A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A.
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
32 Iam em viagem para subir a Jerusalém; Jesus ia
diante deles. E iam perturbados e seguiam-n'O com medo. Tomando novamente à
parte os doze, começou a dizer-lhes o que tinha de Lhe acontecer: 33
«Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos príncipes
dos sacerdotes e aos escribas; eles O condenarão à morte e O entregarão aos
gentios;34 e O escarnecerão, Lhe cuspirão, O açoitarão, e Lhe
tirarão a vida. Mas ao terceiro dia ressuscitará».35 Então
aproximaram-se d'Ele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo: «Mestre,
queremos que nos concedas o que Te vamos pedir». 36 Ele disse-lhes:
«Que quereis que vos conceda?». 37 Eles responderam: «Concede-nos
que, na Tua glória, um de nós se sente à Tua direita e outro à Tua esquerda». 38
Mas Jesus disse-lhes: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou
beber, ou ser baptizados no baptismo com que Eu vou ser baptizado?». 39
Eles disseram-Lhe: «Podemos». Jesus disse-lhes: «Efectivamente haveis de beber
o cálice que Eu vou beber e haveis de ser baptizados com o baptismo com que Eu
vou ser baptizado; 40 mas, quanto a estardes sentados à Minha
direita ou à Minha esquerda, não pertence a Mim concedê-lo, mas é para aqueles
para quem está preparado». 41 Ouvindo isto, os dez começaram a
indignar-se com Tiago e João. 42 Mas Jesus, chamando-os, disse-lhes:
«Vós sabeis que aqueles que são reconhecidos como chefes das nações as dominam
e que os seus príncipes têm poder sobre elas. 43 Porém, entre vós
não deve ser assim, mas o que quiser ser o maior, será o vosso servo, 44
e o que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. 45
Porque também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar
a Sua vida para redenção de todos». 46 Chegaram a Jericó. Ao sair
Jesus de Jericó, com os Seus discípulos e grande multidão, Bartimeu, mendigo
cego, filho de Timeu, estava sentado junto ao caminho. 47 Quando
ouviu dizer que era Jesus Nazareno, começou a gritar: «Jesus, Filho de David,
tem piedade de mim!». 48 Muitos repreendiam-no para que se calasse.
Mas ele cada vez gritava mais forte: «Filho de David, tem piedade de mim!». 49
Jesus, parando, disse: «Chamai-o». Chamaram o cego, dizendo-lhe: «Tem
confiança, levanta-te, Ele chama-te». 50 Ele, lançando fora a capa,
levantou-se de um salto e foi ter com Jesus. 51 Tomando Jesus a
palavra, disse-lhe: «Que queres que te faça?». O cego respondeu: «Rabboni, que
eu veja!». 52 Então Jesus disse-lhe: «Vai, a tua fé te salvou». No
mesmo instante recuperou a vista, e seguia-O no caminho.
JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR
Iniciação à Cristologia
c) Cristo enquanto homem também é santo por graça
habitual
A graça habitual é o dom sobrenatural que
Deus outorga ao homem pelo qual o une a si e o torna semelhante a si próprio,
fazendo-o participe da natureza divina (cf. Pd 1,4) que é santa. Por isso a
graça chama-se também «santificante»
porque é uma qualidade que transforma a natureza do homem divinizando-o,
tornando-o justo e santo.
Os Evangelhos falam-nos explicitamente da
existência desta graça em Jesus Cristo: estava «cheio de graça» (Jo 1,14), ou
«crescia em graça» (Lc 2 ,52).
É fácil
de entender a conveniência de que Cristo tivesse a graça habitual, já que a sua
humanidade não é santa por si mesma, nem se transformou em divina pela união
hipostática, uma vez que permanece sempre a distinção das duas naturezas. Por
isso, é necessário que a humanidade de Cristo chegue a ser divina e santa por
participação, que é o efeito próprio da graça habitual ou santificante[1].
d) A plenitude de graça habitual em Cristo
A revelação não só nos diz que Jesus tem a
graça habitual ou santificante, como também que estava «cheio de graça e de
verdade» (Jo 1,14), e nos fala da sua «plenitude de graça» (Jo 1,16; cf. Ef
4,13).
Com efeito, a graça é causada no homem pela
presença de Deus nele, tal como a luz do ar é consequência da presença do Sol.
A razão da plenitude de graça em Cristo é que a sua humanidade está unida a
Deus na humanidade mais estreita imaginável, em unidade de pessoa, pelo que
recebe a máxima e mais plena comunicação possível da vida divina.
Em que consiste esta plenitude de graça?
Considerando-a
como uma realidade criada que tem o seu sujeito na alma, é evidente que a graça
habitual não pode ser infinita em si mesma, mas limitada. Mas Cristo recebeu na
sua humanidade a graça no mais alto grau que pode dar-se. Por isso se pode
dizer que a graça em Cristo é de certo modo ilimitada ou infinita «sem medida»
(Jo 3,34); enquanto a nós se nos dá segundo medida (cf. Ef 4,7).
