Art.
2 — Se os discípulos deviam ver Cristo ressuscitar.
O segundo discute-se assim. —
Parece que os discípulos deviam ver Cristo ressuscitar.
1. — Pois os discípulos deviam
testificar a ressurreição de Cristo, segundo a Escritura: Os apóstolos com grande valor davam testemunho da ressurreição de Jesus
Cristo Nosso Senhor. Ora, o testemunho mais certo é o da vista. Logo, eles deviam
por si mesmos presenciar a ressurreição de Cristo.
2. Demais. — Para terem a certeza da fé
os discípulos presenciaram a ascensão de Cristo, segundo a Escritura: Vendo-o eles, se foi elevando. Ora,
também era necessário que tivessem uma fé certa na ressurreição de Cristo. Logo
parece que Cristo devia ressuscitar na presença deles.
3. Demais. — A ressurreição de Lázaro
foi um sinal da ressurreição futura de Cristo. Ora, o Senhor ressuscitou Lázaro
à vista dos discípulos. Logo, parece que também Cristo devia ressuscitar na
presença deles.
Mas, em contrário, o Evangelho: O Senhor, tendo ressuscitado de manhã no
primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena. Ora, Maria
Madalena não o viu ressuscitar, mas, estando à procura dele no sepulcro
ouviu do Anjo: Ressuscitou, não está
aqui. Logo, ninguém o viu ressuscitar.
Como diz o Apóstolo, as causas de Deus são ordenadas. Ora, é
ordem instituída por Deus que as verdades superiores ao homem lhes sejam
reveladas pelos anjos, como está claro em Dionísio: Ora, Cristo ressuscitado não voltou a viver uma vida habitual dos
homens, mas passou a uma vida imortal como a que é própria de Deus, segundo o
Apóstolo: Mas enquanto ao viver, vive para Deus. Por isso, a própria
ressurreição de Cristo não devia ser imediatamente presenciada pelos homens,
mas a eles anunciada pelos anjos. Donde o dizer Hilário: O anjo foi o primeiro mensageiro da ressurreição, para que esta fosse
anunciada por um ministro familiar da vontade paterna.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. —
Os Apóstolos puderam ser testemunha de vista da ressurreição de Cristo, porque
com os próprios olhos viram-no vivo, depois de ressuscitado, a ele que sabiam
tinha morrido. Ora, assim como chegamos à visão da bem-aventurança pela fé que
ouvimos pregar, assim os homens chegaram à visão de Cristo ressuscitado pelo
que primeiro ouviram dos anjos.
RESPOSTA À SEGUNDA. — A ascensão de
Cristo, quanto ao seu ponto de partida, não transcendia o conhecimento comum
aos homens; mas só quanto ao seu termo de chegada. Por isso os discípulos
puderam presenciar o início da ascensão de Cristo, isto é, quando se elevava da
terra. Mas não a viram no seu termo, porque não viram como foi recebido no céu.
Ao passo que a ressurreição de Cristo transcendia o conhecimento comum quanto
ao seu ponto de partida, que foi a volta da sua alma dos infernos e a saída do
corpo do sepulcro fechado. E também quanto ao ponto de chegada, pelo qual
alcançou a vida gloriosa. Por isso a ressurreição não devia ser tal que fosse
vista pelos homens
RESPOSTA À TERCEIRA. — Lázaro
ressuscitou para voltar à vida que antes vivia, e que não ultrapassava o conhecimento
comum dos homens. Donde, não há semelhança de razão.
Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.
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