Evangelho: Jo 6,
35-40
35
Jesus respondeu-lhes: «Eu sou o pão da vida; aquele que vem a Mim não terá
jamais fome, e aquele que crê em Mim não terá jamais sede. 36 Porém, já vos
disse que vós Me vistes e que não credes. 37 Tudo o que o Pai Me dá virá a Mim;
e aquele que vem a Mim não o lançarei fora. 38 Porque desci do céu não para
fazer a Minha vontade, mas a vontade d'Aquele que Me enviou. 39 Ora a vontade
d'Aquele que Me enviou é que Eu não perca nada do que Me deu, mas que o
ressuscite no último dia. 40 A vontade de Meu Pai que Me enviou é que todo o
que vê o Filho e crê n'Ele tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último
dia».
Comentário:
Sendo certo que nada do que Jesus diz ou faz é por acaso, talvez que este
discurso de Jesus Cristo tivesse como objectivo dissipar uma certa forma de
pensar que levava muitos a considerar Deus Pai como um Deus justiceiro e
inflexível e que, o Filho teria como “função” moderar essa justiça e temperar essa
inflexibilidade.
Assim, Jesus quer deixar bem clara e inequívoca a realidade da união
íntima entre o Pai e o Filho de tal forma que afirmará claramente:
O Pai e Eu somos um!
(ama,
comentário sobre Jo 6, 35-40, 2011.05.11)
DECRETO
PRESBYTERORUM ORDINIS
SOBRE O MINISTÉRIO E A VIDA DOS SACERDOTES
PROÉMIO
Intenção
do Concílio
1.
Este sagrado Concílio já por várias vezes chamou a atenção de todos para a
excelência da Ordem do presbiterado na Igreja 1. Todavia, em virtude
desta Ordem ter uma parte sumamente importante e cada vez mais difícil na
renovação da Igreja de Cristo, pareceu muito útil tratar dos sacerdotes com
mais amplitude e profundeza. As coisas que se dizem neste Decreto aplicam-se a
todos os sacerdotes, sobretudo àqueles que têm cura de almas, com a conveniente
adaptação quando se trata dos presbíteros religiosos. Com efeito, os
presbíteros, em virtude da sagrada ordenação e da missão que recebem das mãos
dos Bispos, são promovidos ao serviço de Cristo mestre, sacerdote e rei, de
cujo ministério participam, mediante o qual a Igreja continuamente é edificada
em Povo de Deus, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo. Por isso, para que
no meio das situações pastorais e humanas, tantas vezes profundamente mudadas,
o seu ministério se mantenha com mais eficácia e se proveja melhor à sua vida,
este sagrado Concílio declara e estabelece o seguinte.
CAPÍTULO I
O PRESBITERADO NA MISSÃO
DA IGREJA
Natureza
do Presbiterado
2.
O Senhor Jesus, «a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, (Jo. 10,36), tornou
participante todo o seu Corpo místico da unção do Espírito com que Ele mesmo
tinha sido ungido 2: n'Ele, com efeito, todos os fiéis se tornam
sacerdócio santo e real, oferecem vítimas a Deus por meio de Jesus Cristo, e
anunciam as virtudes d'Aquele que os chamou das trevas para a sua luz admirável
3. Não há, portanto, nenhum membro que não tenha parte na missão de
todo o corpo, mas cada um deve santificar Jesus no seu coração 4, e
dar testemunho de Jesus com espírito de profecia 5.
O
mesmo Senhor, porém, para que formassem um corpo, no qual «nem todos os membros
têm a mesma função» (Rom. 12,4), constituiu, dentre os fiéis, alguns como
ministros que, na sociedade dos crentes, possuíssem o sagrado poder da Ordem
para oferecer o Sacrifício, perdoar os pecados 6 e exercer
oficialmente o ofício sacerdotal em nome de Cristo a favor dos homens. E assim,
enviando os Apóstolos assim como Ele tinha sido enviado pelo Pai 7,
Cristo, através dos mesmos Apóstolos, tornou participantes da sua consagração e
missão os sucessores deles, os Bispos 8, cujo cargo ministerial, em
grau subordinado, foi confiado aos presbíteros 9, para que,
constituídos na Ordem do presbiterado, fossem cooperadores 10 da
Ordem do episcopado para o desempenho perfeito da missão apostólica confiada
por Cristo.
