A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Mt 11, 1-19
1 Tendo
Jesus acabado de dar estas instruções aos Seus doze discípulos, partiu dali
para ir ensinar e pregar nas cidades deles. 2 E como João, estando
no cárcere, tivesse ouvido falar das obras de Cristo, enviou dois dos seus
discípulos, 3 a perguntar-Lhe: «És Tu Aquele que há-de vir, ou
devemos esperar outro?». 4 Jesus respondeu-lhes: «Ide e contai a
João o que ouvistes e vistes: 5 “Os cegos vêem, os coxos andam, os
leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, os pobres são
evangelizados”; 6 e bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim
motivo de escândalo». 7 Tendo eles partido, começou Jesus a falar de
João às turbas: «Que fostes vós ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? 8
Mas que fostes ver? Um homem vestido de roupas delicadas? Mas os que vestem
roupas delicadas vivem nos palácios dos reis. 9 Mas que fostes ver?
Um profeta? Sim, vos digo Eu, e ainda mais do que profeta. 10 Porque
este é aquele de quem está escrito: “Eis que Eu envio o Meu mensageiro à Tua
frente, que preparará o caminho diante de Ti”. 11 «Na verdade vos
digo que entre os nascidos de mulher não veio ao mundo outro maior que João
Baptista; mas o menor no Reino dos Céus é maior do que ele. 12
«Desde os dias de João Baptista até agora, o Reino dos Céus sofre uma forte
oposição, e são os esforçados que o conquistam. 13 Com efeito, todos
os profetas e a Lei profetizaram até João. 14 E, se vós quereis
compreender, ele mesmo é o Elias que há-de vir. 15 O que tem ouvidos
para ouvir, oiça. 16 «A quem hei-de Eu comparar esta geração? É
semelhante às crianças que estão sentados na praça, e que gritam aos seus
companheiros, 17 dizendo: Tocámos flauta e não bailastes; entoámos
lamentações e não chorastes; 18 veio João, que não comia nem bebia,
e dizem: “Ele tem demónio”. 19 Veio o Filho do Homem, que come e
bebe, e dizem: “Eis um glutão e um bebedor de vinho, um amigo dos publicanos e
pecadores”. Mas a sabedoria divina foi justificada por suas obras».
CAMINHO DE PERFEIÇÃO
CAPÍTULO 35.
Acaba a matéria
começada com uma exclamação ao Pai Eterno.
1. Tenho-me
alongado tanto nisto, embora também tenha falado na oração de recolhimento, do
muito que importa este entrarmos a sós com Deus, por ser coisa tão importante.
E quando não comungardes, filhas, e ouvirdes Missa, podeis comungar
espiritualmente, que é de grandíssimo proveito, e fazer depois o mesmo de vos
recolherdes em vós, que assim se imprime muito o amor deste Senhor. Porque,
quando nos preparamos para receber, jamais deixa de dar, por muitas maneiras
que não entendemos. É chegarmo-nos ao fogo que, ainda que seja muito grande, se
estais desviadas e escondeis as mãos, mal vos podeis aquecer, conquanto dê mais
calor do que estando onde não haja fogo. Mas outra coisa é queremo-nos chegar a
Ele, que se a alma está disposta -digo, com desejo de perder o frio - e se
estiver ali um pouco, fica por muitas horas com calor.
2. Olhai pois,
irmãs, se ao princípio não vos achardes bem (e poderá ser, porque o demónio,
sabendo o grande dano que daqui lhe advém, vos fará sentir aperto de coração e
tristeza), dar-vos-á a entender que achais mais devoção em outras coisas e aqui
menos, crede-me: não deixeis este modo; aqui provará o Senhor quanto Lhe
quereis. Lembrai-vos que há poucas almas que O acompanhem e O sigam nos Seus
trabalhos; passemos alguma coisa por Ele, que Sua Majestade no-lo pagará. E
lembrai-vos também de quantas pessoas haverá que, não só não querem estar com
Ele, mas com grosseria O expulsam de si. Pois, alguma coisa temos de passar
para que entenda que temos desejo de O ver. E pois tudo sofre e sofrerá para
achar uma só alma que O receba e tenha em si com amor, seja esta a vossa;
porque, a não haver nenhuma, com razão não Lhe consentiria o Pai Eterno ficar
connosco. Mas é tão amigo de amigos e tão Senhor de Seus servos que, vendo a
vontade de Seu Filho, não o quer estorvar em obra tão excelente e onde tão
perfeitamente mostra o amor que tem a Seu Pai.
