A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Lc 4, 14-32
14 Voltou Jesus, sob
o impulso do Espírito, para a Galileia, e a Sua fama divulgou-se por toda a
região circunvizinha. 15 Ensinava nas suas sinagogas e era aclamado
por todos. 16 Foi a Nazaré, onde Se tinha criado, entrou na
sinagoga, segundo o Seu costume, em dia de sábado, e levantou-Se para fazer a
leitura. 17 Foi-Lhe dado o livro do profeta Isaías. Quando
desenrolou o livro, encontrou o lugar onde estava escrito: 18 “O
Espírito do Senhor repousou sobre Mim; pelo que Me ungiu para anunciar a boa
nova aos pobres; Me enviou para anunciar a redenção aos cativos, e a
recuperação da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, 19
a pregar um ano de graça da parte do Senhor”. 20 Tendo enrolado o
livro, deu-o ao encarregado, e sentou-Se. Os olhos de todos os que se
encontravam na sinagoga estavam fixos n'Ele. 21 Começou a
dizer-lhes: «Hoje cumpriu-se este passo da Escritura que acabais de ouvir». 22
E todos davam testemunho em Seu favor, e admiravam-se das palavras de graça que
saíam da Sua boca, e diziam: «Não é este o filho de José?». 23 Então
disse-lhes: «Sem dúvida que vós Me aplicareis este provérbio: “Médico, cura-te
a ti mesmo”. Todas aquelas grandes coisas que ouvimos dizer que fizeste em
Cafarnaum, fá-las também aqui na Tua terra». 24 Depois acrescentou:
«Em verdade vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua terra. 25
Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel no tempo de Elias, quando
foi fechado o céu durante três anos e seis meses e houve uma grande fome por
toda a terra; 26 e a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma
mulher viúva de Sarepta, do território de Sidónia. 27 Muitos
leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu; e nenhum deles foi curado,
senão o sírio Naaman». 28 Todos os que estavam na sinagoga, ouvindo
isto, encheram-se de ira. 29 Levantaram-se, lançaram-n'O fora da
cidade, e conduziram-n'O até ao cume do monte sobre o qual estava edificada a
cidade, para O precipitarem. 30 Mas, passando no meio deles,
retirou-Se. 31 Foi a Cafarnaum, cidade da Galileia, e ali ensinava
aos sábados. 32 Admiravam-se da Sua doutrina, porque falava com
autoridade.
C. I. C. nr. 1822 a 1864
A CARIDADE
1822.
A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas
por Ele mesmo, e ao próximo como a nós mesmos, por amor de Deus.
1823.
Jesus faz da caridade o mandamento novo (75). Amando os seus «até ao fim» (Jo
13, 1), manifesta o amor do Pai, que Ele próprio recebe. E os discípulos,
amando-se uns aos outros, imitam o amor de Jesus, amor que eles recebem também
em si. É por isso que Jesus diz: «Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei.
Permanecei no meu amor» (Jo 15, 9). E ainda: «É este o meu mandamento: que vos
ameis uns aos outros, como Eu vos amei» (Jo 15, 12).
1824.
Fruto do Espírito e plenitude da Lei, a caridade guarda os mandamentos de Deus
e do seu Cristo: «Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos,
permanecereis no meu amor» (Jo 15, 9-10) (76).
1825.
Cristo morreu por amor de nós, sendo nós ainda «inimigos» (Rm 5, 10). O Senhor
pede-nos que, como Ele, amemos até os nossos inimigos (77), que nos façamos o
próximo do mais afastado (78), que amemos as crianças (79) e os pobres como a
Ele próprio (80).
O
apóstolo São Paulo deixou-nos um incomparável quadro da caridade: «A caridade é
paciente, a caridade é benigna; não é invejosa, não é altiva nem orgulhosa; não
é inconveniente, não procura o próprio interesse, não se imita, não guarda
ressentimento, não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade; tudo
desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta» (1Cor 13, 4-7).
1826.
Sem a caridade, diz ainda o Apóstolo, «nada sou». E tudo o que for privilégio,
serviço, ou mesmo virtude..., se não tiver caridade «de nada me aproveita»
(81). A caridade é superior a todas as virtudes. É a primeira das virtudes
teologais: «Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade;
mas a maior de todas é a caridade» (1 Cor 13, 13).
