EXORTAÇÃO
APOSTÓLICA REDEMPTORIS CUSTOS
do
SUMO PONTÍFICE JOÃO PAULO II sobre a figura e a missão de SÃO JOSÉ na vida de CRISTO
e da IGREJA
O
CONTEXTO EVANGÉLICO
IV
O
TRABALHO EXPRESSÃO DO AMOR
22.
A expressão quotidiana deste amor na vida da Família de Nazaré é o trabalho. O
texto evangélico especifica o tipo de trabalho, mediante o qual José procurava
garantir o sustento da Família: o trabalho de carpinteiro. Esta simples palavra
envolve toda a extensão da vida de José. Para Jesus este período abrange os
anos da vida oculta, de que fala o Evangelista, a seguir ao episódio que
sucedeu no templo: «Depois, desceu com eles para Nazaré e era-lhes submisso»
(Lc 2, 51). Esta «submissão, ou seja, a obediência de Jesus na casa de Nazaré é
entendida também como participação no trabalho de José. Aquele que era
designado como o «filho do carpinteiro», tinha aprendido o ofício de Seu
«pai» putativo. Se a Família de Nazaré, na ordem da salvação e da santidade, é
exemplo e modelo para as famílias humanas, é-o analogamente também o trabalho
de Jesus ao lado de José carpinteiro. Na nossa época, a Igreja pôs em realce
isto mesmo, também com a memória litúrgica de São José Operário, fixada no
primeiro de Maio. O trabalho humano, em particular o trabalho manual, tem no
Evangelho um acento especial. Juntamente com a humanidade do Filho de Deus ele
foi acolhido no mistério da Encarnação, como também foi redimido de maneira
particular. Graças ao seu banco de trabalho, junto do qual exercitava o próprio
ofício juntamente com Jesus, José aproximou o trabalho humano do mistério da
Redenção.
23.
No crescimento humano de Jesus «em sabedoria, em estatura e em graça»
teve uma parte notável a virtude da laboriosidade, dado que “o trabalho é um
bem do homem”, que “transforma a natureza” e torna o homem, “em certo sentido,
mais homem”. (Cf. Carta Enc. Laborem exercens (14 de Setembro de 1981),
n. 9: AAS 73 (1981), pp. 599-600)
A
importância do trabalho na vida do homem exige que se conheçam e assimilem
todos os seus conteúdos, “para ajudar os demais homens a aproximarem-se através
dele de Deus, Criador e Redentor, e a participarem nos seus desígnios
salvíficos quanto ao homem e quanto ao mundo; e ainda, a aprofundarem na sua
vida e amizade com Cristo, tendo, mediante a fé vivida, uma participação no seu
tríplice múnus: de Sacerdote, de Profeta e de Rei”. (Ibid.,
n. 24: l.c., p. 638. Os Sumos Pontífices, nos tempos mais recentes, têm
apresentado constantemente S. José como « modelo » dos operários e dos
trabalhadores em geral, cf., por exemplo, Leão XIII, Carta Enc. Quamquam
pluries (15 de Agosto de 1889): l.c., p. 180; Bento XV, Motu proprio Bonum sane
(25 de Julho de 1920): l.c., pp. 314-316; Pio XII, Alocução (11 de Março de
1945), n. 4: AAS 37 (1945), p. 72; Alocução (1 de Maio de 1955): AAS 47 (1955),
p. 406; João XXIII, Radiomensagem (1 de Maio de 1960): AAS 52 (1960), p. 398)
24.
Trata-se, em última análise, da santificação da vida
quotidiana,
no que cada pessoa deve empenhar-se, segundo o próprio estado, e que pode ser
proposta apontando para um modelo acessível
a todos: São José é o modelo dos humildes, que o Cristianismo enaltece para grandes destinos; ... é a prova
de que para ser bons e autênticos seguidores de Cristo não se necessitam “grandes
coisas», mas requerem-se somente virtudes comuns, humanas, simples e autênticas”.
(Paulo
VI, Alocução (19 de Março de 1969): Insegnamenti, VII (1969), p. 1268)
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