4. A transmissão da
Revelação divina
A
Revelação divina está contida nas Sagradas Escrituras e na Tradição, que
constituem um único depósito onde se guarda a palavra de Deus 12.
São interdependentes entre si: a Tradição transmite e interpreta a Escritura e
esta, por sua vez, verifica e confirma quanto se vive na Tradição 13
(cf. Catecismo, 80-82).
A
Tradição, fundada na pregação apostólica, testemunha e transmite de modo vivo e
dinâmico quanto a Escritura recolheu através de um texto fixado. «Esta Tradição
apostólica progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo. Com efeito,
progride a percepção tanto das coisas como das palavras transmitidas, quer
mercê da contemplação e estudo dos crentes, que as meditam no seu coração, quer
mercê da íntima inteligência que experimentam das coisas espirituais, quer
mercê da pregação daqueles que, com a sucessão do episcopado, receberam o
carisma da verdade» 14.
Os
ensinamentos do Magistério da Igreja e dos Padres da Igreja, a oração da
Liturgia, o sentir comum dos fiéis que vivem em graça de Deus, e também
realidades quotidianas como a educação na fé transmitida pelos pais aos filhos
ou o apostolado cristão, contribuem para a transmissão da Revelação divina. De
facto, o que foi recebido pelos apóstolos e transmitido aos seus sucessores, os
Bispos, compreende «tudo o necessário para que o Povo de Deus viva santamente e
aumente a sua fé e desta forma a Igreja, na sua doutrina, na sua vida e no seu
culto perpetue e transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que
crê» 15. A grande Tradição apostólica deve distinguir-se das
diversas tradições, teológicas, litúrgicas, disciplinares, etc. cujo valor pode
ser limitado e, inclusive, provisório, (cf. Catecismo, 83).
A
realidade conjunta da Revelação divina, como verdade e como vida, implica que o
objecto da transmissão não seja somente um ensinamento, mas também um estilo de
vida: doutrina e exemplo são inseparáveis. O que se transmite é, efectivamente,
uma experiência viva, a do encontro com Cristo ressuscitado e o que este evento
significou e continua a significar para a vida de cada um. Por este motivo, ao
falar da transmissão da Revelação, a Igreja fala de fides et mores, fé e
costumes, doutrina e conduta.
giuseppe tanzella-nitti
Bibliografia básica:
Catecismo da Igreja Católica, 50-133.
Concílio Vaticano II, Const. Dei
Verbum, 1-20.
João Paulo II, Enc. Fides et Ratio,
14-IX-1988, 7-15.
© 2013, Gabinete de Informação do Opus
Dei na Internet
____________________________
Notas:
12
«Permiti-me esta insistência maçadora, as verdades de fé e de moral não se
determinam por maioria de votos: compõem o depósito – depositum fidei –
entregue por Cristo a todos os fiéis e confiado, na sua exposição e ensino
autorizado, ao Magistério da Igreja», São Josemaria, Homilia “O fim
sobrenatural da Igreja”, em Amar a Igreja, 15.
13
Cf. Concílio Vaticano II, Const. Dei Verbum, 9.
14
Concílio Vaticano II, Const. Dei Verbum, 8.
15
Concílio Vaticano II, Const. Dei Verbum, 8. Cf. Concílio de Trento, Decr.
Sacrosancta, 8-IV-1546, DS 1501.
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