1827.
O exercício de todas as virtudes é animado e inspirado pela caridade. Esta é o
«vínculo da perfeição» (Cl 3, 14) e a forma das virtudes: articula-as e
ordena-as entre si; é a fonte e o termo da sua prática cristã. A caridade
assegura e purifica a nossa capacidade humana de amar e eleva-a à perfeição
sobrenatural do amor divino.
1828.
A prática da vida moral animada pela caridade dá ao cristão a liberdade
espiritual dos filhos de Deus. O cristão já não está diante de Deus como um
escravo, com temor servil, nem como o mercenário à espera do salário, mas como
um filho que corresponde ao amor «d'Aquele que nos amou primeiro» (1 Jo 4, 19):
«Nós,
ou nos desviamos do mal por temor do castigo e estamos na atitude do escravo,
ou vivemos à espera da recompensa e parecemo-nos com os mercenários; ou,
finalmente, é pelo bem em si e por amor d'Aquele que manda, que obedecemos
[...], e então estamos na atitude própria dos filhos» (82).
1829
Os frutos da caridade são: a alegria, a paz e a misericórdia; exige a prática
do bem e a correcção fraterna; é benevolente; suscita a reciprocidade, é
desinteressada e liberal: é amizade e comunhão:
«A
consumação de todas as nossas obras é o amor. É nele que está o fim: é para a
conquista dele que corremos; corremos para lá chegar e, uma vez chegados, é
nele que descansamos» (83).
III. Os dons e os frutos
do Espírito Santo
1830.
A vida moral dos cristãos é sustentada pelos dons do Espírito Santo. Estes são
disposições permanentes que tornam o homem dócil aos impulsos do Espírito
Santo.
1831.
Os sete dons do Espírito Santo são: sabedoria, entendimento, conselho,
fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Pertencem em plenitude a Cristo,
filho de David (84). Completam e levam à perfeição as virtudes de quem os
recebe. Tornam os fiéis dóceis, na obediência pronta, às inspirações divinas.
«Que
o vosso espírito de bondade me conduza pelo caminho recto» (Sl 143, 10). «Todos
aqueles que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus [...]; se
somos filhos, também somos herdeiros: herdeiros de Deus, co-herdeiros de
Cristo» (Rm 8, 14.17).
1832.
Os frutos do Espírito são perfeições que o Espírito Santo forma em nós, como
primícias da glória eterna. A tradição da Igreja enumera doze: «caridade,
alegria, paz, paciência, bondade, longanimidade, benignidade, mansidão,
fidelidade, modéstia, continência, castidade» (Gl 5, 22-23 segundo a Vulgata).
Resumindo:
1833. A virtude é uma disposição habitual e firme
para praticar o bem.
1834.
As virtudes humanas são disposições
estáveis da inteligência e da vontade, que regulam os nossos actos, ordenam as
nossas paixões e guiam o nosso procedimento segundo a razão e a fé. Podem ser
agrupadas à roda das quatro virtudes cardiais: prudência, justiça, fortaleza e
temperança.
1835.
A prudência dispõe a razão prática para
discernir, em todas as circunstâncias, o verdadeiro bem e para escolher os
justos meios de o realizar.
1836.
A justiça consiste na constante e firme
vontade de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido.
1837.
A fortaleza assegura, no meio das
dificuldades, a firmeza e a constância na prossecução do bem.
1838.
A temperança modera a atracção dos
prazeres sensíveis e proporciona equilíbrio no uso dos bens criados.
1839.
As virtudes morais desenvolvem-se pela
educação, por actos deliberados e pela perseverança no esforço. A graça divina
purifica-as e eleva-as.
1840.
As virtudes teologais dispõem os cristãos
para viverem em relação com a Santíssima Trindade. Têm, Deus por origem, motivo
e objecto – Deus conhecido pela fé, esperado e amado por Si mesmo.
1841.
São três as virtudes teologais: fé,
esperança e caridade (85). Informam e
vivificam todas as virtudes morais.
1842.
Pela fé, cremos em Deus e em tudo quanto
Ele nos revelou e a santa Igreja nos propõe para acreditarmos.
1843.
Pela esperança, desejamos e esperamos de
Deus, com firme confiança, a vida eterna e as graças para a merecer.
1844.
