A interacção mútua entre a
dor e o amor
Esta afirmação incisiva e profunda de São Josemaria Escrivá está relacionada
com as diferentes reacções perante a dor.
Existe
uma relação entre a maneira como cada pessoa vive a dor e a sua forma de amar,
porque somente se aceita a dor quando se capta que o seu sentido é o amor. Só
assim se pode chegar a exclamar: Bendita seja a dor. – Amada seja a dor.
Santificada seja a dor... – Glorificada seja a dor!» [ii].
Nos
escritos de S. Josemaria, o mistério da dor é uma constante pedra de toque;
converte-se em ocasião para um encontro cara a cara com Deus, que se fez Homem
para nos ensinar a viver como homens.
Ao
escolher a Encarnação, Jesus Cristo quis experimentar todo o sofrimento
humanamente possível para nos ensinar que o amor pode superar qualquer tipo de
dor. Numa das passagens de Caminho, S. Josemaria expressa: Todo um programa
para frequentar com aproveitamento a cadeira da dor, é-nos dado pelo Apóstolo:
"spe gaudentes" – na esperança, alegres; "in tribulatione
patientes" – pacientes, na tribulação; "orationi instantes" – na
oração, perseverantes.» [iii].
A
dor é um ponto de encontro entre a alegria da esperança e a necessidade da
oração. Os cristãos aceitam a dor com a esperança de um gozo futuro. Estão
plenamente conscientes dos seus limites e confiam na ajuda que se implora a
Deus na oração.
Não
se trata do convencimento da capacidade própria para enfrentar as dificuldades
por si mesmo, nem de adoptar a posição pessimista de quem pensa que o sofrimento
é a última e inevitável estação no caminho da vida, «Se sabes que essas dores —
físicas ou morais — são purificação e merecimento, bendi-las» [iv].
p. binetti, 2012.09.07
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