Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Lc 24, 36-53
36 Enquanto falavam nisto, apresentou-Se
Jesus no meio deles e disse-lhes: «A paz seja convosco!». 37 Mas
eles, turbados e espantados, julgavam ver algum espírito. 38 Jesus
disse-lhes: «Porque estais turbados, e porque se levantaram dúvidas nos vossos
corações? 39 Olhai para as Minhas mãos e os Meus pés, porque sou Eu
mesmo; apalpai e vede, porque um espírito não tem carne, nem ossos, como vós
vedes que Eu tenho». 40 Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. 41
Mas, estando eles, por causa da alegria, ainda sem querer acreditar e
estupefactos, disse-lhes: «Tendes aqui alguma coisa que se coma?». 42
Eles apresentaram-Lhe uma posta de peixe assado. 43 Tendo-o tomado
comeu-o à vista deles. 44 Depois disse-lhes: «Isto é o que Eu vos
dizia quando ainda estava convosco; que era necessário que se cumprisse tudo o
que de Mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos». 45
Então abriu-lhes o entendimento, para compreenderem as Escrituras, 46
e disse-lhes: «Assim está escrito que o Cristo devia padecer e ressuscitar dos
mortos ao terceiro dia, 47 e que em Seu nome havia de ser pregado o
arrependimento e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por
Jerusalém. 48 Vós sois as testemunhas destas coisas. 49
Eu vou mandar sobre vós o Prometido por Meu Pai. Entretanto permanecei na
cidade até que sejais revestidos da força do alto». 50 Depois,
levou-os até junto de Betânia e, levantando as Suas mãos, abençoou-os. 51
E enquanto os abençoava, separou-Se deles e era levado para o céu. 52
Eles, depois de O adorarem, voltaram para Jerusalém com grande alegria, 53
e estavam continuamente no templo louvando a Deus.
CARTA
ENCÍCLICA
MYSTICI CORPORIS
DO
SUMO PONTÍFICE
PAPA
PIO XII
AOS
VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS
E BISPOS E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM
PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
O
CORPO MÍSTICO DE JESUS CRISTO E NOSSA UNIÃO NELE COM CRISTO
PRIMEIRA
PARTE
A
IGREJA CORPO, "MÍSTICO" DE CRISTO
…/4
4. A Igreja jurídica e a
Igreja da caridade
62.
De quanto até aqui expusemos, veneráveis irmãos, é evidente que estão em grave
erro os que arbitrariamente ungem uma Igreja como que escondida e invisível; e
não menos aqueles que a consideram como simples instituição humana com
determinadas leis e ritos externos, mas sem comunicação de vida sobrenatural.
[1]
Ao contrário, assim como Cristo, cabeça e exemplar da Igreja, "não é todo
se nele se considera só a natureza humana visível... ou só a natureza divina
invisível... mas é um de ambas e em ambas as naturezas...: assim o seu corpo
místico"; [2]
pois que o Verbo de Deus assumiu a natureza humana passível, para que, uma vez
fundada e consagrada com seu sangue a sociedade visível, "o homem fosse
reconduzido pelo governo visível às realidades invisíveis". [3]
63.
Por isso também lamentamos e reprovamos o erro funesto dos que sonham uma
Igreja ideal, uma sociedade formada e alimentada pela caridade, à qual, com
certo desprezo, opõem outra que chamam jurídica. Enganam-se grandemente os que
introduzem tal distinção; pois que vêm que o divino Redentor pela mesma razão pela
qual ordenou que a sociedade humana por ele fundada fosse perfeita no seu género
e dotada de todos os elementos jurídicos e sociais, a saber, para perdurar na
terra a obra salutífera da Redenção, [4]
por essa mesma razão e para conseguir o mesmo fim, quis que fosse enriquecida
de dons e graças celestes pelo Espírito Paráclito. O Eterno Pai quis que ela
fosse "o reino do seu Filho muito amado" (Cl 1,13); mas
realmente um reino em que todos os fiéis prestassem homenagem plena de
entendimento e de vontade, [5] e
com humildade e obediência se conformassem àquele que por nós "se fez
obediente até à morte" (Fl 2,8). Portanto não pode haver
nenhuma oposição ou contradição entre a missão invisível do Espírito Santo e o
múnus jurídico dos pastores e doutores recebido de Cristo; pois que as duas
coisas, como em nós o corpo e a alma, mutuamente se completam e aperfeiçoam e
provêm igualmente do único Salvador nosso, que não só disse ao emitir o sopro
divino: "Recebei o Espírito Santo" (Jo 20, 22), mas em voz
alta e clara acrescentou: "Como o Pai me enviou a mim, assim eu vos envio
a vós" (Jo 20, 21), e também: "Quem vos ouve a mim
ouve" (Lc 10,16).