Pela caridade, amamos a Deus sobre todas
as coisas e ao próximo como a nós mesmos, por amor de Deus. A caridade é o
«vínculo da perfeição» (Cl 3, 14) e a forma de todas as virtudes.
1845.
Os sete dons do Espírito Santo,
concedidos aos cristãos, são: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza,
ciência, piedade e temor de Deus.
O PECADO
I. A misericórdia e o
pecado
1846.
O Evangelho é a revelação, em Jesus Cristo, da misericórdia de Deus para com os
pecadores (86). O anjo assim o disse a José: «Pôr-Lhe-ás o nome de Jesus,
porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1, 21), o mesmo se diga da
Eucaristia, sacramento da Redenção: «Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança,
que vai ser derramado por todos para a remissão dos pecados» (Mt 26, 28).
1847.
«Deus, que nos criou sem nós, não quis salvar-nos sem nós» (87). O acolhimento
da sua misericórdia exige de nós a confissão das nossas faltas. «Se dizemos que
não temos pecado, enganamo-nos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os
nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e para nos
purificar de toda a maldade» (1 Jo 1, 8-9).
1848.
Como afirma São Paulo: «Onde abundou o pecado, superabundou a graça» (Rm 5,
20). Mas para realizar a sua obra, a graça tem de pôr a descoberto o pecado,
para converter o nosso coração e nos obter «a justiça para a vida eterna, por
Jesus Cristo, nosso Senhor» (Rm 5, 21). Como um médico que examina a chaga
antes de lhe aplicar o penso, Deus, pela sua Palavra e pelo seu Espírito,
projecta uma luz viva sobre o pecado:
«A
conversão requer o reconhecimento do pecado. Contém em si mesma o juízo
interior da consciência. Pode ver-se nela a prova da acção do Espírito de
verdade no mais íntimo do homem. Torna-se, ao mesmo tempo, o princípio dum novo
dom da graça e do amor: "Recebei o Espírito Santo". Assim, neste
"convencer quanto ao pecado". descobrimos um duplo dom: o dom da
verdade da consciência e o dom da certeza da redenção. O Espírito da verdade é
o Consolador» (88).
II. Definição de pecado
1849.
O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a recta consciência. É uma
falha contra o verdadeiro amor para com Deus e para com o próximo, por causa dum
apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e atenta contra a
solidariedade humana. Foi definido como «uma palavra, um acto ou um desejo
contrários à Lei eterna» (89).
1850.
O pecado é uma ofensa a Deus: «Pequei contra Vós, só contra Vós, e fiz o mal
diante dos vossos olhos» (Sl 51, 6). O pecado é contrário ao amor que Deus nos
tem e afasta d'Ele os nossos corações. É, como o primeiro pecado, uma
desobediência, uma revolta contra Deus, pela vontade de os homens se tornarem
«como deuses», conhecendo e determinando o que é bem e o que é mal (Gn 3, 5).
Assim, o pecado é «o amor de si próprio levado até ao desprezo de Deus» (90).
Por esta exaltação orgulhosa de si mesmo, o pecado é diametralmente oposto à
obediência de Jesus, que realizou a salvação (91).
1851.
É precisamente na paixão, em que a misericórdia de Cristo o vai vencer, que o
pecado manifesta melhor a sua violência e a sua multiplicidade: incredulidade,
ódio assassino, rejeição e escárnio por parte dos chefes e do povo, cobardia de
Pilatos e crueldade dos soldados, traição de Judas tão dura para Jesus, negação
de Pedro e abandono dos discípulos. No entanto, mesmo na hora das trevas e do
príncipe deste mundo (92), o sacrifício de Cristo torna-se secretamente a fonte
de onde brotará, inesgotável, o perdão dos nossos pecados.
III. A diversidade dos
pecados
1852.
É grande a variedade dos pecados. A Sagrada Escritura fornece-nos várias
listas. A Epístola aos Gálatas opõe as obras da carne aos frutos do Espírito:
«As obras da natureza decaída ("carne") são claras: imoralidade,
impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, inimizades, discórdias, ciúmes,
fúrias, rivalidades, dissensões, facciosismos, invejas, excessos de bebida e de
comida e coisas semelhantes a estas. Sobre elas vos previno, como já vos tinha
prevenido: os que praticam acções como estas, não herdarão o Reino de Deus» (Gl
5, 19-21) (93).
