Art.
6 — Se um pecado mortal pode tornar-se venial.
(Supra,
a. 2; De Malo, q. 7, a. 1, ad 18; a. 3 ad 9).
O sexto discute-se assim. — Parece que
um pecado mortal pode tornar-se venial.
1. — Pois, o pecado venial dista
igualmente do mortal, e reciprocamente. Ora, o pecado venial pode vir a ser
mortal, como se disse (a. 5). Logo, também o mortal pode vir a ser venial.
2. Demais. — O pecado venial e o
mortal diferem assim: quem peca mortalmente ama a criatura mais que a Deus; e
quem peca venialmente ama-a menos que a Deus. Ora, é possível, cometendo-se um
pecado genericamente mortal, amar a criatura menos que a Deus. Assim, quem
fornicasse, ignorando ser a fornicação simples pecado mortal e contrário ao
amor divino; mas, de modo a estar pronto a abandonar a fornicação por amor de
Deus, se soubesse que, fornicando, vai contra esse amor. E em tal caso pecaria
venialmente, transformando-se então, o pecado mortal em venial.
3. Demais. — Como se disse (q. 5 arg.
3), o bem difere mais do mal, que o pecado venial, do mortal. Ora, um acto em
si mesmo mau pode tornar-se bom; assim, o homicídio pode tornar-se um acto de
justiça como quando um juiz mata um ladrão. Logo, com maior razão, um pecado
mortal pode vir a ser venial.
Mas, em contrário, o eterno nunca pode
vir a ser temporal. Ora, o pecado mortal merece pena eterna; ao contrário, o
venial, pena temporal. Logo, um pecado mortal nunca pode vir a ser venial.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— O venial difere do mortal como o imperfeito, do perfeito; p. ex., como a
criança, do homem. Pois, da criança faz-se o homem, mas não reciprocamente.
Logo, a objecção não colhe.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Se a ignorância
for tal, como a do furioso ou do louco, que escuse absolutamente do pecado,
quem cometer fornicação com essa ignorância não peca nem venial nem mortalmente.
Se porém a ignorância não for invencível, então já em si mesma é pecado, e traz
consigo a falta do amor divino, por ter o pecador descuidado de informar-se do
que pudesse conservá-lo nesse amor.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Como diz
Agostinho, o mal em si mesmo, não pode, por nenhum fim, vir a ser bem. Assim, o
homicídio, consistente em matar um inocente, de nenhum modo pode vir a ser um
bem. Mas o juiz que mata um ladrão, ou o soldado que mata um inimigo da
república, não se consideram homicidas, como diz Agostinho.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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