03/08/2017

Fátima: Centenário - Vida de Maria - 45



Centenário das aparições da Santíssima 

Virgem em Fátima


A adoração dos magos


A VOZ DOS PADRES

«Na minha opinião, é evidente que não se tratava de uma estrela habitual; mais ainda, não foi uma verdadeira estrela, mas uma força invisível que tomou a aparência de estrela, o que se prova, antes de mais nada pela rota que seguiu. Efectivamente, não há nenhuma estrela que siga o caminho que aquela seguiu. O sol, a lua e todos os astros, vemos que se movem de oriente para ocidente; aquela, pelo contrário, seguia de norte para sul, que é a posição da Pérsia em relação à Palestina.

Em segundo lugar, o mesmo se pode demonstrar pelo tempo. Porque não só aparecia durante a noite, mas em pleno dia e no pleno esplendor do sol. Não há estrela que tenha tal virtude; não a tem nem a própria lua, que, mesmo ultrapassando por tantos graus a todas as estrelas, mal começam a brilhar os raios do sol, esconde-se e desaparece. Pelo contrário, a estrela dos Magos, pela superioridade do seu brilho, venceu os próprios raios solares e brilhava no meio da sua luz.

Terceira prova: a estrela dos Magos aparecia e ocultava-se. Efectivamente, durante a viagem até à Palestina, a estrela foi-os guiando; depois, mal chegaram a Jerusalém, ocultou-se-lhes. E por fim, quando, informado Herodes sobre a finalidade da sua vinda, partiram, mostrou-se-lhes de novo. Tudo isto não é próprio do movimento de uma estrela, mas de um poder muito racional. Era uma estrela que não tinha rumo próprio, mas que, quando os Magos tinham que andar, movia-se ela; quando tinham que parar, parava, acomodando-se sempre ao que convinha. Era como a coluna de nuvem que guiava os judeus pelo deserto, através da qual, segundo lhes convinha, montavam ou moviam o seu acampamento.

A quarta prova evidente é a maneira como lhes mostrou o lugar onde se encontrava o Menino. Efectivamente, não lho mostrou parando nas alturas, pois ter-lhes-ia sido impossível distingui-lo deste modo, mas descendo até lá. Compreendereis perfeitamente que um lugar tão pequeno, uma pobre cabana possivelmente, ou menos do isso ainda, como é natural, o corpinho de um menino pequenino, não é possível que uma estrela o indique (...). Que é, com efeito, o que o evangelista deu a entender quando disse: e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o Menino, parou[i].

Já vedes, pois, por quantos argumentos se prova que esta estrela não foi uma estrela habitual, e que não apareceu porque assim o exigira o horóscopo profano».

São João Crisóstomo (séc. IV). Homilias sobre o Evangelho de São Mateus, VI.




[i] Mt 2, 9

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