Art. 1 — Se há virtudes
teologais.
O
primeiro discute-se assim. — Parece que não há virtudes teologais.
1.
— Pois, como já se disse, a virtude é uma disposição do que é perfeito para o
que óptimo, e chama-se perfeito ao que tem uma disposição natural 1.
Ora, o divino é superior à natureza do homem. Logo, as virtudes teologais não
são virtudes humanas.
2.
Demais. — As virtudes teologais chamam-se assim por serem virtudes quase divinas.
Ora, estas são exemplares, como já se disse 2 e não existem em nós.
Logo, as virtudes teologais não são virtudes humanas.
3.
Demais. — Chamam-se virtudes teologais as que pelas quais nos ordenamos a Deus,
princípio primeiro e fim último das coisas. Ora, o homem, pela própria natureza
da sua razão e da sua vontade, ordena-se ao princípio primeiro e ao fim último.
Logo, não são necessários quaisquer hábitos das virtudes teologais, pelos quais
a razão e a vontade se ordenem para Deus.
Mas,
em contrário, os preceitos da lei são relativos aos actos das virtudes. Ora, é
a lei divina quem preceitua sobre os actos da fé, da esperança e da caridade.
Pois, diz a Escritura (Ecle 2, 8): Vós os que temeis ao Senhor, crede-o, e:
esperai nele, e: amai-o. Logo, a fé, a esperança e a caridade são virtudes
ordenadas para Deus. Logo, são teologais.

DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Uma natureza pode ser atribuída a um ser de
duplo modo. Essencialmente, e nesse sentido, as virtudes teologais excedem a
natureza do homem. Ou participativamente, como a madeira em ignição participa
da natureza do fogo, e nesta acepção o homem se torna, de certo modo,
participante da natureza divina, como já dissemos. E assim as virtudes
teologais convêm ao homem segundo a natureza participada.
RESPOSTA
À SEGUNDA. — As virtudes teologais não se chamam divinas, como significando que
Deus seja virtuoso por elas, mas, no sentido em que por meio delas, Deus nos
torna virtuosos e nos ordena para ele. Donde não são exemplares, mas,
exempladas.
RESPOSTA
À TERCEIRA. — A razão e a vontade ordenam-se naturalmente para Deus, como
princípio que é e fim da natureza, isto contudo proporcionadamente a esta. Mas,
para Deus, como objecto da bem-aventurança sobrenatural, a razão e a vontade
não se ordenam suficientemente, por natureza.
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama.
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Notas:
1. VII Physic. (lect. V).
2. Q. 61, a. 5.
3.
Q. 5, a. 7.
4.
Ibid., a. 5.
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