25/06/2013

Leitura espiritual para 25 Jun



Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.


Evangelho: Mt 15, 1-20

1 Então, aproximaram-se d'Ele uns escribas e fariseus de Jerusalém, dizendo: 2 «Porque violam os Teus discípulos a tradição dos antigos? Pois não lavam as mãos quando comem pão». 3 Ele respondeu-lhes: «E vós, também, porque transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? Porque Deus disse: 4 “Honra teu pai e tua mãe”, e: “O que amaldiçoar seu pai ou sua mãe, seja punido de morte”. 5 Porém, vós dizeis: “Quem disser a seu pai ou a sua mãe: `É oferta a Deus qualquer coisa minha que te possa ser útil', 6 não está mais obrigado a honrar seu pai ou sua mãe”; e, assim, por causa da vossa tradição, tornastes nulo o mandamento de Deus. 7 Hipócritas, bem profetizou de vós Isaías, dizendo: 8 “Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim. 9 Em vão Me prestam culto; as doutrinas que ensinam são preceitos humanos”». 10 Depois, chamando a Si as turbas, disse-lhes: «Ouvi e entendei. 11 Não é aquilo que entra pela boca que mancha o homem, mas aquilo que sai da boca, isso é que torna impuro o homem». 12 Então, aproximando-se d'Ele os Seus discípulos, disseram-Lhe: «Sabes que os fariseus, ouvindo estas palavras, se escandalizaram?». 13 Jesus respondeu: «Toda a planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada pela raiz. 14 Deixai-os; são cegos, e guias de cegos; e, se um cego guia outro cego, ambos caem na cova». 15 Pedro, tomando a palavra, disse-Lhe: «Explica-nos essa parábola». 16 Jesus respondeu: «Também vós tendes tão pouca compreensão? 17 Não compreendeis que tudo o que entra pela boca passa ao ventre e se lança depois num lugar escuso? 18 Mas as coisas que saem da boca, vêm do coração, e estas são as que mancham o homem; 19 porque do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as fornicações, os furtos, os falsos testemunhos, as palavras injuriosas. 20 Estas coisas são as que mancham o homem. Porém, o comer com as mãos por lavar não torna o homem impuro».


CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO NONO

CAPÍTULO XII

As lágrimas negadas

Fechei-lhe os olhos, e uma tristeza imensa invadiu-me o coração, e já me ia desfazer em lágrimas, ao mesmo tempo, os meus olhos, obedecendo ao enérgico poder da minha vontade, fechavam a sua fonte até secá-la. Como foi angustiosa essa luta! E foi quando ela deu o último suspiro, que o meu filho Adeodato rebentou em soluços, mas, instado por todos nós, se calou.
Deste modo sua voz juvenil, voz do coração, calou em mim essa espécie de emoção pueril que me provocava o pranto. De facto, não julgávamos correcto celebrar aquele funeral com lágrimas e choro, pois tais demonstrações deploram geralmente o triste destino dos que morrem, ou a sua total extinção.
A morte de minha mãe não era uma desgraça, e ela não morria para sempre, e disto estávamos certos pelo testemunho dos seus costumes, pela sua fé sincera e outras razões inequívocas.

Que era então o que tanto me pungia, senão a ferida recente causada pelo rompimento repentino do nosso dulcíssimo e querido convívio?

Era para mim grande consolação o testemunho que dera de mim, quando nesta última enfermidade, respondendo com ternura às minhas atenções, chamava-me de bom filho, e recordava com grande afecto o nunca ter ouvido de minha boca uma só palavra dura ou injuriosa contra ela.
Entretanto, o que era, meu Deus e meu Criador, a solicitude que eu lhe tributava, em comparação com o devotamento servil que por mim suportava?
Por me ver privado de tão grande consolo, sentia a alma ferida e a minha vida, que era uma só com sua, estava despedaçada.
Reprimido o pranto do Adeodato, Evódio tomou o saltério e começou a cantar um salmo, ao que todos respondíamos “Misericórdia e justiça te cantarei Senhor”.
Conhecia a notícia de sua morte, acorreram muitos irmãos e mulheres piedosas e, enquanto os encarregados dos funerais faziam o seu ofício conforme o hábito, retirei-me para um lugar conveniente, junto com os amigos que julgavam oportuno não me deixar só. Falava sobre assuntos próprios das circunstâncias, e com o lenitivo da verdade mitigava o meu sofrimento, só conhecido por ti.
Eles ignoravam-nos e ouviam-me atentamente, julgando que não sofria nenhuma dor.
Mas eu, pertinho dos teus ouvidos, onde ninguém me podia escutar, censurava a minha sensibilidade e fraqueza e reprimia a onda de tristeza que me invadia, esta cedia por uns instantes, e novamente me arrastava com o seu ímpeto, embora não chegasse a derramar lágrimas ou alterar a face.
Somente eu sabia quão oprimido estava o meu coração! E como me desgostava profundamente que as vicissitudes humanas tivessem tanto poder sobre mim, que são inelutáveis pela ordem natural e a sorte da nossa condição, a minha própria dor causava-me outra dor, e me afligia com dupla tristeza.

