21/06/2013

Leitura espiritual para 21 Jun



Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 13, 24-43

24 Propôs-lhes outra parábola, dizendo: «O Reino dos Céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. 25 Porém, enquanto os homens dormiam, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e foi-se. 26 Tendo crescido a erva e dado fruto, apareceu então o joio. 27 Chegando os servos do pai de família, disseram-lhe: “Senhor, porventura não semeaste tu boa semente no teu campo? Donde veio, pois, o joio?”. 28 Ele, respondeu-lhes: “Foi um inimigo que fez isto”. Os servos disseram-lhe: “Queres que vamos e o arranquemos?”. 29 Ele respondeu-lhes: “Não, para que talvez não suceda que, arrancando o joio, arranqueis juntamente com ele o trigo. 30 Deixai-os crescer juntos até à ceifa, e no tempo da ceifa direi aos ceifeiros: Colhei primeiramente o joio, e atai-o em molhos para o queimar; o trigo, porém, recolhei-o no meu celeiro”». 31 Propôs-lhes outra parábola, dizendo: «O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. 32 É a mais pequena de todas as sementes, mas, depois de ter crescido, é maior que todas as hortaliças e chega a tornar-se uma árvore, de modo que as aves do céu vêm aninhar nos seus ramos». 33 Disse-lhes outra parábola: «O Reino dos Céus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha até que tudo esteja fermentado». 34 Todas estas coisas disse Jesus ao povo em parábolas; e não lhes falava sem parábolas, 35 a fim de que se cumprisse o que estava anunciado pelo profeta, que diz: “Abrirei em parábolas a Minha boca, publicarei as coisas escondidas desde a criação do mundo”». 36 Então, despedido o povo, foi para casa, e chegaram-se a Ele os Seus discípulos, dizendo: «Explica-nos a parábola do joio no campo». 37 Ele respondeu: «O que semeia a boa semente é o Filho do Homem. 38 O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do reino. O joio são os filhos do Maligno. 39 O inimigo que o semeou é o demónio. O tempo da ceifa é o fim do mundo. Os ceifeiros são os anjos. 40 De maneira que, assim como é colhido o joio e queimado no fogo, assim acontecerá no fim do mundo. 41 O Filho do Homem enviará os Seus anjos e tirarão do Seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade, 42 e lançá-los-ão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. 43 Então resplandecerão os justos como o sol no reino de seu Pai. O que tem, ouvidos para ouvir, oiça.



CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO OITAVO

CAPÍTULO XI

Últimas resistências

Assim sofria e atormentava-me, com acusações mais acerbas que de costume, rolando-me e debatendo-me dentro das minhas cadeias, para ver se as quebrava por completo. Elas mal me prendiam, mas ainda me prendiam. E tu, Senhor, espicaçavas-me no fundo da minha alma, e com severa misericórdia redobravas os açoites do temor e da vergonha, para que eu não afrouxasse de novo, e para que quebrasse a minha ténue e leve cadeia, antes que ela se revigorasse para me prender mais firmemente.

E dizia comigo mesmo: “Vamos! Mãos à obra, sem demoras!”
E quase passava da palavra à acção. Estava a ponto para agir, mas não agia. Eu já não recaía nas antigas paixões, mas delas estava bem próximo, e tomava ainda alento do seu ar. Quase a alcançava, faltava pouco, cada vez menos, e já quase chegava ao termo e segurava-a, mas não a alcançava, nem a tocava, hesitava entre morrer para a morte e viver para a vida. O mal arraigado dominava-me mais do que
o bem, cujo hábito eu não possuía, na medida que ia se aproximando o momento em que me transformaria em outro homem, maior era o horror que me incutia, sem contudo me fazer voltar para trás ou mudar de caminho.
Simplesmente mantinha-me indeciso.

