, em certos países não a
verdade mas falsidade é apresentada sob as aparências da razão; nem o amor, nem
a caridade são favorecidos, mas insinua-se o ódio e a rivalidade cheia de rancor;
não se exalta a concórdia dos cidadãos, mas provocam-se turbulências e
desordem. Mas como os ajuizados sinceros reconhecem, nesta matéria não se podem
resolver justamente os problemas que ainda separam as nações com discussões
acirradas nem as classes proletárias podem ser endereçadas, como é necessário,
para um futuro melhor. Com efeito o ódio nunca gerou nada de bom, nada a
mentira, nada as desordens. Sem dúvida é preciso levantar o povo necessitado a
um estado digno do homem, mas não com a força, não com as agitações e sim com
leis justas. Com certeza é preciso eliminar quanto antes todas as controvérsias
que dividem e separam os povos, sob os auspícios da verdade e a direção da
justiça.
3.
Enquanto o céu é obscurecido por nuvens negras, nós que estimamos em grau
máximo a liberdade, a dignidade e a prosperidade de todas as nações, não
podemos não voltar a exortar vivamente todos os cidadãos e seus governantes à
paz e à concórdia. Lembrem-se todos das consequências da guerra como bem
sabemos por experiência: ruínas, morte e todo tipo de miséria. Com o passar do
tempo a técnica inventou e introduziu mortíferas armas tais, micidiais e
inumanas, que podem exterminar não somente os exércitos e as frotas, não
somente as cidades e as vilas, não somente os inestimáveis tesouros da
religião, da arte e da cultura, mas também crianças inocentes e suas mães, os
doentes e os velhos inermes. Tudo o que de belo, de bom e de santo produziu o
gênio humano, tudo ou quase, pode ser aniquilado. Se, portanto, a guerra, especialmente
hoje, se apresenta ao observador honesto como algo de sumamente terrificante e
letal, pode-se esperar que - mediante o esforço de todos os bons e, de maneira
especial dos chefes dos povos - sejam afastadas as nuvens ameaçadoras e
obscuras, que ainda são causa de trepidação, e brilhe finalmente a verdadeira
paz entre os povos.
4.
Contudo, conhecendo que "todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do
alto e desce do Pai das luzes" (cf. Tg 1, 17), julgamos oportuno,
veneráveis irmãos, de anunciar novamente orações públicas e súplicas para
impetrar e conseguir a concórdia entre os povos. Pertencerá ao vosso zelo
pastoral não só exortar as almas a vós confiadas a elevar a Deus orações
fervorosas, assim como estimulá-las a piedosas obras de penitência e expiação,
que possam satisfazer e aplacar a majestade do Senhor ofendida por tão graves
delitos públicos e privados.
5.
E enquanto, conforme ao vosso ofício, comunicareis aos fiéis esse nosso convite
paterno, lembrai-lhes mais uma vez quais os princípios que geram uma paz justa
e duradoiro e quais os caminhos que se devem encetar para alcançá-la e
consolidá-la. Ela, de fato, como bem sabeis, só se pode obter dos princípios e
normas ditadas pelo Cristo e postas em prática com piedade sincera. Com efeito
esses princípios e normas chamam os homens à verdade, à justiça e à caridade;
refreiam sua cupidez; obrigam os sentidos a obedecer à razão e esta a Deus;
levam todos, e também os que governam os povos, a reconhecer a liberdade devida
à religião que, além de ter como finalidade levar as almas à salvação eterna,
tem também a de tutelar e projetar os próprios fundamentos do Estado.
6.
Pelo que foi dito é fácil deduzir, veneráveis irmãos, o quanto estão longe de
procurar uma paz verdadeira e segura os que pisoteiam os direitos sacrossantos
da Igreja católica; proíbem a seus ministros de exercer livremente o seu
ofício, condenando-os mesmo ao cárcere ou ao exílio; dificultam e até
proscrevem as academias, as escolas e os institutos de educação que estão
regidos por normas cristãs; e, finalmente, envolvem o povo com erros, calúnias
e todo tipo de torpezas, especialmente a juventude levando-a da integridade dos
costumes, da virtude e da inocência para o aliciamento dos vícios e a
corrupção.
7.
