A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Mt 10, 1-15
1 Tendo
convocado os Seus doze discípulos, Jesus deu-lhes poder de expulsar os
espíritos imundos e de curar toda a doença e toda a enfermidade. 2
Os nomes dos doze apóstolos são: O primeiro Simão, chamado Pedro, depois André,
seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; 3 Filipe e
Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu e Tadeu; 4
Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi quem O entregou. 5 A
estes doze enviou Jesus, depois de lhes ter dado as instruções seguintes: «Não
vades à terra dos gentios, nem entreis nas cidades dos samaritanos: 6
ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel .7 Ide, e anunciai
que está próximo o Reino dos Céus. 8 «Curai os enfermos, ressuscitai
os mortos, limpai os leprosos, lançai fora os demónios. Dai de graça o que de
graça recebestes. 9 Não leveis nos vossos cintos nem ouro, nem
prata, nem dinheiro, 10 nem alforge para o caminho, nem duas
túnicas, nem sandálias, nem bordão; porque o operário tem direito ao seu
alimento. 11 «Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes,
informai-vos de quem há nela digno de vos receber, e ficai aí até que vos
retireis. 12 Ao entrardes na casa, saudai-a, dizendo: “A paz seja
nesta casa”. 13 Se aquela casa for digna, descerá sobre ela a vossa
paz; se não for digna, a vossa paz tornará para vós. 14 Se não vos
receberem nem ouvirem as vossas palavras, ao sair para fora daquela casa ou
cidade, sacudi o pó dos vossos pés. 15 Em verdade vos digo que será
menos punida no dia do juízo a terra de Sodoma e de Gomorra do que aquela
cidade.
CAMINHO DE PERFEIÇÃO
CAPÍTULO 32.
Trata destas
palavras do Pai Nosso: «Fiat voluntas tua sicut in coelo et in terra», e o
muito que faz quem diz estas palavras com toda a determinação, e como o Senhor
lho paga bem.
1. Agora que o
nosso bom Mestre pediu por nós e nos ensinou a pedir coisa de tanto valor, que
encerra em si todas as coisas que cá podemos desejar, e nos fez tão grande
mercê como a de nos fazer irmãos Seus, vejamos o que Ele quer que demos a Seu
Pai e o que Lhe oferece em nosso nome e o que nos pede, pois é de razão que O
sirvamos em alguma coisa por tão grandes mercês. Ó bom Jesus, que recebeis tão
pouco da nossa parte, como pedis tanto para nós! Sim, que isso que damos, em si
é nada para tanto que se deve, e para tão grande Senhor! Mas certo é, Senhor
meu, que não nos deixais sem nada, e que damos tudo quanto podemos, se o damos
como dizemos.
2. «Seja feita a
Vossa vontade; e como é feita no Céu, assim se faça na terra».
Bem fizestes,
nosso bom Mestre, em fazer esta última petição, para que possamos cumprir
aquilo que dais em nosso nome; porque de certo, Senhor, se assim não fora,
seria impossível, me parece. Mas fazendo o Vosso Pai aquilo que Lhe pedis, de
nos dar aqui o Seu reino, eu sei que Vos deixaremos ficar por verdadeiro em
dardes o que dais por nós; porque, feita a terra céu, será possível fazer-se em
mim a Vossa vontade. Mas sem isto, e em terra tão ruim como a minha, e tão sem
fruto, eu não sei, Senhor, como seria possível. É coisa bem grande o que
ofereceis!
3. Quando penso
nisto, acho graça às pessoas que não ousam pedir trabalhos ao Senhor, pois
pensam que logo lhos vão dar.; Não falo dos que deixam de o fazer por
humildade, parecendo-lhes que não serão capazes de os sofrer; ainda que tenha
para mim que, Aquele que lhes dá amor para pedir meio tão árduo para Lho
mostrar, dar-lho-á também para os trabalhos. Quereria eu perguntar aos que, por
temor de que logo lhos dêm, não os pedem: que dizem quando pedem ao Senhor que
neles cumpra Sua vontade? ou será que o dizem só por dizer o que dizem todos,
mas não para o fazer? Isto, irmãs, não estaria bem. Olhai que o bom Jesus
aparece aqui como nosso embaixador que quis intervir entre nós e Seu Pai, e não
foi pouco à Sua custa; não é justo, pois, que, o que Ele oferece por nós, o
deixemos de fazer, ou então não o digamos.
