19/10/2012

Leitura espiritual para 19 Out 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 24, 36-53


36 Enquanto falavam nisto, apresentou-Se Jesus no meio deles e disse-lhes: «A paz seja convosco!». 37 Mas eles, turbados e espantados, julgavam ver algum espírito. 38 Jesus disse-lhes: «Porque estais turbados, e porque se levantaram dúvidas nos vossos corações? 39 Olhai para as Minhas mãos e os Meus pés, porque sou Eu mesmo; apalpai e vede, porque um espírito não tem carne, nem ossos, como vós vedes que Eu tenho». 40 Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Mas, estando eles, por causa da alegria, ainda sem querer acreditar e estupefactos, disse-lhes: «Tendes aqui alguma coisa que se coma?». 42 Eles apresentaram-Lhe uma posta de peixe assado. 43 Tendo-o tomado comeu-o à vista deles. 44 Depois disse-lhes: «Isto é o que Eu vos dizia quando ainda estava convosco; que era necessário que se cumprisse tudo o que de Mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos». 45 Então abriu-lhes o entendimento, para compreenderem as Escrituras, 46 e disse-lhes: «Assim está escrito que o Cristo devia padecer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, 47 e que em Seu nome havia de ser pregado o arrependimento e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. 48 Vós sois as testemunhas destas coisas. 49 Eu vou mandar sobre vós o Prometido por Meu Pai. Entretanto permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto». 50 Depois, levou-os até junto de Betânia e, levantando as Suas mãos, abençoou-os. 51 E enquanto os abençoava, separou-Se deles e era levado para o céu. 52 Eles, depois de O adorarem, voltaram para Jerusalém com grande alegria, 53 e estavam continuamente no templo louvando a Deus.






CARTA ENCÍCLICA
MYSTICI CORPORIS
DO SUMO PONTÍFICE
PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS E BISPOS E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA

O CORPO MÍSTICO DE JESUS CRISTO E NOSSA UNIÃO NELE COM CRISTO

PRIMEIRA PARTE

A IGREJA CORPO, "MÍSTICO" DE CRISTO

…/4

4. A Igreja jurídica e a Igreja da caridade

62. De quanto até aqui expusemos, veneráveis irmãos, é evidente que estão em grave erro os que arbitrariamente ungem uma Igreja como que escondida e invisível; e não menos aqueles que a consideram como simples instituição humana com determinadas leis e ritos externos, mas sem comunicação de vida sobrenatural.


[1] Ao contrário, assim como Cristo, cabeça e exemplar da Igreja, "não é todo se nele se considera só a natureza humana visível... ou só a natureza divina invisível... mas é um de ambas e em ambas as naturezas...: assim o seu corpo místico"; [2] pois que o Verbo de Deus assumiu a natureza humana passível, para que, uma vez fundada e consagrada com seu sangue a sociedade visível, "o homem fosse reconduzido pelo governo visível às realidades invisíveis". [3]

63. Por isso também lamentamos e reprovamos o erro funesto dos que sonham uma Igreja ideal, uma sociedade formada e alimentada pela caridade, à qual, com certo desprezo, opõem outra que chamam jurídica. Enganam-se grandemente os que introduzem tal distinção; pois que vêm que o divino Redentor pela mesma razão pela qual ordenou que a sociedade humana por ele fundada fosse perfeita no seu género e dotada de todos os elementos jurídicos e sociais, a saber, para perdurar na terra a obra salutífera da Redenção, [4] por essa mesma razão e para conseguir o mesmo fim, quis que fosse enriquecida de dons e graças celestes pelo Espírito Paráclito. O Eterno Pai quis que ela fosse "o reino do seu Filho muito amado" (Cl 1,13); mas realmente um reino em que todos os fiéis prestassem homenagem plena de entendimento e de vontade, [5] e com humildade e obediência se conformassem àquele que por nós "se fez obediente até à morte" (Fl 2,8). Portanto não pode haver nenhuma oposição ou contradição entre a missão invisível do Espírito Santo e o múnus jurídico dos pastores e doutores recebido de Cristo; pois que as duas coisas, como em nós o corpo e a alma, mutuamente se completam e aperfeiçoam e provêm igualmente do único Salvador nosso, que não só disse ao emitir o sopro divino: "Recebei o Espírito Santo" (Jo 20, 22), mas em voz alta e clara acrescentou: "Como o Pai me enviou a mim, assim eu vos envio a vós" (Jo 20, 21), e também: "Quem vos ouve a mim ouve" (Lc 10,16).