3. Pois, Pai
santo, que estais nos Céus; já que o quereis e aceitais, e claro está que não
havíeis de negar coisa que tanto bem nos faz, alguém deve haver, -como disse a
princípio -, que fale por Vosso Filho, pois que Ele nunca se defendeu. Sejamos
nós, filhas, ainda que seja atrevimento, sendo como somos, mas confiadas em que
o Senhor nos manda pedir, achegadas a esta obediência, em nome do bom Jesus,
supliquemos a Sua Majestade que, fazendo aos pecadores tão grande benefício
como este, nenhuma coisa Lhe ficou por fazer, queira a Sua piedade e se sirva
de pôr remédio para que não seja tão maltratado. E, pois, Seu santo Filho nos
dá um meio tão bom para que O possamos oferecer em sacrifício muitas vezes,
valha-nos tão precioso dom para que não vá avante tão grandíssima mal e desacatos,
como se fazem nos lugares onde havia este Santíssimo Sacramento entre os
luteranos, destruídas as igrejas, perdidos tantos sacerdotes, tirados os
Sacramentos.
4. Pois, que é
isto, meu Senhor e meu Deus! Ou dai fim ao mundo, ou ponde remédio a tão
gravíssimos males; não há coração que o sofra, ainda dos que somos maus.
Suplico-Vos, Pai Eterno, não queirais mais sofrê-lo: atalhai este fogo, Senhor,
pois o podeis, se quiserdes. Vede que ainda está no mundo o Vosso Filho; por
respeito para com Ele, cessem coisas tão feias e abomináveis e sujas; por Sua
formosura e limpeza, não merece estar onde há coisas semelhantes. Não o façais
por amor de nós, Senhor, que não O merecemos: faiei-o por amor a Vosso Filho.
Suplicar-Vos que não esteja connosco, não ousamos pedir: que seria de nós? Se
alguma coisa Vos aplaca, é termos cá tal penhor. E pois algum meio há-de haver,
Senhor meu, ponha-o a Vossa Majestade.
5. Ó meu Deus!
quem pudera importunar-Vos muito, e ter-Vos servido muito para poder-Vos pedir
tão grande mercê em paga de meus serviços, pois não deixais nenhum sem paga!
Mas nada tenho feito por Vós, Senhor, antes sou eu porventura quem Vos tenho
irritado de modo a que, por meus pecados, sobrevenham tantos males. Pois que hei-de
fazer, Criador meu, senão apresentar-Vos este Pão sacratíssimo, e, ainda que
no-lo destes, tornar-Vo-lo a dar e suplico-Vos pelos méritos de Vosso Filho, me
façais esta mercê, pois Ele por tantos modos a tem merecido? Fazei, Senhor, que
se acalme este mar. Não ande sempre em tamanha tempestade a nave da Igreja! E
salvai-nos, Senhor meu, que perecemos!
CAPÍTULO 36.
Trata destas
palavras do Pai Nosso: «Dimitte nobis debita nostra».
1. Vendo pois o
nosso bom Mestre que, com este manjar celestial, tudo nos é fácil, a não ser
por nossa culpa, e que podemos cumprir bem o que dissemos ao Pai: que se faça
em nós a Sua vontade, diz-Lhe agora que nos perdoe as nossas culpas, pois nós
também perdoamos. E assim, prosseguindo tia oração que nos ensina, diz estas palavras:
«E perdoai-nos, Senhor, as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos
tem ofendido».
2. Reparemos,
irmãs, que não disse «como perdoaremos», para nos dar a entender que, quem pede
um dom tão grande como o passado, e já pôs a Sua vontade na de Deus, isto já
deve ter feito e assim diz: «como nós perdoamos». Assim, quem deveras tiver
dito ao Senhor esta palavra: «Seja feita a Vossa vontade», tudo isto há-de ter
feito, ao menos com a determinação.
Vede aqui como os
santos se alegravam com as injúrias e perseguições, porque tinham assim alguma
coisa a apresentar ao Senhor quando Lhe pediam. Que fará uma tão pobre como eu,
que tão pouco tenha tido a perdoar e tanto que se perdoe?
Coisa é esta,
irmãs, para olharmos muito a ela; uma coisa tão grave e de tanta importância
como é o perdoar-nos Nosso Senhor as nossas culpas que mereciam fogo eterno, se
nos perdoem com coisa tão pequena como é o nós perdoarmos. E ainda destas
pequenezes tenho tão pouco a oferecer, que a troco de nada me haveis de perdoar,
Senhor! Aqui, tem lugar a Vossa misericórdia. Bendito sejais Vós, por me
sofrerdes a tuim tão pobre que, falando o Vosso Filho em nome de todos nós,
sendo eu tal como sou e tão pobre de haveres, tenho de me pôr fora da conta.
3. Mas, Senhor
meu, haverá pessoas que me tenham feito companhia e não hajam entendido isto?
