A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
Para ver, clicar SFF.
1 Tendo Jesus
partido dali, foi para a Sua terra; e seguiram-n'O os discípulos. 2
Chegado o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Os Seus numerosos ouvintes
admiravam-se e diziam: «Donde vêm a Este todas estas coisas que diz? Que
sabedoria é esta que Lhe foi dada? E como se operam tais maravilhas pelas Suas
mãos? 3 Não é Este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de
José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós as Suas irmãs?». 4
E estavam perplexos a Seu respeito. 5 Mas Jesus dizia-lhes: «Um
profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus parentes e na sua própria casa».
E não pôde fazer ali milagre algum; apenas curou alguns poucos enfermos,
impondo-lhes as mãos. 6 E admirava-Se da incredulidade deles.
Depois, andava ensinando pelas aldeias circunvizinhas. 7 Chamou os
doze e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos
imundos.8 Ordenou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não
ser um bastão; nem alforge, nem pão, nem dinheiro na cintura; 9 mas
que fossem calçados de sandálias, e não levassem duas túnicas. 10 E
dizia-lhes: «Em qualquer casa onde entrardes, ficai nela até sairdes desse
lugar. 11 Onde vos não receberem nem ouvirem, retirando-vos de lá,
sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra eles». 12 Tendo
partido, pregavam que fizessem penitência. 13 Expulsavam muitos
demónios, ungiam com óleo muitos enfermos e curavam-nos.
JESUS
CRISTO NOSSO SALVADOR
Iniciação
à Cristologia
PRÓLOGO
«Que procures Cristo: Que encontres Cristo:
Que ames Cristo». [i] Este
santo e experiente conselho marca todo um itinerário de vida espiritual que nos
conduz até à união e identificação com Jesus Cristo.
A primeira etapa desse itinerário
corresponde à aspiração de fé viva que o salmista expressa: «Senhor, procuro o Teu
rosto» (Sal 27/26,8). Para tal faz falta em primeiro lugar a leitura assídua da
sagrada Escritura, assim como contemplar na intimidade do nosso coração todos
os actos e palavras do Senhor, tal como fazia Maria Santíssima. E é indubitável
também que a leitura de outras obras adequadas pode servir-nos de grande ajuda.
Pois bem, este livro de iniciação à
Cristologia integra-se nessa tarefa e tem a finalidade de facilitar a um amplo
círculo de pessoas um maior conhecimento da maravilhosa riqueza e profundidade
insondável do mistério de Cristo (cf. Flp 3,8; Ef 3,8).
Por ser teologia, este manual quer ser um
pouco mais profundo e explicativo que uma simples catequese. Tem o método e a
estrutura de um tratado teológico sistemático, assim como a terminologia
própria, que temos procurado explicar com simplicidade. Por este motivo também
se incluíram citações e referências da Sagrada Escritura, assim como muitas
outras do Magistério da Igreja e algumas de São Tomás de Aquino, a quem o
Concílio Vaticano II recomenda como guia nestes estudos [ii].
E, naturalmente, cita-se com frequência o catecismo da Igreja Católica que
sintetiza com precisão e autoridade os diferentes temas.
E por ser só uma iniciação, este livro é
necessariamente breve. E por este motivo se omitiram alguns temas que parecem
mais secundários, assim como se evitou o mais possível incluir nomes, opiniões
e citações de outros diversos autores.
Desta forma, como se trata de um texto
teológico conciso e resumido, e não de uma obra histórica ou ascética, requer
do leitor um certo esforço de estudo detido e atento.
Que a Virgem Santíssima faça com que este
livro sirva para «crescer no conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo», como nos propõe São Pedro (2 Pd 3,18), e que nos estimule a percorrer
as etapas seguintes da vida cristã de modo que cheguemos a um encontro pessoal
com o nosso salvador, participemos da Sua obra salvífica e O sirvamos na
extensão do Seu Reino na terra, tornando partícipes da redenção salvadora,
todos os homens. Assim contribuiremos para transformar o mundo e a história de
acordo com a amável vontade de Deus.