64. E se às vezes na Igreja se vê algo em que se manifesta a fraqueza humana, isso não deve atribuir-se à sua constituição jurídica, mas àquela lamentável inclinação do homem para o mal, que o seu divino Fundador às vezes permite até nos membros mais altos do seu corpo místico para provar a virtude das ovelhas e dos pastores e para que em todos cresçam os méritos da fé cristã. Cristo, como acima dissemos, não quis excluir da sua Igreja os pecadores; portanto se alguns de seus membros estão espiritualmente enfermos, não é, isso, razão para diminuirmos nosso amor para com ela, mas antes para aumentarmos a nossa compaixão para com os seus membros.

65. Sem qualquer mancha, brilha a santa madre Igreja nos sacramentos com que gera e sustenta os filhos; na fé que sempre conservou e conserva incontaminada; nas leis santíssimas que a todos impõe, nos conselhos evangélicos que dá; nos dons e graças celestes, pelos quais com inexaurível fecundidade [6] produz legiões de mártires, virgens e confessores. Nem é culpa sua se alguns de seus membros sofrem de chagas ou doenças; por eles ora a Deus todos os dias: "Perdoai-nos as nossas dívidas" e incessantemente com fortaleza e ternura materna trabalha pela sua cura espiritual.

66. Quando, por conseguinte, denominamos "místico" o corpo de Jesus Cristo, a força mesmo do termo é para nós uma grave lição; a lição que ressoa nestas palavras de São Leão: "Reconhece, ó cristão, a tua dignidade; e feito consorte da natureza divina, vê que não recaias por um comportamento indigno na tua antiga baixeza. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro". [7]

SEGUNDA PARTE

UNIÃO DOS FIÉIS COM CRISTO

67. Agrada-nos agora, veneráveis irmãos, tratar da nossa união com Cristo no corpo da Igreja; a qual, como bem diz Santo Agostinho, [8] por ser uma coisa grande, misteriosa e divina, acontece muitas vezes ser mal-entendida e explicada. Primeiramente é claro que é uma união estreitíssima: na Sagrada Escritura não só se compara à união do casto matrimónio, e à unidade vital dos sarmentos com a videira e dos membros do nosso corpo (cf. Ef 5, 22-23; Jo 15,1-5; Ef 4, 16), mas descreve-se como tão íntima, que a tradição antiquíssima continuada nos Padres e fundada naquela sentença do Apóstolo: "ele (Cristo) é a cabeça do corpo da Igreja" (Cl 1,18), ensina que o divino Redentor forma com seu corpo social uma única pessoa mística, ou como diz Santo Agostinho: o Cristo total. [9] O próprio Salvador na sua oração sacerdotal não duvidou comparar esta união à maravilhosa unidade com que o Pai está no Filho e o Filho no Pai (Jo 17, 21-23).

1. Vínculos jurídicos e sociais

68. A nossa união em Cristo e com Cristo vê-se em primeiro lugar do facto que, sendo a família cristã por vontade de seu Fundador um corpo social e perfeito, deve necessariamente possuir a união dos membros que resulta da conspiração destes para o mesmo fim. E quanto mais nobre é o fim a que tende esta conspiração, quanto mais é divina a fonte donde ela procede, tanto mais excelente é a união. Ora o fim é altíssimo: a contínua santificação dos membros do mesmo corpo para a glória de Deus e do Cordeiro que foi sacrificado (Ap 5,12-13). A fonte diviníssima: não só o beneplácito do Eterno Pai e a vontade expressa do Salvador, mas também a interna inspiração e moção do Espírito Santo nas nossas inteligências e corações. E realmente se não podemos fazer o mais pequenino acto salutar senão no Espírito Santo, como podem inumeráveis multidões de todas as gentes e estirpes tender de comum acordo para a suprema glória do Deus uno e trino, senão por virtude daquele que procede como único e eterno amor do Pai e do Filho?