Mantinham-me preso umas tantas bagatelas, umas vaidades de vaidades, antigas amigas minhas, que me puxavam por minhas vestes carnais, murmurando:
“Então, nos abandonas?
De agora em diante nunca mais estaremos contigo?
Desde este momento nunca mais te será lícito isto ou aquilo?”
E que coisas, meu Deus, que torpezas me sugeriam com o que chamei de isto ou aquilo!
Por tua misericórdia, afasta-as da alma de teu servo! Oh! Que imundícies me sugeriam, que indecências!
Já se reduzira a menos da metade o número de vezes que eu lhes dava ouvidos, não era mais um assalto aberto, frontal, mas segredado por cima dos ombros, e como que puxando-me furtivamente, se me afastava, para que me voltasse para trás.
Contudo, faziam com que eu, vacilante, tardasse em me separar delas para correr para onde me chamavam, enquanto o hábito violento me dizia:
“Julgas que poderás viver sem elas?”

Mas isto já dizia com voz muito débil. Para onde voltava o rosto, e por onde temia passar, mostrava-se para mim a casta dignidade da continência, serena e alegre, sem desordens, acariciando-me honestamente para que me aproximasse sem medo.
Estendia para mim, para me acolher e abraçar, as suas mãos piedosas, cheias de uma multidão de bons exemplos.
Junto dela, uma turba de meninos e meninas, uma juventude numerosa, e homens de toda idade, viúvas veneráveis e virgens idosas. Em todas essas almas, não era estéril, mas fecunda a mãe de filhos nascidos nas alegrias do esposo, que eras tu, Senhor!
E a continência zombava de mim com ironia animadora, como se dissesse:
“Então, não serás capaz de fazer o mesmo que eles?
Ou será que estes e estas encontraram forças em si mesmos, e não no Senhor, seu Deus?
Foi o Senhor Deus, quem me entregou a eles. Por que te apoias em ti, se és vacilante?
Lança-te nele, não temas, que ele não se apartará de ti, e tu não cairás. Lança-te com confiança, que ele te receberá e te curará.”
E enchia-me de vergonha por ainda ouvir o murmúrio daquelas bagatelas e, vacilante, continuava indeciso.

Mas de novo a voz da castidade parecia dizer-me: Não dês ouvidos às tentações imundas da tua carne impura que te prende à terra, a fim de que seja mortificada. Ela fala-te de deleites, contrários porém, à lei do Senhor teu Deus.
Essa luta desenrolava-se no fundo do meu espírito, de mim contra mim mesmo.
Alípio, sem sair de perto de mim, aguardava em silêncio o desfecho de minha insólita agitação.

CAPÍTULO XII

A conversão

Mas logo que esta profunda reflexão tirou da profundeza da minha alma, e expôs toda a minha miséria à vista do meu coração, caiu sobre mim enorme tormenta, trazendo copiosa torrente de lágrimas. E para dar-lhe toda vazão com seus gemidos, afastei-me de Alípio, a solidão parecia-me mais adequada e afastei-me o mais longe possível, para que sua presença não me fosse embaraçosa. Tal era o estado em que encontrava, e Alípio percebeu-o, pois lhe disse alguma coisa com um timbre de voz embargado de lágrimas que me denunciou.
Alípio, atónito, continuou no lugar em que estávamos sentados, mas eu, não sei como, me retirei para a sombra de uma figueira, e dei vazão às lágrimas, e dois rios brotaram dos meus olhos, sacrifício agradável a teu coração. E embora não com estes termos, mas com o mesmo sentido, muitas coisas te disse como esta:
E tu, Senhor, até quando?
Até quando, Senhor, hás-de estar irritado!
Esquece-te de minhas iniquidades passadas!
Sentia-me ainda preso a elas, e gemia, e lamentava:
“Até quando?
Até quando direi amanhã, amanhã?
Porque não agora?
Porque não pôr fim agora às minhas torpezas?”

Assim falava, e chorava oprimido pela mais amarga dor do meu coração.
Mas eis que, de repente, ouço da casa vizinha uma voz, de menino ou menina, não sei, que cantava e repetia muitas vezes: “Toma e lê, toma e lê”.
E logo, mudando de semblante, comecei a buscar, com toda a atenção nas minhas lembranças se porventura esta cantiga fazia parte de um jogo que as crianças costumassem cantarolar, mas não me lembrava de tê-la ouvido antes. Reprimindo o ímpeto das lágrimas, levantei-me. Uma só interpretação me ocorreu: a vontade divina mandava-me abrir o livro e ler o primeiro capitulo que encontrasse.

