Tempo de Quaresma Semana V |
Evangelho: Jo 8, 21-30
21
Jesus disse-lhes mais: «Eu retiro-Me: vós Me buscareis, e morrereis no vosso
pecado. Para onde Eu vou, vós não podeis ir». 22 Diziam, pois, os judeus: «Será
que Ele Se mate a Si mesmo, pois diz: Para onde Eu vou, vós não podeis ir?». 23
Ele disse-lhes: «Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo,
Eu não sou deste mundo. 24 Por isso Eu vos disse que morreríeis nos vossos
pecados; sim, se não crerdes que “Eu sou”, morrereis nos vossos pecados». 25
Disseram-Lhe então eles: «Quem és Tu?». Jesus respondeu-lhes: «É exactamente
isso que Eu vos estou a dizer. 26 Muitas coisas tenho a dizer e a julgar a
vosso respeito, mas O que Me enviou é verdadeiro e o que ouvi d'Ele é o que
digo ao mundo». 27 Eles não compreenderam que Jesus lhes falava do Pai. 28
Jesus disse-lhes mais: «Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então
conhecereis que “Eu sou” e que nada faço por Mim mesmo, mas que, como o Pai Me
ensinou, assim falo. 29 O que Me enviou está comigo, não Me deixou só, porque
Eu faço sempre aquilo que é do Seu agrado». 30 Dizendo estas coisas, muitos
acreditaram n'Ele.
Comentário:
Ainda
hoje, alguns “acham” que Jesus, pela forma algo enigmática como falava,
afastava muitos que O ouviam.
Mas
S. João, neste trecho do Evangelho, “desmonta” essas falsas razões dizendo
exame que muitos compreendiam e acreditavam.
Quando
se ouve a Palavra de Deus com são espírito e correcta intenção, não são
necessárias explicações porque tudo se torna tão evidente que a razão se rende
e o coração acolhe.
(ama, comentário sobre Jo 8, 21-30,
2012.03.24)
DECRETO
AD GENTES
SOBRE A ACTIVIDADE
MISSIONÁRIA DA IGREJA
(17
a 20)
A OBRA MISSIONÁRIA EM SI
MESMA
CAPÍTULO II
Art. 3
A FORMAÇÃO DA COMUNIDADE
CRISTÃ
Formação dos catequistas
17.
De modo semelhante, é digno de elogio aquele exército com tantos méritos na
obra das missões entre pagãos, o exército dos catequistas, homens e mulheres,
que, cheios do espírito apostólico, prestam com grandes trabalhos uma ajuda
singular e absolutamente necessária à expansão da fé e da Igreja.
Hoje
em dia, em razão da escassez de clero para evangelizar tão grandes multidões e
exercer o ministério pastoral, o ofício dos catequistas tem muitíssima
importância. A sua formação deve, portanto, fazer-se de maneira tão acomodada
ao progresso cultural, que eles possam desempenhar o mais perfeitamente
possível o seu múnus como colaboradores eficazes da ordem sacerdotal, múnus
esse que se vai complicando com novas e maiores obrigações.
É
preciso, portanto, multiplicar as escolas diocesanas e regionais, nas quais os
futuros catequistas estudem cuidadosamente a doutrina católica, sobretudo em
matéria bíblica e litúrgica, assim como o método catequético e a prática
pastoral, e se formem na moral cristã 42, exercitando-se sem
desfalecimentos na piedade e na santidade de vida. Além disso, devem
organizar-se reuniões ou cursos de actualização nas disciplinas e nas artes
úteis ao seu ministério, e de renovação e robustecimento da sua vida
espiritual. Por outro lado, aos que se dedicam inteiramente a esta ocupação, dever-se-á
proporcionar, por uma justa remuneração, conveniente nível de vida e segurança
social 43.
É
de desejar que se proveja, de maneira conveniente, à formação e sustentação dos
catequistas, por meio de subsídios especiais da sagrada Congregação de
«Propaganda Fide». Parecendo necessário e conveniente, funde-se uma Obra para
os catequistas.
Além
disso, as igrejas serão reconhecidas ao trabalho generoso dos catequistas
auxiliares, cuja ajuda lhes será indispensável. São eles que presidem às
orações nas comunidades e ensinam a doutrina. É preciso, pois, tratar da sua
conveniente formação doutrinal e espiritual. Por outro lado, é de desejar que,
onde parecer oportuno, seja confiada publicamente, durante a celebração duma
acção litúrgica, a missão canónica aos catequistas que tiverem recebido a
devida formação, a fim de estarem com maior autoridade ao serviço da fé junto
do povo.
Promoção da vida religiosa
18.
