02/08/2013

Leitura espiritual para 02 Ago

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mc 6, 1-13

1 Tendo Jesus partido dali, foi para a Sua terra; e seguiram-n'O os discípulos. 2 Chegado o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Os Seus numerosos ouvintes admiravam-se e diziam: «Donde vêm a Este todas estas coisas que diz? Que sabedoria é esta que Lhe foi dada? E como se operam tais maravilhas pelas Suas mãos? 3 Não é Este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós as Suas irmãs?». 4 E estavam perplexos a Seu respeito. 5 Mas Jesus dizia-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus parentes e na sua própria casa». E não pôde fazer ali milagre algum; apenas curou alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. 6 E admirava-Se da incredulidade deles. Depois, andava ensinando pelas aldeias circunvizinhas. 7 Chamou os doze e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos imundos.8 Ordenou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um bastão; nem alforge, nem pão, nem dinheiro na cintura; 9 mas que fossem calçados de sandálias, e não levassem duas túnicas. 10 E dizia-lhes: «Em qualquer casa onde entrardes, ficai nela até sairdes desse lugar. 11 Onde vos não receberem nem ouvirem, retirando-vos de lá, sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra eles». 12 Tendo partido, pregavam que fizessem penitência. 13 Expulsavam muitos demónios, ungiam com óleo muitos enfermos e curavam-nos.



JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia

PRÓLOGO

   «Que procures Cristo: Que encontres Cristo: Que ames Cristo». [i] Este santo e experiente conselho marca todo um itinerário de vida espiritual que nos conduz até à união e identificação com Jesus Cristo.
   A primeira etapa desse itinerário corresponde à aspiração de fé viva que o salmista expressa: «Senhor, procuro o Teu rosto» (Sal 27/26,8). Para tal faz falta em primeiro lugar a leitura assídua da sagrada Escritura, assim como contemplar na intimidade do nosso coração todos os actos e palavras do Senhor, tal como fazia Maria Santíssima. E é indubitável também que a leitura de outras obras adequadas pode servir-nos de grande ajuda.

   Pois bem, este livro de iniciação à Cristologia integra-se nessa tarefa e tem a finalidade de facilitar a um amplo círculo de pessoas um maior conhecimento da maravilhosa riqueza e profundidade insondável do mistério de Cristo (cf. Flp 3,8; Ef 3,8).
   Por ser teologia, este manual quer ser um pouco mais profundo e explicativo que uma simples catequese. Tem o método e a estrutura de um tratado teológico sistemático, assim como a terminologia própria, que temos procurado explicar com simplicidade. Por este motivo também se incluíram citações e referências da Sagrada Escritura, assim como muitas outras do Magistério da Igreja e algumas de São Tomás de Aquino, a quem o Concílio Vaticano II recomenda como guia nestes estudos [ii]. E, naturalmente, cita-se com frequência o catecismo da Igreja Católica que sintetiza com precisão e autoridade os diferentes temas.
   E por ser só uma iniciação, este livro é necessariamente breve. E por este motivo se omitiram alguns temas que parecem mais secundários, assim como se evitou o mais possível incluir nomes, opiniões e citações de outros diversos autores.
   Desta forma, como se trata de um texto teológico conciso e resumido, e não de uma obra histórica ou ascética, requer do leitor um certo esforço de estudo detido e atento.

   Que a Virgem Santíssima faça com que este livro sirva para «crescer no conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo», como nos propõe São Pedro (2 Pd 3,18), e que nos estimule a percorrer as etapas seguintes da vida cristã de modo que cheguemos a um encontro pessoal com o nosso salvador, participemos da Sua obra salvífica e O sirvamos na extensão do Seu Reino na terra, tornando partícipes da redenção salvadora, todos os homens. Assim contribuiremos para transformar o mundo e a história de acordo com a amável vontade de Deus.

Capítulo I
INTRODUÇÃO: A CRISTOLOGIA, CIÊNCIA TEOLÓGICA ACERCA DE JESUS CRISTO.
    
