A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Evangelho: Lc 10, 1-20
1 Depois disto, o Senhor escolheu outros setenta e dois, e
mandou-os dois a dois à Sua frente por todas as cidades e lugares onde havia de
ir. 2 Disse-lhes: «Grande é na verdade a messe, mas os operários
poucos. Rogai, pois, ao dono da messe que mande operários para a Sua messe. 3
Ide; eis que Eu vos envio como cordeiros entre lobos. 4 Não leveis
bolsa, nem alforge, nem calçado, e não saudeis ninguém pelo caminho. 5
Na casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz seja nesta casa. 6
Se ali houver algum filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; senão,
tornará para vós. 7 Permanecei na mesma casa, comendo e bebendo do
que tiverem, porque o operário é digno da sua recompensa. Não andeis de casa em
casa. 8 Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei o
que vos puserem diante; 9 curai os enfermos que nela houver, e
dizei-lhes: Está próximo de vós o reino de Deus. 10 Mas, em qualquer
cidade em que entrardes e não vos receberem, saindo para as praças, dizei:11
Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós; não
obstante isto, sabei que o reino de Deus está próximo. 12 Digo-vos
que, naquele dia, haverá menos rigor para Sodoma que para essa cidade. 13
«Ai de ti, Corazin! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e em Sidónia se
tivessem realizado as maravilhas que se têm operado em vós, há muito tempo que
teriam feito penitência vestidas de cilício e jazendo sobre a cinza. 14
Por isso haverá, no dia de juízo, menos rigor para Tiro e Sidónia que para vós.
15 E tu, Cafarnaum, “que te elevas até ao céu, serás abatida até ao
inferno”.16 Quem vos ouve, a Mim ouve, quem vos rejeita, a Mim
rejeita, e quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou». 17 Os
setenta e dois voltaram alegres, dizendo: «Senhor, até os demónios se nos
submetem em virtude do Teu nome». 18 Ele disse-lhes: «Eu via Satanás
cair do céu como um raio. 19 Eis que vos dei poder de caminhar sobre
serpentes e escorpiões, e de vencer toda a força do inimigo, e nada vos fará
dano. 20 Contudo não vos alegreis porque os espíritos maus vos estão
sujeitos, mas alegrai-vos porque os vossos nomes estão escritos nos céus».
CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA
DEI VERBUM
SOBRE A REVELAÇÃO DIVINA
PROÉMIO
Intenção do Concílio
1.
O sagrado Concílio, ouvindo religiosamente a Palavra de Deus proclamando-a com
confiança, faz suas as palavras de S. João: «anunciamo-vos a vida eterna, que
estava junto do Pai e nos apareceu: anunciamo-vos o que vimos e ouvimos, para
que também vós vivais em comunhão connosco, e a nossa comunhão seja com o Pai e
com o seu Filho Jesus Cristo" (1 Jo. 1, 2-3). Por isso, segundo os
Concílios Tridentino e Vaticano I, entende propor a genuína doutrina sobre a
Revelação divina e a sua transmissão, para que o mundo inteiro, ouvindo,
acredite na mensagem da salvação, acreditando espere, e esperando ame [1].
CAPÍTULO
I
A REVELAÇÃO EM SI MESMA
Natureza e objecto da
revelação
2.
Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a
conhecer o mistério da sua vontade (cfr. Ef. 1,9), segundo o qual os homens,
por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se
tornam participantes da natureza divina (cfr. Ef. 2,18, 2 Ped. 1,4). Em virtude
desta revelação, Deus invisível (cfr. Col. 1,15, 1 Tim. 1,17), na riqueza do
seu amor fala aos homens como amigos (cfr. Ex. 33, 11, Jo. 15,1415) e convive
com eles (cfr. Bar. 3,38), para os convidar e admitir à comunhão com Ele. Esta
«economia» da revelação realiza-se por meio de acções e palavras intimamente
relacionadas entre si, de tal maneira que as obras, realizadas por Deus na
história da salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades
significadas pelas palavras, e as palavras, por sua vez, declaram as obras e
esclarecem o mistério contido nelas. Porém, a verdade profunda tanto a respeito
de Deus como a respeito da salvação dos homens, manifesta-se-nos, por esta
revelação, em Cristo, que é, simultaneamente, o mediador e a plenitude de toda
a revelação [2].