Desde o período da implantação da Igreja, deve ter-se o cuidado de promover a
vida religiosa; esta não sòmente presta ajuda preciosa e absolutamente
necessária à actividade missionária, mas, por uma consagração mais íntima feita
a Deus na Igreja, manifesta e significa com esplendor também a natureza íntima
da vocação cristã. 44
Os
Institutos religiosos que trabalham na implantação da Igreja, profundamente
impregnados das riquezas místicas que são a glória da tradição religiosa da
Igreja, devem esforçar-se por as exprimir e as transmitir, segundo o génio e
carácter de cada povo. Devem examinar como é que as tradições ascéticas e
contemplativas, cujos germes foram, algumas vezes, espalhados por Deus nas
civilizações antigas, antes da pregação do Evangelho, podem ser assumidas pela
vida religiosa cristã.
Devem
cultivar-se nas igrejas jovens as diversas formas de vida religiosa para que
mostrem os diversos aspectos da missão de Cristo e da vida da Igreja, e se
dediquem às várias obras pastorais, e preparem convenientemente os seus membros
para as desempenhar. No entanto, procurem os Bispos nas Conferências que não se
multipliquem Congregações com o mesmo fim apostólico, com prejuízo da vida
religiosa e do apostolado.
São
dignas de menção especial as diversas iniciativas em vista ao enraizamento da
vida contemplativa; certos Institutos, guardando os elementos essenciais da
instituição monástica, trabalham por implantar a riquíssima tradição da sua
Ordem; outros voltam às formas mais simples do monaquismo antigo. Todos, no
entanto, devem procurar uma autêntica adaptação às condições locais. Uma vez que
a vida contemplativa pertence à plenitude da presença da Igreja, é preciso que
ela seja instaurada por toda a parte nas novas igrejas.
CAPÍTULO III
AS IGREJAS PARTICULARES
Incremento das Igrejas
jovens
19.
A obra de implantação da Igreja num determinado agrupamento humano atinge em
certa medida o seu termo, quando a comunidade dos fiéis, enraizada já na vida
social e adaptada à cultura local, goza de alguma estabilidade e firmeza: com
recursos próprios, ainda que insuficientes, de clero local, de religiosos e de
leigos; possui já os ministérios e instituições necessárias para viver e
desenvolver a vida do Povo de Deus, sob a orientação do próprio Bispo.
Nestas
igrejas jovens, a vida do Povo de Deus deve adquirir a maturidade em todos os
sectores da vida cristã, renovada segundo as normas deste Concílio: os grupos
de fiéis tornam-se de dia para dia mais conscientemente comunidades de fé, de
liturgia e de caridade; pela sua actividade cívica e apostólica, os leigos
trabalham por instaurar na sociedade uma ordem de caridade e de justiça; os
meios de comunicação social são empregados de maneira oportuna e prudente;
graças a uma vida verdadeiramente cristã, as famílias tornam-se viveiros do
apostolado dos leigos e das vocações sacerdotais e religiosas. A fé, enfim, é
ensinada por meio duma catequese adaptada, é celebrada numa liturgia conforme
ao génio do povo, e, por uma legislação canónica conveniente, passa para as
instituições e para os costumes locais.
Os
Bispos, cada um com o seu presbitério, cada vez mais penetrados do sentido de
Cristo e da Igreja, devem sentir e viver com a Igreja universal. Deve manter-se
íntima a comunhão das igrejas jovens com a Igreja inteira, cujos elementos
tradicionais elas devem juntar à sua cultura própria, para fazer crescer a vida
do Corpo místico por meio de trocas mútuas 1. Por isso, devem
cultivar-se os elementos teológicos, psicológicos e humanos que podem
contribuir para fomentar este sentido de comunhão com a Igreja universal.
Estas
igrejas, porém, não raro situadas nas regiões mais pobres do globo, vêem-se
ainda a braços com insuficiência, ordinariamente muito grave, de sacerdotes, e
com falta de recursos materiais. Por isso, têm muitíssima necessidade de que a
acção missionária continuada da Igreja inteira lhes subministre os socorros que
sirvam, antes de mais, para o desenvolvimento da igreja local e para a
maturidade da vida cristã. Esta acção missionária deve atender também às
igrejas fundadas há longa data que se encontram em estado de retrocesso ou
decadência.
Estas
igrejas, todavia, devem renovar o seu zelo pastoral comum e as obras oportunas
para aumentar em número, discernir com mais segurança e cultivar com mais
eficácia as vocações para o clero diocesano e para os Institutos religiosos 2,
de maneira que, pouco a pouco, possam prover às suas próprias necessidades e
auxiliar as outras.