69. E porque este corpo social de Cristo, como acima dissemos, por vontade do seu Fundador deve ser visível, é forçoso que aquela conspiração de todos os membros se manifeste também externamente, pela profissão da mesma fé, pela recepção dos mesmos sacramentos, pela participação ao mesmo sacrifício, pela observância prática das mesmas leis. E ainda absolutamente necessário que haja um chefe supremo visível a todos, que coordene e dirija eficazmente para a consecução do fim proposto a actividade comum; e este é o vigário de Cristo na terra. Pois que, como o divino Redentor enviou o Paráclito, Espírito de verdade, para que em sua vez (cf. Jo 14,16 e 26) tomasse o governo invisível da Igreja, assim mandou a Pedro e aos seus sucessores que, representando na terra a sua pessoa, tomassem o governo visível da família cristã.

2. Virtudes teologais

70. A esses vínculos jurídicos, que já por si excedem grandemente os de qualquer outra sociedade humana, mesmo suprema, junta-se necessariamente outra causa de união naquelas três virtudes que nos unem estritissimamente com Deus: a fé, a esperança e a caridade cristã. "Um só Senhor, uma só fé", como diz o Apóstolo (Ef  4,5): aquela fé com que aderimos a um só Deus e àquele que ele mandou, Jesus Cristo (cf. Jo 17,3). Quão intimamente por meio desta fé nos unimos a Deus, ensinam-no as palavras do discípulo amado: "Quem confessar que Jesus é Filho de Deus, Deus permanece nele e ele em Deus" (1 Jo 4,15). Nem é menor a união, que por ela se estabelece entre nós e a divina cabeça; pois que todos os fiéis que "temos o mesmo Espírito de fé" (2Cor 4,13), somos iluminados pela mesma luz de Cristo, sustentados pelo mesmo manjar de Cristo, e governados pela mesma autoridade e magistério de Cristo. E se em todos floresce o mesmo Espírito de fé, todos vivemos também a mesma vida "na fé do Filho de Deus que nos amou e se entregou a si mesmo por nós" (cf. Gl 2, 20); e Cristo, nossa cabeça, recebido em nós pela fé viva e habitando em nossos corações (cf. Ef 3,17), como é autor da nossa fé, será também o seu consumador (cf. Hb 12,2).

71. Se, nesta vida, pela fé aderimos a Deus qual fonte da verdade, pela virtude da esperança cristã desejamo-lo qual fonte da bem-aventurança, "esperando a bem-aventurada esperança e o advento da glória do grande Deus" (Tt 2,13). Por causa daquele desejo comum do reino dos céus pelo qual renunciamos a ter pátria permanente aqui na terra, mas demandamos a celeste (cf. Hb 13,14), e anelamos a glória eterna, não duvidou dizer o Apóstolo das gentes: "Um corpo só e um só Espírito, como é uma a esperança da vocação com que fostes chamados" (Ef 4,4); mais ainda, Cristo reside em nós como esperança da glória (cf. Cl 1,27).

72. Mas se os vínculos da fé e da esperança, que nos unem com o Redentor divino no seu corpo místico, são fortes e importantes, não são menos importantes e eficazes os laços da caridade. Se até naturalmente nada há mais excelente que o amor, fonte da verdadeira amizade, que dizer daquele amor soberano, que o próprio Deus infunde nas nossas almas? "Deus é caridade, e quem permanece na caridade permanece em Deus e Deus nele" (1 Jo 4,16). A caridade, como por força de uma lei estabelecida por Deus, faz com que ele desça a morar nas almas que o amam, dando-lhes amor por amor, segundo aquela sentença: "Se alguém me ama, também meu Pai o amará e viremos a ele e estabeleceremos nele a nossa morada" (Jo 14,23): Portanto a caridade une-nos com Cristo mais intimamente que qualquer outra virtude; em cujo amor inflamados tantos filhos da Igreja jubilam de, por ele sofrer afrontas e tolerar e suportar tudo, por árduo que seja, até ao último alento e à efusão do próprio sangue. Por isso nos exorta vivamente o Salvador com estas palavras: "Permanecei no meu amor". E porque a caridade é vã e aparente se não se demonstra e torna efectiva com boas obras, por isso acrescenta logo: "Se observardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; como eu observei os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor" (Jo 15,9-10).

