São duas da
manhã e acabei de regressar de Fátima, assisti à procissão das velas e
participei na Santa Missa e... senti o coração tão pequenino que me cabia na
palma da mão.
Disse muitas
coisas a Nossa Senhora, pedi por tantos e tantas mas, principalmente disse-lhe
repetidamente:
OBRIGADO!
OBRIGADO!
Esta doce intimidade que tenho com a Senhora é, de facto, algo que, desde pequeno sinto de uma maneira tão forte que me parece que estou ali sozinho com Ela e falamos os dois, digo-lhe piropos: que está mais bonita que nunca, que o seu sorriso é mais doce... Enfim, conversas de ''tolinho'' que eu sei que Ela gosta muito de ouvir.
Depois vêm as
recordações da meninice, dos meses de Setembro ali passados com os meus irmãos
e começam a chegar-se ao meu lado o meu Pai, a minha Mãe vestida de servita, a
bênção dos doentes, a que sempre assistia de cartão ao peito, uma quantidade de
pessoas que passava por nossa casa e, no meio desta catadupa de memórias que
incluem, os lanches no poço nos Valinhos no quintal da casa da Senhora Olímpia e do Ti
Marto, pais da Jacinta, eu atrevo-me a pensar que ninguém, daqueles muitos
milhares de pessoas, conhece Fátima como eu e fala com a Virgem como eu falo.
Sei que Ela
sabe que estou ali só para a ver e dizer-lhe umas coisas que trago guardadas no
fundo do coração.
Já acabaram as
cerimónias, a sua imagem recolheu à Capelinha, mas não me apetece vir-me
embora.
Rompendo o
silêncio recolhido da multidão a voz grave do Reitor assegura pelos altifalantes:
'O meu Imaculado Coração triunfará!'
'O meu Imaculado Coração triunfará!'
Então, tranquilo
e seguro que assim será, digo-lhe adeus e venho-me embora.
Ao chegar à
saída por baixo da colunata, ainda me volto para trás e dou-lhe as boas noites.
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