Capítulo I
INTRODUÇÃO: A CRISTOLOGIA, CIÊNCIA TEOLÓGICA ACERCA
DE JESUS CRISTO.
1. O tratado teológico sobre Jesus Cristo
a) O objecto da cristologia
A cristologia é uma parte da teologia que
trata sobre Cristo. Estuda Jesus Cristo em Si mesmo – o mistério da Sua pessoa,
como Deus e homem verdadeiro que viveu numas determinadas condições históricas
-, e Jesus na economia da salvação – como Messias, Redentor e nosso Salvador -,
tal como nos propõe da fé da Igreja.
O objecto da nossa fé sobre Cristo, que é,
por sua vez, o objecto da cristologia, não é uma fórmula vazia, nem uma
ideologia determinada, mas uma realidade concreta que podemos declarar assim:
«Nós acreditamos e confessamos que Jesus de Nazaré, nascido de uma judia de
Israel, em Belém no tempo do rei Herodes o Grande e do imperador César Augusto;
carpinteiro de ofício, morto crucificado em Jerusalém, sob o procurador Pôncio
Pilatos, durante o reinado do imperador Tibério, é o Filho eterno de Deus feito
homem, que ‘saiu de Deus’ (Jo 13,3), ‘baixou do céu’ (Jo 3,13; 6,33), ‘veio em
carne’ (1 Jo 4,2), porque ‘a Palavra se fez carne (…) e vimos a sua glória,
glória que recebe do Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade (…) Pois
da sua plenitude recebemos todos, e graça por graça’ (Jo 1,14.16).[iii]
b) O mistério de Cristo
Sabemos que «o mistério da Santíssima
Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em
si mesmo. É, pois, a fonte de todos os outros mistérios da fé; á a luz que nos
ilumina»[iv]
A fé da Igreja resume-se no mistério da Santíssima Trindade em si mesma e no
mistério do «desígnio benevolente da sua vontade» (Ef 1,9) acerca da salvação
de todos os homens.
E todo esse desígnio divino da nossa
salvação centra-se em Cristo: O Pai realiza o «mistério da sua vontade» (Ef
1,9) enviando o seu Filho amado para a salvação de todo o mundo, e por meio
d’Ele comunicando-nos o seu espírito. Este admirável desígnio divino é o
«mistério que estava escondido em Deus desde séculos» (Ef 3,9), e que se
revelou e se realiza na história por meio de Jesus Cristo.
A dispensa ou realização desse plano da
benevolência divina da salvação dos homens é designada no Novo testamento como
«o mistério de Cristo», pois Ele é o seu centro (cf. Ef 3,1 – 12). Assim pois,
pode dizer-se que o mistério de Cristo
que se refere à sua pessoa e à sua obra de salvação, reúne e resume todos
os artigos da fé: os que se referem à Trindade, pois Ele é Deus, o Filho do
Pai, e nos revela a Trindade; e os que se referem aos desígnios e obras de
Deus, pois Ele realizou o plano da sua vontade salvífica.
2. A fé e a razão humana ante o mistério de Cristo
a) Necessidade da fé para conhecer Cristo
Ao falar do mistério de Cristo, estamos
afirmando que n’Ele há uma realidade oculta e divina que nos transcende, e que
nele também há uma realidade visível, sinal dessa realidade oculta, e que ao
mesmo tempo a encobre, e que é a sua presença física entre os homens e a sua
actuação na história.
Mediante os métodos próprios da história
podemos chegar a conhecer cada vez melhor a realidade visível da vida de Jesus.
Mas unicamente mediante a revelação divina e a fé, podemos transcender o
externo e chegar a conhecer quem é Ele verdadeiramente, já que «ninguém conhece
o Filho senão o Pai» (Mt 11,27), e, como Ele mesmo dizia: «Ninguém pode vir a
mim se não o atrair o Pai que me enviou» (Jo 6,44).
Vejamo-lo no episódio que nos narra São
Mateus, testemunha desse acontecimento: «Vindo Jesus à região de Cesareia de
Filipe, perguntou aos discípulos: Quem dizem os homens quem é o Filho homem?