Tinha ouvido dizer que Antão, assistindo por acaso a uma leitura do Evangelho, tomara para si esta advertência: “Vai, vende tudo o que tens, dá-lo aos pobres, e terás um tesouro no céu, depois vem e segue-me” – e que esse oráculo decidira imediatamente a sua conversão.

Depressa voltei para o lugar onde Alípio estava sentado, e onde eu deixara o livro do Apóstolo ao levantar-me. Peguei-o, abri-o, e li em silêncio o primeiro capítulo que me caiu sob os olhos:
“Não caminheis em glutonarias e embriaguez, não nos prazeres impuros do leito e em leviandades, não em contendas e rixas, mas revesti-vos de nosso Senhor Jesus Cristo, e não cuideis de satisfazer os desejos da carne”.

Não quis ler mais, nem era necessário.
Quando cheguei ao fim da frase, uma espécie de luz de certeza se insinuou no meu coração, dissipando todas as trevas de dúvida.
Então, marcando com o dedo, ou não sei com quê, fechei o livro, e com o rosto já tranquilo, revelei a Alípio o que se passara. Ele, por sua vez, revelou-me o que acontecera com ele, e que eu ignorava. Pediu para ver o que eu tinha lido, mostrei-lhe, ele prosseguiu a leitura. Eu ignorava o texto seguinte, que era este: Recebei ao fraco na fé, palavras que aplicou a si mesmo, e mo revelou.
Fortificado por essa advertência, firmou-se nessa resolução e santo propósito, bem de acordo com os seus costumes, nos quais já há muito tempo tomara grande vantagem sobre mim.

Fomos depois à procura de minha mãe, que ao saber do sucedido, ficou radiante.
Contamos-lhe como o caso se passara, ela exultou, triunfante e bendizendo a ti, que és poderoso para dar-nos mais do que pedimos ou entendemos, porque via que lhe havias concedido, a meu respeito, muito mais do que constantemente te pedia com tristes gemidos e lágrimas.
De tal forma me converteste a ti, que já não procurava esposa, nem abrigava esperança alguma deste mundo, mas estava já naquela “regra de fé” em que há tantos anos me havias mostrado à minha mãe. E assim converteste seu pranto em alegria, muito mais fecunda do que havia desejado, e muito mais preciosa e pura do que a que podia esperar dos netos nascidos da minha carne.


LIVRO NONO

CAPÍTULO I

Colóquio

Ó Senhor, sou teu servo e filho de tua serva. Rompeste minhas cadeias: eu te sacrificarei uma vítima de louvor. Louvem-te o meu coração e a minha língua, e que todos os meus ossos te digam: Senhor, quem semelhante a ti?
Que eles te digam essas palavras e que me respondas e digas à minha alma: Eu sou tua salvação.
Quem sou eu, e como era?
Que males não tive em minhas obras, ou, se não em minhas obras, em minhas palavras, ou, se não em minhas palavras, em minha vontade!
Mas tu, Senhor, bom e misericordioso, puseste os olhos na profundeza de minha morte, e purificaste com a tua destra o abismo de corrupção de minha alma. Tratava-se agora apenas de não querer o que eu queria, e de querer o que tu querias.

Mas, onde esteve meu livre arbítrio durante tantos anos?
De que profundo e misterioso abismo foi ele chamado num instante, para que eu inclinasse a cerviz a teu jugo suave e o ombro a teu leve fardo, ó Cristo Jesus, meu auxílio e redenção?
Quão suave foi para mim a privação de doçuras fúteis! Temia então perdê-las, como agora sentia prazer em deixa-las! Porque tu te afastavas de mim, e entravas em seu lugar, mais doce que qualquer prazer, mas não para a carne e o sangue, mais claro que toda luz, mais oculto que qualquer segredo, mais sublime que todas as honras, mas não para os que exaltam a si mesmos.

A minha alma já estava livre dos devoradores cuidados da ambição, do ganho, e do prurido dos apetites carnais, e falava muito comigo, ó Deus e Senhor meu, minha luz, minha riqueza, minha salvação!

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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