«Não
houve nem nunca haverá oferenda feita por uma criatura, nem maior nem mais
perfeita do que a que fez Maria a Deus quando se apresentou no Templo para Lhe
oferecer, não incenso nem cordeiros, nem moedas de ouro, mas a si própria de
todo e por inteiro, em perfeito holocausto, consagrando-se como vítima perpétua
em Sua honra. Compreendeu muito bem a voz do Senhor que a chamava a dedicar-se
toda inteira ao Seu amor, com aquelas palavras: Levanta-te, apressa-te, amiga
minha... e vem (Ct 2, 10). Por isso queria o seu Senhor que se
dedicasse de todo a amá-Lo e a alegrá-Lo: Ouve, minha filha, olha, inclina o
teu ouvido e esquece o teu povo e a casa paterna (Sal 44, 14). E
Ela, nesse mesmo instante, seguiu a chamada de Deus».
«Por
amor a esta menina privilegiada acelerou o Redentor a Sua vinda ao mundo.
Precisamente porque não se julgava digna sequer de ser escrava da Mãe de Deus,
foi a escolhida para ser essa mãe. Com o aroma das suas virtudes e com as suas
poderosas orações atraiu ao seu seio virginal o Filho de Deus. Por isso o seu
divino Esposo lhe chamou rola: Ouviu-se na nossa terra a voz da rola (Ct
2, 12); não só porque Ela, tal como a rola, sempre gostou da solidão,
vivendo neste mundo como num deserto, mas porque como a rola que vai sempre
gemendo pela campina, Maria suspirava sempre compadecendo-se das misérias do
mundo perdido e pedindo a Deus que outorgasse a redenção para todos. Com muito
mais fervor do que os profetas Ela repetia, quando estava no templo, as súplicas
e suspiros deles para que mandasse o Redentor: Envia, Senhor, o Cordeiro
dominador da terra (Is 15, 1). Céus, gotejai lá de cima; e as nuvens
chovam o Justo (Is 45, 8). Oh se rasgásseis os céus e descêsseis! (Is
44, 1)».
«Numa
palavra, Ela era o objecto das complacências de Deus, ao contemplar esta
virgenzinha aspirando sempre à mais elevada perfeição como coluna de incenso
rica pelo aroma de todas as virtudes, tal como a descreve o Espírito Santo:
Quem é esta que vai subindo pelo deserto como uma coluna de fumo feita de mirra
e de incenso e de toda a espécie de aromas? (Ct 3, 6). Na verdade,
diz Sofronio, era esta donzela o jardim das delícias do Senhor onde se encontravam
toda a espécie de flores e todos os aromas das virtudes. Por isso, afirma São
João Crisóstomo, Deus escolheu Maria para Sua Mãe, porque não encontrou na
terra uma virgem mais santa nem mais perfeita que Maria, nem lugar mais digno
para habitar do que o seu seio sacrossanto. São Bernardo diz de modo
semelhante: não houve na terra sítio mais digno do que o seio virginal. Santo
Antonino afirma que a bem-aventurada Virgem, para ser escolhida e destinada à
dignidade de Mãe de Deus, tinha que possuir uma perfeição tão grande e consumada
que superasse totalmente a perfeição de todas as outras criaturas: a suprema perfeição
da graça é estar preparada para conceber o Filho de Deus».
«Como
a santa menina Maria se ofereceu a Deus no templo com prontidão e por inteiro,
assim nós neste dia apresentemo-nos a Maria sem demora e sem reserva e
roguemos-lhe que nos ofereça a Deus, que não nos recusará vendo que somos
oferecidos pelas mãos daquela que foi o templo vivo do Espírito Santo, as
delícias do seu Senhor e a escolhida como Mãe do Verbo eterno. E esperemos toda
a espécie de bens desta excelsa e muito agradecida Senhora que recompensa com
grande amor os obséquios que recebe dos seus devotos».
(Stº.
afonso maria de ligório, As glórias de Maria, Parte II, Discurso III.)
(S. Josemaria, Cristo que passa, 148
«Desde
há quase trinta anos, Deus pôs no meu coração o anseio de fazer compreender às
pessoas de qualquer estado, condição ou ofício, esta doutrina: a vida corrente
pode ser santa e cheia de Deus; o Senhor chama-nos a santificar o trabalho
quotidiano, porque aí está também a perfeição cristã. Consideramo-lo uma vez
mais, contemplando a vida de Maria.
Não
nos esqueçamos de que a quase totalidade dos dias que Nossa Senhora passou na
Terra decorreram de forma muito semelhante aos dias de muitos milhões de
mulheres, ocupadas a cuidar da sua família, a educar os seus filhos, a levar a
cabo as tarefas do lar. Maria santifica as coisas mais pequenas, aquilo que
muitos consideram erradamente como não transcendente e sem valor: o trabalho de
cada dia, os pormenores de atenção com as pessoas queridas, as conversas e as
visitas por motivo de parentesco ou de amizade... Bendita normalidade, que pode
estar cheia de tanto amor de Deus!
Na
verdade, é isso que explica a vida de Maria: o seu amor. Um amor levado ao
extremo, até ao esquecimento completo de si mesma, contente por estar ali, onde
Deus quer que esteja e cumprindo com esmero a vontade divina. Isso é o que faz
com que o mais pequeno dos seus gestos nunca seja banal, mas cheio de
significado. Maria, nossa Mãe, é para nós exemplo e caminho. Temos de procurar
ser como Ela nas circunstâncias concretas em que Deus quer que vivamos».
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