Novo Testamento [i]
Evangelho
Lc I, 29-56
39 Por aqueles dias, Maria pôs-se a
caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia. 40 Entrou
em casa de Zacarias e saudou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de
Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito
Santo. 42 Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e
bendito é o fruto do teu ventre. 43 E donde me é dado que venha ter comigo a
mãe do meu Senhor? 44 Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o
menino saltou de alegria no meu seio. 45 Feliz de ti que acreditaste, porque se
vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor.»
Magnificat
46 Maria disse, então: «A minha alma
glorifica o Senhor 47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
48Porque pôs os olhos na humildade da sua serva. De hoje em diante, me chamarão
bem-aventurada todas as gerações. 49 O Todo-poderoso fez em mim maravilhas.
Santo é o seu nome. 50 A sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que o temem. 51 Manifestou o poder do seu braço e dispersou os
soberbos. 52 Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. 53 Aos
famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. 54 Acolheu a
Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, 55 como tinha prometido a nossos
pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre.» 56 Maria ficou com Isabel
cerca de três meses. Depois regressou a sua casa.
Textos
Cobardia
No primeiro pensamento de Deus está o homem e
quanto lhe respeita, porque o amor de Deus pela criatura é de tal dimensão, que
só se satisfaz quando esta é absolutamente feliz.
Talvez que este respeito do Criador pela
liberdade que deu à criatura, seja um dos pontos mais difíceis de entender.
De facto, Deus criou o homem perfeitamente
ordenado para ser feliz, e esta felicidade consistia, exactamente, como de
resto consiste, em a criatura viver de acordo e harmonia com o Criador.
O que, afinal, por ser absolutamente lógico,
não apresenta qualquer problema.
Falando na linguagem
humana - que é a nossa - podemos aduzir que o Criador cometeu uma temeridade ao
consentir à criatura a capacidade de opção, de querer ou não, de escolher entre
uma e outra coisa.
Mas, é claro, temos de convir que, sendo Deus
perfeito, o objectivo do Seu acto criador só pode ter a perfeição como fim
donde que, sem mais lucubrações, há que convir que a criatura saída das mãos de
Deus é uma obra o mais perfeita possível.
Ou, considerando outro ponto de vista, uma
criatura sem liberdade não passaria de uma manipulação divina cujos actos por
natureza, intrinsecamente bons, não teriam qualquer mérito já que seriam como
que uma emanação inevitável da sua condição.
E o interessante é
verificar que tal não se aplica somente à criatura humana já que, na criação
das criaturas superiores, os anjos, Deus procede exactamente da mesma forma.
Se tivermos em conta que. sendo Deus a
plenitude, Se completa e basta a Si mesmo, de forma absolutamente eficiente e
total, ou seja, não tem nenhuma necessidade de outra coisa qualquer, seja um
espírito como um anjo ou uma criatura humana.
Criá-los não foi,
portanto, uma decisão de autossatisfação, como que um narcisismo divino de
dispor de uma criação que correspondesse ao desejo de ser venerado, desejado ou
obedecido.
Então... foi o quê?
Só se pode concluir que foi a consequência
natural da própria essência divina e que é o Amor.
A criação do homem terá sido como que a
sequência natural da criação dos espíritos puros, os anjos.
Dotados, também de liberdade porque o amor de
Deus Criador não se sobrepõe - nem prescinde - à Sua Justiça, estes de alguma
forma defraudaram a Criação quando alguns se rebelaram contra Deus, rebelião
que se baseia na inveja e na insidiosa pretensão de prescindir d’Ele.
Talvez fossem “puros demais” ou as suas
capacidades fossem excessivas.
Uma criatura mais
simples, com muito menos capacidades, talvez fosse mais estável e imune a pretensões
desse tipo.
Mas, esta criatura
não pode - o imenso amor de Deus - não o permite - aparecer, assim, de qualquer
forma, num ambiente amorfo ou abstracto.
E então, Deus dá-se à
tarefa de criar, antes, um ambiente fabuloso, ordenado e disposto de tal forma
que, desde que o homem tomou dele conhecimento, não deixou de se surpreender
com a maravilhosa arquitectura e, mais, todos dias descobrir coisas novas.
Data/hora:
Sexta-Feira Santa, 6 de Abril de 2012 - 14:21
Hoje será, talvez, o único dia em que o meu
orgulho não só não é pecado como, até, justificando-se, é uma virtude.
Estranha ilacção
assim, posta, sem mais, e até incompreensível para quem, como eu, sabe que o
orgulho é uns dos pecados mais terríveis da humanidade e, frequentemente, a
origem de muitas faltas graves e de terríveis consequências.
Mas… atente-se na data/hora em que escrevo já
se perceberá a minha “razão”.
Neste momento, Jesus
Cristo agonizava na Cruz, esperando a graça da morte, por mim!
Mais: este momento
estava planeado desde o princípio dos tempos - antes de haver tempo - como se
eu fora o único ser humano existente à face da terra!
Fora eu o único homem à face da terra e
Cristo teria morrido por mim!
Então… esta enormidade não é motivo de
orgulho, de alegria, de vitória?
Orgulho… pois recebo algo de tão desmesuradas
dimensão e amplitude que me faz sentir grande, cheio de valor, de uma
importância ímpar!
Alegria… porque percebo, com meridiana
clareza, que as minhas faltas e fraquezas, os meus defeitos e debilidades, a
minha pequenez, se esbatem e desaparecem na grandeza da Cruz!
Vitória… porque o medo, a tristeza, o tédio,
a vergonha, o apoucamento, a ansiedade, o merecimento ficam, definitivamente
desgarrados pela Misericórdia do Gólgota!
Daqui a poucos minutos, o meu Senhor
entregará o Seu espírito ao Pai e, o que me consola e alegra é que Quem o
recebe é o Pai Comum porque, pela Graça desta Morte, eu António, mereci ser,
também, Filho de Deus![1]
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