Continuo pensando que o que mais ocupa e preocupa o ser humano é o amor. Com diferença e ainda que não creia que saia nas estatísticas.
Manifesta-se de muitas maneiras, mas o que todos queremos é dar-nos, fundir-nos, enamorar-nos. É a vocação por excelência do homem: amar. É esse desejo que não acaba de saciar-se, essa pele e essa alma que procuram a carícia, a ternura e o consolo. O amor é a nossa explicação de homens e o esteio da nossa existência (na existência do outro). Por isso andamos atrás dele toda a vida; daí essas ganas loucas de entregar-nos, de transformar-nos, e esse desassossego, e esses olhares que perscrutam cada instante, cada detalhe. O homem necessita amar porque procura a plenitude e a transcendência, porque o dia-a-dia sem amor é um suplício, uma agonia. Caminhamos pela rua pensando nesse amor, no nosso amor. E o sentido que a tudo se dá porque amamos. E não é só uma questão de afectos, o um corpo (por excelso que seja) ou a fantasia. É que o sentido do mundo e da realidade e do que somos passa por essa pessoa que amamos. O sentido é o amor. A realidade é o amor. O amor é a razão: razão de vida. E o amor remove tudo, inspira tudo. Que outra coisa pode urgir-nos mais que amar e ser amados? Que outra coisa pode importar mais que isso? Nada. Nada é no mundo mais importante, mais crucial, mais núcleo. E cada um de nós é amante. E cada um de nós tenta encontrar a origem desse ardor. E cada um de nós olha as carícias, a pureza, o infinito (porque o amor verdadeiro nunca se conforma com minúcias). Queremos amar mais, queremos amar melhor. Não se trata de amar o evanescente, o difuso. Amamos uma pessoa concreta, amamo-la, tal como é. Assim imperfeita, assim completa.
guillermo urbizu, trad ama
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