III.
Desenvolvimento do tema da continência na Igreja latina
O
Celibato no direito canónico clássico.
…/3
Temos de dizer agora, no entanto, que
precisamente devido a essa negligência crítica às dúvidas já existentes no
Ocidente sobre esse assunto, e que Gregório VII e outros reformadores,
incluindo especialmente Bernoldo de Constança, tinham reconhecido, não produziram
uma impressão decisiva sobre a escola canonística, que reconheceu também as
deliberações do Concílio Trulano II como plenamente válidas para a Igreja
Oriental. Nesse mesmo Concílio, como veremos, foi fixada a disciplina
celibatária da Igreja Bizantina e das dependentes dela.
No entanto, como já mencionamos, não
existia entre os canonistas medievais nenhuma dúvida sobre a obrigação para a
Igreja Ocidental da continência de todo o clero maior. E isso, na verdade,
porque conhecia bem os documentos dos Concílios ocidentais, os já tratados
anteriormente, sobretudo dos Concílios africanos (Graciano, no entanto, não
demonstra conhecer o cânon 33 de Elvira), dos Pontífices Romanos e dos Padres.
Todos os canonistas estavam, em geral, de acordo com que a proibição do
casamento para os clérigos maiores devia ser atribuída aos Apóstolos – tanto ao
exemplo deles, como às suas disposições. Alguns atribuíam aos Apóstolos a
proibição do uso do matrimónio contraído antes da Ordenação, outros a disposições
legislativas posteriores, sobretudo dos Romanos Pontífices, começando por
Siríaco. Tentavam explicar as razões sobre que se baseia tal proibição, ainda
que com argumentos em parte contrapostos. Uns a relacionavam com um voto,
expresso ou tácito, ou com a Ordem anexa, ou com uma disposição solene da
legítima autoridade. Frente à dificuldade de que ninguém pode impor a outro um
votum, tratava-se de encontrar a solução na constatação de que não se tentava
impor à pessoa, mas somente ao ofício, que trazia anexa esta condição. Que a
Igreja pudesse fazê-lo não oferecia nenhuma dúvida a qualquer canonista, que o
explicavam com argumentos bem interessantes e convincentes.
(revisão da versão portuguesa por ama)
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