Este
demónio debilita o apóstolo em algo que é fundamental para exercer um
apostolado de envergadura, abnegado e constante, apesar de toda sorte de
contradições: a fortaleza.
Este
debilitamento e carência adquire formas contrárias às que caracterizam a
fortaleza apostólica. Afecta, em primeiro lugar, o vigor físico, que não pode
ser o mais relativo no apostolado. Não se pode, por exemplo, menosprezar a
saúde das pessoas. Afecta, também, os hábitos alimentares: a gente pode
tornar-se exigente em qualidade e quantidade; no horário; apega-se a certos
hábitos; chegando à incapacidade de dar um sentido evangélico ao comer pouco ou
nada, caso o serviço pastoral o requeira. O mesmo ocorre com o sono e o
descanso, que muitas vezes o serviço pede sacrificar. Converte-se numa
dificuldade habitual viajar em meios populares, a pé, em transporte colectivo. Procura-se
sistematicamente o meio mais rápido e cómodo, com a desculpa da eficácia
apostólica, sem discernimento, uma vez que, em muitos casos, a desculpa pode
ser válida. Também o cuidado excessivo da saúde e a adopção de todas as formas
de prevenção às quais recorrem os mais privilegiados, pode tornar mais aguda
esta fase de austeridade e fortaleza. Poder-se-ia aduzir outros exemplos.
A
tentação afecta igualmente a fortaleza psicológica, tanto mais necessária que a
física para o verdadeiro apostolado. Neste campo, é preciso educar-se num alto
grau de resistência psicológica, o que não exclui ser emocionalmente vulnerável
como todo ser humano normal. A fortaleza consiste em assimilar os golpes
psicológicos, sem desanimar e, muito menos, desestruturar-se. Esta deve ser a atitude
diante das críticas injustas ou parciais, diante das calúnias, das acusações…
E, logicamente, diante das perseguições e das diversas formas de sofrimento,
que podem chegar ao martírio, por causa do Reino. A aspiração de muitos
apóstolos à última bem-aventurança – “bem-aventurados os perseguidos por minha
causa e a justiça do Reino” -, não se improvisa, e é vã se não for preparada e
se não estiver acompanhada pela aceitação das provações e crises psicológicas,
com fortaleza evangélica.
A
tentação pode ser mais grave se a provação da fortaleza provém do interior da
Igreja. Um dos piores sofrimentos do apóstolo é o da “contradição dos bons”, da
sua comunidade, dos seus irmãos e companheiros de trabalho, de autoridades da
Igreja. Em certos momentos do apostolado, em muitas ocasiões em que se trata de
experimentar ou inovar dentro daquilo que é legítimo, o apóstolo precisa
aceitar, com coração sadio e atitude evangélica, ser minoria ou simplesmente
estar sozinho. Por isso, necessitará fortaleza diante das tensões e conflitos
existentes no interior da Igreja, diante das incompreensões, das suspeitas, da
falta de confiança e de colaboração.
A
fortaleza apostólica purifica, amadurece e prepara para o futuro. O demónio da
inércia e da fragilidade mantém o apóstolo na adolescência, numa certa
mediocridade rotineira, dificultando-lhe exercer o melhor serviço da Igreja,
agora e no futuro.
Fonte:
presbíteros
(revisão
da versão portuguesa por ama)
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