A estrela do Oriente é mencionada no evangelho de S. Mateus. Uns magos perguntam em Jerusalém: “Onde está o Rei dos Judeus que acaba de nascer? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para o adorar” [1].
Os dois capítulos iniciais dos evangelhos de S. Mateus e de S.
Lucas narram algumas cenas da infância de Jesus, pelo que se costumam denominar
“ evangelhos da infância”. A estrela aparece no “ evangelho da infância” de S.
Mateus. Os evangelhos da infância têm um carácter ligeiramente diferente ao do
resto do evangelho. Por isso estão cheios de evocações a textos do Antigo
Testamento que dão grande significado aos gestos. Neste sentido, a sua historicidade
não se pode examinar da mesma maneira que a do resto dos episódios evangélicos.
Dentro dos evangelhos da infância, há diferenças. O de S. Lucas é
o primeiro capítulo do evangelho, mas em S. Mateus é como que um resumo dos
conteúdos de todo o texto. A passagem dos Magos [2] mostra
que uns gentios, que não pertencem ao povo de Israel descobrem a revelação de
Deus através do seu estudo e dos seus conhecimentos humanos (as estrelas), mas
não chegam à plenitude da verdade senão através das Escrituras de Israel.
No tempo em que foi composto o evangelho era relativamente normal
a crença de que o nascimento de alguém importante ou de algum acontecimento relevante
se anunciava com um prodígio no firmamento. Dessa crença participava o mundo
pagão [3].
Além disso, o livro dos Números [4] recolhia
um oráculo em que se dizia: “De Jacob vem uma estrela, em Israel se levantou um
ceptro” [5]. Esta
passagem interpretava-se como um oráculo de salvação sobre o Messias. Nestas condições,
oferecem o contexto adequado para entender o sinal da estrela.
A exegese moderna perguntou que fenómeno natural podia ter ocorrido
no firmamento, que fosse interpretado pelos homens daquele tempo como extraordinário.
As hipóteses que se deram são sobretudo três:
1) Kepler (séc. XVII) falou de uma estrela nova, uma supernova (trata-se
de uma estrela muito distante, que explode de tal modo que, durante umas
semanas, emite mais luz e é perceptível da terra);
2) Um cometa, pois os cometas seguem um percurso regular, mas
elíptico, à volta do sol (na parte mais distante da sua órbita não são percetíveis
a olho nu, mas se estão próximos podem ver-se durante algum tempo).
Também esta descrição coincide com o que se assinala no relato de
Mateus, mas a aparição dos cometas conhecidos que se vêm da terra, não coincide
com as datas da estrela;
3) Uma conjunção planetária de Júpiter e Saturno. Também Kepler
chamou a atenção para este fenómeno periódico, que, se não estamos enganados
nos cálculos, pode muito bem ter ocorrido nos anos 6 ou 7 antes da nossa era,
quer dizer, naqueles em que a investigação mostra que nasceu Jesus.
© www.opusdei.org
- Textos elaborados por uma equipa de professores de Teologia da Universidade de
Navarra, dirigida por Francisco Varo.
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