14/09/2011

A MISSA É UMA "SECA"? (2)

Do Catecismo da Igreja Católica

1324. A Eucaristia é «fonte e cume de toda a vida cristã» (LG 11 Lumen Gentium). «Os restantes sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com a sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa» (PO 5 Presbyterorum Ordinis).





Esta é a realidade da Eucaristia!
Esta é a realidade da Missa!

Como pode, então, ser uma “seca” estar com o próprio Deus?

Se por acaso alguém viesse ter connosco e nos garantisse um encontro com o próprio Jesus Cristo, visível aos nossos olhos, para com Ele falarmos, para com Ele rezarmos, para com Ele vivermos, para enfim d’ Ele nos alimentarmos espiritualmente, não correríamos nós ao Seu encontro?

E nesse momento e para esse momento, importar-nos-ia muito aquele que nos proporcionava tal encontro, ou Jesus Cristo e o encontro com Ele não seriam bem mais importantes que tudo o resto?

E a Eucaristia não é precisamente esse encontro pessoal e comunitário com a presença real e verdadeira de Jesus Cristo?

E essa presença real e verdadeira de Jesus Cristo depende do sacerdote que preside à celebração, ou é vontade e graça do próprio Deus aos homens, independentemente do presidente da celebração?

É que por vezes parece que “vamos” mais à Missa para ouvir ou “admirar” um determinado sacerdote, do que para estarmos com «o próprio Cristo, nossa Páscoa», como acima lemos.

Temos realmente que perceber, (a maior parte das vezes?), qual é a nossa predisposição quando vamos participar da/na Missa.

Vamos realmente para celebrar e ter um encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, ou vamos apenas cumprir preceito, muitas vezes apenas pelo receio do pecado, pela falta à Missa Dominical?

É que, se vamos apenas cumprir preceito, tudo vai servir para nos distrair, tudo vai servir para criticarmos: porque são muitos cânticos, porque a homilia foi longa, porque leram muito devagar, porque isto ou porque aquilo, e afinal o nosso encontro com Jesus Cristo perdeu-se no meio do “mundo”, e a Missa foi realmente uma “seca”, porque foi assim que a vivemos.

Será por isso também, que muitos de nós durante a Missa, damos mais importância ao telemóvel, (que não desligamos), ao vizinho e à vizinha, do que à celebração, do que ao momento de encontro com o nosso próprio Deus, que por nós se entrega, que por nós se faz realmente presente, porque nos ama com amor eterno, amor esse a que, com essa nossa atitude, não correspondemos minimamente.

É “fantástico” então, como no final da Missa, nos lembramos do que os outros fizeram ou tinham vestido, de como o coro desafinou ou não, mas não nos lembramos das Leituras, ou minimamente do que o sacerdote disse durante a homilia!

Podemos então lembrar-nos das palavras que Jesus Cristo dirigiu aos seus discípulos no Monte das Oliveiras:
«Porque dormis? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação.» Lc 22, 46

Sim, é verdade, que muitas vezes se introduzem na celebração da Missa alguns “elementos” que não deveriam lá estar, (segundo os liturgistas), ou que alguns sacerdotes se alongam demasiadamente nas homilias, (e têm no entanto conselhos específicos sobre o tempo que cada homilia deve demorar), mas isso não deve, nem pode servir para nos afastar da centralidade para a vivência da fé cristã, que é o Sacramento da Eucaristia.

É certo também, que muitos desconhecem a essência, o conteúdo, o todo que constitui uma Missa, e por isso mesmo, não é possível viver bem aquilo que não se conhece, mas a verdade é que, desde o Catecismo da Igreja Católica a inúmeros documentos da Igreja e livros de espiritualidade escritos por homens da Igreja, só não procura saber mais, quem não quiser, ou a tal se dispuser.

Acresce o facto de que, hoje em dia, não só nas paróquias, mas também nas Dioceses, acontecem muitas acções de formação sobre os Sacramentos, as quais estão abertas à participação de todos.

Ao escrever este texto, reflicto também para mim, quanto tenho ainda de mudar em mim, para melhor participar e viver a extraordinária graça que é o Sacramento da Eucaristia.

Muito mais haveria e há para dizer e meditar sobre este tema, mas fico agora por aqui, reflectindo com aqueles que lêem este texto, como estamos ainda tão longe de alcançarmos a dimensão de toda a graça que o Senhor derrama em cada Eucaristia sobre as nossas vidas.


Monte Real, 13 de Setembro de 2011

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