Tempo Comum
Semana IV
Evangelho:
Mc 6, 7-13
7 Chamou os
doze e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos
imundos. 8 Ordenou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não
ser um bastão; nem alforge, nem pão, nem dinheiro na cintura; 9 mas que fossem
calçados de sandálias, e não levassem duas túnicas. 10 E dizia-lhes:
«Em qualquer casa onde entrardes, ficai nela até sairdes desse lugar. 11
Onde vos não receberem nem ouvirem, retirando-vos de lá, sacudi o pó dos vossos
pés em testemunho contra eles». 12 Tendo partido, pregavam que fizessem
penitência. 13 Expulsavam muitos demónios, ungiam com óleo muitos
enfermos e curavam-nos.
Comentário:
São Marcos com o estilo preciso e detalhado que conhecemos refere
um pormenor que não concorda com São Mateus: a recomendação de Jesus Cristo
sobre o uso de sandálias por parte dos Apóstolos enviados em missão.
Pode ser algo de importância menor mas, quanto a mim, não é.
São Pedro que foi o "mentor" do Evangelista é uma fonte absolutamente credível.
Porque referirá este detalhe?
Penso que Jesus quis que os Seus enviados se apresentassem com dignidade junto daqueles que os receberiam e, sobretudo naqueles tempos, o usar sandálias conferia essa dignidade.
Sem luxos nem coisas supérfluas mas com apresentação digna e cuidada.
Assim nos quer o Senhor.
(ama, comentário
sobre Mc 6, 7-13, 2015.07.13)
Leitura espiritual
Eucaristia
A Presença Real de Cristo
na Eucaristia - Parte VII
-
"No caso do suposto milagre da hóstia, o nosso sentido diz-nos que esse
elemento continua sendo o mesmo pão, de modo que a nossa vista e qualquer um
dos nossos sentidos não percebem o suposto milagre na substância. A nossa fé
não é cega" [i].
-
"O aparente pão não é pão (ainda que o seja para o paladar), mas corpo de
Cristo; e o aparente vinho não é vinho (ainda que o paladar o queira), mas
sangue de Cristo" [ii].
-
"O que vedes é o pão e o cálice, que é também o que dizem os vossos olhos;
porém, naquilo que vossa fé pede para ser instruída, o pão é o corpo de Cristo e
o cálice, o sangue de Cristo [iii].
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DÂMASO
Papa,
ocupou a sé de Pedro de 366 a 384.
Encomendou
a São Jerónimo a tradução (latina) das Escrituras.
Poeta,
são conservados numerosos epitáfios que compôs para os túmulos dos mártires.
Para
o túmulo do jovem mártir da Eucaristia, São Tarcísio, mandou escrever estas
palavras:
-
"Quando uma mão insana oprimia São Tarcísio, / portador dos sacramentos de
Cristo, / para que os expusesse ao profano, / ele preferiu dar a sua vida em
meio aos ferimentos / do que entregar aos cães raivosos os membros
celestes" [iv].
SIRÍCIO
Eleito
papa em 384.
Grande
amigo de Santo Ambrósio.
Consagrou
a basílica de São Paulo em Roma.
No
ano 385 proibiu os apóstatas de se aproximarem dos sacramentos eucarísticos,
dizendo-o desta forma:
-
"Ordenamos que estes (os apóstatas) se afastem do corpo e do sangue de
Cristo, pelos quais, em outro tempo, ao renascerem, tinham sido redimidos"
[v].
AMBROSIASTER
Assim é conhecido um autor cujo nome autêntico
é para nós desconhecido.
Comentou
todas as cartas de São Paulo, com excepção a dos Hebreus.
É
considerado um dos melhores comentários até a época do Renascimento.
A
sua doutrina, salvo as inclinações milenaristas, sempre foi tida por ortodoxa
por toda a Igreja.
Comentando
o texto de Paulo sobre a Eucaristia, escreveu:
-
"Já que fomos libertados pela morte do Senhor, recordando esta realidade,
ao comermos e bebermos a carne e o sangue que foram oferecidos por nós,
queremos significar que neles adquirimos o Novo Testamento" [vi].
-
"Recebemos o místico cálice de sangue para a defesa do nosso corpo e alma,
pois o sangue do Senhor redimiu o nosso sangue, isto é, salvou o homem inteiro;
pois a carne do Salvador para a salvação do corpo e do sangue foi derramado
pela nossa alma" [vii].
Parte VIII
-
"Jesus jamais ensinou a transubstanciação aos seus discípulos, isto é, que
o pão literalmente se converteria no Seu corpo" [viii].