Se as houver, em Vosso nome lhes peço que se lembrem disto e não façam caso
dumas coisitas a que chamam agravos; parece que fazemos como as crianças, casas
de palhinhas, com estes pontos de honra! Oh! valha-me Deus, irmãs! Se
entendêssemos que coisa é honra, e em que está perder a honra! Agora não falo
convosco, pois grande mal seria não terdes já isto como entendido, mas comigo,
no tempo em que me prezei de ter honra sem entender o que era: ia na peugada de
toda a gente. Oh! de quantas coisas sentia agravo, das quais agora tenho
vergonha e não era eu ainda das que muito olhavam a estes pontos; mas errava no
ponto principal, porque não olhava nem fazia caso da honra que traz consigo
algum proveito, porque esta é a que dá proveito à alma. E que bem disse quem
disse que honra e proveito não podiam andar juntos, embora não sei se foi a
este propósito. E assim é, ao pé da letra; porque proveito da alma e isto a que
o mundo chama honra, nunca se podem juntar. Coisa de espantar é como o mundo
anda ao revés. Bendito seja o Senhor que nos tirou dele!
4. Mas olhai,
irmãs, que o demónio não nos tem esquecidas. Também nos conventos inventa suas
honras e põe leis, as quais elevam e abaixam em dignidades como as do mundo. Os
letrados devem andar conforme as suas letras - que isto não o sei -; quem
chegou a ler Teologia não liá-de baixar a ler Filosofia, porque é um ponto de
honra, e esta está em que há-de subir e não baixar. E, mesmo que lho mandasse a
obediência, o teria por agravo e não faltaria quem pugnasse por ele dizendo que
é afronta. E logo o demónio descobre razões, e até na lei de Deus parece ter
razão. E, entre nós, a que foi prioresa há-de ficar inabilitada para outro
ofício mais baixo; um olhar a que é mais antiga, e isto não se esquece, e ainda
às vezes nos parece merecermos por isso, porque assim manda a Ordem.
5. É caso para
rir, ou antes com mais razão, para chorar. Sim, porque não manda a Ordem que
não tenhamos humildade; manda que haja concerto. Mas não hei-de eu estar tão
concertada em coisas de minha estima que tenha tanto cuidado neste ponto da
Regra como de outras coisas dela que, talvez guardemos imperfeitamente; não
esteja toda a nossa perfeição em a guardar nisto; outras olharão por mim, se eu
me descuidar. Porém o caso é que somos tão inclinadas a subir, -que mesmo
sabendo que não subiremos por aqui ao Céu -, não queremos baixar. Ó Senhor,
Senhor! Não sois Vós o nosso Modelo e Mestre? Sim, por certo. Pois, em que
esteve a Vossa honra, honrador nosso? Não a perdestes, por certo, em ser
humilhado até à morte. Não, Senhor, senão que a ganhastes para todos.
6. Oh! Por amor de
Deus, irmãs! temos perdido o caminho, porque vai errado desde o princípio, e
praza a Deus não se perca alguma alma por guardar estes negros pontos de honra,
sem entenderem que está a honra. E depois chegaremos até a pensar que temos
feito muito se perdoamos unia coisita destas, que nem era agravo, nem injúria,
nem nada; e tal como quem tem feito algo, viremos pedir ao Senhor que nos
perdoe, pois temos perdoado! Dai-nos, meu Deus, a entender que não nos
entendemos, e que estamos com as mãos vazias, e perdoai-nos Vós por Vossa
misericórdia! Que em verdade, Senhor, eu não vejo coisa alguma (pois todas as
coisas se acabam e o castigo não tem fim) que mereça pôr-se diante de Vós para
nos fazerdes tão grande mercê, a não ser por amor de Quem Vo-lo pede.
7. Mas, quanto
deve ser estimado pelo Senhor este amar-nos uns aos outros! Jesus teria podido
apresentar outras coisas a Seu Pai, e dizer: «perdoai-nos, Senhor, porque
fazemos muita penitência, ou porque rezamos muito ou jejuamos, e deixámos tudo
por Vós, e Vos amamos muito». Também não disse: «porque perderíamos por Vós a
vida»; e - como digo -outras coisas que poderia dizer, mas disse somente:
«porque perdoamos».
Porventura o disse
porque, como nos conhece por tão amigos desta negra honra e sabe que é a coisa
mais difícil de alcançar de nós, viu ser a mais agradável a Seu Pai e assim Lha
oferece da nossa parte.
«Efeitos que deixa
o bom espírito».
