Evangelho:
Jo 14, 1-6
1 «Não se
perturbe o vosso coração. Acreditais em Deus, acreditai também em Mim. 2 Na
casa de Meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, Eu vo-lo teria dito. Vou
preparar um lugar para vós. 3 Depois que Eu tiver ido e vos tiver preparado um
lugar, virei novamente e tomar-vos-ei comigo, para que, onde estou, estejais
vós também. 4 E vós conheceis o caminho para ir onde Eu vou». 5 Tomé disse-Lhe:
«Senhor, nós não sabemos para onde vais; como podemos saber o caminho?». 6
Jesus disse-lhe: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai
senão por Mim.
Comentário:
Jesus Cristo não Se cansa de repetir que é O
CAMINHO; A VERDADE E A VIDA. Quer que todos os homens não tenham dúvidas que
assim é e não procurem alhures o que está disponível desde a Sua Ressurreição.
Foi o que nos veio dar com a Sua entrega na
Cruz: um Caminho seguro para, seguros da Verdade que é Ele próprio, alcancemos
a Vida Eterna que é a máxima consolação dos filhos de Deus.
(ama, comentário sobre Jo 14, 1-6, 2013.04.26)
CONSTITUIÇÃO CONCILIAR
SACROSANCTUM CONCILIUM
SOBRE A SAGRADA LITURGIA
CAPÍTULO V
O ANO LITÚRGICO
A Quaresma
109.
Ponham-se em maior realce, tanto na Liturgia como na catequese litúrgica, os
dois aspectos característicos do tempo quaresmal, que pretende, sobretudo
através da recordação ou preparação do Baptismo e pela Penitência, preparar os
fiéis, que devem ouvir com mais frequência a Palavra de Deus e dar-se à oração com
mais insistência, para a celebração do mistério pascal. Por isso:
a)
utilizem-se com mais abundância os elementos baptismais próprios da liturgia
quaresmal e retomem-se, se parecer oportuno, elementos da antiga tradição;
b)
o mesmo se diga dos elementos penitenciais. Quanto à catequese, inculque-se nos
espíritos, de par com as consequências sociais do pecado, a natureza própria da
penitência, que é detestação do pecado por ser ofensa de Deus; nem se deve
esquecer a parte da Igreja na prática penitenciai, nem deixar de recomendar a
oração pelos pecadores.
110.
A penitência quaresmal deve ser também externa e social, que não só interna e
individual. Estimule-se a prática da penitência, adaptada ao nosso tempo, às
possibilidades das diversas regiões e à condição de cada um dos fiéis.
Recomendem-na as autoridades a que se refere o art. 22.
Mantenha-se
religiosamente o jejum pascal, que se deve observar em toda a parte na
Sexta-feira da Paixão e Morte do Senhor e, se oportuno, estender-se também ao
Sábado santo, para que os fiéis possam chegar à alegria da Ressurreição do
Senhor com elevação e largueza de espírito.
As
festas dos santos
111.
A Igreja, segundo a tradição, venera os Santos e as suas relíquias autênticas,
bem como as suas imagens. É que as festas dos Santos proclamam as grandes obras
de Cristo nos seus servos e oferecem aos fiéis os bons exemplos a imitar.
Para
que as festas dos Santos não prevaleçam sobre as festas que recordam os
mistérios da salvação, muitas delas ficarão a ser celebradas só por uma igreja
particular ou nação ou família religiosa, estendendo-se apenas a toda a Igreja
as que festejam Santos de inegável importância universal.
CAPÍTULO VI
A MÚSICA SACRA
Importância
para a Liturgia
112.
A tradição musical da Igreja é um tesouro de inestimável valor, que excede
todas as outras expressões de arte, sobretudo porque o canto sagrado,
intimamente unido com o texto, constitui parte necessária ou integrante da
Liturgia solene.