O
ministério dos sacerdotes, enquanto unido à Ordem episcopal, participa da
autoridade com que o próprio Cristo edifica, santifica e governa o seu corpo.
Por isso, o sacerdócio dos presbíteros, supondo, é certo, os sacramentos da
iniciação cristã, é, todavia, conferido mediante um sacramento especial, em
virtude do qual os presbíteros ficam assinalados com um carácter particular e,
dessa maneira, configurados a Cristo sacerdote, de tal modo que possam agir em
nome de Cristo cabeça 11.
Participando,
a seu modo, do múnus dos apóstolos, os presbíteros recebem de Deus a graça de
serem ministros de Jesus Cristo no meio dos povos, desempenhando o sagrado
ministério do Evangelho, para que seja aceita a oblação dos mesmos povos,
santificada no Espírito Santo 12. Com efeito, o Povo de Deus é
convocado e reunido pela virtude da mensagem apostólica, de tal modo que todos
quantos pertencem a este Povo, uma vez santificados no Espírito Santo, se
ofereçam como «hóstia viva, santa e agradável a Deus» (Rom. 12, l). Mas é pelo
ministério dos presbíteros que o sacrifício espiritual dos fiéis se consuma em
união com o sacrifício de Cristo, mediador único, que é oferecido na Eucaristia
de modo incruento e sacramental pelas mãos deles, em nome de toda a Igreja, até
quando mesmo Senhor vier 13. Para isto tende e nisto se consuma o
ministério dos presbíteros. Com efeito, o seu ministério, que começa pela
pregação evangélica, tira do sacrifício de Cristo a sua força e a sua virtude,
e tende a fazer com que «toda a cidade redimida, isto é, a congregação e a
sociedade dos santos, seja oferecida a Deus como sacrifício universal pelo
grande sacerdote, que também se ofereceu a si mesmo por nós na Paixão para que
fôssemos o corpo de tão nobre cabeça» 14.
Por
isso, o fim que os presbíteros pretendem atingir com o seu ministério e com a
sua vida é a glória de Deus Pai em Cristo. Esta glória consiste em que os
homens aceitem consciente, livre e gratamente a obra de Deus perfeitamente
realizada em Cristo, e a manifestem em toda a sua vida. Os presbíteros,
portanto, quer se entreguem à oração e à adoração quer preguem a palavra de
Deus, quer ofereçam o sacrifício eucarístico e administrem os demais
sacramentos, quer exerçam outros ministérios favor dos homens, concorrem não só
para aumentar a glória de Deus mas também para promover a vida divina nos
homens. Tudo isto, enquanto dimana da Páscoa de Cristo, será consumado no
advento glorioso do mesmo Senhor, quando Ele entregar o reino nas mãos do Pai 15.
O
ministério dos presbíteros no mundo
3.
Os presbíteros, tirados dentre os homens e constituídos a favor dos homens nas
coisas que se referem a Deus, para oferecerem dons e sacrifícios pelos pecados 16,
convivem fraternalmente com os restantes homens. Assim também, o Senhor Jesus,
Filho de Deus, enviado pelo Pai como homem para o meio dos homens, habitou
entre nós e quis assemelhar-se em tudo aos seus irmãos, menos no pecado 17.
