Evangelho: Lc 6, 12-19
«12 Naqueles dias Jesus retirou-se para o monte a orar, e
passou toda a noite em oração a Deus. 13 Quando se fez dia, chamou
os Seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de Apóstolos:
14 Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro, seu irmão André, Tiago,
João, Filipe, Bartolomeu, 15 Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu,
Simão, chamado o Zelote, 16 Judas, irmão de Tiago, e Judas
Iscariotes, que foi o traidor. 17 Descendo com eles, parou numa planície.
Estava lá um grande número dos Seus discípulos e uma grande multidão de povo de
toda a Judeia, de Jerusalém, do litoral de Tiro e de Sidónia, 18 que
tinham vindo para O ouvir, e para ser curados das suas doenças. Os que eram
atormentados pelos espíritos imundos ficavam também curados. 19 Todo
o povo procurava tocá-l'O, porque saía d'Ele uma virtude que os curava a todos.»
Comentário:
Se Jesus tivesse escolhido para ministros
dos seus ensinamentos homens sábios segundo a opinião pública, capazes de compreender
e de exprimir ideias caras à multidão, poderiam tê-lo acusado de pregar segundo
o método dos filósofos de escola, e o carácter divino da sua doutrina não se
teria mostrado com toda a sua evidência. A sua doutrina e a sua pregação teriam
consistido “em sabedoria de palavras” (1 Cor 1, 17) […]; e a nossa
fé, semelhante àquela com que se adere às doutrinas dos filósofos deste mundo,
assentaria na sabedoria dos homens e não no poder de Deus (cf. 1 Cor 2, 5).
Mas, quando vemos pescadores e publicanos sem instrução terem a ousadia de
discutir com os judeus a fé em Jesus Cristo, de a pregar ao resto do mundo, e
de conseguir lá chegar, não podemos deixar de procurar a origem deste poder de
persuasão. Como não podemos deixar de confessar que Jesus cumpriu a sua palavra
– “Vinde após Mim e Eu farei de vós pescadores de homens” (Mt 4, 19)
– nos seus apóstolos por meio de um poder divino. Também Paulo manifesta este
poder quando escreve: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em
discursos persuasivos da sabedoria humana, mas na manifestação do Espírito e do
poder divino” (1 Cor 2, 4) […]. O mesmo já dito tinham os profetas,
quando anunciavam antecipadamente a pregação do Evangelho: “O Senhor dá a
palavra e os anunciadores da Boa Nova são uma multidão”, a fim de que “rápida
corra a sua palavra” (Sl 67, 12; 147, 4). E, de facto, vemos que “a
voz” dos apóstolos de Jesus ressoa “por toda a terra, até aos confins do
universo a sua palavra” (Sl 18, 5; Rom 10, 18). Eis por que motivo
aqueles que escutam a palavra de Deus poderosamente enunciada se enchem, eles
mesmos, de poder; e manifestam-no pela sua conduta e pela sua luta em prol da
verdade até à morte.
(orígenes, Contra Celso, 1, 62, trad. do castelhano
por ama)
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