27/02/2021

Leitura espiritual Fev 27

 


Novo Testamento [i]


Evangelho


Lc I, 29-56


 
Maria visita Isabel

39 Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia. 40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. 43 E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor? 44 Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio. 45 Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor.»

 

Magnificat

46 Maria disse, então: «A minha alma glorifica o Senhor 47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. 48Porque pôs os olhos na humildade da sua serva. De hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações. 49 O Todo-poderoso fez em mim maravilhas. Santo é o seu nome. 50 A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem. 51 Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. 52 Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. 53 Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. 54 Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, 55 como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre.» 56 Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois regressou a sua casa.

Textos



  Cobardia

  No primeiro pensamento de Deus está o homem e quanto lhe respeita, porque o amor de Deus pela criatura é de tal dimensão, que só se satisfaz quando esta é absolutamente feliz.

  Talvez que este respeito do Criador pela liberdade que deu à criatura, seja um dos pontos mais difíceis de entender.

  De facto, Deus criou o homem perfeitamente ordenado para ser feliz, e esta felicidade consistia, exactamente, como de resto consiste, em a criatura viver de acordo e harmonia com o Criador.

  O que, afinal, por ser absolutamente lógico, não apresenta qualquer problema.

Falando na linguagem humana - que é a nossa - podemos aduzir que o Criador cometeu uma temeridade ao consentir à criatura a capacidade de opção, de querer ou não, de escolher entre uma e outra coisa.

  Mas, é claro, temos de convir que, sendo Deus perfeito, o objectivo do Seu acto criador só pode ter a perfeição como fim donde que, sem mais lucubrações, há que convir que a criatura saída das mãos de Deus é uma obra o mais perfeita possível.

  Ou, considerando outro ponto de vista, uma criatura sem liberdade não passaria de uma manipulação divina cujos actos por natureza, intrinsecamente bons, não teriam qualquer mérito já que seriam como que uma emanação inevitável da sua condição.

E o interessante é verificar que tal não se aplica somente à criatura humana já que, na criação das criaturas superiores, os anjos, Deus procede exactamente da mesma forma.

  Se tivermos em conta que. sendo Deus a plenitude, Se completa e basta a Si mesmo, de forma absolutamente eficiente e total, ou seja, não tem nenhuma necessidade de outra coisa qualquer, seja um espírito como um anjo ou uma criatura humana.

Criá-los não foi, portanto, uma decisão de autossatisfação, como que um narcisismo divino de dispor de uma criação que correspondesse ao desejo de ser venerado, desejado ou obedecido.

  Então... foi o quê?

  Só se pode concluir que foi a consequência natural da própria essência divina e que é o Amor.

  A criação do homem terá sido como que a sequência natural da criação dos espíritos puros, os anjos.

  Dotados, também de liberdade porque o amor de Deus Criador não se sobrepõe - nem prescinde - à Sua Justiça, estes de alguma forma defraudaram a Criação quando alguns se rebelaram contra Deus, rebelião que se baseia na inveja e na insidiosa pretensão de prescindir d’Ele.

  Talvez fossem “puros demais” ou as suas capacidades fossem excessivas.

Uma criatura mais simples, com muito menos capacidades, talvez fosse mais estável e imune a pretensões desse tipo.

Mas, esta criatura não pode - o imenso amor de Deus - não o permite - aparecer, assim, de qualquer forma, num ambiente amorfo ou abstracto.

E então, Deus dá-se à tarefa de criar, antes, um ambiente fabuloso, ordenado e disposto de tal forma que, desde que o homem tomou dele conhecimento, não deixou de se surpreender com a maravilhosa arquitectura e, mais, todos dias descobrir coisas novas.

  Data/hora: Sexta-Feira Santa, 6 de Abril de 2012 - 14:21

  Hoje será, talvez, o único dia em que o meu orgulho não só não é pecado como, até, justificando-se, é uma virtude.

Estranha ilacção assim, posta, sem mais, e até incompreensível para quem, como eu, sabe que o orgulho é uns dos pecados mais terríveis da humanidade e, frequentemente, a origem de muitas faltas graves e de terríveis consequências.

  Mas… atente-se na data/hora em que escrevo já se perceberá a minha “razão”.

Neste momento, Jesus Cristo agonizava na Cruz, esperando a graça da morte, por mim!

Mais: este momento estava planeado desde o princípio dos tempos - antes de haver tempo - como se eu fora o único ser humano existente à face da terra!

  Fora eu o único homem à face da terra e Cristo teria morrido por mim!

  Então… esta enormidade não é motivo de orgulho, de alegria, de vitória?

  Orgulho… pois recebo algo de tão desmesuradas dimensão e amplitude que me faz sentir grande, cheio de valor, de uma importância ímpar!

  Alegria… porque percebo, com meridiana clareza, que as minhas faltas e fraquezas, os meus defeitos e debilidades, a minha pequenez, se esbatem e desaparecem na grandeza da Cruz!

  Vitória… porque o medo, a tristeza, o tédio, a vergonha, o apoucamento, a ansiedade, o merecimento ficam, definitivamente desgarrados pela Misericórdia do Gólgota!

  Daqui a poucos minutos, o meu Senhor entregará o Seu espírito ao Pai e, o que me consola e alegra é que Quem o recebe é o Pai Comum porque, pela Graça desta Morte, eu António, mereci ser, também, Filho de Deus![1]



[1] ama, meditação em Sexta-feira Santa, 2012.



[i] Sequencial todos os dias do ano

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