Já os Apóstolos o imitaram, e S. Paulo doutor das gentes, «escolhido para
anunciar o Evangelho de Deus» (Rom: 1,1) atesta que se fez tudo para todos,
para salvar a todos 18. Os presbíteros do Novo Testamento, em
virtude da vocação e ordenação, de algum modo são segregados dentro do Povo de
Deus, não para serem separados dele ou do qualquer homem, mas para se
consagrarem totalmente à obra para que Deus os chama 19. Não
poderiam ser ministros de Cristo se não fossem testemunhas e dispensadores duma
vida diferente da terrena, e nem pode riam servir os homens se permanecessem
alheios à sua vida e às suas situações 20. O seu próprio ministério
exige, por um título especial, que não se conformem a este mundo 21;
mas exige também que vivam neste mundo entre os homens e, como bons pastores,
conheçam as suas ovelhas e procurem trazer aquelas que não pertencem a este
redil, para que também elas oiçam a voz de Cristo e haja um só rebanho e um só
pastor 22. Para o conseguirem, muito importam as virtudes que
justamente se apreciam no convívio humano, como são a bondade, a sinceridade, a
fortaleza de alma e a constância, o cuidado assíduo da justiça, a delicadeza, e
outras que o Apóstolo Paulo recomenda quando diz: «Tudo quanto é verdadeiro,
tudo quanto é puro, tudo quanto é justo, tudo quanto é santo, tudo quanto é
amável, tudo quanto é de bom nome, toda a virtude, todo o louvor da disciplina,
tudo isso pensai» (Fil. 4,8) 23.
CAPÍTULO II
O MINISTÉRIO DOS
PRESBÍTEROS
1-
FUNÇÕES DOS PRESBÍTEROS
Os
presbíteros, ministros da palavra de Deus
4.
O Povo de Deus é reunido antes de mais pela palavra de Deus vivo 1,
que é justíssimo esperar receber da boca dos sacerdotes 2. Com
efeito, como ninguém se pode salvar se antes não tiver acreditado 3,
os presbíteros, como cooperadores dos Bispos, têm, como primeiro dever, anunciar
a todos o Evangelho de Deus 4, para que, realizando o mandato do
Senhor: «Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a todas as, criaturas» (Mc
16,15) 5, constituam e aumentem o Povo de Deus. Com efeito, é pela
palavra da salvação que a fé é suscitada no coração dos infiéis e alimentada no
coração dos fiéis; e é mercê da fé que tem início e se desenvolve a assembleia
dos crentes, segundo aquele dito do Apóstolo: «a fé vem pelo ouvido, o ouvido,
porém, pela palavra de Cristo» (Rom. 10,17). Por isso, os presbíteros são devedores
de todos, para comunicarem a todos a verdade do Evangelho 6, de que
gozam no Senhor. Portanto, quer quando, por uma convivência edificante entre os
povos, os levam a glorificar a Deus 7, quer quando, pregando
abertamente, anunciam o mistério de Cristo aos que creem, quer quando ensinam o
catecismo cristão ou explanam a doutrina da Igreja, quer quando procuram
estudar à luz de Cristo as questões do seu tempo, sempre é próprio deles
ensinar não a própria sabedoria mas a palavra de Deus e convidar instantemente
a todos à conversão e à santidade 8. A pregação sacerdotal, não raro
dificílima nas circunstâncias hodiernas do mundo, se deseja mover mais
convenientemente as almas dos ouvintes, não deve limitar-se a expor de modo
geral e abstracto a palavra de Deus mas sim aplicar às circunstâncias concretas
da vida a verdade perene do Evangelho.
Assim
se exerce de muitos modos o ministério da palavra segundo as diversas
necessidades dos ouvintes e os carismas dos pregadores. Nas regiões ou
agrupamentos não-cristãos, os homens são conduzidos à fé e aos sacramentos da
salvação mediante a mensagem evangélica 9; na comunidade dos
cristãos, porém, sobretudo entre aqueles que parecem entender e acreditar pouco
o que frequentam, é necessária a pregação da palavra para o próprio ministério
dos sacramentos, enquanto são sacramentos da fé que nasce da palavra e da
palavra se alimenta 10; o que vale sobretudo para a liturgia da
palavra na celebração da missa, na qual se unem intimamente a anunciação da
morte e da ressurreição do Senhor, a resposta do povo ouvinte e a própria
oblação com que Cristo confirmou a nova aliança no seu sangue; nessa oblação
comungam os fiéis não só com o desejo mas também com a recepção do sacramento 11.