Quando o corpo foi levado à sepultura, fui e voltei sem derramar uma lagrima. Nem mesmo nas orações que te fizemos, quando oferecemos o sacrifício da nossa redenção por intenção da morta, cujo cadáver jazia junto ao sepulcro antes de ser inumado, como ali é costume, nem mesmo nessas orações, chorei. Mas durante todo o dia andei oprimido por grande tristeza interior, pedia-te como podia, com a mente perturbada, que aliviasses minha dor. Mas não me atendias,
sem dúvida para que fixasse, bem na memória, ao menos por esta única experiência, como são poderosos os laços do costume, mesmo numa alma que já não se alimentava de palavras enganadoras.
Lembrei-me então ir aos banhos, por ter ouvido dizer que a palavra banho (bálneo, em latim) vinha dos gregos, que o chamaram balanéion (tirar fora a ania), porque o banho aliviava as tristezas da alma. Mas eu o confesso à tua misericórdia – ó Pai dos órfãos: depois do banho fiquei como estava antes, porque o meu coração não expulsou o amargor de sua tristeza.
Depois adormeci.
Ao despertar, a minha dor estava mitigada, só, em meu leito, lembrei-me dos versos cheios de verdade de teu Ambrósio.

Porque, na verdade Tu és Deus,
Criador de quanto existe,
De todo o mundo supremo governante,
Que o dia vestes com tua luz brilhante,
E de sonhos gratos a noite triste
A fim de que os membros cansados
O descanso ao trabalho prepare
E as mentes cansadas, repare
E os peitos de pena oprimidos.

Depois, pouco a pouco voltava aos sentimentos de antes sobre tua serva. Recordava-me da sua piedade para contigo, da sua solicitude e paciência comigo, da qual subitamente me via privado. E senti consolação em chorar diante de ti, por causa dela e por ela, e por minha causa e por mim. E deixei que as lágrimas reprimidas corressem à vontade, estendendo-as como um leito reparador sob o meu coração.
Os teus ouvidos eram os que ali me escutavam, e não os de nenhum homem, que pudesse interpretar com soberba meu pranto.
E agora, Senhor, to confesso nestas linhas: leia-o quem quiser, interprete-o como quiser. E se alguém julgar que pequei nessas lágrimas, que derramei sobre minha mãe por alguns instantes, por minha mãe então morta a meus olhos, ela que me havia chorado tantos anos para que eu vivesse aos teus olhos, não se ria.
Antes, é grande sua caridade, chore pelos meus pecados diante de ti, Pai de todos os irmãos de teu Cristo!

CAPÍTULO XIII

Preces pela mãe morta

Agora, com a ferida do meu coração já sanada, na qual se podia censurar um afecto muito carnal, derramo diante de ti, meu Deus, por tua serva, outra espécie de lágrimas, bem diferentes, aquelas que brotam do espírito comovido à vista dos perigos que corre toda alma que morre em Adão.

É verdade que minha mãe, vivificada em Cristo, antes mesmo de ser livre dos laços da carne, viveu de tal modo, que o teu nome era louvado na sua fé e nos seus costumes. Contudo, não me atrevo a dizer que desde que a regeneraste no baptismo não saiu da sua boca nenhuma palavra contrária à tua lei. Porque a Verdade, que é teu Filho, disse: “Quem chamar a seu irmão de louco será réu do fogo da geena”.

Ai da vida dos homens, por mais louvável que seja, se tu a julgares sem a tua misericórdia!
Mas porque não examinas os nossos pecados com rigor, confiadamente esperamos tomar lugar a teu lado.

Quem enumera diante de ti os seus próprios méritos, que mais expõe senão teus dons?
Oh! Se os homens se reconhecessem como homens!
Se quem se glorifica se glorificasse no Senhor!

Por isso, Deus do meu coração, minha vida e minha gloria, esquecendo por um momento as boas acções de minha mãe, pelas quais te dou graças com alegria, peço-te agora perdão pelos seus pecados.
Ouve-me pelos méritos daquele que é o médico das nossas feridas, que foi suspenso do madeiro da cruz e que, sentado agora à tua direita, intercede por nós junto a ti. Eu sei que ela sempre agiu com misericórdia, e que perdoou de coração todas as faltas contra ela cometidas, perdoa-lhe também suas dívidas, se algumas contraiu em tantos anos que se seguiram ao baptismo. Perdoa-lhe, Senhor, perdoa-lhe, te suplico, e não entres em juízo com ela.

