27/02/2021

Marxismo

 

         Filosofia e Religião, Vida Humana

O marxismo

  O segundo conceito erróneo de democracia é o que nos vem do sistema marxista. Concedendo igualmente, como o faz o capitalismo, o primado ao factor económico, apregoa a socialização dos bens como único processo de libertação de todas as “alienações”. A sociedade, segundo os seus princípios, está dividida em duas classes: os exploradores e os explorados. A daqueles constituem-na s detentores dos bens de produção; a destes, as classes trabalhadoras.

 O falso pressuposto baseia-se na teoria da “mais valia” de Marx. Segundo Carlos Marx, o trabalhador produz mais do que gasta. Pagando o empresário apenas o que o trabalhador gasta, apropria-se indevidamente da mais valia do trabalho “não pago”. Segundo ele, assim se formaa o “capital”. Logicamente a partir deste princípio, o marxismo nega a legitimidade da propriedade privada, pois ela não viria a ser mais do que um roubo praticado contra os trabalhadores.

  Para realizar os seus intentos, propõe-se o marxismo a conquista revolucionária do poder e a instauração da ditadura do proletariado. Dentro da sua lógica, o sistema marxista levaria ao desaparecimento das restantes alienações, entre as quais se contam a do estado e da religião.

  Neste conceito de democracia, afirma-se realmente que o poder vem do povo, mas entende-se por povo apenas as massas trabalhadoras. Delas emergem os militantes e os quadros do partido. Conscientes do sentido fatal da história, estão dispostos a realizá-lo integralmente empenhando-se para isso na activação da luta de classes. O marxismo torna-se assim uma verdadeira ditadura de pertido único que é fonte e aparelho de todo o poder. A estruturação faz-se principalmente, a partir da células de base. Por um processo selectivo ascendente, vão-ze promovendo os mais representativos e que são tidos como os que melhor encarnam a ideologia.. Segundo tal princípio, os que se encontram em níveis superiores são os que melhor servem a pressuposta causa do povo. A eles se deve, pois, uma obediência incondicional.

  Mais opressor que o primeiro, tal sistema merece um juízo mais rigoroso. Como escreve Paulo VI, o materialismo ateu, a maneira como absorve a liberdade individual na sociedade, despersonalizando o homem, negando toda e qualquer transcedência a si mesmo e às leis da história fazem com que o sistemaseja uma tomada de posição que se opões radicalmente, ou pelo menos contradiz os ponstos fundamentais da fé dos cristãos e da concepção filosófica do homem. (cf. O. A. 26)

  Quanto aos socialismos, porém, que hoje nos podem bater à porta, nem todos estão dominados por estas ideologias inaceitáveis. Um discernimento se torna necessário em cada caso concreto. Só então será possível ver o grau de adesão e compromisso permitido aos cristãos. Sê-lo-á, na medida em que se encontrarem salvaguardados os valores da liberdade, responsabilidades pessoasi e abertura espiritual, que permitam o desabrochar integral do homem (cf. O. A. 31).

 

(A Ferraz, Cristãos e liberdades democráticas, BROTÈRIA, Vol. 99, 1974)

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