10/02/2014

Jesus Cristo e a Igreja 2





O que foi a estrela do Oriente?








A estrela do Oriente é mencionada no evangelho de S. Mateus. Uns magos perguntam em Jerusalém: “Onde está o Rei dos Judeus que acaba de nascer? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para o adorar” [1].

Os dois capítulos iniciais dos evangelhos de S. Mateus e de S. Lucas narram algumas cenas da infância de Jesus, pelo que se costumam denominar “ evangelhos da infância”. A estrela aparece no “ evangelho da infância” de S. Mateus. Os evangelhos da infância têm um carácter ligeiramente diferente ao do resto do evangelho. Por isso estão cheios de evocações a textos do Antigo Testamento que dão grande significado aos gestos. Neste sentido, a sua historicidade não se pode examinar da mesma maneira que a do resto dos episódios evangélicos.
Dentro dos evangelhos da infância, há diferenças. O de S. Lucas é o primeiro capítulo do evangelho, mas em S. Mateus é como que um resumo dos conteúdos de todo o texto. A passagem dos Magos [2] mostra que uns gentios, que não pertencem ao povo de Israel descobrem a revelação de Deus através do seu estudo e dos seus conhecimentos humanos (as estrelas), mas não chegam à plenitude da verdade senão através das Escrituras de Israel.

No tempo em que foi composto o evangelho era relativamente normal a crença de que o nascimento de alguém importante ou de algum acontecimento relevante se anunciava com um prodígio no firmamento. Dessa crença participava o mundo pagão [3].

Além disso, o livro dos Números [4] recolhia um oráculo em que se dizia: “De Jacob vem uma estrela, em Israel se levantou um ceptro” [5]. Esta passagem interpretava-se como um oráculo de salvação sobre o Messias. Nestas condições, oferecem o contexto adequado para entender o sinal da estrela.
A exegese moderna perguntou que fenómeno natural podia ter ocorrido no firmamento, que fosse interpretado pelos homens daquele tempo como extraordinário. As hipóteses que se deram são sobretudo três:
1) Kepler (séc. XVII) falou de uma estrela nova, uma supernova (trata-se de uma estrela muito distante, que explode de tal modo que, durante umas semanas, emite mais luz e é perceptível da terra);

2) Um cometa, pois os cometas seguem um percurso regular, mas elíptico, à volta do sol (na parte mais distante da sua órbita não são percetíveis a olho nu, mas se estão próximos podem ver-se durante algum tempo).
Também esta descrição coincide com o que se assinala no relato de Mateus, mas a aparição dos cometas conhecidos que se vêm da terra, não coincide com as datas da estrela;

3) Uma conjunção planetária de Júpiter e Saturno. Também Kepler chamou a atenção para este fenómeno periódico, que, se não estamos enganados nos cálculos, pode muito bem ter ocorrido nos anos 6 ou 7 antes da nossa era, quer dizer, naqueles em que a investigação mostra que nasceu Jesus.

© www.opusdei.org - Textos elaborados por uma equipa de professores de Teologia da Universidade de Navarra, dirigida por Francisco Varo.




[1] Mt 2, 2.
[2] Mt 2, 1-12
[3] cf. suetónio, Os doze Césares Augusto, 94; cícero, De Divinatione, 1, 23, 47; etc.) e o judeu flávio josefo, As guerras judaicas, 5, 3, 310-312; 6, 3, 289.
[4] 22-24
[5] Nm 24, 17.

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