64.
E se às vezes na Igreja se vê algo em que se manifesta a fraqueza humana, isso
não deve atribuir-se à sua constituição jurídica, mas àquela lamentável
inclinação do homem para o mal, que o seu divino Fundador às vezes permite até
nos membros mais altos do seu corpo místico para provar a virtude das ovelhas e
dos pastores e para que em todos cresçam os méritos da fé cristã. Cristo, como
acima dissemos, não quis excluir da sua Igreja os pecadores; portanto se alguns
de seus membros estão espiritualmente enfermos, não é, isso, razão para
diminuirmos nosso amor para com ela, mas antes para aumentarmos a nossa
compaixão para com os seus membros.
65.
Sem qualquer mancha, brilha a santa madre Igreja nos sacramentos com que gera e
sustenta os filhos; na fé que sempre conservou e conserva incontaminada; nas
leis santíssimas que a todos impõe, nos conselhos evangélicos que dá; nos dons
e graças celestes, pelos quais com inexaurível fecundidade [6]
produz legiões de mártires, virgens e confessores. Nem é culpa sua se alguns de
seus membros sofrem de chagas ou doenças; por eles ora a Deus todos os dias:
"Perdoai-nos as nossas dívidas" e incessantemente com fortaleza e
ternura materna trabalha pela sua cura espiritual.
66.
Quando, por conseguinte, denominamos "místico" o corpo de Jesus
Cristo, a força mesmo do termo é para nós uma grave lição; a lição que ressoa
nestas palavras de São Leão: "Reconhece, ó cristão, a tua dignidade; e
feito consorte da natureza divina, vê que não recaias por um comportamento
indigno na tua antiga baixeza. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és
membro". [7]
SEGUNDA
PARTE
UNIÃO
DOS FIÉIS COM CRISTO
67.
Agrada-nos agora, veneráveis irmãos, tratar da nossa união com Cristo no corpo
da Igreja; a qual, como bem diz Santo Agostinho, [8]
por ser uma coisa grande, misteriosa e divina, acontece muitas vezes ser
mal-entendida e explicada. Primeiramente é claro que é uma união estreitíssima:
na Sagrada Escritura não só se compara à união do casto matrimónio, e à unidade
vital dos sarmentos com a videira e dos membros do nosso corpo (cf. Ef 5,
22-23; Jo 15,1-5; Ef 4, 16), mas descreve-se como tão íntima, que a tradição
antiquíssima continuada nos Padres e fundada naquela sentença do Apóstolo:
"ele (Cristo) é a cabeça do corpo da Igreja" (Cl 1,18),
ensina que o divino Redentor forma com seu corpo social uma única pessoa
mística, ou como diz Santo Agostinho: o Cristo total. [9] O
próprio Salvador na sua oração sacerdotal não duvidou comparar esta união à
maravilhosa unidade com que o Pai está no Filho e o Filho no Pai (Jo 17,
21-23).
1. Vínculos jurídicos e
sociais
68.
A nossa união em Cristo e com Cristo vê-se em primeiro lugar do facto que,
sendo a família cristã por vontade de seu Fundador um corpo social e perfeito,
deve necessariamente possuir a união dos membros que resulta da conspiração
destes para o mesmo fim. E quanto mais nobre é o fim a que tende esta conspiração,
quanto mais é divina a fonte donde ela procede, tanto mais excelente é a união.
