III.
Desenvolvimento do tema da continência na Igreja latina
Evolução
da questão nos séculos seguintes
A
Reforma Gregoriana
Uma das mais graves crises que afectou
a continência do clero foi a que se deu em todas as regiões da Igreja Católica
Ocidental, afectadas pelas desordens que levaram à Reforma Gregoriana.
Essas regiões eram aquelas partes da
Europa onde tinha penetrado, com maior ou menor difusão, o chamado sistema
beneficial eclesiástico, que, basicamente, dominou toda a vida pública e, mais
tarde, também a vida privada da Igreja e da sociedade eclesiástica.
Os bens patrimoniais do benefício
eclesiástico, que estavam ligados a todos os ofícios da Igreja, altos ou
baixos, conferiam ao detentor do benefício, e portanto também do ofício, uma
grande independência económica e, por isso, frequentemente profissional, uma
vez que o ofício que acompanhava ao benefício não se podia retirar facilmente.
A concessão do benéfico-ofício, que era realizada com frequência através de
leigos que possuíam esse direito – proveniente da Igreja em sentido estrito ou
lato – situava nos ofícios eclesiásticos de bispos, abades e, inclusive, de
párocos, a candidatos com frequência pouco preparados e, até mesmo, indignos.
A concessão e a designação dos ofícios
por parte de leigos poderosos, que nesse assunto atendiam mais aos interesses
seculares e profanos que aos espirituais e religiosos da Igreja, conduziam aos
outros dois males fundamentais: a simonia, ou seja, a compra dos ofícios, e o
nicolaísmo, isto é, a comum violação do celibato eclesiástico.
(cont)
alfons m.
stickler, Cardeal Diácono de São
Giorgio in Velabro
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