31/07/2017

Fátima: Centenário - Vida de Maria - 42



Centenário das aparições da Santíssima 

Virgem em Fátima


A adoração dos magos



A VOZ DO MAGISTÉRIO

«A chegada dos Magos do Oriente a Belém, para adorar o recém-nascido Messias, é o sinal da manifestação do Rei universal aos povos e a todos os homens que procuram a verdade. É o início de um movimento oposto ao de Babel: da confusão à compreensão, da dispersão à reconciliação. Descobrimos assim um vínculo entre a Epifania e o Pentecostes: se o nascimento de Cristo, que é a Cabeça, é também o nascimento da Igreja, Seu corpo, vemos nos Magos os povos que se agregam ao resto de Israel, anunciando o grande sinal da "Igreja poliglota", realizado pelo Espírito Santo cinquenta dias depois da Páscoa.

O amor fiel e tenaz de Deus, que nunca falta à sua aliança de geração em geração. É o "mistério" do qual fala São Paulo nas suas Cartas, também no trecho da Carta aos Efésios há pouco proclamado: o Apóstolo afirma que "por revelação me foi dado conhecer o mistério que acabo de vos expor" [i] e encarregou-se de o dar a conhecer.

Este "mistério" da fidelidade de Deus constitui a esperança da história. Sem dúvida, ele é contrastado por impulsos de divisão e de subjugação, que dilaceram a humanidade por causa do pecado e do conflito de egoísmos. A Igreja está, na história, ao serviço deste "mistério" de bênção para a humanidade inteira. Neste mistério da fidelidade de Deus, a Igreja desempenha plenamente a sua missão unicamente quando reflecte em si mesma a luz de Cristo Senhor, e assim ajuda os povos do mundo no caminho da paz e do progresso autêntico (...).

Com Jesus Cristo a bênção de Abraão estendeu -se a todos os povos, à Igreja universal como novo Israel que acolhe no seu seio a humanidade inteira. Contudo, também hoje continua em muitos sentidos a ser verdade o que dizia o profeta: "a noite cobre a terra" e a nossa história. De facto, não se pode dizer que a globalização seja sinónimo de ordem mundial, pelo contrário. Os conflitos pela supremacia económica e pelo monopólio dos recursos energéticos, hídricos e das matérias-primas tornam difícil o trabalho de quantos, a todos os níveis, se esforçam por construir um mundo justo e solidário.

Há necessidade de uma esperança maior, que permita preferir o bem comum de todos ao luxo de poucos e à miséria de muitos. "Esta grande esperança só pode ser Deus... não um deus qualquer, mas aquele Deus que possui um rosto humano"[ii]: o Deus que se manifestou no Menino de Belém e no Crucificado-Ressuscitado.»

Bento XVI (século XXI). Excertos da homilia na solenidade da Epifania, 6-I-2008.




[i] Ef 3, 3
[ii] Spe salvi, n. 31

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