E mais, é manifesto quão longe da verdade estejam os que insidiosamente lançam
contra esta Sé Apostólica e a Igreja católica a acusação de querer nova
conflagração. Na verdade nunca faltaram, nem nos tempos antigos nem nos mais
próximos, os que tentaram subjugar os povos com as armas; porém, nós nunca
desistimos de promover a paz verdadeira; a Igreja, não com as armas mas com a
verdade, deseja conquistar os povos e educá-los à virtude e a um reto viver
social. Com efeito "as armas com que combatemos não são carnais, mas têm,
ao serviço de Deus, o poder de destruir fortalezas" (2 Cor 10, 4).
8.
É necessário que ensineis tudo isso com franqueza; pois só então quando os
mandamentos cristãos forem postos ao seguro e informarem a vida privada e
pública, será lícito esperar que, compostos os dissídios humanos, as várias
classes de cidadãos, os povos e as gentes se unam numa concórdia fraterna.
9.
As novas orações públicas implorem de Deus que esses nossos ardentes votos sejam
atendidos; e, assim, com a ajuda da graça divina, não só em todos sejam
renovados os costumes com virtude cristã, mas também as relações entre os povos
sejam quanto antes assim ordenadas para que alcancem às nações todas, e seja
freado o desejo de dominar sobre os outros, até a liberdade devida; devida
liberdade a ser concedida à santa religião e a todos os seus filhos, segundo os
direitos divinos e humanos.
Com
essa confiança, concedemos de coração a vós todos, veneráveis irmãos, ao vosso
clero e aos fiéis, e a todos os que de maneira especial secundarão prontamente
essas nossas exortações, a bênção apostólica, auspício das graças divinas e de
nossa benevolência paterna.
Dado
em Roma, junto de São Pedro, no dia 19 de julho de 1950, XII do nosso pontificado.
PIO
PP. XII
(Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama)
::::
CARTA ENCÍCLICA
QUEMADMODUM
DO SUMO PONTÍFICE
PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS
IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS, BISPOS E
DEMAIS ORDINÁRIOS LOCAIS
EM PAZ E COMUNHÃO COM
A SÉ APOSTÓLICA
SOBRE A ASSISTÊNCIA
ÀS CRIANÇAS INDIGENTES
1.
Como durante o desencadeamento do conflito mortífero, dirigimos, à medida das
nossas possibilidades, admoestações e orações, para que o incêndio da guerra,
que durava há muito tempo, quanto antes se extinguisse, e tudo se recompusesse
na ordem correta, segundo as normas do direito e da equidade, assim agora,
cessado o conflito, mas não ainda reconstituída a paz, movidos por nosso
apostólico ministério, nada descuidamos que apontasse a trazer oportuno consolo
a tantas dores e a aliviar, do melhor modo possível, o acúmulo de misérias que
afligem e oprimem tantos povos. Mas entre os infortúnios sem número produzidos
pela horrível conflagração, nenhuma, ao nosso coração paterno, traz ferida mais
dolorosa do que a que se abate sobre uma multidão de inocentes crianças, que
aos milhões, como nos foi referido, privadas das coisas necessárias à vida, em
muitas nações caem vítimas do frio, do abandono e das doenças; e que,
frequentemente, abandonadas por todos, não só lhes falta o pão, o vestuário, o
teto, mas também aquele afecto com o qual a tenra idade sente tanto a
necessidade.
2.
Como bem sabeis, veneráveis irmãos, também a esse respeito nada omitimos de
quanto estava ao nosso alcance realizar; e aqui exprimimos nosso mais férvido
reconhecimento a todos os que com sua generosidade permitiram-nos aliviar a
indigência de inumeráveis crianças. Sabemos, por outro lado, que não poucos -
seja privadamente, seja mediante entes e associações -, assumiram essa iniciativa
e procuraram atuá-la com primoroso empenho. A todos esses, dignos de encômio
dos bons, dirigimos nosso aplauso, enquanto invocamos de Deus os celestes
favores sobre suas actividades e instituições.
3.
Porém, uma vez que tais providências estão bem longe de se adequar à imensa
maioria que passou por tais desventuras, em consonância com nosso ministério,
dirigimo-vos um paterno convite, para esconjurar-vos a assumir de modo
particular essas crianças necessitadas, e ocupar-vos a mitigar e melhorar suas
penosas condições.
4.
