NOSSA SENHORA DE FÁTIMA 13 Maio
Nota
Histórica
No
ano 1917, quando o mundo se debatia ainda nas violências e atrocidades da
guerra, a Virgem Maria apareceu seis vezes em Fátima a três pastorinhos, Lúcia,
Jacinta e Francisco. Por meio deles, a Santa Mãe de Deus recomendou
insistentemente aos homens a firmeza da fé e o espírito de oração, penitência e
reparação. O culto de Nossa Senhora de Fátima, depois de ter sido aprovado pelo
Bispo da diocese e mais tarde confirmado pela Autoridade Apostólica, foi especialmente
honrado com a peregrinação do papa Paulo VI ao local das aparições no ano 1967
e João Paulo II nos anos 1982 e 1991.
Maria,
Mãe da Igreja e Advogada dos fiéis
Por
ocasião das cerimónias religiosas que têm lugar nestes dias em Fátima, Portugal,
em honra da Virgem Mãe de Deus, onde acorrem numerosas multidões de fiéis para
venerarem o seu coração maternal e compassivo, desejamos mais uma vez chamar a
atenção de todos os filhos da Igreja para o inseparável vínculo que existe
entre a maternidade espiritual de Maria e os deveres que têm para com Ela os
homens resgatados.
Julgamos
ser de grande utilidade para as almas dos fiéis considerar duas verdades muito
importantes para a renovação da vida cristã.
A
primeira verdade é esta: Maria é Mãe da Igreja, não só por ser Mãe de Jesus
Cristo e sua íntima colaboradora na nova economia da graça, quando o Filho de
Deus n’Ela assumiu a natureza humana para libertar o homem do pecado mediante
os mistérios da sua carne, mas também porque brilha à comunidade dos eleitos
como admirável modelo de virtude.
Depois
de ter participado no sacrifício redentor de seu Filho, e de maneira tão íntima
que mereceu ser por Ele proclamada Mãe não somente do discípulo João, mas –
seja consentido afirmá-lo – do género humano, por este de algum modo
representado, Ela continua agora no Céu a desempenhar a sua função materna de
cooperadora no nascimento e desenvolvimento da vida divina em cada alma dos
homens remidos.
Mas
de que modo coopera Maria no crescimento da vida da graça nos membros do Corpo
Místico? Antes de tudo, pela sua oração incessante, inspirada por uma
ardentíssima caridade. A Virgem Santa, de facto, gozando embora da contemplação
da Santíssima Trindade, não esquece os seus filhos que caminham, como Ela
outrora, na peregrinação da fé; pelo contrário, contemplando-os em Deus e
conhecendo bem as suas necessidades, em comunhão com Jesus Cristo que está
sempre vivo para interceder por nós, deles se constitui Advogada, Auxiliadora,
Amparo e Medianeira.
No
entanto, a cooperação da Mãe da Igreja no desenvolvimento da vida divina nas
almas não consiste apenas na sua intercessão junto do Filho. Ela exerce sobre
os homens remidos outra influência importantíssima, a do exemplo, segundo a
conhecida máxima: as palavras movem, o exemplo arrasta. Realmente, tal como os
ensinamentos dos pais adquirem maior eficácia quando são acompanhados pelo
exemplo duma vida conforme as normas da prudência humana e cristã, assim também
a suavidade e o encanto das excelsas virtudes da Imaculada Mãe de Deus atraem
irresistivelmente as almas para a imitação do divino modelo, Jesus Cristo, de
que Ela foi a mais perfeita imagem.
Mas
nem a graça do divino Redentor nem a poderosa intercessão de sua e nossa Mãe
espiritual poderiam conduzir-nos ao porto da salvação, se a tudo isso não
correspondesse a nossa perseverante vontade de honrar Jesus Cristo e a Virgem
Mãe de Deus com a fiel imitação das suas sublimes virtudes.
É,
pois, dever de todos os cristãos imitar religiosamente os exemplos de bondade
que lhes deixou a Mãe do Céu. É esta a segunda verdade sobre a qual nos agrada
chamar a vossa atenção. É em Maria que os cristãos podem admirar o exemplo que
lhes mostra como realizar, com humildade e magnanimidade, a missão que Deus
confiou a cada um neste mundo, em ordem à sua eterna salvação e à do próximo.
Uma
mensagem de suma utilidade parece chegar hoje aos fiéis da parte d’Aquela que é
a Imaculada, a toda santa, a cooperadora do Filho na restauração da vida
sobrenatural das almas. A santa contemplação de Maria incita-os, de facto, à
oração confiante, à prática da penitência, ao santo temor de Deus, e
recorda-lhes com frequência aquelas palavras com que Jesus Cristo anunciava
estar perto o reino dos Céus: Arrependei-vos e acreditai no Evangelho, bem como
a sua severa advertência: Se não vos arrependerdes, perecereis todos de maneira
semelhante.
Comemorando-se
este ano o vigésimo quinto aniversário da solene consagração da Igreja a Maria
Mãe de Deus e ao seu Coração Imaculado, feita pelo Nosso Predecessor Pio XII no
dia 31 de Outubro de 1942, por ocasião da Rádio-Mensagem à Nação Portuguesa –
consagração que Nós mesmo renovámos no dia 21 de Novembro de 1964 – exortamos
todos os filhos da Igreja a renovar pessoalmente a sua própria consagração ao
Coração Imaculado da Mãe da Igreja e a viver este nobilíssimo acto de culto com
uma vida cada vez mais conforme à vontade divina, em espírito de serviço filial
e devota imitação da sua celeste Rainha.
(Da Exortação Apostólica Signum magnum
do Papa Paulo VI, Dia 13 de Maio de 1967: AAS 56, 1967, 4-473, 475)
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