1. O tratado teológico sobre Jesus Cristo

a) O objecto da cristologia

   A cristologia é uma parte da teologia que trata sobre Cristo. Estuda Jesus Cristo em Si mesmo – o mistério da Sua pessoa, como Deus e homem verdadeiro que viveu numas determinadas condições históricas -, e Jesus na economia da salvação – como Messias, Redentor e nosso Salvador -, tal como nos propõe da fé da Igreja.
   O objecto da nossa fé sobre Cristo, que é, por sua vez, o objecto da cristologia, não é uma fórmula vazia, nem uma ideologia determinada, mas uma realidade concreta que podemos declarar assim: «Nós acreditamos e confessamos que Jesus de Nazaré, nascido de uma judia de Israel, em Belém no tempo do rei Herodes o Grande e do imperador César Augusto; carpinteiro de ofício, morto crucificado em Jerusalém, sob o procurador Pôncio Pilatos, durante o reinado do imperador Tibério, é o Filho eterno de Deus feito homem, que ‘saiu de Deus’ (Jo 13,3), ‘baixou do céu’ (Jo 3,13; 6,33), ‘veio em carne’ (1 Jo 4,2), porque ‘a Palavra se fez carne (…) e vimos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade (…) Pois da sua plenitude recebemos todos, e graça por graça’ (Jo 1,14.16).[iii]

b) O mistério de Cristo

   Sabemos que «o mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É, pois, a fonte de todos os outros mistérios da fé; á a luz que nos ilumina»[iv] A fé da Igreja resume-se no mistério da Santíssima Trindade em si mesma e no mistério do «desígnio benevolente da sua vontade» (Ef 1,9) acerca da salvação de todos os homens.
   E todo esse desígnio divino da nossa salvação centra-se em Cristo: O Pai realiza o «mistério da sua vontade» (Ef 1,9) enviando o seu Filho amado para a salvação de todo o mundo, e por meio d’Ele comunicando-nos o seu espírito. Este admirável desígnio divino é o «mistério que estava escondido em Deus desde séculos» (Ef 3,9), e que se revelou e se realiza na história por meio de Jesus Cristo.
   A dispensa ou realização desse plano da benevolência divina da salvação dos homens é designada no Novo testamento como «o mistério de Cristo», pois Ele é o seu centro (cf. Ef 3,1 – 12). Assim pois, pode dizer-se que o mistério de Cristo que se refere à sua pessoa e à sua obra de salvação, reúne e resume todos os artigos da fé: os que se referem à Trindade, pois Ele é Deus, o Filho do Pai, e nos revela a Trindade; e os que se referem aos desígnios e obras de Deus, pois Ele realizou o plano da sua vontade salvífica.

2. A fé e a razão humana ante o mistério de Cristo

a) Necessidade da fé para conhecer Cristo

   Ao falar do mistério de Cristo, estamos afirmando que n’Ele há uma realidade oculta e divina que nos transcende, e que nele também há uma realidade visível, sinal dessa realidade oculta, e que ao mesmo tempo a encobre, e que é a sua presença física entre os homens e a sua actuação na história.
   Mediante os métodos próprios da história podemos chegar a conhecer cada vez melhor a realidade visível da vida de Jesus. Mas unicamente mediante a revelação divina e a fé, podemos transcender o externo e chegar a conhecer quem é Ele verdadeiramente, já que «ninguém conhece o Filho senão o Pai» (Mt 11,27), e, como Ele mesmo dizia: «Ninguém pode vir a mim se não o atrair o Pai que me enviou» (Jo 6,44).
   Vejamo-lo no episódio que nos narra São Mateus, testemunha desse acontecimento: «Vindo Jesus à região de Cesareia de Filipe, perguntou aos discípulos: Quem dizem os homens quem é o Filho homem? Eles responderam: uns, que João Baptista; outros, que Elias; outros, que Jeremias ou outro dos Profetas» (Mt 16,13-14). São diversas opiniões ante a figura de Cristo e as suas admiráveis obras: «É um homem de Deus». Esta é uma resposta humana, uma conclusão a que chega a razão dos homens.
Mas Jesus continua perguntando: «E vós, quem dizeis que eu sou?». E Pedro responde: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». E Jesus acrescenta: «bem-aventurado és, Simão, filho de João, porque não tal não te foi revelado nem a carne nem o sangue, mas sim meu Pai que está nos céus». (Mt 16,15-17). Essa confissão não era fruto de uma dedução de Pedro a partir das suas luzes naturais mas um dom e revelação de Deus; não é uma resposta humana, mas uma resposta de Deus Pai que declara a verdade e a realidade de Jesus muito acima da opinião dos homens.
   Assim pois, não é suficiente considerar Jesus como um personagem digno de interesse histórico, teológico, espiritual ou social; nem considera-lo, inclusive, como o ideal humano de uma religiosidade sincera e profunda, o do amor aos outros, ou de um profunda sabedoria moral. É necessário ver Jesus com os olhos da fé para o conhecer verdadeiramente e confessar como Pedro: «Tu és o Messias. O Filho de Deus vivo».