Queremos, então, que em cada diocese seja por vós determinado um dia no qual,
propiciando ao Senhor com públicas preces, vós, também em meio dos vossos
cooperadores no sagrado ministério, informeis ao povo dessas urgentes
necessidades e o exorteis a sustentar com a oração, com a colaboração e com as
ofertas, estas providenciais actividades, surgidas com o escopo de assistir
moral e materialmente a infância indigente e abandonada. Trata-se, como é
notório, de coisas que se dizem respeito a todas as categorias de cidadãos seja
qual for sua forma de pensar, bastando que sejam dotados de sentimentos de
humanidade e de piedade, pertencem, todavia, por razões mais elevadas, a
quantos professam a religião cristã, os quais devem ver nesses seus irmãos mais
pequeninos, provados pelo abandono e pela miséria, imagem viva do divino
Menino, sendo obrigados a recordar a advertência: "Em verdade vos digo,
cada vez que fizestes alguma coisa para um dos menores desses meus irmãos, o
fizestes a mim" (Mt 25,40). Reflictam todos atentamente: essas crianças
são o fulcro do futuro e, portanto, é absolutamente necessário que elas cresçam
sadias de mente e de corpo, para que não se tenha um dia uma geração que
carregue em si os germes das doenças e a marca do vício. Ninguém, então, se
recuse dedicar energias, actividades e meios pecuniários para esse escopo tão
oportuno e necessário. Os que dispõem apenas de escassas possibilidades
econômicas sejam generosos em tudo o que puderem; aqueles que vivem na
abundância e no luxo, recordem-se bem que o estado de miséria, de necessidade e
de nudez de tantas pobres crianças constitui uma severa e tremenda acusação
junto a Deus de misericórdia, no momento em que demonstram insensibilidade e
indiferença, nem prestam seu generoso auxílio. Todos, enfim, estejam
profundamente convencidos que o ter usado de generosidade não será para eles de
perda, mas de ganho; pois pode-se afirmar que aquele que ajuda o indigente com
os seus bens e com a própria actividade, de certo modo empresta a Deus, que o
restituirá um dia com generosa recompensa. Nutramos, pois, esperança que, como
na época apostólica, quando a comunidade cristã de Jerusalém debatia-se entre
as perseguições e as estreitezas econômicas, os outros féis por toda a parte
elevavam em favor dela a Deus fervorosas orações com generosidade de auxílios
(cf. 1 Cor 16, 1); assim também no presente todos, inflamados da mesma
caridade, venham em auxílio, segundo suas possibilidades, à infância que
desfalece na miséria. Cumpram esse dever, como se disse, antes de tudo elevando
súplicas ao misericordioso Redentor, pois, como é sabido, da oração se
desprende uma força misteriosa que penetra o céu e obtém do alto luz sobrenatural
e impulsos divinos, que iluminam a mente e atraem a vontade ao bem,
estimulando-a a santos e caridosos empreendimentos.
5,
Cremos oportuno aqui recordar que a Igreja sempre esteve atenta, com cuidado
materno à tenra idade, retendo essa missão parte precípua do seu ministério de
caridade. E essa sua constante linha de conduta sem dúvida está amada aos
exemplos e ensinamentos do seu divino Fundador, o qual, ao acolher com profundo
afeto as crianças dirigia aos apóstolos, severos para com as mães, estas
palavras: "Deixai as crianças virem a mim, e não as impeçais, porque delas
é o reino de Deus" (Mc 10,14). Jesus Cristo, afinal - como com tanta eloquência
afirmava nosso predecessor Leão Magno, de imortal memória - "ama a
infância, que ele desde o início assumiu na vontade e no corpo. Cristo ama a
infância, mestra de humildade, norma de inocência, modelo de mansuetude. Cristo
ama a infância, sobre a qual quer modelados os costumes dos adultos, e à qual
quer reconduzida a idade senil; e leva a seguir o seu humilde exemplo, aqueles
que, depois eleva ao Reino eterno" (Serm. 37, c. 3: PL 54, 2580).
6.
