Escreveste-me:
"Orar é falar com Deus. Mas de quê?". De quê?! D'Ele e de ti;
alegrias, tristezas, êxitos e fracassos, ambições nobres, preocupações
diárias..., fraquezas; e acções de graças e pedidos; e Amor e desagravo. Em
duas palavras: conhecê-Lo e conhecer-te – ganhar intimidade! (Caminho,
91)
Uma
oração ao Deus da minha vida. Se Deus é vida para nós, não deve causar-nos
estranheza que a nossa existência de cristãos tenha de estar embebida de
oração. Mas não penseis que a oração é um acto que se realiza e se abandona
logo a seguir. O justo encontra na lei de Iavé a sua complacência e procura
acomodar-se a essa lei durante o dia e durante a noite. Pela manhã penso em ti;
e, durante a tarde, dirige-se a ti a minha oração como o incenso. Todo o dia
pode ser tempo de oração: da noite à manhã e da manhã à noite. Mais ainda: como
nos recorda a Escritura Santa, também o sono deve ser oração.
(...)
A vida de oração tem de fundamentar-se, além disso, em pequenos espaços de
tempo, dedicados exclusivamente a estar com Deus. São momentos de colóquio sem
ruído de palavras, junto ao Sacrário sempre que possível, para agradecer ao
Senhor essa espera – tão só! – desde há vinte séculos. A oração mental é
diálogo com Deus, de coração a coração, em que intervém a alma toda: a
inteligência e a imaginação, a memória e a vontade. Uma meditação que contribui
a dar valor sobrenatural à nossa pobre vida humana, à nossa vida corrente e
diária.
Graças
a esses tempos de meditação, às orações vocais, às jaculatórias, saberemos
converter a nossa jornada, com naturalidade e sem espectáculo, num contínuo
louvor a Deus. Manter-nos-emos na sua presença, como os que estão enamorados
dirigem continuamente o seu pensamento à pessoa que amam, e todas as nossas
acções – inclusivamente as mais pequenas – encher-se-ão de eficácia espiritual.
Por
isso, quando um cristão se lança por este caminho de intimidade ininterrupta
com o Senhor – e é um caminho para todos, não uma senda para privilegiados – a
vida interior cresce, segura e firme; e o homem empenha-se nessa luta, amável e
exigente ao mesmo tempo, por realizar até ao fim a vontade de Deus. (Cristo
que passa, 119)
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