Ora o fim é altíssimo: a contínua santificação dos membros do mesmo corpo para
a glória de Deus e do Cordeiro que foi sacrificado (Ap 5,12-13). A
fonte diviníssima: não só o beneplácito do Eterno Pai e a vontade expressa do
Salvador, mas também a interna inspiração e moção do Espírito Santo nas nossas
inteligências e corações. E realmente se não podemos fazer o mais pequenino acto
salutar senão no Espírito Santo, como podem inumeráveis multidões de todas as
gentes e estirpes tender de comum acordo para a suprema glória do Deus uno e
trino, senão por virtude daquele que procede como único e eterno amor do Pai e
do Filho?
69.
E porque este corpo social de Cristo, como acima dissemos, por vontade do seu
Fundador deve ser visível, é forçoso que aquela conspiração de todos os membros
se manifeste também externamente, pela profissão da mesma fé, pela recepção dos
mesmos sacramentos, pela participação ao mesmo sacrifício, pela observância
prática das mesmas leis. E ainda absolutamente necessário que haja um chefe
supremo visível a todos, que coordene e dirija eficazmente para a consecução do
fim proposto a actividade comum; e este é o vigário de Cristo na terra. Pois
que, como o divino Redentor enviou o Paráclito, Espírito de verdade, para que
em sua vez (cf. Jo 14,16 e 26) tomasse o governo invisível da
Igreja, assim mandou a Pedro e aos seus sucessores que, representando na terra
a sua pessoa, tomassem o governo visível da família cristã.
2. Virtudes teologais
70.
A esses vínculos jurídicos, que já por si excedem grandemente os de qualquer
outra sociedade humana, mesmo suprema, junta-se necessariamente outra causa de
união naquelas três virtudes que nos unem estritissimamente com Deus: a fé, a
esperança e a caridade cristã. "Um só Senhor, uma só fé", como diz o Apóstolo
(Ef 4,5): aquela fé com que
aderimos a um só Deus e àquele que ele mandou, Jesus Cristo (cf. Jo 17,3).
Quão intimamente por meio desta fé nos unimos a Deus, ensinam-no as palavras do
discípulo amado: "Quem confessar que Jesus é Filho de Deus, Deus permanece
nele e ele em Deus" (1 Jo 4,15). Nem é menor a união, que por
ela se estabelece entre nós e a divina cabeça; pois que todos os fiéis que
"temos o mesmo Espírito de fé" (2Cor 4,13), somos
iluminados pela mesma luz de Cristo, sustentados pelo mesmo manjar de Cristo, e
governados pela mesma autoridade e magistério de Cristo. E se em todos floresce
o mesmo Espírito de fé, todos vivemos também a mesma vida "na fé do Filho
de Deus que nos amou e se entregou a si mesmo por nós" (cf. Gl 2, 20);
e Cristo, nossa cabeça, recebido em nós pela fé viva e habitando em nossos
corações (cf. Ef 3,17), como é autor da nossa fé, será também o seu
consumador (cf. Hb 12,2).
71.
Se, nesta vida, pela fé aderimos a Deus qual fonte da verdade, pela virtude da
esperança cristã desejamo-lo qual fonte da bem-aventurança, "esperando a
bem-aventurada esperança e o advento da glória do grande Deus" (Tt
2,13). Por causa daquele desejo comum do reino dos céus pelo qual
renunciamos a ter pátria permanente aqui na terra, mas demandamos a celeste (cf.
Hb 13,14), e anelamos a glória eterna, não duvidou dizer o Apóstolo das
gentes: "Um corpo só e um só Espírito, como é uma a esperança da vocação
com que fostes chamados" (Ef 4,4); mais ainda, Cristo reside em
nós como esperança da glória (cf. Cl 1,27).
72.
Mas se os vínculos da fé e da esperança, que nos unem com o Redentor divino no
seu corpo místico, são fortes e importantes, não são menos importantes e
eficazes os laços da caridade. Se até naturalmente nada há mais excelente que o
amor, fonte da verdadeira amizade, que dizer daquele amor soberano, que o
próprio Deus infunde nas nossas almas? "Deus é caridade, e quem permanece
na caridade permanece em Deus e Deus nele" (1 Jo 4,16). A
caridade, como por força de uma lei estabelecida por Deus, faz com que ele
desça a morar nas almas que o amam, dando-lhes amor por amor, segundo aquela
sentença: "Se alguém me ama, também meu Pai o amará e viremos a ele e
estabeleceremos nele a nossa morada" (Jo 14,23): Portanto a
caridade une-nos com Cristo mais intimamente que qualquer outra virtude; em
cujo amor inflamados tantos filhos da Igreja jubilam de, por ele sofrer
afrontas e tolerar e suportar tudo, por árduo que seja, até ao último alento e
à efusão do próprio sangue. Por isso nos exorta vivamente o Salvador com estas
palavras: "Permanecei no meu amor". E porque a caridade é vã e
aparente se não se demonstra e torna efectiva com boas obras, por isso acrescenta
logo: "Se observardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; como
eu observei os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor" (Jo
15,9-10).