4. Agora quero
apresentar-vos outro caminho. Vede, filhas: isto há-de cumprir-se, quer
queiramos quer não, e há-de fazer-se a Sua vontade no Céu e na terra;
acreditai-me e aceitai o meu parecer e fazei da necessidade virtude. Oh Senhor
meu! que grande dádiva é para mim, que não deixásseis um querer tão ruim como o
meu no cumprir-se a Vossa vontade! Bendito sejais por sempre e louvem-Vos todas
as coisas! Seja glorificado o Vosso nome para sempre! Que bonito seria, Senhor,
se estivesse nas minhas mãos o cumprir-se ou não a Vossa vontade! Dou-Vos agora
a minha livremente, ainda que em tempo de não ver-se livre de interesse; já
tenho provas e grande experiência do lucro que há em deixar livremente a minha
vontade na Vossa. Oh amigas! quão grande lucro há nisto, ou que grande perda se
não cumprimos o que dizemos ao Senhor quando Lhe dizemos isto no Pai Nosso!
5. Antes de vos
dizer o que se ganha, quero declarar-vos o muito que ofereceis, não vades cair
depois no engano, dizendo que não o entendestes. Não seja como a algumas
religiosas que não fazemos senão prometer e, como não o cumprimos, há esta
desculpa de dizer que não se entendeu o que se prometia. Bem pode ser porque,
dizer que abandonamos a nossa vontade na do outro, parece muito fácil até que,
na realidade, se compreende ser a coisa mais difícil que se pode fazer,
cumprindo como se deve cumprir. Nem todas as vezes, os prelados nos levam com
rigor por nos verem fracos; e, às vezes a fracos e fortes, seguem o mesmo
caminho. Aqui não é assim, pois sabe o Senhor o que cada um pode suportar e, a
quem vê com coragem, não se detém em cumprir nele a Sua vontade.
6. Quero-Vos agora
avisar e recordar qual é a Sua vontade. Não tenhais medo que seja dar-vos
riquezas, nem prazeres, nem honras, nem todas estas coisas de cá da terra. Não
vos quer tão pouco, e tem em muito o que Lhe dais, e vo-lo quer pagar bem, pois
ainda em vossa vida vos dá o Seu reino. Quereis ver como Ele procede com os que
Lhe dizem isto deveras? Perguntai-o a Seu glorioso Filho, que Lho disse quando
da oração do Horto. Como foi dito com determinação e com toda a vontade, vede
como o Pai a cumpriu bem n'Ele, no que Lhe deu de trabalhos e dores e injúrias
e perseguições; enfim, até que se Lhe acabou a vida, com a morte da cruz.
7. Pois vedes
aqui, filhas, o que deu Àquele a quem mais amava, por onde se entende qual é a
Sua vontade. Assim, são estes os Seus dons neste mundo. Dá conforme ao amor que
nos tem: aos que mais ama, dá mais destes dons; àqueles que menos ama, dá
menos, e conforme ao ânimo que vê em cada um e o amor que têm a Sua Majestade.
A quem O amar muito, verá que pode padecer muito por Ele; ao que O amar pouco,
pouco. Tenho para mim que a medida de se poder levar cruz grande ou pequena, é
a do amor. Assim, irmãs, se o tendes, procurai que não sejam palavras de mero
cumprimento as que dizeis a tão grande Senhor, mas esforçai-vos a aceitar o que
Sua Majestade quiser. Porque, se de outra maneira Lhe dais a vossa vontade, é
mostrar-Lhe a jóia, ir-Lha a dar e rogar-Lhe que a tome e, quando estende a mão
para nela pegar, torná-la a guardar muito bem guardada.
8. Não são
zombarias estas que se façam a Quem tantas fizeram por nossa causa; e, ainda
que não houvesse outro motivo, não é razão que estejamos a zombar já tantas
vezes, que não são poucas as que Lhe dizemos no Pai Nosso. Dêmos-Lhe a jóia de
uma vez para sempre, pois tantas tentámos em Lha dar; é verdade que não nos dá
primeiro, senão para que Lha dêmos. Os do mundo já fazem muito se têm de
verdade a determinação de cumprir. Mas vós, filhas, dizendo e fazendo, palavras
e obras, como de verdade parece que fazemos nós os religiosos; senão que, por
vezes, não só procuramos dar a joia, mas pomos-Lha nas mãos, e tornamos-Lha a
tirar. Somos repentinamente generosos, e depois tão tacanhos, que, em parte,
mais valera que nos tivéssemos detido em dar.