Quer
dizer, Jesus possuía a graça com toda a perfeição possível: com todos os
efeitos, virtudes, dons e operações que esta pode ter e alcançar.
Esta
plenitude de graça é própria e exclusiva de Cristo, pois foi-lhe conferida para
que Ele fosse o princípio universal da justificação de todo o género humano.
Todas as graças que os homens tiveram d’Ele provêm, como da sua fonte; e por
isso Ele as possui todas, no mais alto grau: «Da sua plenitude todos temos
recebido graça por graça» (Jo 1,16).
Esta
mesma plenitude de graça habitual em Cristo, enquanto é a Cabeça e o princípio
da santificação de todos, conhece-se com o nome de «graça capital».
e) As virtudes sobrenaturais, os dons e carismas de
Cristo
Juntamente com a graça, Cristo tem todas as
virtudes, dons e carismas do Espírito Santo na forma conveniente à sua
perfeição de Filho de Deus e à sua missão de Redentor.
As
virtudes sobrenaturais.
Como a
Sagrada Escritura testemunha, Cristo teve muitas virtudes, e em grau admirável:
a humildade, a obediência, a misericórdia, a pureza, a paciência, etc.
Especialmente brilha n’Ele um amor sem mácula a seu pai e a nós, os homens, até
ao ponto de oferecer a sua vida por cada um.
Sabemos que a graça diviniza a alma na sua
essência, mas a sua acção civilizadora estende-se também às potências da alma
mediante as virtudes sobrenaturais para que o homem possa realizar obras
sobrenaturais.
E a
humanidade de Cristo estava plenamente enriquecida e divinizada pelo Espírito Santo, portanto
não podiam faltar-lhe as virtudes infusas, e estas em grau máximo e perfeito.
Todavia, Jesus não teve aquelas virtudes
que supõem em si mesmas alguma carência ou imperfeição: p. ex. não teve a fé
(pois já possuía a visão de Deus), nem propriamente teve a esperança (pois já
tinha a união com Deus), nem a penitência (pois não teve pecado).
Os
dons do Espírito Santo.
A
revelação diz-nos que Jesus, «cheio do Espírito Santo (…) era conduzido pelo
espírito» (Lc 4 ,1);
e também possuía os dons do Espírito Santo em grau excelentíssimo e eminente
(cf. Is 11,2).
Sabemos
que os dons do Espírito Santo levam à sua perfeição última as virtudes para que
o homem actue totalmente segundo o querer de Deus. Daí que Cristo possuísse
esses dons para que a perfeição de todas as virtudes fosse plena.
Os
carismas.
Juntamente
com a plenitude de graça, Cristo possui em plenitude os carismas do Espírito
Santo, isto é, os dons divinos convenientes para desempenhar uma missão
salvífica.
Jesus tem
de modo perfeito todos os carismas que os homens tiveram para levar a cabo alguma
missão para a edificação dos outros (os dons próprios dos apóstolos, profetas,
pregadores, doutores, pastores, etc.), pois d’Ele provêm (cf. Jo 1,16), e a Ele
correspondem como salvador de todos e supremo Mestre da nossa fé.
f) A santidade de vida e a ausência de pecado em
Jesus Cristo
Jesus é santo também no sentido operativo e
moral, enquanto viveu livremente em todo o momento a união sobrenatural com seu
Pai pelo amor.
A
perfeição de graça e de caridade que possuía, levavam-no a identificar
completamente a sua vontade humana com a vontade santa de Deus, no grande e no
pequeno. Ele próprio confessa: «Eu faço sempre o que agrada a meu pai» (Jo
8,29; cf. 4,34).
E está livre de todo o pecado: «vem o
príncipe deste mundo (Satanás), mas não tem nada em mim» (Jo 14,30; cf. Pd
2,22).
Por isso
o Magistério da Igreja, unindo-se à Sagrada Escritura, ensinou em muitas
ocasiões esta realidade: Cristo é «semelhante a nós em tudo, excepto no pecado»
(Heb 4,15; cf. 7,26-27)[2].
O Magistério da Igreja também assinalou que
Jesus esteve livre do pecado original e que não sofreu a desordem da
concupiscência, consequência desse pecado; de modo que n’Ele a sensibilidade
estava sempre perfeitamente subordinada à razão[3].
Mas há mais: os teólogos sustentam que
Cristo não só não teve nenhum pecado de facto, mas que, além disso, era impecável. A razão é óbvia: as acções
são da pessoa; e se Cristo pudesse pecar, seria Deus quem pecaria, e teria que
negar-se a si mesmo.
Além do
mais, Jesus Cristo enquanto homem, como veremos, gozava da visão intuitiva de
Deus, que supõe também a impossibilidade de rejeitar o Bem infinito.