73. Mas a esse amor de Deus e de Cristo é preciso que corresponda a caridade para com o próximo. E realmente como podemos nós afirmar que amamos o Redentor divino, se odiamos aqueles que ele, para os fazer membros do seu corpo místico, remiu com o seu precioso sangue? Por isso o Apóstolo, predilecto entre todos, de Cristo, nos adverte: "Se alguém disser que ama a Deus, e odiar a seu irmão, mente. Pois quem não ama a seu irmão, a quem vê, como pode amar a Deus, a quem não vê? E nós recebemos este mandamento, que quem ama a Deus ame também a seu Irmão" (1Jo 4,20-21). Antes devemos afirmar que tanto mais unidos estaremos com Deus, e com Cristo, quanto mais "formos membros uns dos outros" (Rm 12,25), solícitos uns pelos outros (lCor 12,25); e por outro lado, tanto mais viveremos entre nós unidos e estreitados pela caridade, quanto mais ardente for o amor que nos unir a Deus e à nossa divina cabeça.

74. O Filho Unigénito de Deus já antes do princípio do mundo nos abraçou no seu infinito conhecimento e eterno amor. Amor que demonstrou palpavelmente e de modo verdadeiramente assombroso assumindo a nossa natureza em unidade hipostática; donde segue, como ingenuamente nota Máximo de Turim, que "em Cristo nos ama a nossa carne". [10]

75. Esse amorosíssimo conhecimento que de nós teve o divino Redentor desde o primeiro instante da sua encarnação, excede tudo quanto a razão humana pode alcançar; pois que ele pela visão beatífica de que gozou apenas concebido no seio da Mãe Santíssima, tem continuamente presente todos os membros do seu corpo místico e a todos abraça com amor salvífico. Ó admirável dignação da divina bondade para connosco! Ó inconcebível ordem da imensa caridade! No presépio, na cruz, na glória sempiterna do Pai, Cristo vê e abraça todos os membros da Igreja muito mais claramente, com muito maior amor do que a mãe o filho que tem no regaço, do que cada um de nós se conhece e ama a si mesmo.

76. Do dito até aqui vê-se facilmente, veneráveis irmãos, por que é que o Apóstolo Paulo repete tantas vezes que Cristo está em nós e nós em Cristo. O que se demonstra também com uma razão mais subtil. Cristo está em nós como acima demoradamente expusemos, pelo seu Espírito que nos comunica, e pelo qual opera em nós de modo que, tudo o que o Espírito Santo opera em nós de divino, deve dizer-se que é Cristo também que o opera. [11] "Se alguém não tem o Espírito de Cristo, diz o Apóstolo, esse não pertence a ele; mas se Cristo está em vós... o Espírito é vida pela justiça" (Rm 8, 9-10).

77. Dessa mesma comunicação do Espírito de Cristo segue que a Igreja vem a ser como o complemento e plenitude do Redentor; por isso que todos os dons, virtudes e carismas que se encontram na cabeça de modo eminente, superabundante e eficiente, dela derivam a todos os membros da Igreja e neles, conforme o lugar que ocupam no corpo místico de Cristo, dia a dia se aperfeiçoam, e Cristo como que se completa na Igreja. [12] Nessas palavras acenamos a razão por que, segundo a doutrina de Agostinho, já antes brevemente indicada, a cabeça mística que é Cristo, e a Igreja, que é na terra como outro Cristo e faz as suas vezes, constituem um só homem novo, em quem se juntam o céu e a terra para perpetuar a obra salvífica da cruz; este homem novo é Cristo cabeça e corpo, o Cristo total.