Os
presbíteros, ministros dos sacramentos
5.
Deus, que é o único santo e santificação, quis unir a si, como companheiros e
colaboradores, homens que servissem humildemente a obra da santificação. Donde
vem que os presbíteros são consagrados por Deus, por meio do ministério dos
Bispos, para que, feitos de modo especial participantes do sacerdócio de
Cristo, sejam na celebração sagrada ministros d'Aquele que na Liturgia exerce
perenemente o seu ofício sacerdotal a nosso favor 12. Na verdade,
introduzem os homens no Povo de Deus pelo Baptismo; pelo sacramento da
Penitência, reconciliam os pecadores com Deus e com a Igreja; com o óleo dos
enfermos, aliviam os doentes; sobretudo com a celebração da missa, oferecem
sacramentalmente o Sacrifício de Cristo. Em todos os sacramentos, porém, como
já nos tempos da Igreja primitiva testemunhou S. Inácio mártir 13,
os presbíteros unem-se hierarquicamente de diversos modos com o Bispo, e assim
o tornam de algum modo presente em todas as assembleias dos fiéis 14.
Os
restantes sacramentos, porém, assim como todos os ministérios eclesiásticos e
obras de apostolado; estão vinculados com a sagrada Eucaristia e a ela se
ordenam 15. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o
tesouro espiritual da Igreja 16, isto é, o próprio Cristo, a nossa
Páscoa e o pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e
vivificadora pelo Espírito Santo; assim são eles convidados e levados a
oferecer, juntamente com Ele, a si mesmos, os seus trabalhos e todas as coisas
criadas. Por isso, a Eucaristia aparece como fonte e coroa de toda a
evangelização, enquanto os catecúmenos são pouco a pouco introduzidos na
participação da Eucaristia, e os fiéis, já assinalados pelo sagrado Baptismo e
pela Confirmação, são plenamente inseridos no corpo de Cristo pela recepção da
Eucaristia.
Portanto,
o banquete eucarístico é o centro da assembleia dos fiéis a que o presbítero
preside. Por isso, os presbíteros ensinam os fiéis a oferecer a Deus Pai a
vítima divina no sacrifício da missa, e a fazer, com ela, a oblação da vida;
com o exemplo de Cristo pastor, ensinam-nos a submeter de coração contrito à
Igreja no sacramento da Penitência os próprios pecados, de tal modo que se
convertam cada vez mais no Senhor, lembrados das suas palavras: «Fazei
penitência, porque o reino dos céus está próximo» (Mt. 4,17). De igual modo os
ensinam a participar nas celebrações da sagrada Liturgia, para que também nelas
façam oração sincera; guiam-nos a exercer durante a vida toda o espírito de
oração cada vez mis perfeito, segundo as graças e necessidades de cada um, e
entusiasmam a todos a observar os deveres do próprio estado, e aos mais
adiantados a pôr em prática os conselhos evangélicos, do modo que convém a cada
um. Ensinam; por isso, os fiéis para que possam cantar ao Senhor nos seus corações
com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a Deus Pai em
nome de Nosso Senhor Jesus Cristo 17.
Os
próprios presbíteros, ao recitar o ofício divino, distribuem pelas horas do dia
os louvores e acções de graças que elevam na celebração da Eucaristia; é com o
ofício divino que eles, em nome da Igreja, rezam a Deus por todo o povo que
lhes fora confiado; mais ainda, por todo o mundo.
A
casa de oração em que é celebrada e conservada a Santíssima Eucaristia, e os
fiéis se reúnem, e na qual a presença do Filho de Deus, nosso Salvador,
oferecido por nós no altar do sacrifício, é venerada para auxílio e consolação
dos fiéis, deve ser nobre e apta para a oração e para as cerimónias sagradas 18.