Eles responderam: uns, que João Baptista; outros, que Elias; outros, que
Jeremias ou outro dos Profetas» (Mt 16,13-14). São diversas opiniões ante a
figura de Cristo e as suas admiráveis obras: «É um homem de Deus». Esta é uma
resposta humana, uma conclusão a que chega a razão dos homens.
Mas Jesus
continua perguntando: «E vós, quem dizeis que eu sou?». E Pedro responde: «Tu
és o Messias, o Filho de Deus vivo». E Jesus acrescenta: «bem-aventurado és,
Simão, filho de João, porque não tal não te foi revelado nem a carne nem o
sangue, mas sim meu Pai que está nos céus». (Mt 16,15-17). Essa confissão não
era fruto de uma dedução de Pedro a partir das suas luzes naturais mas um dom e
revelação de Deus; não é uma resposta humana, mas uma resposta de Deus Pai que
declara a verdade e a realidade de Jesus muito acima da opinião dos homens.
Assim pois, não é suficiente considerar Jesus
como um personagem digno de interesse histórico, teológico, espiritual ou
social; nem considera-lo, inclusive, como o ideal humano de uma religiosidade
sincera e profunda, o do amor aos outros, ou de um profunda sabedoria moral. É
necessário ver Jesus com os olhos da fé para o conhecer verdadeiramente e
confessar como Pedro: «Tu és o Messias. O Filho de Deus vivo».
b) O papel da razão ante o mistério de Cristo
A nossa fé tem uma base real e histórica:
parte integrante da nossa fé são os acontecimentos históricos do nascimento de
Cristo, da sua vida e da sua actividade neste mundo, da sua Morte e da sua
Ressurreição, etc. Jesus Cristo, que é o objecto da fé da Igreja, não é um
mito: é um homem que viveu num contexto histórico concreto, e os acontecimentos
da sua existência foram reais e comprováveis.
Por isso, ainda que a razão humana não possa
só com a suas forças chegar a conhecer os mistérios de Deus, nem pode chegar a
compreender Cristo, todavia, desempenha uma função importante no conhecimento
de muitas coisas da vida histórica do Senhor.
Precisamente o Novo testamento está escrito
como um narração do, realmente acontecido e do ensinado por Jesus (cf. Lc 1 ,1-4), certamente com o fim de
suscitar a fé (cf. Jo 20,21), mas sem que essa finalidade retire algo ao
carácter real e histórico do consignado. Com efeito, os apóstolos apresentam-se
como testemunhas desses acontecimentos.
Mais, os conhecimentos da vida de Cristo que
a razão humana pode aportar facilitam a fé, pois as suas obras dão testemunho
d’Ele (cf. Jo 10,25), são o selo da missão divina, e fazem ver que a fé é
razoável e não um movimento cego do espírito.
3. A chamada «questão histórica» sobre Jesus Cristo
e a pretendida distinção entre o Jesus da história e o Cristo da fé.
a) A procura do «Jesus da história» com um método
exclusivamente racional.
Nos últimos séculos colocou-se a questão do
«acesso a Jesus», isto é, a investigação do que se pode conhecer com certeza
acerca do «Jesus da história», empregando uma metodologia puramente histórica
ou literária, sem ter presente o dogma nem a Tradição da Igreja, sem ter em
conta «o Cristo da Fé».
A crítica
histórica. Desde finais do século XVIII, na era da Ilustração, surge a procura que tenta reconstruir a vida de Jesus
utilizando uma metodologia histórica que só admite como verosímil o que tem uma
explicação racional, e prescinde do demais como irreal. Para estes
racionalistas o Senhor foi um simples homem, desprovido de toda a roupagem
divina, e do qual há que desprezar como mito todo o milagroso. Portanto, para
eles os Evangelhos não gozariam de nenhuma fiabilidade e não se deveriam ter em
conta para estabelecer uma história que quer ser «crítica», puramente racional:
esta história terá que basear-se em fontes externas.