3. O conhecimento humano de Jesus Cristo
Como Cristo tem duas naturezas perfeitas
tem dois modos de conhecer, um infinito e divino – comum a toda a Trindade -, e
outro humano. Agora vamos estudar só este último.
a) A existência de um conhecimento humano em Cristo
A afirmação de um conhecimento humano em
Cristo é patente em todo o Novo Testamento. E a Igreja, seguindo a revelação
divina, defendeu sempre a integridade da natureza humana de Cristo, que tem uma
alma racional e uma inteligência humana.
Esta
inteligência humana não pode estar privada da actividade que lhe é própria: o
conhecer por si mesma; sendo o contrário seria vã e imperfeita. Por exemplo, o
Concílio Vaticano II diz que o Filho de Deus «trabalhou com mãos de homem, pensou com inteligência de homem, obrou
com vontade de homem, amou com coração de homem»[4].
Além disso, os teólogos colocaram-se a pergunta
se Jesus, durante o seu caminhar terreno, teve os diversos modos de conhecer a
que a inteligência humana está aberta e são possíveis para ela (a ciência
adquirida, a visão beatífica e a ciência infusa). Como é lógico os Evangelhos
não distinguem teologicamente os diversos modos de conhecimento, ainda que
sugiram algumas coisas. E o Magistério da Igreja, ainda que tenha defendido a
existência de um conhecimento humano em Cristo, não determinou a natureza e o
alcance de todos os diversos modos de conhecer. Vejamos, pois, o que ensina a
teologia mais segura.
b) O conhecimento experimental ou ciência adquirida
de Jesus Cristo
Por ciência adquirida designam-se aqueles
conhecimentos que o homem alcança com as suas próprias forças partindo dos
sentidos e da experiência. O intelecto humano, apoiando-se nos dados da
experiência sensível, tem a capacidade de conhecer o que são as coisas, não só
as suas aparências, e conhecer as suas causas, as suas relações com outras,
etc.
Sem dúvida que este é o modo de
conhecimento de que fala São Lucas mostrando um Jesus criança que «crescia em
sabedoria, idade e graça» (Lc 5 ,52).
Jesus adquiria aqueles conhecimentos de forma semelhante aos outros homens: com
as suas experiências e com a aplicação da mente, contando também com o
conhecimento dos outros (cf. Mc 6,38; Jo 11,34), começando pelos ensinamentos
que receberia de Maria e de José.
«Tal ciência é proporcional (…) e
co-natural á natureza humana»[5].
Aceitar a existência deste conhecimento
adquirido em Cristo – e, portanto, progressivo -, é consequência do realismo
com que se aceita a Encarnação do Verbo.
Parece claro que este conhecimento
adquirido teria um alcance limitado, pois a sua inteligência humana
desenvolvia-se nas condições históricas concretas da sua existência, que eram
limitadas no espesso e no tempo. Ainda que a clareza e a força da sua
inteligência o fizessem entender a realidade das coisas que ia experimentando
com muito mais profundidade e sabedoria que no caso dos outros homens.
c) A visão beatífica da alma de Cristo
Chama-se ciência de visão ou visão
beatífica ao conhecimento íntimo e imediato de Deus que é próprio dos
bem-aventurados do céu, e que os faz semelhantes a Ele porque o vêem «tal qual
é» (1 Jo 3,2), «face a face» (1 Cor 13,12).
A afirmação da existência da ciência de
visão em Cristo durante a sua vida terrena fundamenta-se naqueles textos do
Novo Testamento nos quais se diz que Ele vê
a Deus a quem ninguém pode ver: «Ninguém viu o Pai, senão aquele que
procede de Deus, esse viu o Pai» (Jo 6,46). Por isso, Jesus se apresenta como testemunha do que vê em Deus; por
exemplo quando diz: «Aquele que me enviou é veraz e eu ensino ao mundo o que
lhe ouvi (…) Eu digo o que vejo no Pai; (Jo 8,26.38).
Ainda que historicamente houvesse algumas
dúvidas acerca de se esses textos se referiam à sua ciência humana de visão ou
antes à ciência divina, a Tradição da Igreja, desde Santo Agostinho, tem sido
concorde em afirmar a ciência beata em Cristo. E o Magistério da Igreja em
algumas ocasiões referiu-se à existência deste conhecimento em Cristo, ainda
que não tenha definido esta doutrina como de fé[6].
A existência desta ciência em Cristo
funda-se na união da natureza humana ao Verbo: como consequência dessa união, o
intelecto humano de Cristo gozava de um pleno e imediato conhecimento do Verbo.
Segundo o comum parecer dos teólogos,
Cristo com a ciência de visão via não só a divindade mas também todas as coisas,
já que todas têm relação com a sua missão na terra, pois Ele foi constituído
Redentor de todos. E alguma vez o Magistério da Igreja disse que é certa «a sentença que estabelece (…) que
desde o princípio conheceu tudo no Verbo,
o passado, o presente e o futuro»[7]
(cont.)
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