Parece evidente, veneráveis irmãos, que desses luminosos ensinamentos, com qual
diligente e acurado amor a Igreja, nas pegadas de seu fundador, deva
interessar-se pela infância e adolescência. A Igreja nada deixa do que lhe é próprio
ao prover para o corpo dessas crianças o alimento, o teto e o vestuário; embora
não ignorando nem transcurando suas pequeninas almas, que, criadas pelo sopro
de Deus, parecem refletir um raio de beleza celeste. Antes de tudo, portanto,
ela se preocupa para que não seja contaminada a inocência dessas crianças e se
providencie sua saúde eterna. Por essa razão surgiram inumeráveis instituições
com o escopo de educar retamente a infância, de fazê-la crescer em íntegra
beleza moral e de elevá-la, enquanto possível, para uma condição de vida,
conforme as necessidades espirituais e materiais. Nesse providencial campo de actividade,
como sabeis, são empenhadas com admirável cuidado não poucas comunidades
religiosas masculinas e femininas; e sua intensa, sábia e vigilante obra
contribui eficazmente para o bem da Igreja e da sociedade humana; o que não
somente se actua com abundantes e salutares resultados entre as nações civis,
mas também entre os povos infiéis, não ainda iluminados pela luz do
cristianismo, junto aos quais os arautos da verdade evangélica - de modo
especial a Pontifícia Obra da Santa Infância - possibilitam a tantas crianças a
liberdade dos filhos de Deus, subtraindo-as do jugo do demónio e dos cepos da
escravidão, enquanto as chama a uma forma de civilização superior.
7.
Todavia, nessa amedrontadora etapa da história, enquanto se acumulam ruínas
espirituais e materiais, essas providenciais iniciativas de caridade, que
talvez poderiam parecer suficientes às necessidades comuns de outros tempos, tornaram-se,
infelizmente, inadequadas. Vislumbramos, veneráveis irmãos, intermináveis
multidões de crianças, que, gemendo e quase exaustas de fome, com suas
mãozinhas pedem pão "não tendo ninguém que o reparta" (cf. Lm 4, 4);
que, privadas de casa e de roupa, congeladas pelo frio do inverno, estão
prestes a morrer, não tendo a mãe ou o pai que as cubra e as aqueça; que,
enfim, doentes e talvez também atingidas pela tuberculose, falta o remédio
adequado e os necessários cuidados. Trata-se de multidões, que com dor vemos
perambulando pelas ruas barulhentas da cidade, impelidas pelo ócio e pela
corrupção, ou vadiando incertas pelas cidades, vilas e campos, enquanto, infelizmente,
ninguém lhes concede segura proteção contra a miséria, os vícios e os delitos.
É por isso, veneráveis irmãos, que amando com "o mesmo amor de
Cristo" (Fl 1, 8) esses nossos pequeninos filhos, dirigimos um caloroso
apelo a vós e a quantos estão animados de nobres sentimentos de misericórdia e
de piedade, para que todo tipo de esforço e iniciativa de caridade cristã seja
dedicado com generosos entendimentos e propósitos para alívio e conforto de
tantos. Nada se transcure daquilo que os nossos tempos sugerem; e se excogitem
também novos sistemas e métodos, onde se possa, com o concurso de todos os
bons, levar oportunos remédios aos males presentes, impedindo para o futuro
deletérias consequências. Queira Deus, com a ajuda de sua graça, que quanto
antes os vícios que arrastam tantas crianças abandonadas sejam extintos, sendo
substituídos pela virtude, de modo que o ócio vão e a triste inércia deem lugar
ao honrado e alegre trabalho, e que a fome e a nudez de muitos obtenha o
necessário socorro da divina caridade de Cristo, que especialmente nos nossos
tempos deve reviver, crescer e flamejar nos seus sequazes. Tudo isso não só é
de grande vantagem para a religião católica, mas também para a sociedade civil;
já que, como todos sabem, os cárceres e as casas de recuperação não estariam
tão repletos de criminosos, se os métodos e as medidas preventivas fossem
aplicados oportunamente e em maior escala no que se refere à juventude; e se a
infância crescesse sadia, íntegra e operosa por toda parte, mais facilmente
haveria cidadãos credenciados com as maiores qualidades morais e físicas. Em
uma palavra, de probidade e de firmeza.
8.
Eis o quanto, veneráveis irmãos, queríamos escrever-vos sobre esse grave
assunto com a presente encíclica, com a qual vos damos ao mesmo tempo o encargo
de participar dessas nossas exortações e disposições ao rebanho a vós confiado;
e nutrimos fé que todos correspondam de boa vontade, com o contributo de sua
generosidade e de sua obra a este nosso apelo.
9.
Nessa esperança concedemos a cada um de vós, veneráveis irmãos, aos fiéis
confiados aos vossos cuidados, e de modo particular àqueles que nesse sentido
conquistaram ou conquistarão benemerência, a bênção apostólica, penhor da
divina graça e testemunho da nossa particular benevolência.
Dado
em Roma, junto a São Pedro, no dia 6 de Janeiro, Epifania de nosso Senhor Jesus
Cristo, do ano de 1946, VII do nosso pontificado.
PIO
PP. XII
(Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama)
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