-
"Não se trata - como ensina a doutrina da transubstanciação - que o pão se
converta em Cristo, mas que Ele é como um pão que dá a vida eterna" [ix].
-
"Contudo, esse pão é pão antes das palavras dos mistérios; quando ocorre a
consagração, do pão se faz a carne de Cristo" [x].
-----
ATANÁSIO
A
grande figura de Santo Atanásio (295-373) preenche uma boa parte do século IV.
Como diácono e secretário de seu Bispo, Alexandre, participou do Concílio de
Niceia. Foi nomeado Bispo de Alexandria. Por defender a doutrina de Niceia, foi
exilado cinco vezes pelas autoridades do Império.
Contrapondo
a antiga Páscoa com a celebração pascal cristã, diz:
-
"Então (nos dias do Antigo Testamento) celebravam a festa comendo um cordeiro
irracional e afugentavam o (Anjo) exterminador untando os dentes com seu
sangue. Mas agora, quando comemos o Verbo do Pai e assinalamos os lábios de
nossos corações com o sangue do Novo Testamento, conhecemos a graça que o
Salvador nos deu" [xi].
-
"O próprio Salvador nosso, passando do figurado para o espiritual, lhes
prometeu que de então em diante não comeriam a carne do cordeiro, mas a sua
própria (carne), dizendo: 'Tomai e comei; isto é o Meu corpo e o Meu
sangue" [xii].
-
"Verás os levitas (os sacerdotes cristãos), que levam os pães e o cálice
com o vinho, e os põem sobre o altar. E enquanto não são feitas as orações e
invocações, é apenas pão e vinho; mas quando terminam as magníficas e
admiráveis preces, então o pão se faz corpo e o cálice [se faz] sangue de Nosso
Senhor Jesus Cristo. E novamente: ocorre a realização dos mistérios. Este pão e
este cálice, antes das orações e invocações, são puros (pão e vinho); mas quando
sobrevêm as magníficas preces e as magníficas invocações, o Verbo desce ao pão
e ao cálice, e se faz o seu corpo" [xiii],
[xiv].
Tratando
dos frutos da comunhão eucarística, escreve:
-
"Nos divinizamos, não participando do corpo de um homem qualquer, mas tomando
o corpo do próprio Verbo" [xv].
BASÍLIO
Um
dos líderes mais importantes da Igreja da Capadócia. Nasceu por volta de 330.
Contam-se em sua família diversos mártires e santos. É considerado um dos
fundadores do monaquismo oriental.
Escrevendo
a um cristão acerca do proveito da comunhão frequente, diz:
-
"É certamente bom e proveitoso receber diariamente a Eucaristia e, assim,
participar do corpo e sangue de Cristo, porque Ele diz com toda a clareza:
'Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue possui a vida eterna'. E quem pode
duvidar que participar frequentemente da Vida é a mesma coisa que possuir vida
em abundância? Eu comungo quatro vezes por semana: no Dia do Senhor (=Domingo),
na 4ª-Feira, na 6ª-Feira e no Sábado; e também em qualquer outro dia, se
acontecer a comemoração de algum santo" [xvi],
[xvii].
Noutros
lugares, fala de "receber o corpo e o sangue de Cristo" e de
"participar do santo corpo e sangue de Cristo" [xviii].
GREGÓRIO NANZIANZENO
Outro
dos grandes Padres Capadócios. Nasceu em 330 e morreu em 389. Trabalhou em
grande sintonia com São Basílio e o irmão de Basílio, São Gregório de Nissa.
Seu pai foi Bispo de Nanzianzo. Foi ordenado sacerdote em 362. Nomeado Bispo de
Niceia, renunciou à esta sé por problemas canônicos. Foi Bispo de Nanzianzo por
alguns anos, até que se aposentou, e passou a viver em solidão e oração até sua
morte. Seus escritos são de imensa profundidade teológica.
Tratando
da celebração eucarística, exorta aos fiéis:
-
"Se desejais a Vida, comei o Corpo e bebei o Sangue sem temor e sem
dúvidas" [xix].
E
numa carta:
-
"Ó piedosíssimo: não te canses de pedir e advogar por nós, quando por tua
palavra fizeres baixar o Verbo; quando pelo fracionamento incruento, usando a
voz no lugar da espada, cortares o Corpo e o Sangue do Senhor (exacto momento
da fração do pão eucarístico na Missa)" [xx].
GREGÓRIO DE NISSA
Irmão
de São Basílio e amigo de São Gregório Nanzianzeno. Nasceu em 335 e morreu em
394. Grande místico, teólogo e escritor. Foi consagrado Bispo de Nissa, na
Capadócia.
