A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A.
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
1 Saindo dali, foi Jesus para o território da
Judeia, e além Jordão. Novamente as multidões se juntaram à volta d'Ele, e de
novo as ensinava, segundo o Seu costume. 2 Aproximando-se os
fariseus, perguntavam-Lhe para O tentarem: «É lícito ao marido repudiar a
mulher?». 3 Ele respondeu-lhes: «Que vos mandou Moisés?». 4
Eles responderam: «Moisés permitiu escrever libelo de repúdio e separar-se
dela».5 Jesus disse-lhes: «Por causa da dureza do vosso coração é
que ele vos deu essa lei. 6 Porém, no princípio da criação, Deus
fê-los homem e mulher.7 Por isso deixará o homem pai e mãe, e se
juntará à sua mulher; 8 e os dois serão uma só carne. Assim não mais
são dois, mas uma só carne. 9 Portanto, não separe o homem o que
Deus juntou». 10 Depois, em casa, os discípulos interrogaram-n'O
novamente sobre o mesmo assunto. 11 Ele disse-lhes: «Quem repudiar a
mulher e se casar com outra comete adultério contra a primeira; 12 e
se a mulher repudiar o marido e se casar com outro comete adultério». 13
Apresentavam-Lhe umas criancinhas para que as tocasse mas os discípulos
repreendiam os que as apresentavam. 14 Vendo isto, Jesus ficou muito
desgostoso e disse-lhes: «Deixai vir a Mim as crianças, não as estorveis,
porque dos que são como elas é o reino de Deus. 15 Em verdade vos
digo: quem não receber o reino de Deus como uma criança, não entrará nele». 16 Depois, abraçou-as e, impondo-lhes as
mãos, as abençoava.
JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR
Iniciação à Cristologia
A distinção entre natureza e pessoa.
Esta
distinção aparece mais clara ao considerar os indivíduos racionais ou pessoas
possuidores de uma determinada natureza.
Com
efeito, comprovamos que existem muitos sujeitos ou indivíduos diferentes (p.
ex. os homens) que possuem a mesma natureza (a condição humana).
A distinção entre uma natureza e a própria
pessoa que a possui é uma distinção entre uma parte e o todo, entre a parte que
lhe dá o modo de ser e o todo que existe realmente: p. ex. Pedro tem realmente
uma natureza humana como algo próprio, e, além disso, possui outros elementos
individuais exclusivos dele, não comuns a outros homens; Pedro é a pessoa, o
todo, e a natureza é uma parte dele que o especifica.
b) A união absolutamente misteriosa e singular das
duas naturezas em Cristo é hipostática, na pessoa.
Já vimos que Cristo não é um ser «só em
algum sentido», com a unidade moral, extrínseca o acidental que pode existir
entre dois sujeitos ou indivíduos subsistentes, um divino e outro humano, que
formem uma comunhão de vida e de acção, como sustentava Nestório.
Mas, por
outro lado, essa unidade, real e ontológica, que afirmamos em Cristo, tampouco
é segundo a natureza: não existe uma só natureza composta pela divina e a
humana, como afirmava Eutiques.
A união das duas naturezas em Cristo é uma união hipostática ou na pessoa. Nosso
Senhor «ainda que seja Deus e homem, não são dois Cristos, mas um só Cristo (…)
um absolutamente (…) na unidade da pessoa»[1].
O Verbo, ao assumir a natureza humana de Maria
Virgem, fê-la realmente sua, e começou a ser homem no tempo, sem deixar de ser
o mesmo que era desde a eternidade. De modo que, depois da Encarnação, o Filho
de Deus subsiste em duas naturezas: é Deus e também é homem.
Esta
união é completamente misteriosa, não
tem semelhança com nenhuma outra, e conhecemo-la unicamente pela fé.
Os
exemplos que se empregaram na catequese para ilustrar este mistério são simples
analogias que servem só em parte, mas que distam dele noutros aspectos.
O símil
mais utilizado pela Tradição é a união da alma e do corpo[2]:
a união de duas substâncias que formam no nosso caso uma só pessoa, e nisto
serve de exemplo para a união da divindade e humanidade em Cristo.
