A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A.
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
27 Saiu Jesus com os Seus
discípulos pelas aldeias de Cesareia de Filipe. Pelo caminho, interrogou os
discípulos: «Quem dizem os homens que Eu sou?». 28 Eles
responderam-Lhe: «Uns dizem que João Baptista, outros que Elias, e outros que
algum dos profetas». 29 Então perguntou-lhes: «E vós quem dizeis que
Eu sou?». Pedro respondeu: «Tu és o Cristo». 30 Então Jesus
ordenou-lhes severamente que não dissessem isto d'Ele a ninguém. 31
E começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem padecesse
muito, que fosse rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e
pelos escribas, que fosse morto, e que ressuscitasse depois de três dias. 32
E falava destas coisas claramente. Pedro, tomando-O à parte, começou a
repreendê-l'O. 33 Mas Jesus, voltando-Se e olhando para os Seus
discípulos, repreendeu Pedro, dizendo: «Retira-te daqui, Satanás, que não
aprecias as coisas de Deus, mas sim as dos homens». 34 Depois,
chamando a Si o povo com os Seus discípulos, disse-lhes: «Se alguém quer
seguir-Me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. 35 Porque
quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a vida por amor de
Mim e do Evangelho, salvá-la-á. 36 Pois que aproveitará ao homem
ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma? 37 Ou que dará o homem
em troco da sua alma? 38 No meio desta geração adúltera e pecadora,
quem se envergonhar de Mim e das Minhas palavras, também o Filho do Homem Se
envergonhará dele, quando vier na glória de Seu Pai, com os santos anjos».
JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR
Iniciação à Cristologia
7. Cristo é o centro da história humana
a) As genealogias de Cristo e a história humana
O Evangelho segundo São Mateus começa, conforme o costume hebreu, com a
genealogia de José e faz uma lista partindo de Abraão (cf. Mt 1,2-17). A
Mateus, interessa-lhe pôr em relevo, mediante a paternidade legal de José, que
Jesus descende de Abraão e de David; mais em concreto, que era o Messias
anunciado pelos profetas, a esperança de Israel e o que dá sentido a toda a
história do povo de Deus.
São Lucas, ao contrário,
escreveu para os cristãos procedentes dos gentios, e quer destacar a
universalidade da redenção de Cristo. Segundo o Evangelho de Lucas, a
genealogia de Jesus è ascendente (cf. Lc
3 ,23-28): desde Jesus através dos seus antepassados, passando
por Abraão, remonta até Adão, pai de todos os homens, tanto judeus como
gentios. O Evangelho quis mostrar o vínculo de Jesus com todo o género humano:
Cristo é o Novo Adão, o novo princípio da linhagem humana e o salvador de todos
os homens.
b) A Encarnação dá sentido a toda a história
«Quando chegou a plenitude dos
tempos enviou Deus o seu Filho, nascido de mulher» (Gal 4,4). A Encarnação teve
lugar na plenitude dos tempos, isto é no tempo oportuno segundo os planos de
Deus.
O monge Dionísio o Exíguo
(século VI) propôs-se colocar o nascimento de Cristo como centro da história d
humanidade e, com os dados históricos de que dispunha, situou-o no ano 753 da
fundação de Roma: esta data é o começo da era cristã. Hoje admite-se que se
equivocou no seu cômputo, e pensa-se que Jesus deve ter nascido aproximadamente
no ano 748 da fundação de Roma, equivalente ao 6 antes da era cristã. Este foi
o momento mais importante da história: Deus e a eternidade entram na história
humana para nos salvar.
A postura de Dionísio o Exíguo,
que de algum modo reflecte o que nos sugerem as genealogias de Cristo, tem um grande
sentido teológico. Com efeito, Cristo é o fundamento de toda a história
anterior, que tem valor salvífico só por meio d’Ele e a Ele se ordena. Assim
como também Cristo é o fundamento de toda a história posterior, que vive da
graça proveniente da sua obra redentora.