Não
cessam de a enaltecer, quer a Sagrada Escritura (42), quer os Santos Padres e
os Romanos Pontífices, que ainda recentemente, a começar em S. Pio X, vincaram
com mais insistência a função ministerial da música sacra no culto divino.
A
música sacra será, por isso, tanto mais santa quanto mais intimamente unida
estiver à acção litúrgica, quer como expressão delicada da oração, quer como
factor de comunhão, quer como elemento de maior solenidade nas funções
sagradas. A Igreja aprova e aceita no culto divino todas as formas autênticas de
arte, desde que dotadas das qualidades requeridas.
O
sagrado Concílio, fiel às normas e determinações da tradição e disciplina da
Igreja, e não perdendo de vista o fim da música sacra, que é a glória de Deus e
a santificação dos fiéis, estabelece o seguinte:
113.
A acção litúrgica reveste-se de maior nobreza quando é celebrada de modo solene
com canto, com a presença dos ministros sagrados e a participação activa do
povo.
Observe-se,
quanto à língua a usar, o art. 36; quanto à Missa, o art. 54; quanto aos
sacramentos, o art. 63; e quanto ao Ofício divino, o art. 101.
Promoção
da música sacra
114.
Guarde-se e desenvolva-se com diligência o património da música sacra.
Promovam-se com empenho, sobretudo nas igrejas catedrais, as «Scholae cantorum».
Procurem os Bispos e demais pastores de almas que os fiéis participem
activamente nas funções sagradas que se celebram com canto, na medida que lhes
compete e segundo os art. 28 e 30.
115.
Dê-se grande importância nos Seminários, Noviciados e casas de estudo de
religiosos de ambos os sexos, bem como noutros institutos e escolas católicas,
à formação e prática musical. Para o conseguir, procure-se preparar também e
com muito cuidado os professores que terão a missão de ensinar a música sacra.
Recomenda-se
a fundação, segundo as circunstâncias, de Institutos Superiores de música
sacra.
Os
compositores e os cantores, principalmente as crianças, devem receber também
uma verdadeira educação litúrgica.
116.
A Igreja reconhece como canto próprio da liturgia romana o canto gregoriano;
terá este, por isso, na acção litúrgica, em igualdade de circunstâncias, o
primeiro lugar.
Não
se excluem todos os outros géneros de música sacra, mormente a polifonia, na
celebração dos Ofícios divinos, desde que estejam em harmonia com o espírito da
acção litúrgica, segundo o estatuído no art. 30.
117.
Procure terminar-se a edição típica dos livros de canto gregoriano; prepare-se
uma edição mais crítica dos livros já editados depois da reforma de S. Pio X.
Convirá
preparar uma edição com melodias mais simples para uso das igrejas menores.
118.
Promova-se muito o canto popular religioso, para que os fiéis possam cantar
tanto nos exercícios piedosos e sagrados como nas próprias acções litúrgicas,
segundo o que as rubricas determinam.
Adaptação
às diferentes culturas
119.
Em certas regiões, sobretudo nas Missões, há povos com tradição musical
própria, a qual tem excepcional importância na sua vida religiosa e social.
Estime-se como se deve e dê-se-lhe o lugar que lhe compete, tanto na educação
do sentido religioso desses povos como na adaptação do culto à sua índole,
segundo os art. 39 e 40. Por isso, procure-se cuidadosamente que, na sua
formação musical, os missionários fiquem aptos, na medida possível, a promover
a música tradicional desses povos nas escolas e nas acções sagradas.
Instrumentos
músicos sagrados
120.
Tenha-se em grande apreço na Igreja latina o órgão de tubos, instrumento
musical tradicional e cujo som é capaz de dar às cerimónias do culto um
esplendor extraordinário e elevar poderosamente o espírito para Deus.
Podem
utilizar-se no culto divino outros instrumentos, segundo o parecer e com o
consentimento da autoridade territorial competente, conforme o estabelecido nos
art. 22 § 2, 37 e 40, contanto que esses instrumentos estejam adaptados ou
sejam adaptáveis ao uso sacro, não desdigam da dignidade do templo e favoreçam
realmente a edificação dos fiéis.