b) O papel da razão ante o mistério de Cristo

   A nossa fé tem uma base real e histórica: parte integrante da nossa fé são os acontecimentos históricos do nascimento de Cristo, da sua vida e da sua actividade neste mundo, da sua Morte e da sua Ressurreição, etc. Jesus Cristo, que é o objecto da fé da Igreja, não é um mito: é um homem que viveu num contexto histórico concreto, e os acontecimentos da sua existência foram reais e comprováveis.
   Por isso, ainda que a razão humana não possa só com a suas forças chegar a conhecer os mistérios de Deus, nem pode chegar a compreender Cristo, todavia, desempenha uma função importante no conhecimento de muitas coisas da vida histórica do Senhor.
   Precisamente o Novo testamento está escrito como um narração do, realmente acontecido e do ensinado por Jesus (cf. Lc 1,1-4), certamente com o fim de suscitar a fé (cf. Jo 20,21), mas sem que essa finalidade retire algo ao carácter real e histórico do consignado. Com efeito, os apóstolos apresentam-se como testemunhas desses acontecimentos.
   Mais, os conhecimentos da vida de Cristo que a razão humana pode aportar facilitam a fé, pois as suas obras dão testemunho d’Ele (cf. Jo 10,25), são o selo da missão divina, e fazem ver que a fé é razoável e não um movimento cego do espírito.

3. A chamada «questão histórica» sobre Jesus Cristo e a pretendida distinção entre o Jesus da história e o Cristo da fé.

a) A procura do «Jesus da história» com um método exclusivamente racional.

 Nos últimos séculos colocou-se a questão do «acesso a Jesus», isto é, a investigação do que se pode conhecer com certeza acerca do «Jesus da história», empregando uma metodologia puramente histórica ou literária, sem ter presente o dogma nem a Tradição da Igreja, sem ter em conta «o Cristo da Fé».

   A crítica histórica. Desde finais do século XVIII, na era da Ilustração, surge a procura que tenta reconstruir a vida de Jesus utilizando uma metodologia histórica que só admite como verosímil o que tem uma explicação racional, e prescinde do demais como irreal. Para estes racionalistas o Senhor foi um simples homem, desprovido de toda a roupagem divina, e do qual há que desprezar como mito todo o milagroso. Portanto, para eles os Evangelhos não gozariam de nenhuma fiabilidade e não se deveriam ter em conta para estabelecer uma história que quer ser «crítica», puramente racional: esta história terá que basear-se em fontes externas.

   Pouco depois, ao longo de todo o século XIX, também o protestantismo liberal tentou chegar pela crítica histórica à verdadeira figura de Jesus, que viam como o homem perfeito, mas só um homem. Pretendendo fundar a fé na história, seguiu o mesmo caminho de contar unicamente com a razão e a ciência histórica positiva, prescindido dos testemunhos do Novo testamento e da Tradição da Igreja.
   Depois de um século de uma procura histórico-crítica à margem dos Evangelhos, tanto por parte dos ilustrados como pelos protestantes liberais, os resultados não foram muito satisfatórios: podiam-se conhecer muito poucas coisas do «Jesus histórico».

