A
voz do Magistério
«A primeira pessoa que se
une a Cristo no caminho da obediência, da fé provada e do sofrimento partilhado
é a sua mãe, Maria. O texto evangélico mostra-no-la no gesto de oferecer o
Filho: uma oferenda incondicional que a envolve em primeira pessoa: Maria é a
Mãe d’Aquele que é «glória do seu povo, Israel» e «luz que ilumina as nações» [i]. E
ela mesma, na sua alma imaculada, deverá ser trespassada pela espada do
sofrimento, mostrando assim que o seu papel na história da salvação não termina
no mistério da Encarnação, mas se completa na amorosa e dolorosa participação
na morte e na ressurreição do seu Filho. Levando o Filho a Jerusalém, a Virgem
Mãe oferece-o a Deus como verdadeiro Cordeiro que tira os pecados do mundo:
apresenta-o a Simeão e a Ana como anúncio de redenção; apresenta-o a todos como
luz para um caminho seguro pela via da verdade e do amor.
As palavras que neste
encontro vêm aos lábios do idoso Simeão – Os meus olhos viram a tua salvação [ii] –
encontraram eco no coração da profetiza Ana. Estas pessoas justas e piedosas,
envolvidas pela luz de Cristo, podem contemplar no Menino Jesus «a consolação
de Israel» [iii]. A
sua expectativa transforma-se assim em luz que ilumina a história. Simeão é
portador de uma antiga esperança e o Espírito do Senhor fala ao seu coração:
por isso pode contemplar aquele que muitos profetas e reis tinham desejado ver,
Cristo, luz que ilumina as nações. Reconhece naquele Menino o Salvador, mas
intui no espírito que em seu redor se jogará o destino da humanidade, e que
deverá sofrer muito por parte de quantos o rejeitarão; proclama a sua
identidade e a missão de Messias com as palavras que formam um dos hinos da
Igreja nascente, do qual irradia toda a exultação comunitária e escatológica da
expectativa salvífica realizada. O entusiasmo é tão grande que viver e morrer
são a mesma coisa, e a «luz» e a «glória» tornam-se uma revelação universal».
Bento
XVI (séc. XXI), Homilia na festa da Apresentação do Senhor, 2-II-2006.
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