Celibato
eclesiástico: História e fundamentos teológicos [i]
II. CONCEITO E MÉTODO
Significado do conceito do
celibato: a continência.
…3/
Raízes do recente debate
sobre as origens do celibato
No final do século
passado, tivemos uma áspera discussão sobre a origem do celibato eclesiástico,
ainda recordada e influente. Gustav Bickell, filho de um jurista e ele mesmo
orientalista, atribuía a origem do celibato a uma disposição apostólica, apoiando-se
principalmente em testemunhos orientais. Respondeu-lhe Franz X. Funk, conhecido
estudioso da história eclesiástica antiga, negando que se pudesse fazer tal
afirmação, já que a primeira lei conhecida sobre o celibato remonta ao início
do século quarto. Depois de um duplo confronto de escritos sobre o assunto,
Bickell fez silêncio, enquanto Funk repetia uma vez mais, sinteticamente, os seus
resultados, sem receber uma resposta do seu adversário. Recebeu, pelo
contrário, importante consenso de dois grandes estudiosos, como eram E. F.
Vacandard e H. Leclercq. A autoridade e influência de suas opiniões, difundidas
amplamente pelos meios de difusão (dicionários), concederam à tese de Funk um
consenso considerável, que perdura até hoje.
Considerando o que acabamos
de dizer sobre as premissas dos princípios metodológicos na investigação,
deve-se notar que F. X. Funk, ao formular as suas conclusões, não levou em
conta, sobretudo, os critérios gerais de interpretação das fontes, que num
estudioso altamente qualificado, como ele sem dúvida era, é realmente estranho.
Aceitou como bom, e a utilizou como um dos seus principais argumentos contra a
opinião Bickell, a narração espúria sobre a intervenção do bispo e monge
egípcio Pafnucio no Concílio de Nicéia em 325. E isso, ao contrário da crítica
básica externa das fontes que, já antes dele, tinha afirmado repetidamente a
não autenticidade desse episódio (o que está comprovado, como demonstraremos ao
falar, na quarta parte, do Concílio de Nicéia). Funk cometeu um erro metodológico
ainda maior, embora menos culpável, ao aceitar apenas só a existência de uma
obrigação oficial do celibato, que tenha sido expressa através de uma lei
escrita. O mesmo se pode dizer do historiador da teologia, Vacandard, e do
historiador dos concílios, Leclercq.
(cont)
(revisão da tradução
portuguesa por ama)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.