«A Igreja crê que a chave, o
centro e o fim de toda a história humana se encontra no seu Senhor e Mestre»[1]
Cristo é certamente o centro da história humana, não no sentido cronológico,
mas qualitativo: Ele é «o alfa e o ómega, o primeiro e o último, o princípio e
o fim» (Ap 22,13). N’Ele os homens encontram a fonte da vida sobrenatural, e
também o seu sentido e meta última, que é a salvação.
Capítulo III
A REALIDADE DA ENCARNAÇÂO DO FILHO DE DEUS
1. A vinda do Filho de Deus ao mundo, concebido de
santa Maria Virgem
a) A anunciação a Maria e a concepção de Jesus
No admirável plano da doação que Deus faz
de si mesmo à criatura, a Encarnação é o acontecimento central e culminante, e
Maria foi a colaboradora com a sua fé e com o seu amor para união de Jesus com
a humanidade.
São Lucas descreve esse momento
transcendental: O anjo Gabriel enviado por parte de Deus comunica o plano
divino a Maria: «Conceberás no teu seio e darás à luz um filho, a quem porás o
nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo (…) O Espírito
Santo virá sobre ti, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra, e
por isso o filho engendrado será santo, será chamado Filho de Deus» (Lc 1 ,30-35). A Virgem, cheia de fé
e de confiança em Deus, dá o seu rendido consentimento à disposição divina:
«Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1 ,38).
«E o Verbo fez-se carne e habitou entre
nós» (Jo 1,14). O mistério da união – dos esponsais – entre o Filho de Deus e a
humanidade, realiza-se no instante em que Maria pronunciou o seu sim «em nome de toda a natureza humana»[2].
E ela concebeu como homem o Filho eterno do Pai, que se fez realmente seu
filho.
b) A Encarnação é obra do Espírito Santo
A Sagrada Escritura deixa muito claro que
Jesus Cristo não foi concebido por obra de varão, como os ouros homens, mas sim
unicamente pelo poder e obra do Espírito Santo, permanecendo a sua Mãe sempre
virgem (cf. Mt 1,18-25; Lc 1 ,34-38).
E assim o confessou a Igreja desde os primeiros testemunhos e a Tradição e as
primeiras formulações da fé.
A «virtude do Altíssimo» (Lc 1 ,35), pela qual se levou a
cabo a Encarnação, é o poder infinito do único Deus. Assim pois, a Encarnação
do Filho de Deus é obra da Trindade. Todavia, a concepção milagrosa de Cristo
só costuma atribuir-se ao Espírito Santo, que ali interveio juntamente com o
Pai e o Filho: «O concebido nela vem do Espírito Santo» (Mt 1,20). É que a
revelação atribui ao Espírito Santo as obras que manifestam especialmente o
amor e o poder divinos, e em particular atrubui-se-Lhe o mistério da Encarnação
do Filho de Deus em Maria Santíssima.
Todavia, como a filiação é a relação de uma
pessoa com respeito ao que a engendrou, Cristo – que é Filho de Deus, a segunda
pessoa da Trindade – não é, nem se pode chamar, filho do Espírito Santo, nem da
Trindade, mas somente de Deus Pai.
c) Maria é a Mãe de Deus
Maria, escolhida por Deus Pai desde toda a
eternidade para será Mãe do seu Filho, pelo seu consentimento e aceitação da
vontade divina, foi realmente feita a Mãe de Deus. «Com efeito, aquele que ela
concebeu como homem, por obra o Espírito Santo, e que se fez verdadeiramente
seu filho segundo a carne, não é outro que o Filho eterno do Pai, a segunda
pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que Maria é verdadeiramente
Mãe de Deus (‘Theotokos’) (cf. DS,
215)»[3].