Pouco depois, ao longo de todo o século XIX,
também o protestantismo liberal
tentou chegar pela crítica histórica à verdadeira figura de Jesus, que viam
como o homem perfeito, mas só um homem. Pretendendo fundar a fé na história,
seguiu o mesmo caminho de contar unicamente com a razão e a ciência histórica
positiva, prescindido dos testemunhos do Novo testamento e da Tradição da
Igreja.
Depois de um século de uma procura
histórico-crítica à margem dos Evangelhos, tanto por parte dos ilustrados como
pelos protestantes liberais, os resultados não foram muito satisfatórios:
podiam-se conhecer muito poucas coisas do «Jesus histórico».
Vicente Ferrer Barriendos
(trad do original castelhano por ama)
Bibliografia:
Alguns
documentos do Magistério da Igreja
JOÃO PAULO II, Enc. Redemptor hominis, 1979.
JOÃO PAULO II, Catequesis
sobre el Credo, em Creo en Jesucristo, Palabra,
Madrid 1996.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Mysterium Filii Dei, 1972.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis nuntius, 1984.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis conscientia, 1986.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus Iesus, 2000.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, p. I, secção 2, cap.
2, nn. 422-682.
CONFERENCIA EPISCOPAL ESPANHOLA, COMISSÃO EPISCOPAL
PARA A DOUTRINA DA FÉ, Cristo presente na
Igreja. Nota doutrinal sobre algumas questões cristológicas e implicações
eclesiológicas, 1992.
Relação de abreviaturas:
Sagrada
Escritura
Am Amos
Ap Apocalipse
Col Epístola
aos Colossenses
1 Cor Primeira
Epístola aos Coríntios
2 Cor Segunda
Epístola aos Coríntios
1 Cro Livro
I das Crónicas e Paralipómenos
2 Cro Livro
II das Crónicas e Paralipómenos
Dan Daniel
Dt Deuteronómio
Ef Epístola
aos Efésios
Ex Êxodo
Ez Ezequiel
Flp Epístola
aos Filipenses
Gal Epístola
aos Gálatas
Gen Génesis
Act Actos
dos Apóstolos
Heb Epístola
aos Hebreus
Is Isaías
Jb Job
Jer Jeremias
Jo Evangelho
de São João
1 Jo Primeira
Epístola de São João
2 Jo Segunda
Epístola de São João
3 Jo Terceira
Epístola de São João
Lc Evangelho
de São Lucas
Lv Levítico
Mal Malaquias
Mc Evangelho
de São Marcos
Miq Miqueias
Mt Evangelho
de São Mateus
Os Oseias
1 Pd Primeira
Epístola de São Pedro
2 Pd Segunda
Epístola de São Pedro
Qo Livro
de Qohélet (Eclesiastes)
1 Re Livro
I dos Reis
2 Re Livro
II dos Reis
Rom Epístola
aos Romanos
Sab Livro
da Sabedoria
Sal Salmos
1 Sam Livro
I de Samuel
2 Sam Livro
II de Samuel
Tg Epístola
de São Tiago
Sir Livro
de Bem Sirá (Eclesiástico)
1 Tes Primeira
Epístola aos Tesalonicenses
2 Tes Segunda
Epístola aos Tesalonicenses
1 Tim Primeira
Epístola a Timóteo
1 Tim Senda
Epístola a Timóteo
Tit Epístola
a Tito
Zc Zacarias
Outras
siglas empregues
a. Artigo
Cap. Capítulo
CCE Catecismo
da Igreja Católica (Cathecismus Catholicae Ecclesiae)
cf. Confira-se
Conc. Concílio
Congr. Congregação
Const. Constituição
Decl. Declaração
DS Enchiridion
Symbolorum de Dezinguer-Schönmetzer
DV Constituição
Dogmática Dei Verbum do Concílio Vaticano II
Enc. Encíclica
GS Constituição
dogmática Gaudium et spes do Concílio Vaticano II
LG Constituição
dogmática Lumen gentium do Concílio Vaticano II
p. / pp. Página
/ páginas
p. ex. Por
exemplo
p. Pergunta
s. / ss. Seguinte
/ Seguintes
S. Th. Summa
Theologiae de São Tomás de Aquino
t. Tomo
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.