1853.
Os pecados podem distinguir-se segundo o seu objecto, como todo o acto humano;
ou segundo as virtudes a que se opõem; por excesso ou por defeito; ou segundo
os mandamentos que violam. Também podem agrupar-se segundo outros critérios: os
que dizem respeito a Deus, ao próximo, à própria pessoa do pecador; pecados
espirituais e carnais: ou, ainda, pecados por pensamentos, palavras, obras ou
omissões. A raiz do pecado está no coração do homem, na sua vontade livre,
conforme o ensinamento do Senhor: «do coração é que provêm pensamentos
malévolos, assassínios, adultérios, fornicações, roubos, falsos testemunhos,
maledicências – coisas que tornam o homem impuro» (Mt 15, 19). Mas é também no
coração que reside a caridade, princípio das obras boas e puras, que o pecado
ofende.
IV. A gravidade do pecado:
pecado mortal e pecado venial
1854.
Os pecados devem ser julgados segundo a sua gravidade. A distinção entre pecado
mortal e pecado venial, já perceptível na Escritura (94), impôs-se na Tradição
da Igreja. A experiência dos homens corrobora-a.
1855.
O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem por uma infracção grave
à Lei de Deus. Desvia o homem de Deus, que é o seu último fim, a sua
bem-aventurança, preferindo-Lhe um bem inferior. O pecado venial deixa
subsistir a caridade, embora ofendendo-a e ferindo-a.
1856.
O pecado mortal, atacando em nós o princípio vital que é a caridade, torna
necessária uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do
coração que normalmente se realiza no quadro do sacramento da Reconciliação:
«Quando
[...] a vontade se deixa atrair por uma coisa de si contrária à caridade, pela
qual somos ordenados para o nosso fim último, o pecado, pelo seu próprio
objecto, deve considerar-se mortal [...], quer seja contra o amor de Deus (como
a blasfémia, o perjúrio, etc.), quer contra o amor do próximo (como o
homicídio, o adultério, etc.) [...] Em contrapartida, quando a vontade do
pecador por vezes se deixa levar para uma coisa que em si é desordenada, não
sendo todavia contrária ao amor de Deus e do próximo (como uma palavra ociosa,
um risco supérfluo, etc.), tais pecados são veniais» (95).
1857.
Para que um pecado seja mortal, requerem-se, em simultâneo, três condições: «É
pecado mortal o que tem por objecto uma matéria grave, e é cometido com plena
consciência e de propósito deliberado» (96).
1858.
A matéria grave é precisada pelos dez Mandamentos, segundo a resposta que Jesus
deu ao jovem rico: «Não mates, não cometas adultério, não furtes, não levantes
falsos testemunhos, não cometas fraudes, honra pai e mãe» (Mc 10, 18). A
gravidade dos pecados é maior ou menor: um homicídio é mais grave que um roubo.
A qualidade das pessoas lesadas também entra em linha de conta: a violência
cometida contra pessoas de família é, por sua natureza, mais grave que a
exercida contra estranhos.
1859.
Para que o pecado seja mortal tem de ser cometido com plena consciência e total
consentimento. Pressupõe o conhecimento do carácter pecaminoso do acto, da sua
oposição à Lei de Deus. E implica também um consentimento suficientemente
deliberado para ser uma opção pessoal. A ignorância simulada e o endurecimento
do coração (97) não diminuem, antes aumentam, o carácter voluntário do pecado.
1860.
A ignorância involuntária pode diminuir, ou mesmo desculpar, a imputabilidade
duma falta grave. Mas parte-se do princípio de que ninguém ignora os princípios
da lei moral, inscritos na consciência de todo o homem. Os impulsos da
sensibilidade e as paixões podem também diminuir o carácter voluntário e livre
da falta. O mesmo se diga de pressões externas e de perturbações patológicas. O
pecado cometido por malícia, por escolha deliberada do mal, é o mais grave.
1861.
O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, tal como o
próprio amor. Tem como consequência a perda da caridade e a privação da graça
santificante, ou seja, do estado de graça. E se não for resgatado pelo arrependimento
e pelo perdão de Deus, originará a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna
no Inferno, uma vez que a nossa liberdade tem capacidade para fazer escolhas
definitivas, irreversíveis. No entanto, embora nos seja possível julgar se um
acto é, em si, uma falta grave, devemos confiar o juízo sobre as pessoas à
justiça e à misericórdia de Deus.