Por isso, sob o impulso do Espírito Santo,
é chamada «a mãe do meu Senhor» desde a concepção de Jesus, ainda antes do
nascimento do seu Filho (cf. Lc 1 ,43).
d) «O Verbo se fez carne»: a Encarnação
»O Verbo se fez carne» (J 1,14), diz São
João no prólogo do seu Evangelho, significando por «carne» o homem inteiro,
conotando o mais visível e o mais humilde do ser humano, em contraste coma
excelência do Verbo[4]
Tomando essa frase do evangelista, a Igreja
chama «Encarnação» ao facto de que o Filho de Deus tenha assumido uma natureza
humana para levar a cabo, mediante ela, a nossa salvação. O acontecimento único
e totalmente singular da Encarnação consiste em que o Filho de Deus se fez
verdadeiramente homem sem deixar de ser Deus.
Este mistério é tão essencial que «a fé na
verdadeira encarnação do Filho de Deus é o sinal distintivo da fé cristã»[5];
mistério que a Igreja defendeu e aclarou especialmente durante os primeiros
séculos face às heresias que a falseavam. 07
2. Jesus Cristo é perfeito homem
a) A realidade do corpo de Cristo.
A heresia
do docetismo gnóstico.
O gnosticismo
é uma amálgama de doutrinas místicas orientais, de tipo filosófico (sobretudo
platónicas) e cosmogónico, que teve uma rápida propagação nos primeiros séculos
da nossa era. Uma das suas variantes cristãs, o docetismo, é uma doutrina aparecida já no século I que considera
que a matéria é má e, por consequência, nega que Cristo tivesse um verdadeiro
corpo material, de carne humana: o corpo de Cristo seria só aparente. Portanto,
o seu nascimento ou a sua paixão e morte não foram reais mas só fictícias e
irreais.
Todavia, a Sagrada Escritura testemunha
claramente que Cristo foi homem verdadeiro, com um corpo real: é descendente de
David, foi concebido pela Virgem Maria, nasceu, cresceu, cansou-se, teve fome e
sede, dormiu, sofreu, derramou o seu sangue, morreu, foi sepultado, etc. O seu
corpo não era fantasmagórico, mas material de carne e osso, era real e
tangível, inclusive depois da Ressurreição (cf. Lc 24 ,39; 1Jo 1,1-3).
Já desde a própria época apostólica a fé
cristã insistiu na verdadeira Encarnação do Filho de Deus face a estas heresias
(cf. 1 Jo 4,2-3; 2Jo 7), que foram refutadas pelos Padres e escritores
clássicos dos primeiros séculos, como Santo Inácio de Antioquia, Santo Ireneu e
outros. Estes escritores não só mostraram a verdade do corpo de Cristo com a
Sagrada escritura na mão, como argumentaram também que negar a realidade do
corpo de Cristo é negar a realidade da redenção obrada pelo Senhor.
b) A realidade da alma de Cristo. A heresia do
apolinarismo
Apolinar de Laodiceia (século IV) sustentou
que o Verbo não teria assumido uma humanidade completa, pois dois seres
íntegros não poderiam fazer-se realmente um. A humanidade de Cristo estaria
somente composta de carne e alma sensitiva. Nesta natureza o Verbo assumiria a
função de alma intelectiva e racional.
Todavia, a Sagrada Escritura testemunha
claramente que Cristo foi perfeito homem com uma alma humana racional
verdadeira: alegrou-se, entristeceu-se, comoveu-se, teve afectos, era
totalmente livre, obedeceu, era humilde, veraz, generoso e misericordioso, etc.
Enfim, Jesus tinha todas as virtudes e qualidades da alma humana.
O erro de Apolinar foi refutado por São
Gregório de Nisa e outros Padres da Igreja que insistiram na perfeita
humanidade de Cristo: Jesus não seria perfeito homem se carecesse de alma
humana, se não tivesse uma inteligência e vontade humanas. Doutra forma não
teria redimido a linhagem humana, pois «não foi curado o que não foi assumido),
e Cristo curou todo o homem: corpo e alma.
O apolinarismo foi condenado pelo Papa São
Dâmaso e posteriormente pelo concílio I de Constantinopla (ano de 3181)[6].
Desde então o Magistério da Igreja tem ensinado sempre que Nosso Senhor é
«perfeito Deus e perfeito homem: que subsiste com alma racional e carne humana»[7].
(cont.)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.