9. Porque todos os
avisos que vos tenho dado neste livro vão dirigidos a este ponto de nos darmos
de todo ao Criador, e pôr a nossa vontade na Sua, desapegar-nos das criaturas,
e já tereis entendido o muito que isto nos importa, nada mais digo; somente
direi o motivo porque o nosso bom Mestre põe aqui estas sobreditas palavras,
como quem sabe quanto ganharemos em prestar este serviço a Seu Eterno Pai, a
fim de nos dispormos para, com muita brevidade, nos vermos com o caminho
acabado de andar, e bebendo da água viva da fonte que fica dita. Porque, sem
darmos totalmente a nossa vontade ao Senhor para que, em tudo o que nos toca,
Ele faça conforme à Sua vontade, nunca nos deixará beber dela.
Isto é a
contemplação, de que me dissestes que escrevesse. E nisto - como já tenho
escrito - nenhuma coisa fazemos da nossa parte: nem trabalhamos, nem
negociamos, nem nada mais é preciso; porque tudo o mais estorva e impede de
dizer: «Fiat voluntas tua»: cumpra-se em mim, Senhor, a Vossa vontade de todos
os modos e maneiras que vós, Senhor meu, quiserdes. Se quereis com trabalhos,
dai-me esforço e venham; se com perseguições e enfermidades e desonras e
necessidade, aqui estou, não voltarei o rosto, Pai meu, nem é razão para voltar
as costas. Pois Vosso Filho deu em nome de todos esta minha vontade, não é
razão que falhe por minha parte; mas sim me façais Vós mercê de me dar o Vosso
Reino para que eu possa fazê-lo, pois Ele mo pediu e disponde em mim corno em
coisa Vossa, conforme a Vossa vontade.
11. Ó irmãs
minhas, que força tem este dom! Se vai com a determinação com que deve ir, não
pode menos do que trazer o Todo-Poderoso a ser um com a nossa baixeza e
transformar-nos em Si, e fazer uma união do Criador com a criatura. Vede se
ficareis bem pagas e se tendes bom Mestre, pois, como sabe por onde há-de
ganhar a amizade de Seu Pai, nos ensina como, e com que O havemos de servir.
12. E enquanto
mais se vai entendendo pelas obras que não são meras palavras de cumprimento,
mais e mais nos chega o Senhor a Si, e levanta a alma acima de todas as coisas
de cá da terra e de si mesma, para a habilitar a receber grandes mercês, pois
não se farta de nos pagar nesta vida este serviço. Tem-no em tanta conta, que
já não sabemos que Lhe pedir, e Sua Majestade nunca se cansa de dar. Porque,
não contente de ter feito esta alma uma só coisa consigo por a ter já unido a
Si mesmo, começa a ter as Suas delícias com ela, a descobrir-lhe segredos, a
gostar que ela entenda quanto tem ganho e conheça alguma coisa daquilo que Ele
tem para lhe dar. Faz-lhe ir perdendo estes sentidos exteriores, para que nada
a ocupe. Isto é arroubamento; e começa a tratar de tanta amizade, que não só a
torna a deixar a sua vontade, mas com ela lhe dá a Sua; porque apraz ao Senhor,
já que trata de tanta amizade, que manda cada um por sua vez, - como dizem - e
cumprir Ele o que ela Lhe pede, assim como ela faz o que Ele lhe manda, e muito
melhor, porque é poderoso e pode quanto quer, e não deixa de querer.
13. A pobre alma,
ainda que queira, não pode fazer como quisera, nem pode nada sem que lho dêm. E
esta é a sua maior riqueza: ficar tanto mais endividada quanto mais serve a
Deus e muitas vezes aflige-se por se ver sujeita a tantos inconvenientes e
embaraços e atilhos, como traz consigo o estar no cárcere deste corpo, pois
quereria pagar um pouco do que deve. Mas é muito tola em se afligir, porque,
ainda que faça tudo quanto está em sua mão, que poderemos nós pagar os que,
como digo, nada temos para dar se não o recebermos, mas conhecermo-nos e isto
sim podemos, que é dar a nossa vontade, fazê-lo perfeitamente? Tudo o mais,
para uma alma que o Senhor trouxe até aqui, embaraça, causa dano e não
proveito, porque só a humildade é que pode alguma coisa, e esta não adquirida
pelo entendimento, mas com uma clara verdade que compreende num momento o que
em muito tempo, trabalhando a imaginação, não pudera alcançar acerca do muito
nada que somos e do mui muito que é Deus.
14. Dou-vos este
aviso: não penseis chegar aqui por força e diligências vossas que é por demais;
pois, se antes sentíeis devoção, ficareis frias; mas com simplicidade e
humildade que é a que tudo vence, dizer: « fiat voluntas tua».
santa teresa de
jesus
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