Vicente Ferrer Barriendos

(trad do original castelhano por ama)

Bibliografia:
Alguns documentos do Magistério da Igreja

JOÃO PAULO II, Enc. Redemptor hominis, 1979.
JOÃO PAULO II, Catequesis sobre el Credo, em Creo en Jesucristo, Pa­labra, Madrid 1996.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Mysterium Filii Dei, 1972.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis nun­tius, 1984.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis cons­cientia, 1986.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus Iesus, 2000.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, p. I, secção 2, cap. 2, nn. 422-682.
CONFERENCIA EPISCOPAL ESPANHOLA, COMISSÃO EPIS­COPAL PARA A DOUTRINA DA FÉ, Cristo presente na Igreja. Nota doutrinal sobre algumas questões cristológicas e im­plicações eclesiológicas, 1992.

Relação de abreviaturas:

Sagrada Escritura

Am                  Amos
Ap                    Apocalipse
Col                   Epístola aos Colossenses
1 Cor               Primeira Epístola aos Coríntios
2 Cor               Segunda Epístola aos Coríntios
1 Cro               Livro I das Crónicas e Paralipómenos
2 Cro               Livro II das Crónicas e Paralipómenos
Dan                  Daniel
Dt                    Deuteronómio
Ef                     Epístola aos Efésios
Ex                    Êxodo
Ez                    Ezequiel
Flp                   Epístola aos Filipenses
Gal                   Epístola aos Gálatas
Gen                 Génesis
Act                   Actos dos Apóstolos
Heb                 Epístola aos Hebreus
Is                     Isaías
Jb                    Job
Jer                   Jeremias
Jo                    Evangelho de São João
1 Jo                 Primeira Epístola de São João
2 Jo                 Segunda Epístola de São João
3 Jo                 Terceira Epístola de São João
Lc                    Evangelho de São Lucas
Lv                    Levítico
Mal                   Malaquias
Mc                   Evangelho de São Marcos
Miq                  Miqueias
Mt                    Evangelho de São Mateus
Os                    Oseias
1 Pd                 Primeira Epístola de São Pedro
2 Pd                 Segunda Epístola de São Pedro
Qo                   Livro de Qohélet (Eclesiastes)
1 Re                 Livro I dos Reis
2 Re                 Livro II dos Reis
Rom                Epístola aos Romanos
Sab                  Livro da Sabedoria
Sal                   Salmos
1 Sam              Livro I de Samuel
2 Sam              Livro II de Samuel
Tg                    Epístola de São Tiago
Sir                    Livro de Bem Sirá (Eclesiástico)
1 Tes               Primeira Epístola aos Tesalonicenses
2 Tes               Segunda Epístola aos Tesalonicenses
1 Tim               Primeira Epístola a Timóteo
1 Tim               Senda Epístola a Timóteo
Tit                    Epístola a Tito
Zc                    Zacarias

Outras siglas empregues

a.                     Artigo
Cap.                 Capítulo
CCE                  Catecismo da Igreja Católica (Cathecismus Catholicae Ecclesiae)
cf.                    Confira-se
Conc.               Concílio
Congr.             Congregação
Const.              Constituição
Decl.                Declaração
DS                   Enchiridion Symbolorum de Dezinguer-Schönmetzer
DV                   Constituição Dogmática Dei Verbum do Concílio Vaticano II
Enc.                 Encíclica
GS                   Constituição dogmática Gaudium et spes do Concílio Vaticano II
LG                    Constituição dogmática Lumen gentium do Concílio Vaticano II
p. / pp.            Página / páginas
p. ex.               Por exemplo
p.                     Pergunta
s. / ss.             Seguinte / Seguintes
S. Th.               Summa Theologiae de São Tomás de Aquino
t.                     Tomo





Notas:
[i] S. JOSEMARÍA ESCRIVÁ, Caminho, 382.
[ii] Cf. CONC. VATICANO II, Optatam totius, 16.
[iii] CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA (CCE), 423.
[iv] CCE, 434.

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