É bom que tenhamos considerado as insídias
destes inimigos da alma: a desordem da sensualidade e a leviandade; o desatino
da razão que se opõe ao Senhor; a presunção altaneira, esterilizadora do amor a
Deus e às criaturas.
Todas estas disposições de ânimo são
obstáculos certos e o seu poder perturbador é grande. Por isso a liturgia
faz-nos implorar a misericórdia divina: a ti elevo a minha alma, Senhor, meu
Deus. E em ti confio; não seja eu confundido! Não riam de mim os meus inimigos,
rezamos no intróito. E na antífona do ofertório iremos repetir: espero em ti,
que eu não seja confundido!
Agora que se aproxima o tempo da
salvação, dá gosto ouvir dos lábios de S. Paulo: depois de Deus, Nosso
Salvador, ter manifestado a sua benignidade e o seu amor para com os homens,
libertou-nos, não pelas obras de justiça que tivéssemos feito, mas por sua
misericórdia.
Se lerdes as Santas Escrituras,
descobrireis constantemente a presença da misericórdia de Deus: enche a terra,
estende-se a todos os seus filhos, super omnem carnem; cerca-nos, antecede-nos,
multiplica-se para nos ajudar e foi continuamente confirmada. Deus tem-nos
presente na sua misericórdia, ao ocupar-se de nós como Pai amoroso. É uma
misericórdia suave, agradável, como a nuvem que se desfaz em chuva no tempo da
seca.
Jesus Cristo resume e compendia toda a
história da misericórdia divina: Bem-aventurados os misericordiosos, porque
alcançarão misericórdia. E, noutra ocasião: Sede pois misericordiosos como
também vosso Pai é misericordioso. (Cristo que passa, 7)
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