8. Mas tende muito
em conta, irmãs, em que diz: «como perdoamos», como de coisa já feita, como já
disse. E adverti muito nisto: quando uma alma, a quem Deus faz mercê das coisas
que disse na oração de contemplação perfeita, não sai muito determinada a perdoar
qualquer injúria, por grave que seja, não estas ninharias a que chamam injúrias
e, quando se oferece ocasião, não o põe por obra, não há muito que fiar da sua
oração. À alma que Deus chega a Siem oração tão subida, essas coisas não
chegam, nem a ela se lhe dá mais ser estimada ou não. Não digo bem: que muita
mais pena dá a honra do que a desonra, e o muito folgar com descanso, do que os
trabalhos. Porque, quando deveras o Senhor lhe deu aqui o Seu reino, ela já não
o quer neste mundo; e, para mais subidamente reinar, entende ser este o
verdadeiro caminho, pois já viu, por experiência, o grande lucro que daqui lhe
advém, e quanto adianta uma alma em padecer por Deus. Porque, só por maravilha,
é que Sua Majestade chega a fazer tão grandes regalos, senão a pessoas que
tenham passado de boa vontade muitos trabalhos por Ele. Porque, como disse em
outra parte deste livro, são grandes os trabalhos dos contemplativos, e assim
procura o Senhor gente experimentada.
9. Entendei, pois,
irmãs, que, como estes já entenderam o que tudo é, em coisas que passam não se
detêm muito. Se, num primeiro movimento, lhes dá pena uma grande injúria e
trabalho, ainda bem o não sentiram, quando acode por outra parte a razão, que
parece levantar bandeira em seu favor, e deixa quase aniquilada aquela pena com
o gozo que lhes dá o ver que o Senhor lhes pôs nas mãos meios de poderem em uni
dia ganhar mais mercês e favores perpétuos perante Sua Majestade, do que
poderiam talvez ganharem dez anos de trabalhos que quisessem tomar por sua
vontade. Isto é muito habitual, ao que eu entendo, pois tenho tratado com
muitos contemplativos, e sei de certeza que se passam assim as coisas. Tal como
outros apreciam ouro e jóias, apreciam eles os trabalhos e os desejam, porque entenderam
que estes os hão-de fazer ricos.
10. Nestas pessoas
está muito longe qualquer estima de si própria em coisa alguma; gostam que
entendam seus pecados e de os dizer quando vêm que são estimadas. Assim
acontece a respeito da sua linhagem, pois já sabem que no reino, que não terá
fim, nada hão-de ganhar por aqui. Se acaso estimassem ser de boa estirpe, seria
só quando fosse preciso para mais servir a Deus; quando assim não é, pesa-lhes
o serem tidos em mais do que são, e sem nenhuma pena, mas com todo o gosto,
desfazem o engano. Deve ser o caso para quem Deus faz mercê de ter esta
humildade e grande amor a Deus, que em coisa que seja servi-lO mais, já está
tão esquecida de si mesma, que nem ainda pode crer que outros sintam certas
coisas e as tenham por injúrias.
11. Estes efeitos,
que digo agora no fim, são de pessoas já muito chegadas à perfeição, e a quem o
Senhor muito ordinariamente faz mercês de as chegar a Si por contemplação
perfeita. Quanto à primeira coisa que disse: que é o estar determinadas a
sofrer injúrias e sofrê-las embora seja sentindo pesar, digo que muito depressa
tem esta disposição quem já recebeu esta mercê do Senhor, de chegar à união. E,
se não sente estes efeitos e não sai da oração muito fortalecida neles, creia
que a mercê não era de Deus, mas sim alguma ilusão e regalo do demónio, para
que nos tenhamos por mais honrados de Deus.
12. Pode ser que,
a princípio, quando o Senhor começa a fazer estas mercês, a alma não fique logo
com esta fortaleza; mas digo que, se lhas continua a fazer, em breve tempo o
fará com fortaleza, e ainda que não a tenha em outras virtudes, nisto de
perdoar, sim. Não posso eu crer que uma alma, que tão junta se chega à mesma
Misericórdia, onde conhece quem é e o muito que Deus lhe tem perdoado, deixe de
perdoar logo com toda a facilidade, e não fique disposta a ficar muito de bem
com quem a injuriou. Porque tem bem presente o regalo e mercê que Deus lhe fez,
onde viu sinais de grande amor e alegra-se, quando se lhe oferecer ocasião de
Lhe mostrar algum.
13. Torno a dizer
que conheço muitas pessoas a quem o Senhor fez mercê de as levantar a coisas
sobrenaturais, dando-lhes esta oração ou contemplação que fica dita. E ainda
que as veja com outras faltas e imperfeições, com esta não tenho visto nenhuma,
nem creio haverá, se as mercês são de Deus, como já disse. Aquele que as
receber maiores, olhe muito a como vão crescendo em si estes efeitos; e, se não
vir nenhum em si, arreceie-se muito e não creia que esses regalos são de Deus,
- como disse -, o Qual sempre enriquece a alma aonde chega. Isto é certo; e
ainda que a mercê e regalo passe depressa, com vagar se entende pelos ganhos
com que a alma fica. E, como o bom Jesus sabe bem tudo isto, determinadamente
diz ao Seu Santo Pai que «perdoamos a quem nos tem ofendido».
santa teresa de
jesus
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