A sua actividade
missionária
20.
A igreja particular, pela obrigação que tem de representar o mais perfeitamente
possível a Igreja universal, deve ter consciência que foi também enviada aos
habitantes do mesmo território que não crêem em Cristo, a fim de ser, pelo
testemunho da vida de cada um dos fiéis e de toda a comunidade, um sinal a
mostrar-lhes Cristo.
Além
disso, para o Evangelho chegar a todos, é indispensável o ministério da
palavra. É preciso que o Bispo seja, antes de mais, um pregador da fé, que
conduza a Cristo novos discípulos 3. Para se desempenhar, como convém,
desta nobre incumbência, deve conhecer bem a situação do seu rebanho, as
opiniões íntimas dos seus concidadãos a respeito de Deus, tomando
cuidadosamente em linha de conta as mudanças introduzidas pela urbanização,
migração e indiferentismo religioso.
Nas
igrejas jovens, os sacerdotes nativos empreendam com ardor a obra da
evangelização, organizando uma acção comum com os missionários estrangeiros,
com os quais formam um presbitério único, unido debaixo da autoridade do Bispo,
não só para apascentar os fiéis e celebrar o culto divino, mas também para
pregar o Evangelho àqueles que estão fora. Eles devem mostrar-se prontos e,
havendo ocasião, oferecer-se com fervor ao Bispo para empreender o trabalho
missionário nas regiões afastadas e abandonadas da sua própria diocese, ou em
outras dioceses.
Do
mesmo zelo em relação aos seus concidadãos, sobretudo os mais pobres, devem
sentir-se animados os religiosos e as religiosas, bem como os leigos.
As
Conferências episcopais procurem organizar, em tempos determinados, cursos de
renovação bíblica, teológica, espiritual e pastoral, para que, na variedade e
mudança de situações, o clero adquira um conhecimento mais pleno da ciência
teológica e dos métodos pastorais.
Quanto
ao mais, observe-se religiosamente o que este Concílio determinou,
especialmente no decreto sobre o ministério e a vida dos sacerdotes.
Para
que esta obra missionária duma igreja particular possa ser levada a bom termo,
é necessário que haja ministros capazes, oportunamente preparados em conformidade
com o condicionalismo de cada igreja. Uma vez que os homens se reúnem cada vez
mais em grupos, convém absolutamente que as Conferências episcopais tenham
planos comuns sobre o diálogo a instituir com esses grupos. Se em certas
regiões se encontram grupos de homens, que são impedidos de abraçar a fé
católica pelo facto de não poderem adaptar-se à forma particular que a Igreja
aí tenha revestido, é de desejar que se proveja de maneira especial a essa
situação 4, até que todos os cristãos possam ser congregados numa só
comunidade. Os Bispos devem chamar para as suas dioceses ou receber de boa
vontade os missionários de que a Sé Apostólica puder dispor para esta
finalidade, e favorecer eficazmente as suas iniciativas.
Para
que este zelo missionário comece a florescer entre os naturais do país, convém
absolutamente que as igrejas jovens participem efectivamente na missão
universal da Igreja, enviando elas também missionários a anunciar o Evangelho
por toda a terra, ainda que elas sofram de falta de clero. A comunhão com a
Igreja inteira estará, de certo modo, consumada quando, também elas, tomarem
parte activa na acção missionária junto de outros povos.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
_______________________________________
Notas:
42.
Cfr. João XXIII, Enc. Princeps Pastorum, 28 nov. 1959: AAS 51 (1959), p. 855.
43.
Trata-se dos chamados « catechistes à plein temps», «full time catechists».
44.
Cfr. Conc. Vat. II, Const. dogm. De Ecclesia, Lumen gentium, n. 31, 44: AAS 57
(1965), p. 37, 50-51.
Capítulo
III
1.
Cfr. João XXIII, Enc. Princeps Pastorum, 28 nov. 1959: AAS 51 (1959) 838.
2.
Cfr. Conc. Vat. II, Decreto De ministerio et vita sacerdotali, Presbyterorum
Ordinis, n. 11; Decreto De institutione sacerdotali, Optatam totius, n. 2.
3.
Cfr. Conc. Vat. II, Const. dogm. De Ecclesia, Lumen gentium, 25: AAS 57 (1965),
p. 29.
4.
Cfr. Conc. Vat. II, Decreto De ministerio et vita presbyterorum, Presbyterorum
Ordinis, 10, onde, para tornar mais fáceis as obras Pastorais a favor dos
diversos agrupamentos sociais, se prevê a constituição de Prelaturas pessoais,
na medida em que o ordenado exercício do apostolado o exigir.
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