Preparação
da revelação evangélica
3.
Deus, criando e conservando todas as coisas pelo Verbo (cfr. Jo. 1,3), oferece
aos homens um testemunho perene de Si mesmo na criação (cfr. Rom. 1, 1-20) e,
além disso, decidindo abrir o caminho da salvação sobrenatural, manifestou-se a
Si mesmo, desde o princípio, aos nossos primeiros pais. Depois da sua queda,
com a promessa de redenção, deu-lhes a esperança da salvação (cfr. Gén. 3,15),
e cuidou continuamente do género humano, para dar a vida eterna a todos aqueles
que, perseverando na prática das boas obras, procuram a salvação (cfr. Rom. 2,
6-7). No devido tempo chamou Abraão, para fazer dele pai dum grande povo (cfr.
Gén. 12,2), povo que, depois dos patriarcas, ele instruiu, por meio de Moisés e
dos profetas, para que o reconhecessem como único Deus vivo e verdadeiro, pai
providente e juiz justo, e para que esperassem o Salvador prometido, assim
preparou Deus, através dos tempos, o caminho ao Evangelho.
Consumação
e plenitude da revelação em Cristo
4.
Depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos pelos profetas, falou-nos
Deus nestes nossos dias, que são os últimos, através de Seu Filho (Heb. 1,
1-2). Com efeito, enviou o Seu Filho, isto é, o Verbo eterno, que ilumina todos
os homens, para habitar entre os homens e manifestar-lhes a vida íntima de Deus
(cfr. Jo. 1, 1-18). Jesus Cristo, Verbo feito carne, enviado «como homem para
os homens» [3],
«fala, portanto, as palavras de Deus» (Jo. 3,34) e consuma a obra de salvação
que o Pai lhe mandou realizar (cfr. Jo. 5,36, 17,4). Por isso, Ele, vê-lo a Ele
é ver o Pai (cfr. Jo. 14,9), com toda a sua presença e manifestação da sua
pessoa, com palavras e obras, sinais e milagres, e sobretudo com a sua morte e
gloriosa ressurreição, enfim, com o envio do Espírito de verdade, completa
totalmente e confirma com o testemunho divino a revelação, a saber, que Deus
está connosco para nos libertar das trevas do pecado e da morte e para nos
ressuscitar para a vida eterna.
Portanto,
a economia cristã, como nova e definitiva aliança, jamais passará, e não se
há-de esperar nenhuma outra revelação pública antes da gloriosa manifestação de
nosso Senhor Jesus Cristo (cfr. 1 Tim. 6,14, Tit. 2,13).
Aceitação
da revelação pela fé
5.
A Deus que revela é devida a «obediência da fé» (Rom. 16,26, cfr. Rom. 1,5, 2
Cor. 10, 5-6), pela fé, o homem entrega-se total e livremente a Deus oferecendo
«a Deus revelador o obséquio pleno da inteligência e da vontade» [4]
e prestando voluntário assentimento à Sua revelação. Para prestar esta adesão
da fé, são necessários a prévia e concomitante ajuda da graça divina e os
auxílios interiores do Espírito Santo, o qual move e converte a Deus o coração,
abre os olhos do entendimento, e dá «a todos a suavidade em aceitar e crer a
verdade» [5].
Para que a compreensão da revelação seja sempre mais profunda, o mesmo Espírito
Santo aperfeiçoa sem cessar a fé mediante os seus dons
Necessidade
da revelação
6.
Pela revelação divina quis Deus manifestar e comunicar-se a Si mesmo e os
decretos eternos da Sua vontade a respeito da salvação dos homens, «para os
fazer participar dos bens divinos, que superam absolutamente a capacidade da
inteligência humana» [6].