1862.
Comete-se um pecado venial quando, em matéria leve, não se observa a medida
prescrita pela lei moral ou quando, em matéria grave, se desobedece à lei
moral, mas sem pleno conhecimento ou sem total consentimento.
1863.
O pecado venial enfraquece a caridade, traduz um afecto desordenado aos bens
criados, impede o progresso da pessoa no exercício das virtudes e na prática do
bem moral; e merece penas temporais. O pecado venial deliberado e não seguido
de arrependimento, dispõe, a pouco e pouco, para cometer o pecado mortal. No
entanto, o pecado venial não quebra a aliança com Deus e é humanamente
reparável com a graça de Deus. «Não priva da graça santificante, da amizade com
Deus, da caridade, nem, portanto, da bem-aventurança eterna» (98).
«Enquanto
vive na carne, o homem não é capaz de evitar totalmente o pecado, pelo menos os
pecados leves. Mas estes pecados, que chamamos leves, não os tenhas por insignificantes.
Se os tens por insignificantes quando os pesas, treme quando os contas. Muitos
objectos leves fazem uma massa pesada; muitas gotas de água enchem um rio;
muitos grãos fazem um monte. Onde, então, está a nossa esperança? Antes de
mais, na confissão...» (99).
1864.
«Todo o pecado ou blasfémia será perdoado aos homens, mas a blasfémia contra o
Espírito não lhes será perdoada» (Mt 12, 31) (100). Não há limites para a
misericórdia de Deus, mas quem recusa deliberadamente receber a misericórdia de
Deus, pelo arrependimento, rejeita o perdão dos seus pecados e a salvação
oferecida pelo Espírito Santo (101). Tal endurecimento pode levar à
impenitência final e à perdição eterna.
________________________
Notas:
75.
Cf. Jo 13. 34.
76.
Cf. Mt 22, 40: Rm 13, 8-10.
77. Cf. Mt 5, 44.
78. Cf. Lc 10, 27-37.
79. Cf Mc 9, 37.
80.
Cf. Mt 25, 40.45.
81.
Cf. 1 Cor 13, 1-4.
82.
São Basílio Magno, Regulae fusius tractatae, prol. 3: PG 31. 896.
83. Santo Agostinho, In
epistulam Iohannis ad Parthos tractus 10, 4: PL 35, 2056-2057.
84. Cf. Is 11, 1-2.
85.
1 Cor 13, 13.
86.
Cf. Lc 15.
87.
Santo Agostinho, Sermão 169, 11, 13: PL 38, 923.
88.
João Paulo II, Enc. Dominum et vivificantem, 31: AAS 78 (1986) 843.
89.
Santo Agostinho, Contra Faustum manichaeum, 22, 27: CSEL 25, 621 (PL 42, 418):
cf. São Tomás de Aquino, Summa theologiae, 1-2, q. 71, a. 6: Ed. Leon. 7, 8-9.
90.
Santo Agostinho, De civitate Dei, 14, 28: CSEL 40/2, 56 (PL 41, 436).
91.
Cf. Fl 2, 6-9.
92.
Cf. Jo 14, 30.
93.
Cf. Rm 1, 28-32; 1 Cor 6, 9-10; Ef 5, 3-5; Cl 3, 5-9; 1 Tm 1, 9-10; 2 Tm 3,
2-5.
94.
Cf. 1 Jo 5, 16-17.
95.
São Tomás de Aquino, Summa theologiae, 1-2, q. 88. a. 2, e: Ed. Leon. 7, 135.
96.
João Paulo II. Ex. ap. Reconciliatio et paenitentia, 17: AAS 77 (1985) 221.
97.
Cf. Mc 3, 5-6; Lc 16, 19-31.
98.
João Paulo II, Ex. ap. Reconciliatio et
paenitentia, 17: AAS 77 (1985) 221.
99.
Santo Agostinho, In epistulam Iohannis Parthos tractatus, 1, 6: PL 35, 1982.
100.
Cf. Mc 3. 29; Lc 12, 10.
101.
Cf. João Paulo II, Enc. Dominum et vivificantem, 46: AAS 78 (1986) 864-865.
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