Normas
para os compositores
121.
Os compositores possuídos do espírito cristão compreendam que são chamados a
cultivar a música sacra e a aumentar-lhe o património.
Que
as suas composições se apresentem com as características da verdadeira música
sacra, possam ser cantadas não só pelos grandes coros, mas se adaptem também
aos pequenos e favoreçam uma activa participação de toda a assembleia dos
fiéis.
Os
textos destinados ao canto sacro devem estar de acordo com a doutrina católica
e inspirar-se sobretudo na Sagrada Escritura e nas fontes litúrgicas.
CAPÍTULO VII
A ARTE SACRA E AS ALFAIAS
LITÚRGICAS
A
arte sacra e seus estilos
122.
Entre as mais nobres actividades do espírito humano estão, de pleno direito, as
belas artes, e muito especialmente a arte religiosa e o seu mais alto cimo, que
é a arte sacra. Elas tendem, por natureza, a exprimir de algum modo, nas obras
saídas das mãos do homem, a infinita beleza de Deus, e estarão mais orientadas
para o louvor e glória de Deus se não tiverem outro fim senão o de conduzir
piamente e o mais eficazmente possível, através das suas obras, o espírito do
homem até Deus.
É
esta a razão por que a santa mãe Igreja amou sempre as belas artes, formou
artistas e nunca deixou de procurar o contributo delas, procurando que os
objectos atinentes ao culto fossem dignos, decorosos e belos, verdadeiros
sinais e símbolos do sobrenatural. A Igreja julgou-se sempre no direito de ser
como que o seu árbitro, escolhendo entre as obras dos artistas as que estavam
de acordo com a fé, a piedade e as orientações veneráveis da tradição e que
melhor pudessem servir ao culto.
A
Igreja preocupou-se com muita solicitude em que as alfaias sagradas
contribuíssem para a dignidade e beleza do culto, aceitando no decorrer do
tempo, na matéria, na forma e na ornamentação, as mudanças que o progresso
técnico foi introduzindo.
Pareceu
bem aos Padres determinar, a este propósito, o que segue:
123.
A Igreja. nunca considerou um estilo como próprio seu, mas aceitou os estilos
de todas as épocas, segundo a índole e condição dos povos e as exigências dos
vários ritos, criando deste modo no decorrer dos séculos um tesouro artístico
que deve ser conservado cuidadosamente. Seja também cultivada livremente 'na
Igreja a arte do nosso tempo, a arte de todos os povos e regiões, desde que
sirva com a devida reverência e a devida honra às exigências dos edifícios e
ritos sagrados. Assim poderá ela unir a sua voz ao admirável cântico de glória
que grandes homens elevaram à fé católica em séculos passados.
124.
Ao promoverem uma autêntica arte sacra, prefiram os Ordinários à mera
sumptuosidade uma beleza que seja nobre. Aplique-se isto mesmo às vestes e
ornamentos sagrados.
Tenham
os Bispos todo o cuidado em retirar da casa de Deus e de outros lugares
sagrados aquelas obras de arte que não se coadunam com a fé e os costumes e com
a piedade cristã, ofendem o genuíno sentido religioso, quer pela depravação da
forma, que pela insuficiência, mediocridade ou falsidade da expressão
artística.
Na
construção de edifícios sagrados, tenha-se grande preocupação de que sejam
aptos para lá se realizarem as acções litúrgicas e permitam a participação
activa dos fiéis.
O
culto das imagens
125.
Mantenha-se o uso de expor imagens nas igrejas à veneração ds fiéis. Sejam, no
entanto, em número comedido e na ordem devida, para não causar estranheza aos
fiéis nem contemporizar com uma devoção menos ortodoxa.
Comissão
diocesana da arte
126.
Para emitir um juízo sobre as obras de arte, oiçam os Ordinários de lugar o
parecer da Comissão de arte sacra e de outras pessoas particularmente
competentes, se for o caso, assim como também das Comissões a que se referem os
art. 44, 45, 46.