3. A inabitação do Espírito Santo

78. Certamente que não desconhecemos quão difícil de entender e de explicar é esta doutrina da nossa união com o divino Redentor, e especialmente da habitação do Espírito Santo nas almas, pelos véus do mistério que a recatam e tornam obscura à investigação da fraca inteligência humana. Mas sabemos também que da investigação bem-feita e persistente e do choque e concurso das várias opiniões, se a investigação for orientada pelo amor da verdade e pela devida submissão à Igreja, brotam faíscas e se acendem luzes com que, mesmo neste género de ciências sagradas, se pode obter verdadeiro progresso. Por isso não censuramos os que, por diversos caminhos, se esforçam por atingir e quanto possível declarar este tão sublime mistério da nossa admirável união com Cristo. Uma coisa, porém, todos devem ter por certa e indubitável, se não querem desviar-se da verdadeira doutrina e do recto magistério da Igreja: rejeitar toda a explicação desta união mística que pretenda elevar os fiéis tanto acima da ordem criada, que cheguem a invadir a divina, a ponto de se atribuir em sentido próprio um só que seja dos atributos de Deus. Retenham também firmemente aquele outro princípio certíssimo, que nestas matérias é comum à SS. Trindade tudo o que se refere e enquanto se refere a Deus como suprema causa eficiente.

79. Note-se também que se trata de um mistério recôndito, que neste exílio terrestre nunca se poderá completamente desvendar ou compreender nem explicar em linguagem humana. Diz-se que as Pessoas divinas habitam na criatura inteligente enquanto presentes nela de modo imperscrutável, dela são atingidas por via de conhecimento e amor, [13] de modo porém absolutamente íntimo e singular, que transcende a natureza humana. Para formarmos disto uma ideia ao menos aproximativa, não devemos descurar o caminho e método que o Concílio Vaticano tanto recomenda nestas matérias, para obter luz com que se possa vislumbrar alguma coisa dos divinos arcanos, isto é, a comparação dos mistérios entre si e com o bem supremo a que se dirigem. E é assim que Nosso sapientíssimo Predecessor de feliz memória Leão XIII, tratando desta nossa união com Cristo e da habitação do Espírito Paráclito em nós, muito oportunamente fixa os olhos na visão beatífica, que um dia no céu completará e consumará esta união mística. "Esta admirável união, diz ele, que com termo próprio se chama "inabitação", difere apenas daquela com que Deus no céu abraça e beatifica os bem-aventurados, só pela nossa condição (de viajantes na terra) ". [14] Naquela visão poderemos com os olhos do Espírito, elevados pelo lume da glória, contemplar de modo inefável o Pai, o Filho e o Divino Espírito, assistir de perto por toda a eternidade às processões das divinas Pessoas e gozar de uma bem-aventurança semelhantíssima àquela que faz bem-aventurada a santíssima e indivisível Trindade.

Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama




[1] Cf. Leão XIII, enc. "Satis cognitum"; AAS 28 (1895-96), p. 710.
[2] Cf. ibidem, p. 710.
[3] S. Tomás, De Veritate, q. 29, a. 4 ad 3.
[4] Conc. Vat. I, Sess. IV, Const, dogm. Pastor aeternus de Eccl., prol.
[5] Conc. Vat. I, Sess. III, Const. Dei Filius de fide cath., c. 3
[6] Cf. Conc. Vat. I, Sess. III, const. Dei Filius de fide cath., cap 3.
[7] Sermo 21, 3; Migne, PL 54,192-193.
[8] Cf. s. Agostinho, Contra Faust., 21,8; Migne, PL 42, 392.
[9] Cf. Comentário aos Salmos, 17,51 e 90,2,1.
[10] Sermo 29; Migne, PL 57, 594.
[11] Cf, s. Tomás, Comm. in Ep. ad Eph., cap. 2, lect. 5.
[12] Cf. s. Tomás, Comm. in Ep, ad Eph., cap. l, lect. 8.
[13] Cf. s. Tomás, Summa theol., I, q. 43, a. 3.
[14] Cf. enc. "Divinum illud" ; AAS 29(1896-97), p. 653.

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