A oração
2.
Conteúdos da oração
Adoração
e louvor.
É
parte essencial da oração reconhecer e proclamar a grandeza de Deus, a
plenitude do seu ser, a infinidade da sua bondade e do seu amor. Pode chegar-se
ao louvor a partir da consideração da beleza e magnitude do universo, como
acontece em múltiplos textos bíblicos (cf.
por exemplo, Sl 19; Si 42, 15-25; Dn 3, 32-90) e em numerosas orações da tradição cristã [1]; ou a partir das obras grandes e maravilhosas que
Deus faz na história da salvação, como sucede no Magnificat (Lc 1, 46-55), ou nos grandes hinos paulinos (ver,
por exemplo, Ef 1, 3-14); ou de
pequenos factos e inclusive de minudências em que se manifesta o amor de Deus.
Em
todo o caso, o que caracteriza o louvor é que nele o olhar vai directamente
para o próprio Deus, tal como é em si, na sua perfeição ilimitada e infinita. “O
louvor é a forma de oração que mais imediatamente reconhece que Deus é Deus!
Canta-O por Si próprio, glorifica-O, não tanto pelo que Ele faz, mas sobretudo
porque ELE É” (Catecismo , 2639). Está por isso intimamente unida à adoração, ao
reconhecimento, não só intelectual mas existencial, da pequenez de tudo o
criado, em comparação com o Criador e, em consequência, à humildade, à
aceitação da indignidade pessoal diante de quem nos transcende até ao infinito;
à maravilha que causa o facto desse Deus a quem os anjos e o universo inteiro
rende reverência, se tenha dignado não só a olhar para o homem, mas a habitar
no homem, mais ainda, a encarnar.
Adoração,
louvor, petição, acção de graças resumem as disposições de fundo que informam a
totalidade do diálogo entre o homem e Deus. Seja qual for o conteúdo concreto
da oração, quem reza fá-lo sempre, de uma forma ou de outra, explícita o
implicitamente, adorando, louvando, suplicando, implorando ou dando graças a
esse Deus que reverencia, que ama e em que confia. Importa reiterar, também,
que os conteúdos concretos da oração poderão ser muito variados. Por vezes,
socorremo-nos da oração para considerar passagens da Escritura, para aprofundar
alguma verdade cristã, para reviver a vida Cristo, para sentir a proximidade de
Santa Maria... Noutras, iniciar-se-á a partir da própria vida para tornar Deus
participante das alegrias e afãs, ambições e problemas que a existência traz
consigo, ou para encontrar apoio ou consolo, ou para examinar diante de Deus o
próprio comportamento e fazer propósitos e tomar decisões, ou mais simplesmente
para comentar, com quem sabemos que nos ama, os acontecimentos do dia.
Encontro
entre o crente e Deus em quem se apoia e por quem se sabe amado, a oração pode incidir
sobre a totalidade dos acontecimentos que conformam a existência e sobre a
totalidade dos sentimentos que o coração pode experimentar. «Escreveste-me:
“orar é falar com Deus. Mas, de quê?” — De quê?! D’Ele e de ti; alegrias,
tristezas, êxitos e fracassos, ambições nobres, preocupações diárias...,
fraquezas!; e acções de graças e pedidos; e Amor e desagravo. Em duas palavras:
conhecê-Lo e conhecer-te – ganhar intimidade!”.[2] Seguindo uma e outra via, a oração será sempre um
encontro íntimo e filial entre o homem e Deus, que fomenta o sentido da
proximidade divina e leva a viver cada dia da existência cara a Deus.
José Luis Illanes
Bibliografía básica:
- Catecismo da Igreja Católica, 2558-2758.
Leituras recomendadas:
- S. Josemaria, Homilias «O triunfo de Cristo na
humildade»; «A Eucaristia, mistério de fé e de amor»; «A Ascensão do Senhor aos
céus»; «O Grande Desconhecido» e «Por Maria, a Jesus»,em Cristo que passa ,
12-21, 83-94, 117-126, 127-138 y 139-149. Homilias «A intimidade com Deus»;
«Vida de oração» e «Rumo à santidade» , em Amigos de Deus , 142-153, 238-257,
294-316.
- J. Echevarría, Itinerários de vida cristã,
Diel, Lisboa 2006, pp. 105-120.
- J.L. Illanes, Tratado de teología espiritual, Eunsa, Pamplona
2007, pp. 427-483.
- M. Belda, Guiados por el Espíritu de Dios. Curso de Teología
Espiritual, Palabra , Madrid 2006, pp. 301-338.
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