Nela são convidados os pastores e os fiéis a corresponderem generosamente ao
dom d'Aquele que pela sua humanidade continuamente infunde á vida divina nos
membros do seu corpo 19. Procurem os presbíteros cultivar rectamente
a ciência e a arte litúrgica, para que, pelo seu ministério litúrgico, Deus,
Pai e Filho e Espírito Santo, seja louvado cada vez mais perfeitamente pelas
comunidades a eles confiadas.
Nota: Revisão da versão portuguesa por
ama.
________________________________________________
Notas:
Proémio e Capítulo I
1. Conc. Vat. II, Const. De Sacra
Liturgia, Sacrosanctum Concilium, 4 dez. 1963: AAS 56 (1946), p. 97 s.; Const.
dogm. De Ecelesia, Lumen gentium: AAS 57 (1965), p. 5 s.; Decr. De pastorali
Episcoporum munere in Ecelesia, Christus Dominus; Decr. De institutione
sacerdotali, Optatam totius.
2. Cfr. Mt. 3,16; Lc. 4,18; Act.
10,38.
3. Cfr. 1 Ped. 2, 5. 9.
4. Cfr. 1 Ped. 3,15.
5. Cfr. Apoc. 19,10; Cone. Vat. II,
Const. dogm. De Ecclesia, Lumen gentium; n. 35: AAS 57 (1965), p. 40-41.
6. Conc. Trid., sess. XXIII, cap. 1 e
can. 1: Denz. 957 e 961 (1764 e 1771).
7. Cfr. Jo. 20,21; Conc. Vat. II,
Const. dogm. De Ecclesia, Lumen gentium, n. 18: AAS 57 (1965), p. 21-22.
8. Cfr. Conc. Vat. II, Const. dogm. De
Ecclesia, Lumen gentium, n. 28: AAS 57 (1965), p.33-36.
9. Cfr. Ibid.
10. Cfr. Pont. Rom., «Ordenação dos
Presbíteros», Prefácio. Estas palavras encontram-se já no Sacramentariam
Veronense (ed. L. C. Möhlberg, Roma, 1956, p. 122) ; no Missale Francorum (ed.
C. MShlberg, Roma, 1957, p. 9) ; no Liber sacramentorum Romanae Ecclesiae (ed. L.
C. Möhlberg, Roma, 1960, p. 25); no Pontificale Romanum-germanicum (ed.
Vogel-Elze, Cidade do Vaticano, 1963, vol. I, p. 34).
11. Cfr. Conc. Vat. II, Const. dogm.
De Ecclesia, Lumen gentium, n. 10: AAS 57 (1965), p. 14-15.
12. Cfr. Rom. 15,16 gr.
13. Cfr. 1 Cor. 11,26.
14. S. Agostinho, De civitat Dei, 10,
6: PL 41, 284.
15. Cfr. 1 Cor. 15,24.
16. Cfr. Hebr. 5, 1.
17. Cfr. Hebr 2,17; 4,15.
18. Cfr. 1 Cor. 9, 19-23 Vg.
19. Cfr. Act. 13,2.
20.