Ensinando
aos seguidores de Cristo como se deve entender as Escrituras, diz-lhes:
-
"Cremos que também agora o pão santificado pela palavra de Deus se
transforma no corpo do Verbo de Deus" [xxi].
E
noutro lugar:
-
"Inicialmente, o pão é comum; mas quando o mistério o consagrou, chama-se
e se faz corpo de Cristo" [xxii].
Afirma
também que Cristo Se ofereceu em sacrifício antes mesmo do Calvário, e diz:
-
"Quando se deu isso? Quando aos que estavam com Ele lhes fez Seu corpo ao
pão e, à bebida, Seu sangue. Porque é totalmente manifesto que os homens não
podem comer um cordeiro se anteriormente não se dá a morte disto que comem.
Ele, que deu o Seu corpo como comida aos Seus discípulos, manifestou
abertamente que já se tinha cumprido o sacrifício do cordeiro" [xxiii].
p. juan carlos sack
(Revisão
da versão portuguesa por ama)
[i] Guillermo Hernández
Agüero, evangélico
[ii] São Cirilo de
Alexandria, Bispo, Século IV
[iii] Santo Agostinho,
Bispo, Século IV
[iv] Epigrammata
Damasiana, ed. A. Ferrua, 15, PL 13,392
[v] Epístola a Himério
3,4
[vi] Sobre 1Coríntios
11,26,1
[vii] Sobre 1Coríntios 2
[viii] Guillermo Hernández
Agüero, evangélico
[ix] Fernando Saraví,
evangélico
[x] Santo Ambrósio,
Bispo, Século IV
[xi] Cartal Festal 4,3
[xii] Carta Festal 4,4
[xiii] Sermão aos
Baptizandos [fragmento]; PG 26,1325
[xiv] Alguns colocam este
texto em dúvida, não obstante a maioria dos críticos hoje o tenham como um
escrito autêntico de Atanásio.
[xv] Carta a Máximo 2;
PG 26,1088
[xvi] Carta 93
[xvii]
Compare-se o escrito de São Basílio Magno com estas expressões de Sapia no
artigo já citado (com as ênfases do original): "Este sacerdote [católico]
disse [ao terminar uma Missa]: 'Queridos irmãos: vos convido a retornar todo
domingo para receber Cristo, que por sua grande humildade Se transforma em
hóstia por amor a nós...' Pergunto: Receber Cristo todo domingo? É claro que
somente podemos receber algo quando NÃO TEMOS esse algo (o que me parece
óbvio). Significa, então, segundo se depreende das palavras do sacerdote, que
Cristo 'abandona' o católico em algum momento da semana, já que no domingo
[seguinte] deverá assistir à Missa para novamente recebê-Lo... e assim
sucessivamente ao longo de toda a sua vida... Isto não apenas é antibíblico
como também ilógico. No entanto, os fiéis católicos aceitam, creem e obedecem a
isto... Eles creem na Igreja Católica Romana e isso os conforma para supor que
estão cumprindo [seus deveres para] com Deus. O verdadeiro cristão recebe
Cristo UMA ÚNICA VEZ em sua vida: no instante de reconhecê-Lo como seu único e
suficiente Salvador, entregando-Lhe seu coração e todo o seu ser; o que a
Bíblia chama de "nascer de novo" (algo que dificilmente ocorre com
quem supõe receber Cristo pela ingestão de uma hóstia)". É claro que cada
um tem uma visão diferente do que significa "receber Jesus" e não
necessariamente coincidirá com a definição de tipo dogmático expressa por
Sapia, sobre como "o verdadeiro cristão" recebe a Cristo (leia-se:
ele e os que pensam como ele); como se existisse uma única forma de
"receber" Jesus! Entretanto, o que eu quero apontar aqui é que a fé
do evangélico batista é diferente da Fé da Igreja primitiva, daquela Fé que
coincide com a daquele sacerdote católico que convida os fiéis a regressarem à
Igreja todo domingo para "receber a Cristo". Vemos então que São
Basílio Magno, na distante Capadócia, naquele já distante século IV, "cria
na Igreja Católica Romana" e isso "o conformava para supor que estava
cumprindo [seus deveres para] com Deus". Há outros testemunhos neste
artigo onde os Padres recomendam ou louvam a recepção diária da Eucaristia.
[xviii] Regra Moral 21,1-2;
Regra Breve, Tratado 172
[xix] Discurso 45, na
Santa Páscoa 19
[xx] Carta 171, a
Anfilóquio 3
[xxi] Discurso
Catequético 37
[xxii] In Diem Luminum; PG
46,581
[xxiii] Discurso 1, na
Santa Páscoa; PG 46,612
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