29/01/2013

Carta do Prelado do Opus Dei por ocasião do Ano da Fé. 40


Meter-se nas Chagas de Cristo

40. Ouvimos, não poucas vezes, uma comparação a que S. Josemaria recorria. Comentava que os cristãos que anseiam caminhar perto do Mestre devem ser, «nas mãos chagadas de Cristo, a semente que o Semeador divino lança no sulco. E como o semeador mete a mão no saco, a tira repleta de grãos dourados e os lança à volta, assim temos de nos dar vós e eu, sem esperar nada na terra, nem inventarmos penas que não existem. Mas é preciso, como afirma o Evangelho, que o grão se enterre e morra em aparência, para ser fecundo (cfr. Jo 12, 24). Só assim, seremos uma boa semente na sementeira que o Senhor quiser fazer para abrir caminhos divinos na terra» 73.

À luz destas considerações, examinemos se nos esforçamos seriamente por ser almas piedosas e penitentes, firmemente persuadidos de que «a ação nada vale sem a oração; a oração valoriza-se com o sacrifício» 74. Roguemos ao Senhor que nos conceda ânsias diárias de maior entrega, desejos eficazes de nos gastarmos com todo o gosto pelo bem das almas. E isto só se alcança se procurarmos atualizar todos os dias, na Santa Missa, o desejo de ser hóstia viva em união com Cristo.

Ninguém nega a grandeza e a importância do que se nos propõe: ser hóstia com Cristo. Fomentemos estes santos desejos nos nossos momentos de trato pessoal mais íntimo com Ele. Invoquemos Jesus, através da sua Santíssima Mãe, Mestra de fé, para que nos conceda a graça de renovar quotidianamente o zelo apostólico, e plasmemos estes propósitos em obras concretas, de acordo também com os conselhos que nos sugiram na direcção espiritual.

Então, sim: Jesus Cristo tomar-nos-á na sua mão chagada e depois de empapar-nos, como insistia S. Josemaria, no seu Sangue precioso, sem abandonarmos o sítio onde nos pôs a cada um e a cada uma, lançar-nos-á longe, muito longe: tornará fecunda a nossa entrega em locais próximos e remotos, servir-se-á do nosso trabalho e do nosso descanso, das nossas alegrias e das nossas dores, das nossas palavras e dos nossos silêncios para lançar a sua semente divina em miríades de corações. Seremos verdadeiramente «pão para o altar e pão para a mesa: divinos e humanos» 75. E Jesus realizará novos milagres portentosos, como antes os operou nas almas e nos corpos dos que O procuravam, quando a multidão tentava tocá-Lo, porque saía d’Ele uma força que os curava a todos (Lc 6, 19).

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Nota: Publicação devidamente autorizada

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Notas:
73 S. Josemaria, Notas de uma meditação, 28-V-1964.
74 S. Josemaria, Caminho, n. 81.
75 S. Josemaria, Carta 31-V-1954, n. 29.

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