Este esforço de perfeição religiosa e moral é estimulado cada vez mais até
pelas condições externas em que a Igreja age; com efeito, ela não pode ficar
imóvel e desinteressada perante as vicissitudes das coisas humanas, que a
rodeiam, e de múltiplas maneiras influenciam, modificam e condicionam o seu
modo de agir. É bem sabido que a Igreja não está separada do convívio humano,
antes se encontra situada nele, e, por isso, os seus filhos são movidos e
guiados pelo convívio humano, respiram a sua cultura, obedecem às suas leis,
observam os seus costumes. Este contacto, porém, da Igreja com a sociedade
humana dá continuamente origem a questões difíceis, que hoje são muitíssimo
graves. ( ... ) O Apóstolo das gentes exortava assim os cristãos do seu tempo:
não vos sujeiteis ao mesmo jugo com os infiéis. Como podem participar a justiça
e a iniquidade? Que sociedade pode haver entre a luz e as trevas?... ou que
parte existe entre o fiel e o infiel? (2 Cor. 6, 14-15). Por isso, é necessário
que aqueles que hoje são na Igreja educadores e mestres advirtam a juventude
católica da sua importantíssima condição e do dever que daí se segue de viver
neste mundo mas não segundo o sentir deste mundo, de harmonia com a oração
feita por Cristo a favor dos seus discípulos: Não peço que os tires do mundo,
assim como eu não sou do mundo (Jo. 17, 15-16). A Igreja faz sua esta oração.
Todavia, esta distinção não significa o mesmo que separação; nem revela
negligência, medo ou. desprezo. Com efeito, quando a Igreja se distingue do
género humano, não se le opõe, antes se une com ele». (Paulo VI, Carta enc.
Ecclesiam suam, 6 ago. 1964: AAS 56, (1964), p. 627 e 638).
21.
Cfr. Rom. 12,2.
22.
Cfr. Jo. 10, 14-16.
23.
Cfr. S. Policarpo, Epíst. aos Filipenses, VI, 1: «E os presbíteros sejam
inclinados à compaixão, misericordiosos para com todos, reconduzindo os
extraviados, visitando todos os doentes, não esquecendo as viúvas, os órfãos e
os pobres; mas solícitos sempre do bem junto de Deus e dos homens, abstendo-se
de toda a ira, acepção de pessoas, juizos injustos, afastando para longe toda a
avareza, não acreditando fàcilmente contra alguém, não demasiados severos nos
juizos, conscientes de que todos somos devedores do pecado» (ed. F. X. Funk,
Patres Apostolici, I, p. 273).
Capítulo
II
1.
Cfr. 1 Ped. 1,23; Act. 6,7; 12,24. S. Agostinho, In Ps., 44, 23: PL 36, 508:
«Pregaram (os Apóstolos) a palavra de verdade e geraram as Igrejas».
2.
Cfr. Mal. 2,7; 1 Tim. 4, 11-13; 2 Tim. 4,5; Tit. 1,9.3. Cfr. Mc. 16,16.
4.
Cfr. 2 Cor. 11,7. Acerca dos presbíteros, como cooperadores dos Bispos, valem
também aquelas coisas que se dizem dos Bispos. Cfr. Statuta Ecclesiae antiqua,
c. 3 (ed. Ch. Munier, Paris, 1960, p. 79) ; Decretum Gratiani, C. 6, D. 88 (ed.
Friedberg, I, 307); Conc. Trid., ses. V, Decr. (Conc. Oec. Decreta, ed. Herder
Romae, 1962, p. 645) ; 2, n° 9 ses. XXIV, Decr. de reform., c. 4 (p. 739) ;
Conc. Vat. II, Const. dogm. De Ecelesia, Lumen gentium, n. 25: AAS 57 (1965),
p. 29-31.
5.
Cfr. Constitutiones Apostolorum, II, 26, 7: «(os presbíteros) sejam mestres da
ciência divina, pois foi o Senhor quem os enviou dizendo: Ide, ensinai, etc.»
(ed. F. X. Funk, Didascalia et Constitutiones Apostolorum, I, Paderborn, 1905,
p. 105). — Sacramentarium Leonianum e os restantes sacramentários até ao
Pontificale Romanum, Prefácio na ordenação de Presbíteros: «Com esta providência,
Senhor, deste como companheiros aos Apóstolos dc teu Filho os doutores da fé,
com os quais eles encheram todo o mundo de novos pregadores (ou pregações)».—
Líber Ordinum Liturgiae Mozarabicae, Prefácio na ordenação de Presbíteros:
«Doutor dos povos e reitor dos súbditos, mantenha em ordem a fé católica, e
anuncie a todos a verdadeira salvação» (ed. M. Pérotin: Le Líber Ordinum en
usage dans l'Eglise Wisigothique et Mozarabe d'Espagne: Monumenta Ecclesiae
Liturgicae, vol. V. Paris, 1904, col. 55 lin. 4-6
6.