O
sagrado Concílio professa que Deus, princípio e fim de todas as coisas, se pode
conhecer com certeza pela luz natural da razão a partir das criaturas» (cfr.
Rom. 1,20), mas ensina também que deve atribuir-se à Sua revelação «poderem
todos os homens conhecer com facilidade, firme certeza e sem mistura de erro
aquilo que nas coisas divinas não é inacessível à razão humana, mesmo na
presente condição do género humano».
CAPÍTULO
II
A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO
DIVINA
Os
apóstolos e seus sucessores, transmissores do Evangelho
7.
Deus dispôs amorosamente que permanecesse íntegro e fosse transmitido a todas
as gerações tudo quanto tinha revelado para salvação de todos os povos. Por
isso, Cristo Senhor, em quem toda a revelação do Deus altíssimo se consuma
(cfr. 2 Cor. 1,20, 3,16-4,6), mandou aos Apóstolos que pregassem a todos, como
fonte de toda a verdade salutar e de toda a disciplina de costumes, o Evangelho
prometido antes pelos profetas e por Ele cumprido e promulgado pessoalmente [7],
comunicando-lhes assim os dons divinos. Isto foi realizado com fidelidade,
tanto pelos Apóstolos que, na sua pregação oral, exemplos e instituições,
transmitiram aquilo que tinham recebido dos lábios, trato e obras de Cristo, e
o que tinham aprendido por inspiração do Espírito Santo, como por aqueles
Apóstolos e varões apostólicos que, sob a inspiração do mesmo Espírito Santo,
escreveram a mensagem da salvação [8].
Porém,
para que o Evangelho fosse perenemente conservado íntegro e vivo na Igreja, os
Apóstolos deixaram os Bispos como seus sucessores, «entregando lhes o seu
próprio ofício de magistério». Portanto, esta sagrada Tradição e a Sagrada
Escritura dos dois Testamentos são como um espelho no qual a Igreja peregrina
na terra contempla a Deus, de quem tudo recebe, até ser conduzida a vê-lo face
a face tal qual Ele é (cfr. 1 Jo. 3,2).
A
sagrada Tradição
8.
E assim, a pregação apostólica, que se exprime de modo especial nos livros
inspirados, devia conservar-se, por uma sucessão contínua, até à consumação dos
tempos. Por isso, os Apóstolos, transmitindo o que eles mesmos receberam,
advertem os fiéis a que observem as tradições que tinham aprendido quer por
palavras quer por escrito (cfr. 2 Tess. 2,15), e a que lutem pela fé recebida
dama vez para sempre (cfr. Jud. 3) [9].
Ora, o que foi transmitido pelos Apóstolos, abrange tudo quanto contribui para
a vida santa do Povo de Deus e para o aumento da sua fé, e assim a Igreja, na
sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo
aquilo que ela é e tudo quanto acredita.
Esta
tradição apostólica progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo [10].
Com efeito, progride a percepção tanto das coisas como das palavras
transmitidas, quer mercê da contemplação e estudo dos crentes, que as meditam
no seu coração (cfr. Lc. 2, 19. 51), quer mercê da íntima inteligência que
experimentam das coisas espirituais, quer mercê da pregação daqueles que, com a
sucessão do episcopado, receberam o carisma da verdade. Isto é, a Igreja, no
decurso dos séculos, tende continuamente para a plenitude da verdade divina,
até que nela se realizem as palavras de Deus.
Afirmações
dos santos Padres testemunham a presença vivificadora desta Tradição, cujas
riquezas entram na prática e na vida da Igreja crente e orante. Mediante a
mesma Tradição, conhece a Igreja o cânon inteiro dos livros sagrados, e a
própria Sagrada Escritura entende-se nela mais profundamente e torna-se
incessantemente operante, e assim, Deus, que outrora falou, dialoga sem
interrupção com a esposa do seu amado Filho, e o Espírito Santo - por quem
ressoa a voz do Evangelho na Igreja e, pela Igreja, no mundo - introduz os
crentes na verdade plena e faz com que a palavra de Cristo neles habite em toda
a sua riqueza (cfr. Col. 3,16).