Triunfe a misericórdia sobre a justiça pois as tuas são palavras de verdade, e prometeste misericórdia aos misericordiosos. Se alguém o foi, deve-o à tua graça, tu que tens compaixão de quem te apraz, e usas de misericórdia com quem queres ser misericordioso.
Creio que já fizeste o que te suplico, mas desejo, Senhor, que acolhas os desejos da minha boca.
Estando iminente o dia de sua morte, ela não desejou sepultar o corpo com grande pompa, ou que fosse embalsamado com preciosos aromas, nem desejou um rico monumento, nem se preocupou em tê-lo na pátria. Nada disto nos pediu, mas desejou apenas que nos lembrássemos dela ante o teu altar, onde servira todos os dias da sua vida, sabendo que nele se oferece a vítima santa, com cujo sangue se destrói o libelo de nossa condenação, e pelo qual vencemos o inimigo que conta as nossas faltas e procura com que nos acusar, nada achando naquele que é a nossa vitória.

Quem poderá devolver-lhe seu sangue inocente?
Quem poderá restituir-lhe o preço pago por nosso resgate, para nos arrancar ao inimigo?

A este mistério da nossa redenção ligou a tua serva a sua alma com o vínculo da fé. Que ninguém a afaste de tua proteção. Que entre ela e ti não se interponha, nem pela força, nem pelo engano, o leão ou o dragão. Ela não responderá que nada deve, para não ser convencida e arrebatada pelo astuto acusador, responderá que as suas dívidas lhe foram perdoadas por aquele a quem ninguém pode restituir o que por nós pagou sem nada dever.
Que ela repouse em paz com o seu marido, antes e depois do qual não teve outro, a quem serviu, com uma paciência cujo fruto te oferecia, para o ganhar também para ti. Mas inspira, meu Senhor e meu Deus, inspira a teus servos, meus irmãos, a teus filhos, meus senhores, a quem sirvo de coração, com a palavra e com a pena, para que, ao lerem estas páginas, diante do teu altar lembrem de MÓNICA, tua serva, e de Patrício, outrora seu esposo, pelos quais me introduziste misteriosamente nesta vida. Que se lembrem com piedoso afecto daqueles que foram meus pais nesta vida transitória, e meus irmãos em ti, ó Pai, na Igreja Católica, nossa mãe, e meus concidadãos na eterna Jerusalém, pela qual suspira teu povo na sua peregrinação desde a saída até o regresso.
Assim, graças às minhas confissões, o último desejo de MÓNICA será mais amplamente satisfeito com muitas orações do que só pelas minhas.

LIVRO DÉCIMO

CAPÍTULO I

Finalidade do livro

Ó Deus, faz com que eu te conheça, meu conhecedor, que eu te conheça como de ti sou conhecido.
Virtude da minha alma, penetra-a, assemelha-a a ti, para que a tenhas e possuas sem mancha nem ruga.
Esta é a esperança com que falo, e nesta esperança me alegro, quando gozo de sã alegria.
Tudo o mais desta vida, tanto menos se há-de chorar quanto mais o choramos, e tanto mais teríamos que chorar quanto menos o choramos.
Mas tu amaste a verdade, porque quem a pratica alcança a luz.
Eu desejo praticá-la em meu coração, diante de ti, por esta minha confissão, e diante de muitas testemunhas por meus escritos.

CAPÍTULO II

O que é confessar a Deus

E, para ti, Senhor, que conheces o abismo da consciência humana, que poderia haver de oculto em mim, ainda que não to quisesse confessar?
Poderia apenas esconder-te de mim, e nunca me esconder de ti.
Agora que os meus gemidos dão testemunho do desagrado que sinto por mim, tu me iluminas e me agradas, e és amado e desejado a ponto de eu me envergonhar de mim. Renuncio a mim para te escolher, e não quero agradar a ti ou a mim senão por teu amor.
Portanto, assim como sou, Senhor, tu me conheces. Já te disse com que escopo me vou confessando a ti. Faço esta confissão não com palavras e vozes do corpo, mas com as palavras da alma e o brado da inteligência, que teus ouvidos conhecem.
Quando sou mau, confessar-me ai é o mesmo que desprezar a mim próprio, quando sou bom, é apenas nada atribuir a mim mesmo.
Porque tu, Senhor, abençoas o justo, mas antes tornas justo ao pecador.
Assim, meu Deus, a confissão que faço na tua presença, é e não é silenciosa, a boca se cala, mas meu coração clama.
Tudo o que digo aos homens de verdadeiro já tinhas ouvido de mim, e nem ouves nada de mim que antes não me tivesses dito.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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