04/12/2012

A experiência da dor 2


A interacção mútua entre a dor e o amor

«Não esqueças que a Dor é a pedra de toque do Amor» [i]
Esta afirmação incisiva e profunda de São Josemaria Escrivá está relacionada com as diferentes reacções perante a dor.

Existe uma relação entre a maneira como cada pessoa vive a dor e a sua forma de amar, porque somente se aceita a dor quando se capta que o seu sentido é o amor. Só assim se pode chegar a exclamar: Bendita seja a dor. – Amada seja a dor. Santificada seja a dor... – Glorificada seja a dor!» [ii].

Nos escritos de S. Josemaria, o mistério da dor é uma constante pedra de toque; converte-se em ocasião para um encontro cara a cara com Deus, que se fez Homem para nos ensinar a viver como homens.

Ao escolher a Encarnação, Jesus Cristo quis experimentar todo o sofrimento humanamente possível para nos ensinar que o amor pode superar qualquer tipo de dor. Numa das passagens de Caminho, S. Josemaria expressa: Todo um programa para frequentar com aproveitamento a cadeira da dor, é-nos dado pelo Apóstolo: "spe gaudentes" – na esperança, alegres; "in tribulatione patientes" – pacientes, na tribulação; "orationi instantes" – na oração, perseverantes.» [iii].

A dor é um ponto de encontro entre a alegria da esperança e a necessidade da oração. Os cristãos aceitam a dor com a esperança de um gozo futuro. Estão plenamente conscientes dos seus limites e confiam na ajuda que se implora a Deus na oração.

Não se trata do convencimento da capacidade própria para enfrentar as dificuldades por si mesmo, nem de adoptar a posição pessimista de quem pensa que o sofrimento é a última e inevitável estação no caminho da vida, «Se sabes que essas dores — físicas ou morais — são purificação e merecimento, bendi-las» [iv].

p. binetti, 2012.09.07



[i] Caminho, 439.
[ii] Caminho, 208.
[iii] Caminho, 209.
[iv] Caminho, 219.

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