Relação
entre a sagrada Tradição e a Sagrada Escritura
9.
A sagrada Tradição, portanto, e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e
compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina,
fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim. A Sagrada Escritura é a
palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo, a
sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos
Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo
aos Apóstolos, para que eles, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a
exponham e a difundam fielmente na sua pregação, donde resulta assim que a
Igreja não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as
coisas reveladas. Por isso, ambas devem ser recebidas e veneradas com igual
espírito de piedade e reverência [11].
Relação
de uma e outra com a Igreja e com o Magistério eclesiástico
10.
A sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito sagrado da
palavra de Deus, confiado à Igreja, aderindo a este, todo o Povo santo
persevera unido aos seus pastores na doutrina dos Apóstolos e na comunhão, na
fracção do pão e na oração (cfr. Act. 2,42 gr.), de tal modo que, na
conservação, actuação e profissão da fé transmitida, haja uma especial
concordância dos pastores e dos fiéis [12].
Porém,
o encargo de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou contida na
Tradição [13],
foi confiado só ao magistério vivo da Igreja [14],
cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo. Este magistério não está
acima da palavra de Deus, mas sim ao seu serviço, ensinando apenas o que foi
transmitido, enquanto, por mandato divino e com a assistência do Espírito
Santo, a ouve piamente, a guarda religiosamente e a expõe fielmente, haurindo
deste depósito único da fé tudo quanto propõe à fé como divinamente revelado.
É
claro, portanto, que a sagrada Tradição, a sagrada Escritura e o magistério da
Igreja, segundo o sapientíssimo desígnio de Deus, de tal maneira se unem e se
associam que um sem os outros não se mantém, e todos juntos, cada um a seu
modo, sob a acção do mesmo Espírito Santo, contribuem eficazmente para a
salvação das almas.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama
[2] Cfr. Mt. 11,27; Jo.
1,14 e 17; 14,6; 17, 1-3; 2 Cor. 3,16 e 4,6; Ef. 1, 3-14.
[3] Epist. ad Diognetum, c. VII, 4: Funk, Patres
Apostolici, I, p. 403.
[4] Conc. Vat. I,
Const. dogmatica De fide catholica, Dei Filius, cap. 3: Denz. 1789 (3008).
[5] Conc. Araus. II,
can. 7: Denz, 180 (377); Conc. Vat. I, 1. c.: Denz. 1791 (3010).
[6] Conc. Vat. I,
Const. dogmatica De fide catholica, Dei Filius, cap. 2 Denz. 1786 (3005).
[7] Cfr. Mt. 28, 19-20
e Mc. 16,15; Concílio Tridentino deer. De canonicis Scripturis: Denz. 783
(1501).
[8] Cfr. Concílio
Tridentino, I. c.; Concílio Vat I, sess. III, Const. dogmatica De fide
catholica, Dei Filius, cap. 2. Denz. 1787 (3006).
[9] Denz. 1800 (3020).
[10] Cfr. Concílio Vat.
I, Const. dogm. De fide catholica, Dei Filius, cap. 4:
[11] Cfr. Concílio
Tridentino, Decr. De canonicis scripturis: Denz. 783 (1501).
[12] Cfr. Pio XII,
Const. apost. Munificentissimus Deus, 1 nov. 1950: AAS 42 (1950) 756, eft. as
palavras de S. Cipriano, Epist. 66,8: CSEL, 3,2, 733: «A Igreja e o povo unido
ao sacerdote e o rebanho unido ao seu pastor».
[13] Cfr. Concílio Vat.
I, Const. dogmatica De fide catholica, Dei Filius, cap. 3: Denz. 1792 (3011).
[14] Cfr. Pio XII,
Enciclica Humani generis, 12 ago. 1950: AAS 42 (1950) 568-569: Denz. 2314
(3886).
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