Confidências de Alguém |
Nota de AMA:
Estas “confidências” têm, obviamente, um autor, que não se revela; foram feitas em tempo indeterminado, por isso não se lhes atribui a data. O estilo discursivo revela, obviamente, que se tratam de meditações escritas ao correr da pena. A sua publicação deve-se a ter considerado que, nelas se encontram muitas situações e ocorrências que fazem parte do quotidiano que, qualquer um, pode viver.
Regressado de Fátima
Tenho ainda no coração o calor vibrante da oração, da penitência, do clima daquele lugar santo.
Ontem, na minha oração, dirigi-te, a Ti, Senhora de Fátima e Senhora minha, em especialíssima prece parafraseando o Papa João Paulo II, fui-te invocando: monstra te esse mater.
Porque só com este coração de Mãe Te será possível atender as súplicas deste Teu pobre filho.
Reconheci a minha vaidade, o meu desejo e ambição de sobressair em todas as ocasiões, de me expor aos olhos dos outros para ser notado, admirado, talvez louvado.
Secretamente, a minha atitude exterior, é sempre de exposição.
Rezo nos cantos das praças e alargo as filactérias, serei também... sepulcro caiado?
Oh minha Mãe, quanto cuidado te é necessário ter com este Teu filho!
Eu, que não anseio a nada mais que a perfeição, perfeito como Deus é perfeito!
Eu que tenho esse objectivo como último e único, devo estar louco ou fora de mim quando olho o caminho que tenho de percorrer, a distância incomensurável que teria de percorrer para tal conseguir.
E a verdade é que eu não sei nada.
Que sei eu de mim mesmo, da minha maneira de ser, do meu retorcido carácter, dos escaninhos onde guardo, cioso, as verdadeiras razões do meu viver.
Que sei eu da verdadeira dimensão do mal que faço, dos erros que cometo e de tudo aquilo que deixo de fazer.
Que sei eu dos mistérios de amor do Teu coração e do Teu Filho amantíssimo que, não obstante tantas misérias, têm amor e interesse por mim.
Que sei eu, de ciência certa, para me outorgar em professor, líder ou guia de outros.
Que sei eu do bem que poderia espalhar à minha volta e que não faço, por não me dar conta, não estar no momento e no local oportuno, ou, pior ainda...por respeito humano.
E é também verdade que não tenho nada.
Que tenho eu que valha um milésimo de eternidade.
Que tenho eu que possa apresentar como oferta - apresentável - ao Rei da Glória e Senhor do mundo.
Que tenho eu que possa ser penhor suficiente do resgate pelas minhas más acções.
E é também verdade que não posso nada.
Que posso eu fazer para Te glorificar, justificar ou sequer louvar o Teu nome.
Que posso eu fazer para progredir um milionésimo no caminho da perfeição.
Que posso eu fazer para que outros se sintam atraídos por Ti, por minha causa ou por causa das minhas acções.
É sim, é verdade, não sei nada, não tenho nada, não posso nada.
E, no entanto, sou um filho Teu e peço-te, com o coração cheio de fé alegra e confiante: Monstra te esse mater.
Mostra, Senhora Minha, que és Mãe, que sabes amar, perdoar, interceder.
Que quando estás na presença do Teu Filho abonas em meu favor, relevando as minhas pequeníssimas virtudes e desagravando os numerosos defeitos.
Monstra te esse Mater e corrige-me, ajuda-me a corrigir e a combater com firmeza a minha vaidade, o meu orgulho, a minha ânsia de proeminência com todo o cortejo de defeitos atinentes:
A soberba, a inveja, a ambição, a cupidez, a falsidade.
Monstra te esse Mater que eu preciso, ah! como preciso, que a minha Mãe do Céu, interceda por mim.
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