Mas não
serve como exemplo noutros aspectos: p. ex. enquanto a alma e o corpo são duas
substâncias incompletas, e este não é o caso da divindade nem da humanidade de
Cristo; nem tampouco enquanto a união do corpo e alma se constitui uma só
natureza.
c) A natureza humana de Cristo é íntegra e
perfeita, mas não é uma pessoa humana, nem é um sujeito diferente do Verbo
O Filho de Deus assumiu uma verdadeira e
perfeita natureza humana individual, composta de corpo e alma, e é em
verdadeiramente homem.
Daí
surgiu que alguns conceberam a natureza humana de Cristo como um sujeito humano
diferente da pessoa do Verbo, ainda que não o chamassem «pessoa», mas só
«hypóstasis».
Contra estes, o quinto concílio ecuménico,
II de Constantinopla, no ano 553 «confessou a propósito de Cristo: ‘Não há mais
que uma só hypóstasis (ou pessoa), que é Nosso Senhor Jesus Cristo, uno da
Trindade’ (DS, 424).
Portanto,
tudo na humanidade de Jesus Cristo deve ser atribuído à sua pessoa divina como
seu próprio sujeito (cf. Conc. Éfeso: DS, 255), não somente os milagres mas
também os sofrimentos (cf. DS, 424) e a própria morte:
‘O que
foi crucificado na carne, nosso Senhor Jesus Cristo, é verdadeiro Deus, Senhor
da glória e uno da santíssima Trindade’ (DS, 432)»[3].
A
natureza humana de Jesus Cristo, ainda que real, criada, individual e concreta,
não é uma hypóstasis ou uma pessoa humana, pois não é um subsistente,
não é um todo completo em si mesmo que exista independentemente do outro, já
que pertence propriamente ao Verbo que a assumiu, e foi levada de forma
inefável à união do ser pessoal do Filho de Deus que pré-existia à união. De
modo que o Filho de Deus, uno da santíssima Trindade, é o único subsistente,
sujeito ou pessoa, na sua natureza divina e na sua natureza humana.
Afirmar que a humanidade de Cristo não é
pessoa humana não significa diminuir ou tirar algo da verdadeira e real índole
humana de Nosso Senhor, já que essa natureza á completa e perfeita, e não lhe
falta nada que seja próprio dela. E tampouco rebaixa a condição e dignidade da
sua humanidade o facto de não existir por si mesma e não constituir uma pessoa
humana, mas sim, pelo contrário, «a natureza humana é em Cristo mais digna que
em nós, porque no nosso caso ao existir por si tem a suam própria
personalidade, todavia em Cristo existe a pessoa do Verbo»[4].
d) A pessoa de Jesus Cristo é divina, eterna e
imutável na sua Encarnação e não formada pela união das naturezas: é pessoa do
Filho de Deus
Já sabemos que só se encarnou a segunda
pessoa da Santíssima Trindade, o Filho de Deus, como nos ensina a revelação e a
fé da Igreja: as três pessoas divinas fizeram que a natureza humana se unisse á
pessoa singular do Filho de Deus[5].
A Encarnação não supôs mudança alguma no
Filho de Deus, que é imutável, como tampouco o supôs a criação.
Somente
se dá a mudança na natureza humana: inovação que consiste no facto de começar a
existir elevada inefavelmente à união pessoal com o Verbo.
A pessoa
divina não adquiriu nenhuma perfeição nova, porque possui todas as perfeições
da natureza humana, contidas de forma muito mais excelente na sua natureza
divina.
A fé ensina-nos que a pessoa de Cristo é a
pessoa eterna do Filho Unigénito de Deus.
E o
Verbo, desde antes dos séculos, tem o seu ser pessoal por geração eterna de
Deus Pai.
Portanto, a pessoa de Cristo não é causada pela
união das duas naturezas, mas sim é eterna.
Cristo
não «é» ou existe pela sua natureza humana, mas sim que por ela «é homem».
A pessoa
de Cristo, depois da Encarnação, subsiste sem mudança alguma nas duas
naturezas, mas não é formada por composição ou pela união de ambas.