Cfr. Gál. 2,5.
7.
Cfr. 1 Ped. 2,12.
8.
Cfr. Rito da ordenação de Presbitero na Igreja alexandrina dos Jacobitas:
«...Reúne o teu povo para a palavra de doutrina, como a mãe que alimenta os
seus filhinhos» (H. Denzinger, Ritus orientalium, Tom. II, Würzburg, 1863, p.
14).
9.
Cfr. Mt. 28,19; Mc. 16,16; Tertuliano, De baptismo, 14,2 (Corpus Christianorum,
series latina I, p. 289, 11-13); S. Atanásio, Adv. Arianos, 2, 42: PG 26,237;
S. Jerónimo, In Mt., 28,19: PL 26, 218 BC: «Primeiro ensinam todas as gentes,
depois baptizam os que já estão ensinados. Não pode o corpo receber o
sacramento do Baptismo se a alma não tiver recebido antes a verdade da fé»; S.
Tomás, Expositio primae Decretalis, § 1:. «o nosso Salvador, enviando os
discipulos a pregar, mandou-lhes três coisas: primeiro, que ensinassem a fé;
segundo, que ministrassem os sacramentos aos crentes» (ed. Marietti, Opuscula
Theologica, Taurini-Romae, 1954, 1138).
10.
Cfr. Cone. Vat. II, Const. De Sacra Liturgia, Sacrosanctum Concilium, n. 35, 2:
AAS 56 (1964), p. 109.
11.
Cfr. Ibid., n. 33, 35, 48, 52 (p. 108-109; 113; 114).
12.
Cfr. Ibid., n. 7 (p. 100-101); Pio XII, Carta enc. Mystici Corporis, 29 jun.
1943: AAS 35 (1943), p. 230.
13.
S. Inácio M., Smyrn., 8, 1-2 (ed. F. X. Funk, p. 282, 6-15), Constitutiones
Apostolorum, VIII, 12, 3 (ed. F. X. Funk p. 496); VIII, 29, 2 (p. 532).
14.
Cfr. Conc. Vat. II, Const. dogm. De Ecclesia Lumen gentium, n. 28: AAS 57
(1965), p. 33-36.
15.
«A Eucaristia é como que a consumação da vida espiritual, e o fim de todos os
sacramentos (S. Tomás, Summa Theol. III, q. 73. a. 3 c); cfr. Summa Theol. III,
q. 65, a. 3.
16.
Cfr. S. Tomás, Summa Theol. III, q. 65, a. 3, ad 1; q. 79, a. 1 c. e ad 1.
17.
Cfr. Ef. 5, 19-20.
18.
Cfr. S. Jerónimo, Epist. 114, 2: «...os cálices sagrados, os véus sagrados e as
outras coisas que pertencem ao culto da Paixão do Senhor... devem ser venerados
com o mesmo respeito tributado ao Corpo e Sangue do Senhor, em virtude de terem
tocado no Corpo e no Sangue do Senhor» (PL. 22, 934). Cfr. Conc. Vat. II,
Const. De Sacra Liturgia, Sacrosanctum Concilium, n. 122-127: AAS 56 (1964), p.
130-132.
19.
Além disso, não deixem de fazer, algumas vezes, a visita ao Santíssimo
Sacramento, que deve ser conservado no lugar mais nobre possível e com a maior
honra possível nas igrejas segundo as leis litúrgicas; será uma prova de
gratidão para com Cristo Senhor ali presente, penhor de amor e ofício de
adoração devida» (Paulo VI, Encícl. Mysterium fidei, 3 set. 1965: AAS 57
(1965), p. 771).
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