73.
Mas a esse amor de Deus e de Cristo é preciso que corresponda a caridade para
com o próximo. E realmente como podemos nós afirmar que amamos o Redentor
divino, se odiamos aqueles que ele, para os fazer membros do seu corpo místico,
remiu com o seu precioso sangue? Por isso o Apóstolo, predilecto entre todos,
de Cristo, nos adverte: "Se alguém disser que ama a Deus, e odiar a seu
irmão, mente. Pois quem não ama a seu irmão, a quem vê, como pode amar a Deus,
a quem não vê? E nós recebemos este mandamento, que quem ama a Deus ame também
a seu Irmão" (1Jo 4,20-21). Antes devemos afirmar que tanto mais
unidos estaremos com Deus, e com Cristo, quanto mais "formos membros uns
dos outros" (Rm 12,25), solícitos uns pelos outros (lCor
12,25); e por outro lado, tanto mais viveremos entre nós unidos e
estreitados pela caridade, quanto mais ardente for o amor que nos unir a Deus e
à nossa divina cabeça.
74.
O Filho Unigénito de Deus já antes do princípio do mundo nos abraçou no seu
infinito conhecimento e eterno amor. Amor que demonstrou palpavelmente e de
modo verdadeiramente assombroso assumindo a nossa natureza em unidade
hipostática; donde segue, como ingenuamente nota Máximo de Turim, que "em
Cristo nos ama a nossa carne". [10]
75.
Esse amorosíssimo conhecimento que de nós teve o divino Redentor desde o
primeiro instante da sua encarnação, excede tudo quanto a razão humana pode
alcançar; pois que ele pela visão beatífica de que gozou apenas concebido no
seio da Mãe Santíssima, tem continuamente presente todos os membros do seu
corpo místico e a todos abraça com amor salvífico. Ó admirável dignação da
divina bondade para connosco! Ó inconcebível ordem da imensa caridade! No
presépio, na cruz, na glória sempiterna do Pai, Cristo vê e abraça todos os
membros da Igreja muito mais claramente, com muito maior amor do que a mãe o
filho que tem no regaço, do que cada um de nós se conhece e ama a si mesmo.
76.
Do dito até aqui vê-se facilmente, veneráveis irmãos, por que é que o Apóstolo
Paulo repete tantas vezes que Cristo está em nós e nós em Cristo. O que se
demonstra também com uma razão mais subtil. Cristo está em nós como acima
demoradamente expusemos, pelo seu Espírito que nos comunica, e pelo qual opera
em nós de modo que, tudo o que o Espírito Santo opera em nós de divino, deve
dizer-se que é Cristo também que o opera. [11]
"Se alguém não tem o Espírito de Cristo, diz o Apóstolo, esse não pertence
a ele; mas se Cristo está em vós... o Espírito é vida pela justiça" (Rm
8, 9-10).
77.
Dessa mesma comunicação do Espírito de Cristo segue que a Igreja vem a ser como
o complemento e plenitude do Redentor; por isso que todos os dons, virtudes e
carismas que se encontram na cabeça de modo eminente, superabundante e
eficiente, dela derivam a todos os membros da Igreja e neles, conforme o lugar
que ocupam no corpo místico de Cristo, dia a dia se aperfeiçoam, e Cristo como
que se completa na Igreja. [12]
Nessas palavras acenamos a razão por que, segundo a doutrina de Agostinho, já
antes brevemente indicada, a cabeça mística que é Cristo, e a Igreja, que é na
terra como outro Cristo e faz as suas vezes, constituem um só homem novo, em
quem se juntam o céu e a terra para perpetuar a obra salvífica da cruz; este
homem novo é Cristo cabeça e corpo, o Cristo total.