Como
consequência, a filiação de Jesus no que respeita a seu Pai não é adoptiva como
a dos outros homens, mas si que é Filho de Deus por natureza, o Unigénito, o
próprio Filho do Pai, pois d’Ele recebeu o seu ser pessoal por geração eterna[6]
3. A concepção subjectivista da pessoa e a sua
incidência na cristologia
Com a
mudança produzida por Descartes no pensamento filosófico modificou-se também o
conceito de pessoa.
Se
anteriormente se definia a pessoa em ordem da realidade e do ser, a partir
deste autor tentar-se-á definir a partir da subjectividade; p. ex. como a auto
consciência do próprio eu e do próprio psiquismo (no qual se contem toda a
realidade pessoal), ou antes como a abertura e capacidade de relação com outro
tu.
Quando se
aplicam estas teorias subjectivistas a Cristo suscitar-se-á imediatamente o
problema de imaginar em Jesus uma pessoa humana distinta do Verbo.
Com
efeito, se o que constitui e define a pessoa é a sua auto consciência, a
humanidade de Cristo – que tem consciência da sua vida psíquica – será um
sujeito humano.
a) Algumas teorias recentes sobre a personalidade
de Jesus Cristo
Nessa linha de pensamento, alguns autores
explicam que a personalidade consiste na abertura da consciência humana ao ser
em geral, que no fundo é uma abertura ao infinito, quer dizer, a Deus.
Por isso
afirmam que em Cristo haveria um centro de consciência humano referido a outro
centro de consciência divino; quer dizer, n’Ele encontraríamos duas
subjectividades: uma divina (Deus) e outra humana (Cristo), ao que alguns
autores chamam abertamente pessoa humana.
Então, como pode dar-se, em Cristo, uma
unidade entre o humano e o divino?
Como
expressam a unidade entre essas duas subjectividades? – tentam explicá-la pelas
operações existentes entre os dois centros de consciência: pelo conhecimento
que essa pessoa humana tenha da divindade e pela comunicação ou revelação de si
que Deus faça a essa pessoa humana. E assim dizem que «toda a realidade de
Jesus» reside no facto de que a sua subjectividade humana está totalmente
aberta ao infinito, em completa obediência ao Pai; e por isso pode receber a
total auto doação de Deus que se revela plenamente: assim pois, Jesus será um
ser humano no qual tem lugar a revelação suprema de Deus.
b) Crítica destas teorias
Estas teorias reduzem a cristologia a uma
simples antropologia: Cristo seria uma simples pessoa humana igual a nós, um
homem que tem uma relação mais intensa coma divindade, um homem especialmente
santo; e não se poderia dizer com verdade que Jesus Cristo é Deus feito homem,
tal como ensina a fé.
Essas teorias, além do mais, sustentam uma
antropologia insuficiente que reduz a realidade de um ser a um dos seus actos:
a pessoa seria as simples consciência de si.
O que é
um erro, pois toda a operação vital – como o é a consciência – requer um
sujeito operante, que é a pessoa. Portanto a pessoa não se identifica com a sua
consciência, nem se constitui por ela: a pessoa é quem tem essa consciência de
si.
Por isso a Congregação para a Doutrina da
Fé, em 1972, contestou esses erros como opostos à fé[7].
(cont.)
[2]
Cf. Símbolo Quicumque, DS, 76: «Como
a alma racional e o corpo formam um só homem; assim, Cristo é um, sendo Deus e
homem».
[3] CCE, 468.
[5] S. Th. III,2,2 ad 2.
[6]
Cf. DS, 595; 611; 619; 852. Entenderemos melhor esta verdade se tivermos
presente que a filiação é uma relação de
uma pessoa no que respeita a outra que a engendrou e lhe comunicou a sua
natureza específica. Assim, a Filiação Divina adoptiva é e relação do homem que recebeu a
vida divina participada, a graça, respeitante a Deus que lha comunicou. Esta
filiação adoptiva «não é uma qualidade sobrenatural» recebida de Deus que
transforme o homem fazendo-o divino por participação, como o é a graça
santificante, mas a subseguinte «relação»
da pessoa que essa vida sobrenatural respeitante a Deus.
[7] Cf.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Declaração, O
mistério oi Filho de Deus, 3.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.