Os
Ordinários vigiarão com todo o cuidado para que não se percam nem se alienem as
alfaias sagradas e obras preciosas, que embelezam a casa de Deus.
Promoção
da arte e formação dos artistas
127.
Cuidem os Bispos de, por si ou por sacerdotes idóneos e que conheçam e amem a arte,
imbuir os artistas do espírito da arte sacra e da sagrada Liturgia.
Recomenda-se
também, para formar os artistas, a criação de Escolas ou Academias de arte
sacra, onde parecer oportuno.
Recordem-se
constantemente os artistas que desejam, levados pela sua inspiração, servir a
glória de Deus na santa Igreja, de que a sua actividade é, de algum modo, uma
sagrada imitação de Deus criador e de que as suas obras se destinam ao culto
católico, à edificação, piedade e instrução religiosa dos fiéis.
128.
Revejam-se o mais depressa possível, juntamente com os livros litúrgicos,
conforme dispõe o art. 25, os cânones e determinações eclesiásticas atinentes
ao conjunto das coisas externas que se referem ao culto, sobretudo quanto a uma
construção funcional e digna dos edifícios sagrados, erecção e forma dos
altares, nobreza, disposição e segurança dos sacrários, dignidade e
funcionalidade do baptistério, conveniente disposição das imagens, decoração e
ornamentos. Corrijam-se ou desapareçam as normas que parecem menos de acordo
com a reforma da Liturgia; mantenham-se e introduzam-se as que forem julgadas
aptas a promovê-la.
Neste
particular e especialmente quanto à matéria e forma dos objectos e das vestes
sagradas, o sagrado Concílio concede às Conferências episcopais das várias
regiões a faculdade de fazer a adaptação às necessidades e costumes dos
lugares, segundo o art. 22 desta Constituição.
129.
Para poderem estimar e conservar os preciosos monumentos da Igreja e para
estarem aptos a orientar como convém os artistas na realização das suas obras,
devem os clérigos, durante o curso filosófico e teológico, estudar a história e
evolução da arte sacra, bem como os sãos princípios em que deve fundar-se.
Uso
das insígnias pontifícias
130.
É conveniente que o uso das insígnias pontificais seja reservado às pessoas
eclesiásticas que possuem a dignidade episcopal ou gozam de especial
jurisdição.
Apêndice
DECLARAÇÃO DO CONCÍLIO
ECUMÉNICO VATICANO II
SOBRE A REFORMA DO
CALENDÁRIO
Apêndice:
Declaração sobre a revisão do Calendário
O
sagrado Concílio Ecuménico Vaticano II, tendo na devida conta o desejo expresso
por muitos para dar à festa da Páscoa um domingo certo e adoptar um calendário
fixo, depois de ter ponderado maduramente as consequências que poderão resultar
da introdução do novo calendário, declara o seguinte:
1.
O sagrado Concílio não tem nada a opor à fixação da festa da Páscoa num domingo
certo do calendário gregoriano, se obtiver o assentimento daqueles a quem
interessa, especialmente dos irmãos separados da comunhão com a Sé Apostólica.
2.
Igualmente declara não se opor às iniciativas para introduzir um calendário
perpétuo na sociedade civil.
Contudo,
entre os vários sistemas em estudo para fixar um calendário perpétuo e
introduzi-lo na sociedade civil, a Igreja só não se opõe àqueles que conservem
a semana de sete dias e com o respectivo domingo. A Igreja deseja também manter
intacta a sucessão hebdomadária, sem inserção de dias fora da semana, a não ser
que surjam razões gravíssimas sobre as quais deverá pronunciar-se a Sé
Apostólica.
Roma, 4 de Dezembro de 1963.
PAPA PAULO VI
Nota: Revisão da versão portuguesa por
ama.
________________________________________________
Notas:
42.
Cfr. Ef. 5,19; Col. 3,16.
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