3. A inabitação do
Espírito Santo
78.
Certamente que não desconhecemos quão difícil de entender e de explicar é esta
doutrina da nossa união com o divino Redentor, e especialmente da habitação do
Espírito Santo nas almas, pelos véus do mistério que a recatam e tornam obscura
à investigação da fraca inteligência humana. Mas sabemos também que da investigação
bem-feita e persistente e do choque e concurso das várias opiniões, se a
investigação for orientada pelo amor da verdade e pela devida submissão à
Igreja, brotam faíscas e se acendem luzes com que, mesmo neste género de
ciências sagradas, se pode obter verdadeiro progresso. Por isso não censuramos
os que, por diversos caminhos, se esforçam por atingir e quanto possível
declarar este tão sublime mistério da nossa admirável união com Cristo. Uma
coisa, porém, todos devem ter por certa e indubitável, se não querem desviar-se
da verdadeira doutrina e do recto magistério da Igreja: rejeitar toda a
explicação desta união mística que pretenda elevar os fiéis tanto acima da
ordem criada, que cheguem a invadir a divina, a ponto de se atribuir em sentido
próprio um só que seja dos atributos de Deus. Retenham também firmemente aquele
outro princípio certíssimo, que nestas matérias é comum à SS. Trindade tudo o
que se refere e enquanto se refere a Deus como suprema causa eficiente.
79.
Note-se também que se trata de um mistério recôndito, que neste exílio
terrestre nunca se poderá completamente desvendar ou compreender nem explicar
em linguagem humana. Diz-se que as Pessoas divinas habitam na criatura
inteligente enquanto presentes nela de modo imperscrutável, dela são atingidas
por via de conhecimento e amor, [13]
de modo porém absolutamente íntimo e singular, que transcende a natureza
humana. Para formarmos disto uma ideia ao menos aproximativa, não devemos
descurar o caminho e método que o Concílio
Vaticano tanto recomenda nestas matérias, para obter luz com que se possa
vislumbrar alguma coisa dos divinos arcanos, isto é, a comparação dos mistérios
entre si e com o bem supremo a que se dirigem. E é assim que Nosso
sapientíssimo Predecessor de feliz memória Leão XIII, tratando desta nossa
união com Cristo e da habitação do Espírito Paráclito em nós, muito
oportunamente fixa os olhos na visão beatífica, que um dia no céu completará e
consumará esta união mística. "Esta admirável união, diz ele, que com termo
próprio se chama "inabitação", difere apenas daquela com que Deus no
céu abraça e beatifica os bem-aventurados, só pela nossa condição (de viajantes
na terra) ". [14]
Naquela visão poderemos com os olhos do Espírito, elevados pelo lume da glória,
contemplar de modo inefável o Pai, o Filho e o Divino Espírito, assistir de
perto por toda a eternidade às processões das divinas Pessoas e gozar de uma
bem-aventurança semelhantíssima àquela que faz bem-aventurada a santíssima e
indivisível Trindade.
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama
[1] Cf. Leão XIII, enc.
"Satis cognitum"; AAS 28 (1895-96), p. 710.
[2] Cf. ibidem, p. 710.
[3] S. Tomás, De
Veritate, q. 29, a. 4 ad 3.
[5] Conc. Vat. I, Sess.
III, Const. Dei Filius de fide cath., c. 3
[6] Cf. Conc. Vat. I,
Sess. III, const. Dei Filius de fide cath., cap 3.
[7] Sermo 21, 3; Migne,
PL 54,192-193.
[8] Cf. s. Agostinho,
Contra Faust., 21,8; Migne, PL 42, 392.
[9] Cf. Comentário aos
Salmos, 17,51 e 90,2,1.
[10] Sermo 29; Migne, PL 57, 594.
[11] Cf, s. Tomás, Comm. in Ep. ad Eph., cap. 2, lect. 5.
[12] Cf. s. Tomás, Comm. in Ep, ad Eph., cap. l, lect. 8.
[13] Cf. s. Tomás, Summa theol., I, q. 43, a. 3.
[14] Cf. enc. "Divinum illud" ; AAS 29(1896-97),
p. 653.
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